Chegámos à quatro dias a esta povoação, situada a cerca de 2.5 horas de comboio a oeste de Jaipur. Continuamos no estado do Rajastão, mas avançar por paisagens cada vez mais áridas e despovoadas, à medida que nos aproximamos do deserto do Thar. Estamos longe de uma paisagem de dunas mas o solo é predominantemente arenoso e a vegetação escassa, mesmo tendo em conta que estamos a caminhar para os meses mais quentes do ano.
A cidade é famosa pela sua feira anual de camelos, que atrai inúmeros visitantes, mas para a população hindu, este lugar é um dos mais sagrados, pois foi onde o deus Brahma, deixou cair uma das três pétalas da flor de lótus que usou para matar um demónio. Onde caíram essas pétalas nasceu um lago, sendo Pushkar o maior e o que atrai mais peregrinos.
Não é de espantar a importância dada a este local na mitologia hindu, pois o lago constitui um pequeno oásis numa zona extremamente árida rodeada por pequenas montanhas que nesta altura do ano apresentam pouca vegetação nesta altura do ano.
À volta do lago existem 52 ghats, cada um com o respectivo templo, que contribuem para o total de quinhentos templos existentes em Pushkar. Os ghats são escadarias que permitem o acesso dos crentes à água para aí se banharem nas águas sagradas e realizarem o puja que é um ritual realizado diariamente, pela manhã ou ao fim da tarde, tanto em templos como em casa, que consiste em cânticos e na entrega de oferendas, como flores, doces, coco ou outros frutos; isto é o que nos é dado a conhecer pelo que vamos observando, pois muito mais pormenores deve haver desta complexa religião que é o hinduísmo.
Foi de um destes ghats, o Gau Ghat, que foram lançadas ao lago as cinzas de Mahatma Gandhi e de Jawaharlal Nehru.
Apesar da habitual confusão das cidades indianas, mesmo as mais pequenas, resultante do número de pessoas e das persistentes e muitas das vezes desnecessárias buzinadelas, Pushkar mantem uma mística muito especial particularmente ao amanhecer e ao fim da tarde, onde junto aos ghats, se respira uma atmosfera mais calma e relaxante, onde se pode encontrar a atmosfera mística que muitos procuram na India.
Por aqui vêm-se grandes grupos de peregrinos muitos deles vindos de outras povoações do Rajastão distinguindo-se dos restantes hindus pela colorido intenso dos sharis das mulheres e pelos volumosos turbantes com que os homens cobrem a cabeça, formados por longos panos de cores vivas, enrolados em volta da cabeça, contrastando com a indumentária branca formada por umas calças em balão e por uma túnica.



















