Pela sua posição geográfica, Chiang Mai transformou-se num local de paragem, quase obrigatório, entre as várias deslocações pelo norte da Tailândia. O facto de ter estado diversas vezes nesta cidade, permitiu-me conhecer várias zonas diferentes, com as suas rotinas e horários, as suas lojas e mercados e os seus restaurantes e comida de rua.
A zona junto à Moon Muang Road é bastante popular entre os estrangeiros, em especial os que permanecem por longas temporadas; pode-se considerar uma típica rua “farang” mas com um ambiente mais alternativo fugindo um pouco à típica oferta turística e onde se pode ainda sentir o modo de vida mais tradicional; aqui pode-se encontrar uma grande oferta de actividades como yoga, thai chi e de inúmeras terapias, podendo-se ainda assistir a concertos e outros eventos culturais na Tea Tree, espaço dedicado às artes.
Os passeios de bicicleta são a melhor maneira de ir conhecendo a cidade, percorrendo as ruas secundárias, as “soi” que aos poucos vão perdendo a perpendicularidade das ruas principais que as rodeiam, tornando-se num emaranhado confuso, e onde se toma contacto com o modo de vida tailandês; onde um alpendre se uma casa se pode transformar durante o dia num restaurante, onde do nada surgem exíguos espaços que se transformam em lavandarias ou onde se aloja uma costureira debruçada sobre o matraquear de uma máquina da costura, por onde circulam vendedores de gelados caseiros, fazendo-se anunciar pelo toque ritmado da campainha metálica. Por aqui o ritmo é outro, com tempo para cuidar das plantas dos jardins que rodeiam muitas das casas, para conversar com os vizinhos, para escutar o chilrear das aves, para acariciar o sedoso pelo dos gatos que preguiçosamente descansam ao sol da tarde.
É nestas ruas que aguardam as bancas com toda a parafernália de tachos e panelas, fogões e bilhas de gás, que ao cair da noite de dirigem para as ruas principais, rebocadas por motorizadas, e que vendem desde refeições, doces e sobremesas, frutas e batidos, leite de soja caseiro, rotees de banana ou de chocolate cujo cheiro doce se faz anunciar a muitos metros de distância.
Os dias são passados calmamente com a rotina diária de preparação do pequeno almoço, dominado pela grande variedade de fruta, oferecida pelo mercado situado próximo, complementado por algo mais que se compra nos muitos pequenos supermercados que se encontram espalhados pela cidade; facilmente surge o convívio entre os restantes hóspedes, muitos deles residentes por largos períodos de tempo, onde espontaneamente surge alguém a tocar uma guitarra e que rapidamente atrai alguém que canta. As refeições preparam-se na cozinha ou servem de pretexto para dar uma volta pelos quarteirões próximos em busca de um restaurante.
Paragem obrigatória depois do jantar são os rotees, uma espécie de crepe de massa macia mas ligeiramente estaladiça, que podem ser recheados de banana ou ovo, aos quais se pode acrescentar um topping de leite condensado ou de chocolate. O que se instala diariamente pelo fim da tarde na Thapae Road, junto ao Wat Mahawa, é dos mais famosos da cidade, chegando a haver fila, e que por algum motivo que desconheço são habitualmente confecionados por mulheres muçulmanas, neste caso com origem paquistanesa.
Com um custo de vida mais elevado do que os países por onde passei anteriormente, na Tailândia optei pelo alojamento em hostels que são bastantes frequentes, o que me levou frequentemente a dormir em dormitórios: umas vezes completamente cheios outras com o quarto todo só para mim.
O The Living Place foi um destes locais, onde permaneci mais tempo cativando-me pelo acolhimento dos donos um casal de tailandeses, capazes de criar um ambiente acolhedor rodeado e convidativo ao convívio entre os vários hóspedes, com as paredes forradas de quadros pintados pelo dono, a quem para facilitar a pronúncia do nome, responde por Vii, e que muitas vezes trabalhava na sala de estar da casa.
Outro dos locais que se destaca pelo bom ambiente e pelos convidativos preços é a Giant House, situado dentro das muralhas da cidade, numa rua com pouco trânsito e estrategicamente situado perto de um pequeno mercado, o Sompet Market, onde se podem fazer económicas refeições por 40 bahts (cerca de 1€) e disfrutar de um ambiente boémio e descontraído proporcionado pelos muitos cafés.
No Giant House pode-se utilizar a cozinha que está equipada com o básico e suficiente para preparar uma refeições, incluído o frigorífico. A água, assim como o chá e o café são disponibilizados gratuitamente aos residentes.
Aqui percebi pela primeira vez o que é ter uma alojamento com uma ocupação a 120%. Como está escrito junto à entrada juntamente com a placa a dizer “Full”. Por duas noites ocupei um quarto que já se encontrava ocupado por outra pessoa que entretanto tinha ido passar uns dias a outra cidade, tendo contudo deixado grande parte dos pertences no quarto… foi uma sensação estranha, como se me estivesse a intrometer na vida de outra pessoa.
Na Giant House disponibilizam-se bicicletas sem qualquer custo, mas todas num decrépito estado de conservação o que faz de cada investida pelas ruas da cidade num deste velocípedes numa aventura; a melhor bicicleta que encontrei não tinha praticamente travões, o que diz muito do estado geral das restantes…
Em Chiang Mai, assim como a maior parte das cidades que visitei o acesso à internet é bastante facilitado, quer nos hostels como na maior parte dos cafés e restaurantes, pois aqui ninguém vive sem isso, tanto entre os estrangeiros como entre os locais… “free wi-fi” é anunciado por todo o lado, o que mostra bem as diferença entre a importância dada à internet nos vários países; no aeroporto Lisboa o acesso à internet existe mas é um serviço pago… nem no modesto aeroporto de Kathmandu vi tal coisa!!!
Nota: O termo “farang” é usado pelos tailandeses para se referirem aos ocidentais em geral; entre os ocidentais este termo é usado para designar locais na Tailândia que se foram transformando de forma a se adaptarem ao gosto e à necessidades do turismo ocidental.


















Giant House
Os dias passar calma e rotineiramente, tornando-se cada vez mais quentes mas sempre suavizados com a ligeira brisa que faz tilintar os espantas-espíritos que decoram os vários cantos do espaço, pendurados em árvores e sobre as portas. A espaços surgem as característicos sons da língua tonal que parece tornar mais agudas as vozes de quem pronuncia de forma harmoniosa estas sílabas, dando-lhes a específica entoação.
Diariamente a pequena construção de madeira existente no pátio, que mimetiza um templo tailandês é cuidadosamente limpa, decorada com flores e vê os seus pequenos potes serem renovados com água e onde diariamente se queimam incenso pela manhã, agradando assim aos deuses que a habitam.
No balção que separa a zona de estar da rua, são colocados diariamente, em pequenas taças, água e pedaços de comida, onde sempre está incluído o arroz, como oferta aos espíritos, mas que muitas vezes serve de refeição ao gato que habita a Giant House, em especial se encontrar alguma cabeça de peixe frito.
O mesmo se encontra espalhado pelas ruas das cidades, onde discretamente junto à entrada das casa são colocadas as oferendas, muitas vezes depositadas em folha de bananeira, ou simplesmente em pratos de papel ou plástico.


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The Living Place Hostel
2/2Thapea Rd. Soi 2, Chiang Mai 50300, Thailand
Dormitório: 150 baht (na época alta passam para 220 bahts)
Quarto duplo: 350 baht
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Giant House 1 (existe mais outra em Chiang Mai e outra em Pai)
24/1 Moon Muang Rd., Soi 6
T. Sriphum A. Mueng, Chiang Mai, Thailand
Quarto para uma pessoas: 180 baht
Quarto para duas pessoas: 300 baht