Calendário
O calendário tailandês inicia-se 543 anos antes do inicio do calendário ocidental e a passagem de ano comemora-se a 15 de Abril, com as celebrações a começarem dia 12 com a limpeza das casas e a desenrolarem-se com idas aos templos e convívio com amigos e familiares.
Contudo o dia a dia é seguido pelo calendário internacional, com a passagem do ano a ser também comemorada pelo tailandeses, que de forma discreta se reúnem nos alpendres das casas em volta da mesa ou vêm para as ruas, que se transforma em mercados, lançar foguetes e fogo de artifício juntamente com lanternas de papel que vão enchendo o céu numa pálida imitação da comemoração do Loi Krathong e do Yi Peng, com a festa a terminar cedo, longe dos excessos que caracterizam as comemorações nos países ocidentais.
Este foi o cenário que presenciei em Chiang Mai, onde passei também o Natal, que na Tailândia não tem qualquer expressão fora do circuito farang, onde os estrangeiros se reúnem para um jantar entre amigos, mas longe das decorações e do simbolismo do natal a que estamos habituados.
Espiritualidade
A Índia é conhecida pela sua espiritualidade, mas do que vi, a maioria dos indianos vive intensamente a religiosidade, repetindo convictamente os ritos iniciados à gerações, mas cada vez mais desligados da sua verdadeira essência, e não transportando para o quotidiano os valores espirituais do hinduísmo que tanto atraem os ocidentais. Na Tailândia, onde todas as manifestações sejam de fé, de desagrado ou de afecto, são mais comedidas e discretas, encontrei nas poucas pessoas com quem consegui falar, uma enraizada espiritualidade, e que é perceptível nos vários momentos da vida quotidiana.
É essa espiritualidade que está por trás do respeito mostrado perante os usos e costumes dos ocidentais que visitam a Tailândia e muitos que aqui fazem vida, que apesar de contrastarem fortemente com a cultura local, são educadamente tolerados, sem contudo serem aceites.
Respeito é a palavra que fica da Tailândia. Do budismo vem um sentimento de evitar os julgamentos, e de fazer o bem, e que se transparece pelos “actos bondade” como alimentar os cães e gatos que habitam nas ruas, fazer trabalho voluntário, como as pessoas que fazem massagens junto aos templos, sendo as receitas entregues aos monges, ou mesmo em pequenos gestos como as bananas oferecidas pelo pessoal da Giant House, em Chiang Mai, no primeiro dia do ano.
Nos mercados nocturnos é possível encontrar grupos de pessoas, muitas das vezes adolescentes, que empunhando uma caixa para donativos, cantam num misto de entusiasmo e timidez com vista a recolherem dinheiro para ajuda das vítimas de alguma catástrofe natural ou simplesmente para alimentar animais abandonados. A estes grupos juntam-se por vezes polícias e bombeiros, que nos mercados nocturnos de Chiang Mai, tocam e cantam com fins caritativos, envergando os seu uniformes impecavelmente engomados, muito justos ao corpo, onde brilham distintivos e medalhas.
Monges
Como na maioria dos países asiáticos, o dia na Tailândia começa cedo, pouco depois do nascer do sol, com os monges de cabelo rapado circulando descalços seja qual for a temperatura, pelas ruas recolhendo as dádivas e oferecendo orações, colorindo as ruas com os seus robes de açafrão.
Esta é uma das imagens mais marcantes deste país, encontrando-se por todo o lado, junto aos templos, percorrendo a cidade, em autocarros, barcos e comboios… os mais velhos com ar grave e austero, mas por vezes não dispensando um cigarro fumado discretamente junto à porta do comboios; os mais novos passando o tempo entre brincadeira infantis e jogos de computador ou perdidos algures num ecrã de um smart-phone, mas mantendo atenta disciplina durante as orações pronunciadas nos templos logo pela manhã ou pelas cinco da tarde.
Relações entre thais e franangs
Apesar do aparente distanciamento e desinteresse mostrado de uma forma geral pela população tailandesa em relação aos estrangeiros, tanto turistas como residentes, e que é mais evidente nas grandes cidades, os relacionamentos entre homens ocidentais e mulheres tailandesas são muito frequentes e aparentemente aceites.
Aparentemente este tipo de relações é aceite pela sociedade e pelas famílias, havendo contudo uma expectativa de algum retorno material, que se estende também à família da mulher tailandesa.
É relativamente fácil para um homem ocidental conviver com uma mulher tailandesa, independentemente da diferença de idades, sem que tal seja considerado ofensivo, muitos constituindo família e vivendo permanentemente no país.
Massagens
As massagens estão por todo o lado, fazendo parte da cultura e dos hábitos tradicionais da população tailandesa, sendo consideradas necessárias ao saudável bem-estar, mas constituindo também um negócio florescente entre os turistas, tanto pelo número de espaços dedicados às massagens como pelas escolas existentes, sendo particularmente notório na cidade de Chiang Mai, onde muita gente permanece semanas ou meses recebendo formação nas diversas vertentes que a massagens tailandês pode oferecer: a tradicional, baseada em pressões e alongamentos, muito próxima da medicina tradicional chinesa, a massagem com óleo, aos pés e a massagem abdominal.
Não sendo fã deste tipo de massagem, não deixei de aproveitar a oportunidade de receber os benefícios desta terapia, tendo usufruído da grande oferta disponibilizada em Chiang Mai e os simbólicos preços, com uma massagem de uma hora a custar entre 120 e 200 bahts.
Depois da primeira experiência num dos locais existentes junto aos templos budistas, demasiada agressiva para os meus fracos músculos, decidi experimentar uma instituição destinada a integrar profissionalmente deficiente visuais, que por 150 bahts, menos do que 4€, efectuam uma hora de massagem seguindo os métodos tradicionais da escola de massagem tailandesa.
Hino nacional
Diáriamente, duas vezes ao dia, de manhã às 8h e à tarde às 6h, o hino nacional tailandês é entoado, tanto na televisão como em diversos locais públicos, fazendo parar todos os cidadãos que respeitosamente se colocam de pé enquanto é emitida a música, por meio de altifalantes que se encontram um pouco por todo o lado: nas diversas instituições publicas, escolas, estações de comboios, terminais de autocarros, mercados e em algumas ruas das cidades.
É curioso observar este ritual, que é repetido
pelos tailandeses, quase que parando o país por cerca de um minuto, correspondente à duração abreviada da música nacional, e onde mesmo locais fervilhantes de agitação, como um terminal de autocarro ou um mercado, observam um minuto de contida e quase imóvel postura, interrompendo uma corrida para apanhar um autocarro prestes a partir ou a escolha de algum legume para o jantar!
Este costume é de forma geral segundo pelos estrangeiros, que mesmo não se pondo de pé, mostram respeito mantendo o silêncio.