Tempo de dizer adeus e de fazer o balanço destes trinta dias, na República Democrática e Popular do Laos… que de democrática tem pouco.
O que ficou do Laos… ficam para sempre gravados os sorrisos e os acenos de mão com que em geral a população acolhe os visitantes, ficaram as fumegantes sopas de noodles, o sticky-rice servido em cestas de bambu, o cheiro da lenha queimada em fogões que desde manhã se espalha no ar, ficam os coloridos e animados mercados.
Fica um rio sempre de águas turvas e as muitas travessias e viagens de barco pelo Mekong, as monótonas estradas de infindáveis rectas, as viagens em autocarros nocturnos e os muitos percursos efectuados nos arejados e instáveis songthaews*.
Fica a cerveja nacional, BeeLao, que se vende em todo o país e que com o seu intenso tom de amarelo salpica a paisagem urbana, o café, servido com exageradas doses de leite condensado e de açúcar, os sarongs usados elegantemente pelas mulheres e o colorido dos robes açafrão dos monges que recolhem donativos pela manhã, num país em que os templos não se mostram particularmente atractivos.
Ficam também vestígios da presença francesa, nos decadentes edifícios que sobrevivem, no número de turistas, na comida mas sobretudo na língua que ainda é falada por gerações nascidas após a retirada francesa da Indochina.
Fica um país pobre, pouco desenvolvido e fortemente ligado à agricultura, com um inenarrável recolher obrigatório.
Fica um país calmo e gente dócil.
* em trinta dias, foram percorridos cerca de 1650 quilómetros de autocarro, e mais de 450 quilómetros de barco num país com pouco mais do que mil quilómetros de Norte a Sul.