Mais um percurso pelo Rio Mekong, a espinha dorsal deste país, como meio de transporte de pessoas e de mercadoria, alimentando as populações vizinhas de peixe, e essencialmente fornecendo a preciosa água que é fundamental para irrigar os vastos campos de arroz dos quais é retirado o principal alimento da população do Laos e que muitas serve de fronteira com a vizinha e próspera Tailândia.
Mas este é um percurso bem diferente do efectuado entre Houay Xai e a cidade de Luang Prabang, onde o rio deslizava por zonas montanhosas de encostas cobertas de vegetação tropical, verde e densa. Aqui, a planície quente e seca oferece espaço para ao rio se alargar, sem contudo abandonar a forte corrente que o arraste rumo ao sul, cada vez mais próximo da fronteira com o Vietnam.
O cultivo do arroz e a presença humana que se foi fixando ao longo do rio, foram destruindo gradualmente a original paisagem de floresta, da qual restam alguns exemplares de árvores que permanecem majestosas, mas isoladas do seu conjunto habitual, dando à paisagem um ar de desolação e abandono, para o qual também contribuem os campos de arroz ainda vazios, a vegetação seca e as estradas poeirentas de terra avermelhada.
Ao longo do percurso, desde a cidade de Paksé até à pequena povoação de Champasak, situada a cerca de 70 quilómetros a sul, o que domina é a actividade da pesca, que espalha na ampla e plana paisagem formada pelas águas, pequenos pontos formados pelos pescadores que sozinhos no seu pequeno barco de madeira, lançam ou recolhem as redes, tarefa logo iniciada ao principio da manhã.
Não existe actualmente ligação entre Paksé e Champasak regular para passageiros, sendo necessário recorrer aos barcos de turismo que por 70.000 kip (perto de 7€) efectuam estas duas horas de viagem, calma e sem história.
À passagem do barco, tanto crianças como adultos, acenam um adeus e nos saúdam com o habitual “sabai di”, de inicio com alguma descrição e timidez, mas que ao serem correspondidos pelos passageiros, se torna mais confiante e acompanhado de um largo sorriso.



