A viagem entre Houay Xai e Luang Prabang, pode ser feita de autocarro, mas o mau estado das estradas torna muito mais atractivo o percurso de barco, apesar da viagem demorar dois dias.
Inicialmente feita em barco de mercadorias, este percurso passou a ser feito em embarcações destinadas ao transporte de passageiros, devido à popularidade e ao aumento da procura por parte dos turistas, que ocupam a totalidade dos lugares sentados, ficando aos habitantes locais reservado o espaço próximo do motor, sentados em cadeiras de plástico ou muitas vezes sobre as bagagens e as sacas de mercadorias que transportam.
As tradicionais embarcações fluviais foram adaptadas à procura e às necessidades do turismo, sendo actualmente dotadas de assentos razoavelmente confortáveis, claramente aproveitados de autocarros e de outros veículos que são dispostos muito próximos uns dos outros, sem espaço suficiente para fazer o longo trajecto que começa no primeiro dia pelas 11 horas da manhã e termina pelas 5 horas da tarde altura em que as sombras começas a ocupar o vale por onde desliza o rio. O segundo dia é mais longo, iniciando-se pelas 9 horas da manhã e terminado pelas 4 horas da tarde.
Contudo o barco é dotado de algumas comodidades, tais como casa de banho e um pequeno bar que vende cerveja, café e sopa de noodles instantânea, pelo que é recomendável levar comida suficiente para o dia.
A parte de trás do navio, onde são empilhadas as bagagens dos passageiros, constitui sem duvida a habitação da família a quem pertence a tripulação, sendo possível encontrar os utensílios de cozinha, alimentos, roupas e demais objectos pessoais.
A viagem é calma, com o entusiasmo inicial mostrado pelos passageiros a tirar fotografias e a entabular conversação com os vizinhos a ser gradualmente esmorece sendo substituído por um ambiente sonolento criado pelo trabalhar monótono do motor do barco e pelo deslizar pachorrento pelas águas do Mekong, que apesar de aparentarem ser de fácil navegação, mostram por vezes a sua forte corrente, nas zonas em que as rochas submersas forma uma barreira, criando remoinhos e zonas mais agitadas, qua agilmente são evitadas pelo condutor, sempre atento ao percurso do rio.
Observando as margens do rio percebe-se nitidamente quão baixo se encontra o nível das águas durante a época seca, deixando a descoberto encostas sem vegetação que contrastam com a floresta que cobre as montanhas que envolvem o percurso do Mekong nesta região do norte do Laos, bem longe das extensas planícies que conheci aquando da visita ao Vietnam.
Ao longo do percurso o barco efectua algumas paragens junto a pequenas povoações cujas casas feitas de bambu dificilmente se descortinam no meio do arvoredo, para deixar alguns passageiros e a respectiva mercadoria, pois o rio constitui ainda o principal meio de transporte desta região, onde as estradas são insuficiente e se encontram em mau estado, tornado as viagens mais desconfortáveis.
Cada uma desta paragens é motivo para atrair as crianças que descem velozmente as margens arenosas em direção ao barco, olhando curiosamente os turistas e tornando-se rapidamente cobiçadas pelas objectivas dos turistas que na procura de um melhor ângulo fazem desequilibrar o barco.
Nas encostas postas a descoberto pela descida das águas do Mekong são criados pequenos campos, onde durante a estação seca se plantam vegetais no arenoso e inclinado terreno, que servem de sustento às populações que à medida que se vais descendo o rio se tornam mais frequentes.
Na hora mais quente do dia, pequenas manadas de búfalos que habitualmente pastam nas margens do rio, refrescam-se nas esverdeadas e opacas águas, nas pequenas baías formadas pelas rochas, protegendo-se da corrente.