Pouco passa das quatro da tarde; altura para sair do quarto e enfrentar a diminuição do calor que abrasou e tornou praticamente desérticas as ruas da cidade de Savannakhet, situada junto ao Mekong e de frente para a Tailândia.
As poucas pessoas que se vêm nas ruas encontram-se abandonadas à preguiça e ao calor, reunindo-se em pequenos grupos junto à entrada das casas, protegendo-se do calor, ou deixando-se adormecer por trás de um balcão comercial.
Aproveitando a luz mágica do fim de tarde, é tempo para circular pela cidade e apreciar o que resta da presença francesa, para além das largas ruas orientadas ortogonalmente de amplos passeios, pouca coisa mantem da colonização, para além de uns poucos edifícios, muitos abandonadas e quase todos em mau estado de conservação, cobertos de fungos e esquecidos da sua cor original, ao contrário de Luang Prabang que soube valorizar este património tornando atração turística. Savannakhet quase nada oferece em termos de cafés, esplanadas ou restaurantes, para além dos habituais espaços destinados à população local.
Mas a noite trás mais animação com as luzes a acenderem-se e as ruas a ganharem movimentos com a circulação de motas e automóveis e com os seus habitantes a encherem restaurantes e passeios, na sua azáfama comercial, típica de um fim de tarde dos países asiáticos. Mas aos poucos este efémera animação vai-se desvanecendo, esvaziando as ruas e entregando-as novamente à quietude e ao silencia imposto pelo recolher obrigatório.
Ninguém anda a pé. Apercebi-me que eu era a única a fazê-lo juntamente com uns poucos de turistas que optam por parar nesta cidade herdeira da colonização francesa, no percursos entre Vientiane e o Sul do Laos. Praticamente toda a gente se desloca de motorizada que circulam com bastante liberdade pelas ruas da cidade, efectuado manobras e algumas transgreções de forma a levar o veículo até mesmo ao local desejado, seja em frente para junto de algum amigo que se encontrou na rua, numa loja para efectuar as compras, ou num restaurante para comprar o jantar, onde nem sequer é necessário sair da mota ou tão pouco desligá-la.
Uma cidade que fica também marcada pela feroz presença dos cães que ao contrário do que tem sucedido neste país, se mostram aqui agressivos e territoriais, em especial desde o anoitecer até ao inicio da manhã, tornando algumas caminhadas pela cidade verdadeiras provas de coragem.