De um mês passado no Reino do Camboja, ficou uma Phnom Penh vibrante e perigosa, sedutoramente e decadente, moderna e cosmopolita, de trânsito intenso e desregrado; a maravilhosa sensação de percorrer as movimentadas ruas da cidade em motos que agilmente se esgueira pelo trânsito, oferecendo um delicioso alívio ao calor que antecede a época das chuvas.
Ficou Angkor e a luz mágica do amanhecer a iluminar gradualmente as pedras calcárias cobertas de líquenes e fungos das ruínas dos templos que restam da poderosa presença do império Khmer cuja arquitectura e arte influenciaram os países vizinhos. A mesma magia oferecida por um entardecer na praia, onde de um lado o sol se esconde na linha do horizonte e do outro a lua vai subindo no céu, arrastando o manto da noite decorado de estrelas.
Ficam mercados vibrantes, abundantes de peixe e marisco, em volta dos quais proliferam bancas de comida de rua, intensa e saborosa, marcada pelas influências dos países vizinhos. Fica o suave chá de jasmim a acompanhar as refeições ou servido simplesmente quando se pede um café, espesso e aromático.
Fica um confuso sistema financeiro onde funcionam duas moedas, com a população ávida das verdes notas de dólar, mas que não evita a evidente pobreza, que transparece pelo numero de crianças e adolescentes a trabalhar, e pelos muitos mendigos que insistentemente pedem dinheiro pelas ruas e mercados, enquanto ao lado crianças vasculham o lixo em busca de garrafas de plástico e latas vazias para vender.
Fica a memória da presença francesa, nas muitas casas de arquitectura colonial em cidades desenhadas sob o saudosismo colonial da metrópole, capazes de atrair muitos estrangeiros que aqui decidem viver.
Ficou a memória de uma ilha paradísica de praias desertas a proporcionar a magia de apreciar a lua cheia com o corpo mergulhado no mar, embalado pelas águas quentes e pela ondulação suave.
Fica um país pobre mas de gente orgulhosa, capaz de genocidios inenarráveis e de acolhedores sorrisos… onde o calor da tarde a adormecer os corpos.
Mapa do itinerário percorrido: //goo.gl/maps/C1YjJ
* em trinta dias, foram percorridos cerca de 1160 quilómetros de autocarro, e umas poucas horas passadas em viagens de barco pelo mar do Golfo da Tailândia, onde ficou por conhecer toda a região nordeste do país.











































