A cidade de Phnom Pen, densa e de movimento constante e intenso espelha bem a concentração de 2 milhões de pessoas que aqui habitam. Contudo apesar de não se poder identificar um local a que se possa chamar centro nem tão pouco um centro histórico, a zona principal da cidade encontra-se bastante bem definida, limitada por grandes avenidas. Este núcleo, que se estende aproximadamente por seis por cinco quilómetros, é interceptado por outras avenidas, formando núcleo habitacionais de ruas de traçado rectílineo, dispostas ortogonalmente formando uma malha densa mas organizada, onde as ruas são numeradas sequencialmente, com os números ímpares a definirem as que se desenvolvem verticalmente e as com números pares dispostas horizontalmente. Todo este sistema é bastante eficaz e funciona na perfeição sendo contudo necessário o uso de um mapa, ferramenta indispensável aos muitos condutores de tuk-tuk e de moto-taxís que se concentram nos cruzamentos das principais ruas e avenidas, em busca de clientes, entoando sempre o mesmo slogan “tuk-tuk?” “motobike?”…
A cidade fervilha de vida, desde o amanhecer até muito depois do por do sol, ao ritmo do intenso e desordenado trânsito, dominado por motas que somente obedece à regra de nunca parar, onde os peões se tornam aparentemente invisíveis sendo contudo habilmente evitados por motos que circulam por vezes em sentido contrário, evitando cruzamentos desnecessários que são, à hora de ponta, um nó difícil de desatar.
Circular pela cidade, à hora de ponta da tarde, numa das moto-táxis, saboreando a sensação de ar fresco provocado pela deslocação do veículo, que potenciada por não se ter que usar capacete, apreciando a destreza com que o condutor ultrapassa outros veículos, contorna uma rotunda ou atravessa um cruzamento na diagonal, fazem desta experiência, uma das melhores recordações da cidade, que geralmente não custa mais do que 1$.
Aparentemente Phom Penh não faz parte do circuito turístico habitual, não tendo muito mais para oferecer do que o Palácio Real e alguns templos e pagodas. Contudo tem algo que cativa, a mim e a muitos de estrangeiros que aqui decidem residir ou permanecer por largos períodos de tempo.
A cidade mostra uma arquitectura decadente, dominada pelo betão armado, coberta de fungos, cortada por molhos de cabos elétricos que se formam verdadeiros ninhos assim que encontram um poste, forrada de grades que cobrem entradas de edifícios e janelas, onde a arquitectura dos anos 50 convive com edifícios modernos espelhando progresso e sucesso económico, onde velhos toyotas camry com pára-choques presos por arames se cruzam com reluzentes SUVs, que quando param têm por perto algum guarda para os vigiar, ao mesmo tempo que nas ruas o lixo se acumula ao longo do dia e onde grupos de crianças passa os dias recolhendo garrafas de plástico e latas vazias, arrastando sacos maiores que elas, mulheres fazem compras em lojas com ar-condicionado e porteiro, enquanto cá fora as espera idosas que de sarong imundo pedem algo para comer. Uma cidade de contrastes.
Vibrante. Perigosa. Sedutora. Orgulhosa. Assim encontrei a capital do Reino do Camboja.






























