O local escolhido para a estadia em Mawlamyine, que de início se previa curta e que por questões de saúde se prolongou por quatro noites, foi a Breese Guest House; uma das opções mais económicas existentes na cidade e que está autorizada a receber estrangeiros, pois muitos dos alojamentos existentes aqui, assim como no resto do país, somente tem autorização alojar birmaneses.
Os quartos, uns individuais outros de cama dupla, ocupam o piso térreo do edifício, que foi habilmente dividido em dois andares resultando em quartos de tectos baixos, pequenos e não recomendáveis a claustrofóbicos, que se dispõem al longo de escuros e estreitos corredores.
O piso superior, amplo e arejado, onde reside a família proprietária da guest house, dispõem de uma varanda virada para o rio onde é servido, aos hóspedes, o pequeno-almoço ao estilo continental: tostas, manteiga, doce, banana, ovo cozido e café. Uma regalia, incluída no preço do quarto, que não tinha experimentado nesta viagem pela Ásia.
Apesar de inicialmente o quarto parecer pouco atractivo ou acolhedor, os dias aqui passados não se revelaram nada desagradáveis, pois a dedicação dos funcionários tanto na partilha de informações como na ajuda na necessária visita ao médico, a simpatia da família, os serões passados no alpendre da entrada ou na varanda do piso superior, que ao fim do dia proporcionam um fresco serão enquanto se trocam conversas ou se lê um livro, saboreando a brisa fresca que arrasta consigo o cheiro do mar, tornaram esta estadia numa doce recordação.
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Deitada no fino e compacto colchão feito de fibras vegetais, que suaviza a dureza do estrado de madeira que constitui a cama, rodeada por frágeis paredes de madeira rasgadas por uma pequena janela virada para o corredor, chegam-me vozes que em alegre a entusiástica cacofonia, colorida por diversas línguas, trocam impressões e experiência de viagem, e que se misturam com o tom dramático da novela indiana transmitida em alto volume pelo televisor, permanentemente ligado, que domina o espaço da recepção da Breeze Guest House.
Embalada pelo oscilar trémulo da ventoinha, assente sobre uma pequena mesa que juntamente com um banco constituem a mobília do quarto, deixo o tempo passar resguardando-me da intensa luz e do calor que durante a tarde se abate sobre a cidade de Mawlamyine deixando as ruas praticamente desertas.












