Depois dos primeiros dias em que palavras como borek, pide, dondurma, donner, baklava, lokum, gozleme, ayran soam estranhas e confusas, aos poucos vão-se tornado familiares ficando associadas a deliciosos sabores, a apetitosas refeições, e a gulosa pastelaria.
Definitivamente, a gastronomia Turca está longe de ser “amigável” para vegetarianos, pois quase todos os pratos são dominados pela carne, sendo muito popular o kebab, carne grelhada servida no pão. Mas o vasto território, desde o Mediterrâneo até Mar Negro, da Europa à Ásia, albergando vários grupos étnicos e absorvendo influências dos impérios que aqui passaram é rica e diversificada, onde uma curta estadia não pode fazer justiça à gastronomia deste país.
O Kuru Fasulye, um dos poucos pratos tradicionais turcos que é vegetariano, feito à base de feijão estufado, num molho à condimentado e ligeiramente picantes e servido com arroz. Muitas vezes o iogurte serve de acompanhamento às refeições turcas. Como acompanhamento, num país onde o álcool não é muito frequente, o yran é presença comum, uma bebida à base de leite fermentado, com sabor semelhante a iogurte e que pode ser por vezes ter um paladar salgado. É vendida em embalagens nos supermercados mas nos restaurantes tradicionais apresenta-se em cubas onde o yran circula, sendo mantido fresco e trazendo uma suave espuma quando é servido.
Os lacticínios são presença forte, como o iogurte, que se pode ainda encontrar feito de forma artesanal e o yran que acompanha as refeições, mas é o queijo que sobressai, não só pela grande variedade em termos de sabores, texturas e formas como é apresentado. Dominam os queijos “brancos” feitos à base de leite de vaca, sendo os também queijos curados menos populares.
O queijo é servido tradicionalmente ao pequeno-almoço, assim como as azeitonas, que se encontram numa grande variedade de temperos e “curas”.
O borek é também consumido pela manhã, mas pode-se encontrar ao longo do dia, em lojas que geralmente se dedicam à produção e venda destes snacks, como o borek e as pide, uma espécie de pizza à base de um único ingrediente: carne, espinafres, queijo… O borek consiste numa sucessão de camadas de massa filo, recheada de queijo, formando um rolo que é cozinhado no forno. Apesar de deliciosa, esta opção é bastante gordurosa.
Outra variante do borek é um massa semelhante à da lasagna, disposta por camadas num tabuleiro e recheada de queijo, ou por vezes espinafres ou carne. Os borek como as pide foram as melhores opções em termos de refeições ligeiros para vegetarianos na Turquia. Contudo, encontram-se muitos restaurantes, em especial em Istanbul, que servem refeições já confecionadas no sistema de snack-bar, com uma grande oferta de comida, sendo sempre possível de fazer uma refeição com base numa combinação de diferentes pratos.
Não pode passar despercebida as çorbası, sopas que se encontram em todos os restaurantes, existindo algum especializados neste tipo de refeição que é sempre servida com pão. A mais comum é a sopa de lentilhas, que pode apresentar diferentes aspectos desse o tom alaranjado aos tons mais castanhos, conforme o tipo de lentilha utilizado.
O gozleme, uma espécie de crepe de massa mais espessa, recheado de queijo, mas que também se pode encontrar com espinafres ou carne. Encontra-se um pouco por todo o lado, podendo servir como refeição, ou como snack a meio do dia. Tradicionalmente é confecionada numa chapa metálica aquecida pelo fogo mas pode ser também cozinhada numa frigideira.
As pastelarias, em Turco Pastanesi, são uma das primeiras coisas que chamam a atenção à chegada a Istanbul, vendendo também pão mas focadas essencialmente no doces, desde bolos, biscoitos… e as famosas baklava um doce feito com massa filo, embebida num xarope de açúcar ou mel e recheada com diverso tipos de frutos secos como amêndoa, pistácio e nozes. Mito populares são também os lokum, um doce com uma textura que faz lembrar a gelatina mas consistente, à qual se dá a forma de rolos que depois são cortados e cobertos de açúcar me pó. Sem duvida de que o mel e os frutos secos são um dominador comum à pastelaria turca, que se mostra elaborada e intensa.
Como em todo o mundo, o pão aqui representa um papel importante da alimentação, apresentando-se de muitas formas, desde argolas cobertas de sementes de sésamo ou girassol, o popular simit, a pães achatados de diferentes espessuras ou outros longos e estriados…. numa grande variedade e riqueza de sabores.
Sendo um país vasto e com uma grande mistura de culturas, a Turquia, oferece uma grande variedade de gastronomia que não foi possível conhecer em tão pouco tempo de viagem.
Contudo um tópico sobre gastronomia turca não pode ficar completo sem a referência ao café e ao chá. O tradicional café turco, resultante de uma moagem muito fina à qual é adicionada água a ferver e depois é levada ao lume, mas sem deixar que a mistura entre em ebulição, é servida em pequenas chávenas e bebida lentamente saboreando o suave paladar do café. No fundo da chávena, ficam as borras, formando uma pasta espessa e escura, que segunda a tradição pode revelar os “segredos” do futuro; para isso é necessário virar a chávena sobre o pires e deixar os restos do café arrefecerem e escorrerem, deixando um rasto na chávena que depois é interpretado por que nisso é instruído, chegando a existir serviços online que com base numa fotografia dos restos do café emitem uma previsão do futuro.
Mas é o chá, aqui chamado chai, que ganha como bebida nacional, sendo bebido logo pela manhã assim como ao longo do dia, servindo de justificação para uma pausa no dia de trabalho, para um encontro de amigos, para uma conversa de “café” e claro, a forma de receber visitas, seja em casa ou num aloja de venda de carpetes.
E aqui na Turquia pode-se mesmo falar do culto do chá, onde a forma como é preparado e servido, em pequenos copos de vidro. À semelhança de outros países como a Rússia e o Irão, a preparação do chá é muitas vezes feita no somovar que consiste num recipiente colocado sobre o fogo, onde se aquece a água até ferver; no topo encontra-se um bule, também metálico, onde é preparado o chá, que após a mistura das folhas na água é deixado a repousar uns minutos. Uma pequena quantidade deste chá é vertida para os copos, sendo depois acrescentada água, que é mantida quente na base do somovar.















