Shiraz, com mais de 2000 anos de história é considerada o coração da Pérsia, não só em termos históricos como culturais; conhecida como a cidade dos poetas, onde se encontram os túmulos dos poetas Hafez e Saadi e famosa pelo vinho que actualmente é proibido de acordo com as leis islâmicas, mas que no século IX chegou a ser o mais famoso do médio Oriente. Apesar das semelhanças fonéticas com o nome da casta Syrah, popular na Europa, nada têm a ver com o Shiraz iraniano é um vinho branco… sim, “é” porque clandestinamente ainda se produz e nem todas as vinhas existentes na região são para produção de uva de mesa ou de passas!
A cidade muito tem para oferecer aos visitantes, entre mesquitas, bazares, jardins, etc… mas nem tudo se encontra próximo do centro, sendo necessárias longas caminhadas ou umas viagens em shared-taxi.
Como visita obrigatória é a Masoleum of Hafez (Aramgah-e Hafez), onde está o túmulo do poeta Hafez, rodeado por um jardim, onde os habitantes e visitantes se deslocam para prestarem homenagem ao poeta, rezando, lendo livros ou simplesmente deambulando pelo local. A chegada a este local pelo fim do dia, quando o sol já desapareceu no horizonte mas o céu ainda conserva uns tons de azul que em rapidamente vão escurecendo deixando surgir as estrelas, que juntamente com a devoção intelectual e espiritual se unem para criar uma atmosfera mágica à qual não se fica indiferente.
Mais imponente pela arquitectura, de elaborada decoração em mosaicos formando motivos geométricos que forra o tectos de principal edifício, e pelos amplos e minimalistas jardins, o Masoleum of Saadi (Aramgah-e Saadi), não apresentou uma atmosfera tão acolhedora, sendo igualmente muito popular entre a população local que aqui se desloca ao fim do dia saboreando a tranquilidade e o ar fresco, seja entre casais jovens como em família.
O Bazar-e Vakil, apesar da interessante arquitectura do edifício não se mostrou particularmente interessante, encontrando-se dominado pelas decorações do Ashura, o maior festival religioso para os muçulmanos Xiitas, onde dominam as bandeiras negras com inscrições religiosas.
Mas a impressão mais marcante de Shiraz, não tanto pelo espaço que é deslumbrante, mas pela atmosfera vivida foi a Aramgah-e Shah-e Cheragh, a gigantesca mesquita situada no centro da cidade, que pode passar despercebida apesar dos seus ornamentados portais e de ser o principal local de peregrinação da cidade de Shiraz. Medidas de segurança impediram entrada de câmera fotográfica, mas nenhuma imagem pode transmitir a impressão causada pelo interior da mesquita onde se situa o tumulo de Sayyed Mir Ahmad, com paredes, pilares e tectos totalmente cobertos de pequenos espelhos formando uma espécie de caleidoscópio à medida que nos deslocamos. No interior, onde homens e mulheres estão separados, reina um ambiente misto de devoção religiosa com filas de mulheres totalmente vestindo de negra rezando e prestando homenagem junto do tumulo ao mesmo tempo que outras se sentam em grupo, conversando descontraidamente enquanto crianças correm e brincam sem descanso.
À volta da mesquita, fora do alcance de quem circula pelas ruas de Shiraz fica o gigantesco pátio que aos poucos se foi enchendo de pessoas. De longe chega o som de tambores, de batida lenta e sincopada, e de cânticos que mais se assemelham a lamentos. Seguindo em direção a estes invulgares sons, que nos levam para fora da mesquita, deparamo-nos com uma procissão, em que grupos de homens vestidos de camisa negra, batem com a mão no peito ao ritmo das palavras que saem estridentes dos altifalantes que acompanham o cortejo. Mais atrás outros grupos de homem, atiram com molhos de correntes sobre os ombros, num acto de flagelação deixando o brilho metálico das correntes sobre o tecido das camisas. Este foi o dia que marcou o primeiro de dez dias em que celebra o Ashura em todo o Irão.
Fora deste ambiente negro e pesado, a visita no dia seguinte à Masjed-e Nasir-al-Mock foi o oposto, com as luz a entrar na sala de orações através das janelas que ocupam toda a fachada virada a nascente, iluminado o interior do espaço de uma luz quente colorida, transmitindo paz e conforto.
Aramgah-e Shah-e Cheragh Mosque:
Não são permitidas câmeras fotográficas; contudo durante o Ashura, na companhia de elementos do “foreigner affairs” (voluntários com bom domínio do inglês que conduzem turistas pelo recinto) é possível tirar fotografias.
As mulheres têm que usar chador, que cobre totalmente o corpo da cabeça aos pés; à entrada são fornecidos chadors gratuitamente.
Aberta 24 horas.
Estrada gratuita.
Masjed-e Nasir-al-Mock:
Horário:
Durante a semana: 8.00h – 12.00h; 15.30h – 18.00h
Sexta-feira e feriados: 8.00h – 11.00h; 15.30h – 17.00h
Ticket: 100.000 rials
Convém ir durante a amanhã por volta das 10 ou 11 horas, quando o sol incide sobre a fachada de vitrais.
Alojamento:
Niayesh Boutique Hotel
In front of BiBi Dokhtaran, Alley 4,
Namazi Junction towards Shahe-e Cheragah
Telef: 0711 2233 622
Dormitório com uma forma semelhante a um corredor mais ou mais ou menos dividido em compartimentos com 2 camas cada, pouco espaço. Os quartos têm janela para o pátio central que também funciona como restaurante, o que se pode tornar um pouco barulhento com o pequeno-almoço a ser servido pelas 7 am.
Dorm: 400.000 rials.
O pequeno-almoço está incluído e é optimo, em estilo buffet (fruta, pão, ovo, queijo, iogurte, manteiga, doces, mel, chá e café… e umas deliciosas tâmaras envolvidas em tahini (pasta de sésamo).
Boa localização.
Free Wi-fi.
Onde comer:
Pelas ruas principais do centro da cidade, como por exemplo a Loft Ali Khan Boulevard e a Karim Khan-e Zand Boulevard encontram-se alguns restaurantes de fast-food, com kebabs, falafel e ash-e reshteh e halim.
Como a maioria das cidades iraniana, Shiraz também tem o seu doce tradicional, o Foloodeh, uma espécie de gelado feito de finos noodles, aromatizados com água de rosas e ligeiramente adocicados. Pode por vezes ser servido com gelado e regado com sumo de lima. Intensamente refrescante.
O Salamat Restaurante é uma sugestão vegetariana, localizado na Niayesh Boulevard, mas como se encontra afastado do centro da cidade ficou por explorar.
Transportes:
A chegada a Shiraz faz-se no bem organizado Karandish Bus Terminal. À chegada somos abordados por vários taxistas e possivelmente encaminhados para um quiosque te táxis pré-pagos. Solução a evitar caso se esteja a viajar sozinho pois aqui os táxis cobram 100.000 rials até ao centro da cidade; por metade do preço pode-se apanhar um shared-taxi nas ruas que rodeiam o terminal.
Para ir do centro da cidade para o Karandish Bus Terminal, o principal da cidade e de onde partem os autocarros de longo-curso, é necessário ir até ao pequeno terminal de bus, o Ahmid Bus Stop, na Dastgheib Boulevard, perto da Mesquita Aramgah-e Shah-e Cheragh; existe um pequeno quiosque de venda de bilhetes que fornece informações sobre o numero do autocarro e a paragem correspondente.
Bus Esfahan – Shiraz: 7 horas, 170.000 rials, Normal Bus
Bus Shiraz – Yazd: 5 horas, 200.000 rials ,VIP Bus