Mon recebeu-me com uma violenta tempestade que surgiu inesperadamente depois do pôr-do-sol, num dia em que o azul tinha dominado o céu e nada fazia prever tão brusca alteração climatérica que trouxe consigo um desconfortável frio.
Uma pequena cidade que se localiza no topo de umas quantas colinas e se vai derramando pelas suas encostas, acompanhado ruas e estradas sinuosas. Uma cidade feita de construções de betão e telhados de chapa metálica. Mon parece envolta num manto baço e cinzento, onde a luz difusa do chuvoso dia cria uma atmosfera triste e deprimente, fazendo esmorecer o entusiasmo de qualquer visitante.
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Nas montanhas que envolvem a cidade e que constituem uma barreira intransponível no horizonte, o denso verde da floresta contrasta com este melancólico cenário. Mas em alguns locais nota-se a pesada mão-humana, onde grandes áreas de florestas foram totalmente dizimadas, deixando exposto o solo castanho acinzentado que transmite um imenso sentimento de desolação.
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As montanhas de Nagaland reúnem um conjunto de várias tribos e grupos étnicos, que se podem contar em cerca de 16, e que sob o domínio Britânico se viram grupadas no que actualmente Índia e a Birmânia. Contudo estas fronteira modernas não olharam para a especificidades étnicas e culturais destas populações, o que levou que conflictos e a acções violentas que duraram até 2013. Mon é o centro da tribo Konyak cujo território se estende também à Birmânia, e cujas características físicas e os rostos mongóis nos remetem claramente para os povos asiáticos.
A densa cadeia montanhosa que desde séculos abrigou estas tribos Naga permitiu que estas populações se mantivessem afastadas da cultura, língua e religião indiana, mantendo até aos dias de hoje uma língua própria, cuja escrita é curiosamente em caracteres latinos. Foi também resultado deste isolamento que mantiveram as suas praticas religiosas ligadas ao animismo, sendo somente destruído pela chegada dos missionários no século IX que trouxeram o cristianismo a estas paragens.
Mas apesar desta influencia, os Konyak, mantiveram vivas as suas tradições, sendo famosos e temidos head hunter (caçadores de cabeças) onde cabeças de guerreiros de tribos inimigas eram pendurados nas Morong (casas comunitárias) como troféus depois de cada luta. Mas desta tradição nada resta com os crânios humanos substituídos por crânios de animais na decoração das Morong, mas o que ainda não desapareceu foram as tatuagens que muitos homens ainda exibem no rosto, e que se estendem ao pescoço, mostrando que foram bem sucedidos como head hunters. Estas tatuagens assim como as orelhas furadas, de onde pendem chifres de animais, e os colares de contas coloridas, decorados com imagens de rostos esculpidos em bronze indicando o número de cabeças conquistadas, continuam a ser usados por alguns dos homens desta tribo. Mas somente entre os mais velhos se vêm ainda as famosas tatuagens destes guerreiros, pois estão cada vez mais distantes os tempos de lutas tribais.
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Um corte de electricidade deixou Mon Town às escuras durante os dois dias em que aí permaneci, e como no Nordeste da Índia a noite chega cedo, não há muito a fazer em Mon do que jantar e rumar ao quarto antes das 5 da tarde, numa guest house sinistramente vazia, situada no topo de um edifício totalmente abandonado durante a noite, onde eu era a única presença humana. Pelas nove horas da noite, sem electricidade e sem companhia, o sono instala-se suavemente, enquanto lá fora, na quase total escuridão somente interrompida pelo clarão dos faróis de algum carro que passa, Mon mostra-se hostil e sinistra.
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De dia Mon ganha um certo dinamismo em especial nas ruas onde se concentra a maior parte do comércio, mas mesmo assim não se consegue afastar o sentimento de pobreza que domina a cidade. Uma pobreza não visível nas casas ou nas pessoas ou na forma de vestirem, por sinal a juventude veste de forma muito ocidentalizada e moderna, mas no aspecto das lojas, nos artigos que vendem, na pouca oferta de produtos, na escassa diversidade de alimentos vendidos na lojas e nos mercados de rua, na desinteressante e monótona comida… uma pobreza resultante mais do isolamento a que esta população está sujeita, onde o único acesso a Mon tem que ser feito por uma estrada não pavimentada, onde 65 km demoram, pelo menos, 3 horas a ser percorridos, e onde não há estradas transitáveis a ligar Mon às outras cidades do estado de Nagaland. É talvez este isolamento e as árduas condições que tornam a vida difícil em Mon, donde resultam pessoas de rosto dura e fechado, de onde dificilmente se recebe um sorriso.
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Onde dormir em Mon:
Paramout Guest House: localizada por cima do State Bank of India (também conhecido por SBI), a menos de 5 minutos do local onde terminam os sumos. Quarto duplo por 1000 rupias mas que pode ser negociado até 800 rupias, pois o local encontra-se vazio a maior parte do ano com excepção do Aoling Festival.
Paramout Guest House contact: 9612170232; 08257811627
O quarto é pequeno mas confortável e limpo, com casa-de-banho e alguma mobília, mas existem vários tipos de quartos com maior área. Curiosamente os seis quartos existentes no ultimo andar deste prédio têm uma estranha numeração de 9 a 235, saltando por 170, 210, 75, 215… que mais tarde se descobre serem o número gravado em cada uma das chaves!!!!
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Mesmo ao lado direito do edifício do State Bank of India fica o Sunrise Hotel funciona basicamente como restaurante, mas também tem quartos, mais modestos do que a vizinha guest house, e com casa-de-banho partilhada, por 500 rupias. O Sunrise Hotel tem somente dois quartos, mas qualquer um deles com mais de duas camas; a casa de banho é no exterior do edifício, e tem fracas condições.
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A Paramout Guest House e o Sunrise Hotel são os únicos alojamentos no centro de Mon, contudo existe a Helsa Cottage que tem melhores quartos por 1500 rupias, mas fica um pouco mais afastado.
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Onde comer em Mon:
Mon está longe de ser atractiva em termos de comida, encontrando-se pouco restaurantes. Durante o dia pelas ruas principais da cidade encontram-se restaurantes, dificilmente localizáveis, pois não têm qualquer indicação, mas a porta coberta por uma cortina serve para anunciar que ali se servem refeições, basicamente arroz com dal e caril, localmente conhecida por “rice”. Sendo uma zona montanhosa a carne é presença constante mas pode-se sempre pedir o “rice” em versão vegetariana. Em geral esta refeição, que dá direito a um “refill” não custa mais do que 50 rupias, contudo é nutricionalmente e pobre pois os vegetais resumem-se a batata a umas quantas ervilhas-amarelas, e o caril de lentilhas (dal) é bastante aguado.
Em termos de street-food, Mon não tem muito para oferecer, para além de samosas (chamussas) e outros snacks de massa frita e excessivamente oleosa, confecionados e vendidos em muito más condições de higiene.
Basicamente pode-se dizer que Mon é uma desilusão em termos gastronómicos a avaliar pelo que está disponível em restaurantes e bancas de rua.
A Paramout Guest House prepara refeições sob encomenda e que podem ser servidas no quarto ou na sala de refeições, sendo contudo necessário encomendar com antecedência (arroz com dal e curry: 100 rupias). Ao lado fica o Sun Rise Hotel com restaurante que serve arroz, dal e vegetais desde manhã por 40 rupias.
Um pouco pelas ruas do centro de Mon, em especial na Market Street, a zona comercial da cidade, encontram-se vários pequenos e discretos restaurantes que servem puris, samosas ou arroz com caril. Dois puris com uma taça sabji (caril de batata e ervilhas-amarelas) custa 10 rupias.
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Transportes em Mon:
Em Mon tem autocarros públicos de horário incerto, sendo difícil obter informações sobre o seu destino. Os autocarros privados destinam-se a Dimapur e Kohima. O meio de transporte local são os sumos e os shared-taxis.
Alugar um táxi para Longwa custa 2500 rupias, ida e volta.
O sumo para Longwa custa 220 rupias e parte de manhã pelas 6 a.m. ou à tarde pelas 1 p.m. É necessário reservar bilhete com antecedência de pelo menos um dia. O bilhete é vendido numa mercearia um pouco abaoixo do Police Circle, na estrada que liga Mon a Sonari.
Um táxi para Mon Village (a cerca de 5 quilómetros) custa 800 rupias; não há sumos ou táxis partilhados para este percurso.
Domingos não há qualquer tipo de transportes em Nagaland… não há nem bus, nem sumo, nem táxis.
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Como chegar a Mon:
E maneira mais rápida de chegar a Mon é partindo do vizinho estado de Assam, da cidade de Sonari. De Sonari partem sumos que fazem a penosa viagem até Mon, que demora 3 horas por uma estrada de terra-batida, em muito mau estado, onde parte do percurso é em montanha.
Estando em Nagaland somente existem duas hipóteses para chegar a Mon: de Dimapur ou Kohima. Destas cidades partem autocarros privados e sumos para Mon, mas que passam sempre por Assam e pela cidade de Sonari.
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Como ir de Mon para Mokokchung:
Para sair de Mon há somente uma estrada que liga a Sonari, no estado vizinho de Assam; assim para viajar entre Mon e qualquer outra cidade de Nagaland, como por exemplo Mokokchung, é sempre necessário passar por Sonari e pelas estradas do estado de Assam, que mesmo não sendo muito boas são planas e pavimentadas.
- “sumo” de Sonari para Mon: 200 rupias (3 horas)
- “sumo” de Mon para Mokokchung: 650 rupias (8 horas)
Em Mon somente uma das empresas têm sumos para Mokokchung, a Link Network, com os sumos a partirem pelas 6.30 a.m, de segunda a sábado.
Para qualquer viagem a partir de Mon, seja para Kohima, Dimapur, Sonari ou Mokokchung, é necessário reservar bilhete com pelo menos um dia de antecedência, e quanto mais cedo melhor para se poder escolher um dos lugares da frente, pois o ultima fila de bancos é extremamente desconfortável para tão longa viagem. Seja qual for o destino os sumo partem todos de manhã bem cedo pela 6 horas.
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Como ir de Mon para Longwoa:
Os 35 quilómetros que separam Mon de Longwoa não são fáceis de vencer, os meios de transporte são escassos. Não há autocarros e a única solução em termos de transportes colectivos são os sumos, que partem duas vezes ao dia: 7 a.m. e 2 p.m. Com a escassez de transportes é necessário reservar bilhete com o mínimo de um dia de antecedência.
A viagem demora mais de uma hora.
Estes sumos não partem do mesmo sitio dos outros com destino a Kohima, Dimapur, etc… mas sim da estrada que “desce” da police circle (uma rotunda onde por vezes está um policia a comandar o tráfego). Os sumo estacionam em frente a uma mercearia, que é o local onde também se vendem os bilhetes.
- sumo: 220 rupias (one way)
- táxi: 2500 rupias (rented for one day)
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Mon Festival:
Aoling Festival: Anualmente de 1 a 6 de Abril
Durante o festival, uma mostra da cultura Konyak, e mesmo uns dias antes a cidade de Mon começa a receber mais visitantes o que faz encher os poucos hotéis e faz disparar o preço dos quartos.
É recomendável reservas com antecedência caso se queira permanecer em Mon durante o festival.
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Internet em Mon:
Não existe nenhum posto de internet em Mon e nem o Paramout Guest House ou Sunrise Hotel têm internet ou wi-fi.
Mesmo ao lado da entrada do State Bank of India, encontra-se um corredor com lojas, onde a primeira loja do lado esquerdo, de cópias e impressões, que tem internet (quando há sinal).
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ATM em Mon:
Existe somente um ATM em Mon, no State Bank of India, onde as pessoas se alinham para poder levantar dinheiro, pois nem sempre está disponível ou a funcionar.
Existem frequentes cortes de energia em Mon, que afetam o funcionamento do ATM.
Assim é recomendável trazer dinheiro suficiente para a estada prevista, pois também não existem lojas de câmbio.
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