De acordo com o famoso guia turístico que toda a gente que viaja pelo Irão segue, pois não há muitas mais alternativas que satisfação quem viaja por conta própria, a cidade de Bandar Abbas, nem sequer vinha mencionada numa versão antiga deste livro para além de um ponto no mapa, mas na mais recente versão é-lhe dedicado um tópico onde se menciona que nada tem atraia um visitante estrangeiro para além de este ser o porto onde se apanha o barco para as ilhas de Qeshem e Hormoz, situadas no Golfo Pérsico.
Contudo, o que me trouxe aqui não nenhuma destas opções, foi por Bandar Abbas ser o porto de onde partem os ferry boat em direção aos Emirados Árabes, uma saída do Irão, em alternativa ao popular rota que obriga a voltar a Tehran para seguir de avião.
Mas Bandar Abbas, apesar de não dispor das famosas atrações turísticas como mesquitas, palácios e jardins, não é de toda desprovida de interesse, com um animado e diversificado bazar e o mercado de peixe.
Em termo históricos este porto foi ponto de paragem do portugueses no século XVI quando Portugal dominava o Estreito de Hormuz. Em 1622, Shah Abbas conquistou este porto, então chamado de Cambarão, tendo o nome mudado para o nome do conquistador iraniano, onde “bandar” significa porto.
A cidade em si, constituída por rectas avenidas e edifícios modernos, mostra-se pouco atraente, mas como um dos principais portos iranianos no Golfo Pérsico atrai muitos negociantes, em actividades mais ou menos legais, pois este porto é famoso pelo contrabando.
A cidade dominada pelo clima quente e húmido, que contrasta com o ar seco da maior parte do território iraniano, apresenta-se mais descontraída, com as floridas roupas das mulheres balochi, grupo étnico disperso pela região Sudeste do Irão, nomeadamente no deserto de Kaluts.
O bazaar, meio adormecido pelo calor do dia que juntamente com a humidade convidam à inércia, fervilha de intensidade depois do pôr-do-sol, tanto nas ruas estreitas onde se vende um pouco de tudo, onde o tabaco vendido em folhas enche os corredores de um cheiro seco, marisco seco deixa o característico cheiro enjoativo, e onde as tâmaras doces, macias e de sabor intenso, brilham sob a luzes eléctricas. Nas ruas em redor, espalham-se vendedores ambulantes de frutas e legumes, expõem a mercadoria pelo chão ou em banca improvisadas. Um pequeno mercado de venda de peixe e marisco surge inesperadamente no fim de uma destas rua, fracamente iluminado por lâmpadas penduradas num emaranhado de fios elétricos a pouca distância das nossa cabeças.
Se a noite é altura para deambular pelo bazaar, a manhã é tempo para visitar o Mercado do Peixe, onde tanto no interior como no exterior a agitação é grande, com muitos compradores, os pregões dos vendedores, a pressa dos carregadores… e onde o cheiro a peixe cresce de intensidade à medida que a temperatura do ar aquece. Mulheres de cócoras junto ao passeio, descascam em gesto automáticos pequenos camarões, enquanto por perto sob água corrente o peixe é escamado e liberto de vísceras, o que deixa um rasto de água ensanguentada pela rua.
Mas os vendedores de peixe mais do que qualquer outra profissão são joviais e sociáveis, com a minha presença no mercado uma verdadeira festa, com vários candidatos a querer posar para um foto expondo enormes e frescos peixes e fazendo com que me demorasse por aqui quase uma hora sem me aperceber do tempo a escoar-se.
Bandar Abbas, com o seu clima tropical, a descontração e simpatia dos habitantes, o colorido das roupas femininas, o cheiro do mercado de peixe, a animação do bazar, e as deliciosas tâmaras foi uma surpresa agradável para a despedida do Irão!
Alojamento:
Bandar Abbas não dispõem de alojamento adaptado aos backpackers proliferando contudo pela cidade dezenas de hotéis, mais virados para os homens de negócios, com uma vasta gama de preços mas mais elevados do que os valores que se encontram noutras cidades.
Como o Hotel Darya, estava cheio fui encaminhada para outro, a menos de 2 minutos, no fim da mesma rua, Kowsar Hotel. Depois de alguma negociação um quarto duplo (mas só para uma pessoa) com casa-de-banho partilhada, wi-fi, frigorífico e ar-condicionado (que aqui faz mesmo falta) ficou em 500.000 rials… uma estravagância para a despedida do Irão!
O staff fala inglês e é extremamente prestável em fornecer informações.
A demonstrar como Bandar Abbas fica fora do circuito turístico, o cartão de visita do Kowsar Hotel está escrito somente em farsi, assim como os números de telefone.
Onde comer:
Perguntando aqui e ali por um falafel foi vivamente aconselhada a procurar uma pequena banca que ao fim do dia, pelas 5 horas da tarde inicia a venda deste snack, que a avaliar pelo numero de pessoas à espera despertou a curiosidade. Fica num rua estreita perpendicular à Imam Khomeini Street, junto à Velayat Square, com esta estreita rua a surgir entre uma sequência de ourivesarias e um maciço edifício pertencente a um banco.
Uma boa surpresa foi o halim, algo entre sopa e uma papa, que me foi indicado por um grupos de homens que sentados na rua partilhavam uma destas refeições. Assim encontrei o restaurantes que serviu um dos melhores halim e que se recusou a receber o pagamento, por muito que eu tenha insistido… com aconteceu muitas vezes ao longo desta viagem pelo Irão. A loja fica num perpendicular à Imam Khomeini Street, mas na direção oposta ao mar, provavelmente na Shahid Beheshti Boulevard, mas o melhor é mostrar o logótipo da loja, impresso no saco que transporta a comida para algum indicar o local, pois é bastante popular no centro da cidade.
Cambiar dinheiro:
Sendo o ultimo ponto na rota iraniana, foi tempo de trocar os últimos rials por dinares e dólares. É indispensável trocar os rials antes de sair do Irão, pois fora do país não é possível… e quem guardar as notas para uma próxima visita, arrisca-se a que pela inflação a que a economia está sujeita a que as notas percam o valor ou mesmo saiam de circulação.
A opção foi para a, situada numa zona comercial, na Imam Khomeini Street, junto à Velayat Square. Como o atendimento foi simpático e a quantia era pequena, não procurei pelas melhores taxas, contudo mesmo em frente, na mesma zona comercial existe uma outra loja.
Transportes:
A viagem entre Bam e Bandar Abbas, mais de 400 quilómetros pode ser feita em autocarro nocturno, que sai de Bam ao fim do dia e chega na manhã seguinte a Bandar Abbas. Mas por conselho do Akbar, dono da guest house em Bam a viagem foi feita durante o dia para se poder apreciar a paisagem, o que de facto valeu a pena pois o percurso atravessas as montanhas, a sul de Bam foi uma das paisagem mais interessante feitas no Irão.
Mas esta viagem diurna tem o inconveniente de ter que ser feita de savari (shared-taxis), e como estes somente fazem percurso entre cidade, há que apanhar 3 savaris para chegar a Bandar Abbas, parando em Jirot e Kahnooj. O sistema parece complexo mas é uma prática usual entre a população local que usa este sistema para viajar em zonas onde os autocarros são escassos, pelo que os savaris, terminam o serviço numa espécie de terminal, mais ou menos improvisado, onde outros taxistas esperam até o veículo ficar cheio.
A viagem ficou mais cara do que o bus, no total de 450.000 rials, mas compensou pela paisagem e para evitar o incómodo de uma noite mal dormida num autocarro.
Bam – Jirot: 140.000
Jirot – Kahnooj: 110.000
Kahnooj – Bandar Abbas: 200.000
Ferry Boat para os Emirados
Comprar o bilhete de ferry boat com antecedência para os EAU, seja para Sharaj ou para o Dubai é difícil se não mesmo impossível. Tentei em várias cidades, Esfahan, Yazd, Shiraz, Bam… mas é quase impossível recolher informações raz, Bam… mas rto) Abbas.ra evitar o inc(shared-taxis) concretas e fidedignas.
Contudo a melhor informação sobre como atravessar o Estreito de Hormuz encontra-se neste site, com o máximo detalhe e com informação actualizada, se bem que mais focada para quem faz a viagem com carro ou mota e precisa de mais complexos procedimentos legais.
//caravanistan.com/transport/persian-gulf-ferry/bandar-abbas-sharjah/
Em resumo:
- Para comprar o bilhete do ferry boat em Bandar Abbas, basta ir à Bala Parvaz Travel Agency, na Imam Khomeini Street.
- Ticket: 270.000 rials (não sendo cobrada comissão). O valor tem que ser pago em rials e é necessário apresentar o passaporte.
- O ferry parte do Bahonar Port.
- Taxi do centro de Bandar Abbas até Bahonar Port: 70.000 rials; aproximadamente 20 minutos, dependendo do trânsito.
- O barco parte às segundas e quartas-feiras, às 9.00 pm, mas é necessário estar na sala de embarque pelas 5.00 pm, não vale a pena chegar antes… são horas e horas de formalidades, carimbos, alfândega mais o tempo necessário para acomodar carga e veículos no porão. Neste dia o barco partiu pela meia-noite.
- Não é necessário comprar o bilhete com antecedência nem tão pouco tentar reservar, pois o ferry pouco mais tinha do 20% de ocupação.