Esta cidade pouco tem para oferecer em termos turísticos, devendo a sua relativa importância ao facto de se situar a meio caminho entre Siem Reap e a fronteira com a Tailândia, corredor muito usado para quem entra e sai do Camboja em direcção ao país vizinho.
Contudo, os dois dias aqui passados, uma pausa no percurso entre Siem Reap e Phnom Penh, revelaram-se inspiradores pelo cenário oferecido pelas degradados edifícios, maioritariamente um misto de habitações e comércio, deixados pela presença francesa, onde a falta de manutenção aliada à severidade do clima marcado pelas húmidas monções conferem à cidade um ambiente decadente, mas sem perder a dignidade e algum charme que caracteriza de uma forma geral as cidades impulsionadas pelo colonialismos francês, tanto no Laos como no Camboja.
O vida na cidade, sujeito ao pesado clima que gradualmente se vai tornando mais quente até que chegada das chuvas tragam algum alívio, começa cedo, notando-se pouco depois das cinco horas da manhã um aumento significativo do movimento dos carros e das motas nas ruas, que chega ao quarto onde me alojei, sobrepondo-se ao ruído surdo e constante da ventoinha, que permite algum alívio do calor que mesmo durante a noite se sente. Mais tarde o ritmo abrande, sob a pressão do calor e do brilho do intenso sol, onde nem uma nuvem se arrisca a encobrir, tornando os corpos moles e sonolentos, levando as pessoas a refugiarem em sombras tentando aproveitar a ligeira brisa que sempre sopra do Rio Sangker, ao longo do qual se desenvolve a cidade de Battambang, que parece que se esvazia durante a tarde. Pelas cinco horas da tarde recomeça a atividade, de forma mais frenética e vibrante do que de manhã, com os mercados novamente a encherem-se para as habituais compras de alimentos ou de comida já preparada que é uma opção bastante popular, à semelhança do Laos e em particular da Tailândia.
O cento da cidade, à semelhança de outras no Camboja, como Stung Treng e Siem Reap, é assinalado pelo mercado: Psar Nat, o principal da cidade constituído por um pesado edifício de betão de linhas modernas de inspiração arte-nova, em volta do qual se alinham inúmeros vendedores de comida, sendo o seu interior reservado à venda de roupa, artigos de higiene, cabeleireiros, ourives, etc…
É também neste como nos outros mercados existentes na cidade, que se podem fazer refeições simples e económicas, essencialmente à base de sopas de arroz ou de noodles, ou a variante com os mesmo ingredientes mas salteados no wok.
A oferta de snacks, sejam doces ou salgados, é muito maior oferecendo boas alternativas a quem esteja disposto a arriscar algumas das coisas que estão à venda e que dificilmente se conseguem identificar e onde a comunicação em inglês com os vendedores é geralmente impossível. Mas vale a pena arriscar!
Constata-se facilmente que poucas são as pessoas que percorrem as ruas a pé, para além dos forasteiros e dos mendigos, sendo as motas o meio de transporte mais popular, agilizando as deslocações e o facilitando o estacionamento em frente a qualquer local, seja casa, loja ou restaurante, permitindo mesmo que se façam compras sem sequer sair do veículo.
Para os visitantes, a melhor forma de percorrer a cidade é alugando uma bicicleta, o que permite poupar algum esforço para percorrer a ruas da cidade, de uma forma geral largas e desafogadas, por vezes ladeadas de gigantescas árvores, que se dispõem de forma organizada ao longo do rio.