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Stepping Out Of Babylon

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A comida na Turquia

Depois dos primeiros dias em que palavras como borek, pide, dondurma, donner, baklava, lokum, gozleme, ayran soam estranhas e confusas, aos poucos vão-se tornado familiares ficando associadas a deliciosos sabores, a apetitosas refeições, e a gulosa pastelaria.

Definitivamente, a gastronomia Turca está longe de ser “amigável” para vegetarianos, pois quase todos os pratos são dominados pela carne, sendo muito popular o kebab, carne grelhada servida no pão. Mas o vasto território, desde o Mediterrâneo até Mar Negro, da Europa à Ásia, albergando vários grupos étnicos e absorvendo influências dos impérios que aqui passaram é rica e diversificada, onde uma curta estadia não pode fazer justiça à gastronomia deste país.

O Kuru Fasulye, um dos poucos pratos tradicionais turcos que é vegetariano, feito à base de feijão estufado, num molho à condimentado e ligeiramente picantes e servido com arroz. Muitas vezes o iogurte serve de acompanhamento às refeições turcas. Como acompanhamento, num país onde o álcool não é muito frequente, o yran é presença comum, uma bebida à base de leite fermentado, com sabor semelhante a iogurte e que pode ser por vezes ter um paladar salgado. É vendida em embalagens nos supermercados mas nos restaurantes tradicionais apresenta-se em cubas onde o yran circula, sendo mantido fresco e trazendo uma suave espuma quando é servido.

Os lacticínios são presença forte, como o iogurte, que se pode ainda encontrar feito de forma artesanal e o yran que acompanha as refeições, mas é o queijo que sobressai, não só pela grande variedade em termos de sabores, texturas e formas como é apresentado. Dominam os queijos “brancos” feitos à base de leite de vaca, sendo os também queijos curados menos populares.

O queijo é servido tradicionalmente ao pequeno-almoço, assim como as azeitonas, que se encontram numa grande variedade de temperos e “curas”.

O borek é também consumido pela manhã, mas pode-se encontrar ao longo do dia, em lojas que geralmente se dedicam à produção e venda destes snacks, como o borek e as pide, uma espécie de pizza à base de um único ingrediente: carne, espinafres, queijo… O borek consiste numa sucessão de camadas de massa filo, recheada de queijo, formando um rolo que é cozinhado no forno. Apesar de deliciosa, esta opção é bastante gordurosa.

Outra variante do borek é um massa semelhante à da lasagna, disposta por camadas num tabuleiro e recheada de queijo, ou por vezes espinafres ou carne. Os borek como as pide foram as melhores opções em termos de refeições ligeiros para vegetarianos na Turquia. Contudo, encontram-se muitos restaurantes, em especial em Istanbul, que servem refeições já confecionadas no sistema de snack-bar, com uma grande oferta de comida, sendo sempre possível de fazer uma refeição com base numa combinação de diferentes pratos.

Não pode passar despercebida as çorbası, sopas que se encontram em todos os restaurantes, existindo algum especializados neste tipo de refeição que é sempre servida com pão. A mais comum é a sopa de lentilhas, que pode apresentar diferentes aspectos desse o tom alaranjado aos tons mais castanhos, conforme o tipo de lentilha utilizado.

O gozleme, uma espécie de crepe de massa mais espessa, recheado de queijo, mas que também se pode encontrar com espinafres ou carne. Encontra-se um pouco por todo o lado, podendo servir como refeição, ou como snack a meio do dia. Tradicionalmente é confecionada numa chapa metálica aquecida pelo fogo mas pode ser também cozinhada numa frigideira.

As pastelarias, em Turco Pastanesi, são uma das primeiras coisas que chamam a atenção à chegada a Istanbul, vendendo também pão mas focadas essencialmente no doces, desde bolos, biscoitos… e as famosas baklava um doce feito com massa filo, embebida num xarope de açúcar ou mel e recheada com diverso tipos de frutos secos como amêndoa, pistácio e nozes. Mito populares são também os lokum, um doce com uma textura que faz lembrar a gelatina mas consistente, à qual se dá a forma de rolos que depois são cortados e cobertos de açúcar me pó. Sem duvida de que o mel e os frutos secos são um dominador comum à pastelaria turca, que se mostra elaborada e intensa.

Como em todo o mundo, o pão aqui representa um papel importante da alimentação, apresentando-se de muitas formas, desde argolas cobertas de sementes de sésamo ou girassol, o popular simit, a pães achatados de diferentes espessuras ou outros longos e estriados…. numa grande variedade e riqueza de sabores.

Sendo um país vasto e com uma grande mistura de culturas, a Turquia, oferece uma grande variedade de gastronomia que não foi possível conhecer em tão pouco tempo de viagem.

Contudo um tópico sobre gastronomia turca não pode ficar completo sem a referência ao café e ao chá. O tradicional café turco, resultante de uma moagem muito fina à qual é adicionada água a ferver e depois é levada ao lume, mas sem deixar que a mistura entre em ebulição, é servida em pequenas chávenas e bebida lentamente saboreando o suave paladar do café. No fundo da chávena, ficam as borras, formando uma pasta espessa e escura, que segunda a tradição pode revelar os “segredos” do futuro; para isso é necessário virar a chávena sobre o pires e deixar os restos do café arrefecerem e escorrerem, deixando um rasto na chávena que depois é interpretado por que nisso é instruído, chegando a existir serviços online que com base numa fotografia dos restos do café emitem uma previsão do futuro.

Mas é o chá, aqui chamado chai, que ganha como bebida nacional, sendo bebido logo pela manhã assim como ao longo do dia, servindo de justificação para uma pausa no dia de trabalho, para um encontro de amigos, para uma conversa de “café” e claro, a forma de receber visitas, seja em casa ou num aloja de venda de carpetes.

E aqui na Turquia pode-se mesmo falar do culto do chá, onde a forma como é preparado e servido, em pequenos copos de vidro. À semelhança de outros países como a Rússia e o Irão, a preparação do chá é muitas vezes feita no somovar que consiste num recipiente colocado sobre o fogo, onde se aquece a água até ferver; no topo encontra-se um bule, também metálico, onde é preparado o chá, que após a mistura das folhas na água é deixado a repousar uns minutos. Uma pequena quantidade deste chá é vertida para os copos, sendo depois acrescentada água, que é mantida quente na base do somovar.

uma das muitas variantes da baklava, um doce feito com massa filo, embebida num xarope de açúcar ou mel e recheada com diverso tipos de frutos secos como amêndoa, pistácio e nozes
uma das muitas variantes da baklava, um doce feito com massa filo, embebida num xarope de açúcar ou mel e recheada com diverso tipos de frutos secos como amêndoa, pistácio e nozes

 

baklava, numa outra variante recheada de pistácio
baklava, numa outra variante recheada de pistácio

 

Hafiz Mustafa, uma loja centenária de 1864, especializada em baklava
Hafiz Mustafa, uma loja centenária de 1864, especializada em baklava

 

o queijo é uma presença constante na gastronomia turca, encontrando-se em dezenas de variantes
o queijo é uma presença constante na gastronomia turca, encontrando-se em dezenas de variantes

 

Kurukahveci Mehmet Efendi, marca de café que é uma referência na Turquia; pode ser encontrada em supermercados um pouco por todo o país, mas é em Istanbul, junto ao Spice Bazar que se encontra uma loja onde se faz a moagem e a embalagem do café, numa pequena área onde trabalham freneticamente uma dúzia de empregados tentando atender as dezenas de pessoas que constantemente fazem fila junto às duas janelas que servem de balção de venda
Kurukahveci Mehmet Efendi, marca de café que é uma referência na Turquia; pode ser encontrada em supermercados um pouco por todo o país, mas é em Istanbul, junto ao Spice Bazar que se encontra uma loja onde se faz a moagem e a embalagem do café, numa pequena área onde trabalham freneticamente uma dúzia de empregados tentando atender as dezenas de pessoas que constantemente fazem fila junto às duas janelas que servem de balção de venda

 

casa de chá em Erzurum, onde o samovar ocupa o centro da mesa e de onde é servido o chá.
Casa de chá em Erzurum, onde o samovar ocupa o centro da mesa e de onde é servido o chá.

 

forma tradicional de cozinhar o gozleme, numa chapa metálica sobre fogo
forma tradicional de cozinhar o gozleme, numa chapa metálica sobre fogo

 

gozleme recheado de queijo e espinafres
gozleme recheado de queijo e espinafres

 

lokum
Lokum, outros dos doces mais populares na Turquia, rivalizando cam a Baklava

 

Pastanesi, que vende pão e pastelaria
Pastanesi, que vende pão e pastelaria

 

pide, uma espécie de pizza de forma oval que pode ser recheada com queijo, espinafres, ovo e carne
Pide, uma espécie de pizza de forma oval que pode ser recheada com queijo, espinafres, ovo e carne

 

sütlaç (rice pudding) um pudim à base de leite com arroz, cozinhado no forno e servido com topping de pistácio e amêndoa. Encontra-se nas pastelarias e lojas de doces mas este foi “descoberto” num vendedor ambulante junta a Galata Tower em Instanbul
sütlaç (rice pudding) um pudim à base de leite com arroz, cozinhado no forno e servido com topping de pistácio e amêndoa. Encontra-se nas pastelarias e lojas de doces mas este foi “descoberto” num vendedor ambulante junta a Galata Tower em Instanbul

 

 

yran, bebida à base de leite fermentado, com sabor semelhante a iogurte e que pode ser por vezes ter um paladar salgado
Yran, bebida à base de leite fermentado, com sabor semelhante a iogurte e que pode ser por vezes ter um paladar salgado

 

Turkish Coffee servido em pequenas chávenas
Turkish Coffee servido em pequenas chávenas

 

Kuru Fasulye um prato tradicional, um dos poucos pratos que é vegetariano
Kuru Fasulye um prato tradicional, um dos poucos pratos que é vegetariano

 

simit, um dos pães mais populares na Turquia
simit, um dos pães mais populares na Turquia, num país onde o pão é levado muito a sério encontrando-se imensas variedades; particularmente interessante são os pães recheados com pasta de azeitona

 

pequeno-almoço Turco onde pão, tomate, azeitonas, pepino, ovos, e uma grande variedade de queijos estão sempre presentes. A isto acrescenta-se compotas e mel
pequeno-almoço Turco onde pão, tomate, azeitonas, pepino, ovos, e uma grande variedade de queijos estão sempre presentes. A isto acrescenta-se compotas e mel

Fatih… uma faceta mais muçulmana de Istanbul

O mercado de Çarşamba, em turco significa quarta-feira, dia em que se realiza o referido mercado que ocupa uma significativa área na zona de Fatih, situada no lado europeu da cidade, e que sendo uma das zonas mais conservadoras da cidade, se sente uma maior presença da religião muçulmana, facilmente reconhecível pela forma de vestir da população feminina, onde dominam os lenços a cobrir a cabeça, o denominado hijab, ocultando totalmente o cabelo e que pode ser usado de diversas formas, mas onde dominam os tecidos sedosos, padrões intrincados e profusamente coloridos.

Bastantes populares, mais aqui do que em outras zonas de Istanbul, são os pardesu, uma espécie de gabardine de tecido fino que se veste por cima da roupa, ligeiramente cintada ou mesmo com um discreto cinto, geralmente preta, mas que as raparigas mais novas usam em cores claras, e que não dispensam na mesma o uso do hijab a cobrir a cabeça.

O chador, uma clara influência do Irão e do Afeganistão, apesar de se encontrar nas zonas junto as bazares da parte antiga da cidade é aqui muito mais comum, ocultando as formas do corpo da cabeça aos pés, e cuja cor invariavelmente preta, parece transformar as mulheres em sombras sem identidade.

A visita ao mercado de Çarşamba culminou com o início de uma das mais importantes festividade religiosas muçulmanas, a seguir ao Ramadão: o Kurban Bayrami, ou Festa do Sacrifício, durante a qual são sacrificados animais, carneiros e vacas, e que serve de pretexto para a reunião familiar e para um feriado nacional durante quatro ou cinco dias, e que acontece 70 dias de pois do Ramadão.

O Kurban Bayrami comemora a coragem de Ibrahim ao sacrificar o seu filho Ismael para mostrar a sua fidelidade a Allá, que é uma história muito semelhante à que se encontra no Antigo Testamento, quando a Deus testa a lealdade de Abraão pedindo-lhe para matar o seu filho Issac.

Por Çarşamba encontra-se um pouco de tudo: fruta, legumes, queijos, azeitonas, frutos secos… mas o que sobressai é a vende de roupa, malas, sapatos, sobressaindo os indispensáveis lenços de cobrir a cabeça. As comemorações do Kurban Bayrami, passam também pela oferta que os pais fazem aos filhos de sapatos e roupas novas, o que tornou este dia de mercado ainda mais animado e concorrido.

Çarşamba Market
Çarşamba Market
Çarşamba Market
Çarşamba Market
Çarşamba Market
Çarşamba Market
Çarşamba Market
Çarşamba Market
Çarşamba Market
Çarşamba Market
Çarşamba Market
Çarşamba Market
Çarşamba Market
Çarşamba Market
Çarşamba Market
Çarşamba Market
Fatih
Fatih

Transportes:

Em Eminonu, junto ao cais dos ferry boats apanhar o autocarro 90 ou 90B e sair em Çarşamba, assim que se começa a ver ruas transversais mais movimentadas cobertas por toldos.

Pela estrada fora… de Mandalay a Sittwe

Neste este ultimo ano passado na Ásia, muitos quilómetros percorridos, vários meios de transporte, muitas aventuras, muitas viagens: umas boas, outras más; algumas ficaram registadas na memória, mas muitas que foram remetidas para o esquecimento.

A viagem entre Mandalay e Sittwe ficará viva por muito tempo; não foi a pior viagem em termos psicológicos, essa ficou registada na Índia no percurso Leh-Srinagar, mas a mais desgastante em termos físicos: 56 horas de viagem, somente com uma pausa para dormir numa cama, de três horas. Um excesso em termos físicos e um desafio em termos psicológicos.

Mas de inicio nada previa tamanha façanha, sendo o destino à saída de Mandalay a povoação de Mrauk-U, situada a não mais de 625 quilómetros, mas para onde não existe ligação directa em transporte publico rodoviário.

Tudo começou como começam praticamente todas as viagens que se realizam em transportes públicos nos vários países asiáticos por onde passei: de manhã, mas desta vez não tão cedo como deveria ser , pois o ideia é chegar ao terminal de autocarros, estação de comboios, cais ou porto antes das sete da manhã.

A chegada ao terminal de autocarros de Mandalay atrasou-se pela dificuldade em conseguir lá chegar sem recorrer aos táxis que para turistas praticam um preço exageradamente alto. Depois de percorrer muitas ruas, de quarteirão em quarteirão, atravessando mercados e cruzando avenidas, seguindo indicações imprecisas e por vezes contraditórias dos solícitos habitantes, cuja barreira linguística contribui fortemente para criar mal-entendidos, foi possível apanhar um transporte colectivo que nos deixou no terminal de autocarros, a mim e a minha companheira de viagem, sem a qual toda esta aventura não teria sequer começado.

À chegada, o calor do meio dia misturou-se com a frustração de todos os autocarros com destino a Ma-gway, uma paragem intermédia no percurso até Mrauk-U, o que nos empurrou para uma espera de cinco horas pelo autocarro nocturno, moderno e confortável, que nos deixaria em Ma-gway, pelas três da manhã, altura muito desagradável para procurar alojamento seja onde for, em especial em pequenas povoações pouco acostumadas a receber turistas. Quis o acaso que no mesmo autocarro, onde somente viajavam birmaneses, se encontrasse um professor de inglês que de imediato nos ofereceu a sua casa para passar-mos a noite.

Não se tratava propriamente de uma casa, mas sim de um edifico que funciona como escola, em que parte está dividida em pequenos compartimentos separados por paredes de madeira, mas que proporcionaram uma preciosas três horas de sono sobre uma esteira de bambu, protegido por uma rede mosquiteira. No dia seguinte o nosso anfitrião U-Tum-Tum, disponibilizou-se para nos levar de novo ao terminal de autocarros e ajudar a encontrar transporte para o próximo destino, depois de gentilmente nos pagar o pequeno-almoço. São estes gestos que para sempre ficam na nossa memória.

Depois de pouco mais de oito horas de viagem, tendo por cenário campos agrícolas, ora ressequidos pelo calor, ora verdes pela proximidade de um rio, com pequenos aglomerados rurais de casas simples e pobres e esquelético gado, usado nos campos e como meio de transporte de mercadorias agrícolas, esperava-nos a pouco atractiva cidade de Pyay.

Mais uma horas de espera no poeirento e terminal de autocarros onde a única opção foi uma mini-van que nos levou, pela noite dentro até Taung-gok, povoação situada junto ao mar de onde poderíamos na manhã seguinte apanhar o ferry para Sittwe, pois a ligação por estrada foi interdita a estrangeiros, após a zona ter sido considerada insegura em consequência de recentes conflitos com um dos grupos étnicos que reivindica reconhecimento junto do governo de Myanmar.

A viagem que se avizinhava promissora em termos de descanso, pois as mini-vans são mais confortáveis do que a maioria dos autocarros que circula na Birmânia, revelou-se penosa devido ao trepidar constante provocado pelo mau estado da estrada, quase sempre sem pavimento, ao percurso sinuoso pela montanha e pela condução excessivamente acelerada onde por momentos o motorista perdeu o controle do veículo, mas sem consequências, para além do susto.

A chegada, ainda de noite a Taung-gok, ofereceu uma caminhada de três quilómetros desde o terminal de autocarros até ao cais de onde o ferry com destino a Sittwe inicia o seu percurso pelas sete da manhã. O que se avizinhava mais uma etapa cansativa tornou-se num percurso memorável oferecendo uma atmosfera quase mágica que caracteriza os momentos que antecedem o nascer do sol, em que da completa escuridão vão surgindo timidamente os contornos do cenário que nos rodeia. É deste negrume que vão surgindo o primeiros sons da actividade doméstica, com o acender do lume, o banho, a preparação da primeira refeição do dia, o passar de uma bicicleta com destino ao mercado… e os primeiros sons das aves que discretamente enfeitam a paisagem.

Com a aproximação ao cais surge o frenesim provocado pelas dezenas de pessoas que aqui se concentra à espera do ferry, no meio do habitual frenesim provocado pelo movimento apressado dos carregadores, pela insistência dos vendedores ambulantes, pela descrição dos mendigos, pela agitação em torno das bancas de comida e dos vendedores de paan… tudo iluminado pela fria luz elétrica proporcionada por geradores e baterias.

Próximo destino: Sittwe. Dez horas de viagem num ferry, que não é mais do que um pequeno barco, fechado, superlotado e antiquado, onde os passageiros viajam sentados em bancos que já pertenceram a autocarros, dispostos de forma acanhada, onde os corredores são ocupados cadeiras e banco de plástico improvisando assim capacidade para mais passageiros e onde a mercadoria estorva a passagem tornado cada deslocação no interior do barco numa verdadeira aventura. No tejadilho segue a mercadoria mais volumosa e mais passageiros, que efectuam somente parte do percurso e por isso não têm direito a lugar reservado.

O inicio da viagem com o barco a rasgar suavemente as estranhamente imóveis águas, coincidindo com o nascer do dia que pareceu prolongar-se pela bruma que desprendendo-se das águas cobria o céu, com a luz matinal gradualmente a definir os contornos e a dar cor à paisagem, foi envolto numa certa magia e atmosfera mágica que fez esquecer o cansaço acumulado.

As primeiras horas foram passadas no tejadilho do ferry, aproveitando o ar fresco da manhã, até que o sol rompeu a neblina, empurrando-me para o acanhado espaço no interior da embarcação onde apesar do som estridente do televisor por onde passou música pop birmanesa, consegui algumas horas de sono agitado proporcionado pelo conforto do débil ar-condicionado que proporcionava um ambiente sustentável.

Numa das idas à casa de banho, que devido à agitação do mar da Baía de Bengal, me impediram de aceder pelo exterior da embarcação, obrigando a atravessar o segundo compartimento, uma espécie de segunda classe; tentativa que se revelou impossível dada a quantidade de pessoas que se aglomerava no abafado espaço, ocupando escadas e corredores, sofrendo os tormentos dos enjoos marítimos, numa visão que se revelou tenebrosa, aos meus sentidos mais sensíveis devido ao cansaço, lembrando um navio de refugiados, onde todos os olhos apontavam para mim.

Todo este cenário, somado à falta de descanso, sujidade, desconforto, fracas e irregulares refeições, ao longo de três dias em viagem com temperaturas a rondar os quarenta graus, despertou um sentimento de contacto com a realidade do quotidiano de um país pobre, deixando para trás o sentimento de passeio turístico que em tem acompanhado nos últimos meses, longe do fascínio das paisagens, dos templos e dos palácios.

É uma realidade feia e pobre, de roupas rasgadas, de calçado de má qualidade, de dentes podres, de trabalho infantil, de falta de higiene, sem esgotos ou água potável… é a realidade em que vive uma boa parte da população mundial. É esta realidade que o governo de Myanmar não quer que se veja, restringindo o acesso a certas áreas do país ou dificultando a movimentação aos estrangeiros que optam por sair do trilho turístico definido pelo governo e impresso nos guias de viagem.

Terminal de autocarros em Mandalay
Terminal de autocarros em Mandalay
Noite passada em Ma-gway
Noite passada em Ma-gway
em Ma-gway com U-Tom-Tom mais o primo que nos alojou e ajudou a seguir viagem
em Ma-gway com U-Tom-Tom mais o primo que nos alojou e ajudou a seguir viagem
Viagem entre Mandalay e Ma-gway
Viagem entre Mandalay e Ma-gway
Terminal de autocarros de Pyay
Terminal de autocarros de Pyay
Terminal de autocarros de Pyay
Terminal de autocarros de Pyay
 Taung-gok
Taung-gok
 Taung-gok
Taung-gok
 Taung-gok
Taung-gok
Ferry entre Taung-gok e Sittwe
Ferry entre Taung-gok e Sittwe
Ferry entre Taung-gok e Sittwe
Ferry entre Taung-gok e Sittwe
Ferry entre Taung-gok e Sittwe
Ferry entre Taung-gok e Sittwe
Ferry entre Taung-gok e Sittwe
Ferry entre Taung-gok e Sittwe
Ferry entre Taung-gok e Sittwe
Ferry entre Taung-gok e Sittwe
Ferry entre Taung-gok e Sittwe
Ferry entre Taung-gok e Sittwe
Ferry entre Taung-gok e Sittwe
Ferry entre Taung-gok e Sittwe
Um dos cais de passageiros no itenerário feito de ferry entre Taung-gok e Sittwe
Um dos cais de passageiros no itenerário feito de ferry entre Taung-gok e Sittwe

Siem Reap (Pt)

A cidade de Siem Reap remonta ao século XVI, altura em que o império Khmer dominou o que é hoje o Laos, o Camboja e parte da Tailândia e do Vietnam, cujo nome significa literalmente “derrota de Sião”, nome pelo qual o Reino da Tailândia era designado à época, e que ainda hoje é invocado.

Com a presença francesa a cidade, até então com pouca importância, ganho relevância e passou a ser uma das principais cidades da então chamada Indochina, em especial quando a partir dos anos . Actualmente, Siem Reap é a terceira maior cidade do Camboja com cerca de 800 mil habitantes, devendo o seu crescimento e popularidade à proximidade com os templos de Angkor, que a tornam como base para os visitantes que aqui se deslocam para visitar as ruínas da principal cidade do império Khmer.

Da presença francesa ficaram as ruas dispostas ortogonalmente, amplas e ladeadas de árvores, onde sobressai a zona mais antiga da cidade, localizada junto ao rio que partilha do mesmo nome da cidade, onde os quarteirões são ainda ocupados por edifícios de estilo colonial, originalmente destinados a habitação e comércio, sendo actualmente ocupadas por restaurantes, cafés, bares e lojas, maioritariamente destinadas aos visitantes.

É nesta zona que se situa o chamado Old Market, onde pouco resta da venda de produtos alimentares, sendo quase totalmente ocupada por bancas de venda de artesanato, roupa, acessórios e demais recordações destinadas aos turistas, à semelhança de outros mercados que se encontram nas cidades Chiang Mai, Luang Prabang. Contudo apesar dos artigos vendidos serem em tudo semelhantes aos destas cidades, adquirem aqui a designação de khmer, desde as calças, ao café.

Apesar de actualmente ser a cidade mais turística do país, o que a torna moderna e cosmopolita, Siem Reap mantem uma identidade própria que espelha o que é hoje o Camboja, um país pobre mas orgulhoso.

Siem Reap
Siem Reap
Siem Reap, onde para além do Old Market, existem pelo menos maims três mercados semelhantes, maioritariamente destinados aos visitantes estrangeiros

 

Old Market, onde para além das bancas situadas no seu interior se encontra rodeados de lojas e de restaurantes
Old Market, onde para além das bancas situadas no seu interior se encontra rodeados de lojas e de restaurantes

 

Siem Reap, quarteirão francês

 

Uma das muitos antigos edificios deixados pelo colonialismo francês, hoje em dia funcionado como lojas e restaurantes

 

Old Market, onde para além das bancas situadas no seu interior se encontra rodeados de lojas e de restaurantes
Old Market, onde para além das bancas situadas no seu interior se encontra rodeados de lojas e de restaurantes

 

Uma das melhores formas de conhecer a cidade, que não sendo muito grande ainda se estende por muito para além do centro histórico, é de bicicleta, o que requer alguma adaptação às regras com que a circulação obedece, onde não é raro encontrar motas em sentido contrário
Uma das melhores formas de conhecer a cidade, que não sendo muito grande ainda se estende por muito para além do centro histórico, é de bicicleta, o que requer alguma adaptação às regras com que a circulação obedece, onde não é raro encontrar motas em sentido contrário

 

No meio do quarteirão francês, a rua mais popular e movimentada é sem duvida a chamada "pub street"
No meio do quarteirão francês, a rua mais popular e movimentada é sem duvida a chamada “pub street”

 

Uma das muitas ofertas de entretenimento oferecidas aos visitantes

 

Quarteirão francês de Siem Reap

 

Rio Siem Reap que atravessa a cidade

 

Siem Reap

 

Siem Reap

 

Junto a um dos templos de Siem Reap, vários casais esperam, envergando roupa tradicional Khmer, para efectuarem a tradicional cerimónia que marca o inicio do noivado

 

Alojamento:

Garden Village Guest House

Quartos com e sem casa de banho: vários preços até 18$

Dormitórios: 1$ (ao ar livre+rede mosquiteira), 2.5$ (colchão no chão+rede mosquiteira+ventoinha), 3$

Free wi-fi, bar, restaurant

Aluguer de bicicletas: 1$ ou 2$ (mountain bike)

https://www.facebook.com/GardenVillageGuesthouse

Garden Village Guest House
Garden Village Guest House
Garden Village Guest House
Garden Village Guest House

 

 

 

Chennai

Está na hora de partir… Sente-se quando chega o momento em que uma cidade ou um local não tem mais para nos oferecer.

Pelo que vi, dos quatro dias que aqui passei, Chennai é mais uma grande cidade indiana com 6,4 milhões de habitantes, a quarta em população, depois de Mumbay, Delhi e Calcutá, que de certo tem muito para oferecer mas que dada a dimensão torna-se difícil para um forasteiro encontrar os seus encantos. Mesmo assim, fui surpreendida com a visita ao templo principal de Mylapore, na parte sul da cidade, .

Fui lá por sugestão do Shan, um professor de yoga indiano, barrigudo e bonacheirão, sempre vestido de preto e que não é vegetariano, que habitualmente passa grandes temporadas em Chennai enquanto espera que termine a monção em Goa, e que actualmente se dedica ao estudo e a escrita livros sobre filosofia e religião hindu. Juntamente com a Roxanne, uma rapariga suíça em viagem pela Ásia, fomos visitar o templo Kapalishuara, tendo o Shan como guia, fornecendo-nos vastas explicações sobre a mitologia hindu e sobre as formas como se manifesta nos ritos praticados assim como nas estátuas que decoram os templos.

Foi também uma boa abordagem para ficar a conhecer o estilo arquitectónico e decorativo dos templos do sul da Índia, geralmente dispostos no interior de um recinto murado, onde a porta principal é sinalizada por uma torre profusamente decorada com estátuas em pedra, representando episódios e figuras da mitologia hindu, que muitas vezes se encontram pintados de cores garridas.

O espaço ocupado pelo templo foi percorrido nos intervalos da chuva que tornavam o pavimento de pedra granítica escorregadio sob os nosso pés descalços, devido aos restos de ghee que é usado para iluminar as lamparinas que os devotos colocam junto das imagens.

Esta tarde passada com o Shan deu para conhecer um pouco dos meandros de uma grande cidade onde num primeiro andar de um edifício ocupado por um posto dos correios, se pode alojar uma vasta livraria repleta de livros sobre religião, filosofia e yoga; o dia terminou um restaurante onde podemos comer uma generosa e complexa refeição que congregou os diversos sabores que caracterizam a culinária do sul da Índia, que é bastante diferente da comida do norte da Índia.

Chennai
Chennai
Rua principal do Bairro muçulmano de Triplicane, onde fiquei alojada nos dias que passei em Chennai
Rua principal do Bairro muçulmano de Triplicane, onde fiquei alojada nos dias que passei em Chennai
Triplicane antes da tempestade que geralmente chega ao fim do dia, mas que nem sempre traz chuva
Triplicane antes da tempestade que geralmente chega ao fim do dia, mas que nem sempre traz chuva
Templo Kapalishuara em Mylapore
Templo Kapalishuara em Mylapore
Mulheres varrendo o pavimento do templo depois de ter caído uma forte chuvada que apesar da intensidade não afasta os peregrinos nem tão pouco abranda o frenesim da cidade
Mulheres varrendo o pavimento do templo depois de ter caído uma forte chuvada que apesar da intensidade não afasta os peregrinos nem tão pouco abranda o frenesim da cidade
Torre principal correspondente à entrada no templo Kapalishuara em Mylapore
Torre principal correspondente à entrada no templo Kapalishuara em Mylapore
Templo Kapalishuara
Templo Kapalishuara
Templo Kapalishuara em Mylapore
Templo Kapalishuara em Mylapore
Shan e Roxanne... os meus companheiros enquanto esperávamos que a chuva abrandasse para continuar-mos a visita ao templo
Shan e Roxanne… os meus companheiros enquanto esperávamos que a chuva abrandasse para continuar-mos a visita ao templo

Chennai, e a capital do estado de Tamil Nadu e atravessada por um fétido rio, de águas negras e de aspecto viscoso, rasgada por grandes avenidas, permanentemente congestionadas de trânsito que se intensifica ao fim do dia com o aumento de pessoas na rua, aproveitando a ligeira diminuição da temperatura que se sente com o pôr do sol, que aqui no sul, ocorre cerca de uma hora mais cedo do que no norte da Índia.

Aqui sente-se claramente uma grande diferença cultural em relação aos estados do norte por onde tenho andado: por aqui dominam os sharis, e as mulheres enfeitam o cabelo com grinaldas de flores de jasmim que deixam um aroma doce quando passa: enquanto os homens vestem maioritariamente os dothis, que são panos de algodão, quase sempre brancos ou com estampados, enrolados a volta da cintura, e que vão até aos pés, mas que dado o calor, são muitas vezes dobrados ao meio, ficando pelo joelho.

Fisicamente as pessoas são também diferentes: pele mais escura, baixos e de constituição franzina, cabelo espesso e ligeiramente frisado. Os homens usam maioritariamente bigode, pequeno e bem aparado, desde tenra idade.

Nota-se uma cultura diferente do que tenho visto no norte do país, que orgulhosamente se manifesta no dia a dia, não só pela língua que aqui e falada e escreve, o Tamil, como também na religião que aqui e mais presente, tanto pelo numero de templos como pelos sinais do puja que ostensivamente os habitantes apresentam na testa, como nos desenho feitos com pigmentos que diariamente são feitos no chão, a entrada das casas, como motivos florais ou complexos desenhos geométricos.

Acho que no sul se encontra uma Índia mais indiana, vivida a um ritmo mais calmo e pachorrento.

(este texto data de Julho 2013)

Um dos muitos locais de venda de comida espalhados pelas ruas de Chennai. Aqui preparam-se as "parothas" um pão não fermentado, feito de massa elástica que é trabalhada de forma a criar um pão fino e achatado formado por várias camadas que é depois cozinhado numa chapa aquecida a lenha
Um dos muitos locais de venda de comida espalhados pelas ruas de Chennai. Aqui preparam-se as “porothas” um pão não fermentado, feito de massa elástica que é trabalhada de forma a criar um pão fino e achatado formado por várias camadas que é depois cozinhado numa chapa aquecida a lenha. É comido geralmente ao meio da tarde, acompanhado com um líquido e picante carril de vegetais
Visitar grandes cidades como Chennai, implica sempre deslocações, mas para evitar as complicações com os motoristas dos tuk-tuk optei por andar de bus o que é muito mais relaxante e barato, proporcionando um maior contacto com a população e um amimado ambiente, pois geralmente os autocarros têm música e estão decorados com pequenos altares decorados com flores, onde ardem incensos
Visitar grandes cidades como Chennai, implica sempre deslocações, mas para evitar as complicações com os motoristas dos tuk-tuk optei por andar de bus o que é muito mais relaxante e barato, proporcionando um maior contacto com a população e um amimado ambiente, pois geralmente os autocarros têm música e estão decorados com pequenos altares decorados com flores, onde ardem incensos
Mesquita no bairro de Triplicane, na hora da oração que corresponde ao fim do jejum a que os muçulmanos se obrigam durante o ramadão
Mesquita no bairro de Triplicane, na hora da oração que corresponde ao fim do jejum a que os muçulmanos se obrigam durante o ramadão

Parvati Valley. Requiem por Swazni

No nosso ultimo dia em Manikaran, enquanto tomávamos o pequeno-almoço, estava ao nosso lado um inglês que comia avidamente a sua paratha recheada de ovo e queijo; nunca tinha visto e resolvi pedir o mesmo. Revelou-se um óptima escolha e serviu de deixa para estabelecermos conversa com o nosso “vizinho”, que nos deu inúmeras informações e dicas importantes sobre caminhadas ao longo do Parvati Valley, pois este é o seu destino à 22 anos.

Como ele ia subir a montanha junto à aldeia de Pulga, para onde nos dirigíamos, combinámos encontrar-nos lá passado quatro dias, para fazermos a caminhada juntos até uma zona chamada swazni (esta é uma tentativa de transcrever a fonética correspondente ao nome que ouvimos).

Enquanto terminávamos o pequeno-almoço juntamente com a nossa companheira de guesthouse, a Tree, surgiu à hora marcada o nosso amigo Green, juntamente com dois carregadores que transportavam o equipamento para uma estadia de três noites na montanha.

Foi uma caminhada suave num ameno dia de sol, feita com várias paragens para descansar, o que permitiu observar com mais detalhes a paisagem, inicialmente composta por escura e densa floresta, até chegarmos ao topo da encosta onde nos esperava um clareira dominada pelo verde da vegetação rasteira que serve de pastagem ao gado, que é levado para zonas mais altas durante o verão, à medida que a neve derrete.

Pelo caminho o Green foi-nos dando dicas sobre orientação na floresta e cuidados, ao mesmo tempo que nos indicava pontos de referência para depois empreendermos o caminho de regresso sozinhos e que nos permitirão, um dia, lá voltar. Foi como se nos estivesse a passar um legado, algo que ele descobriu  e que neste momento está prestes a abandonar, não só porque se sente já velho (são palavras dele) como devido ao aumento de insegurança e à invasão do turismo que tem vindo a descaracterizar estas e muitas outras paragens pela Índia.

Foi como um requiem.

Inicio da caminhada pouco depois de sairmos de Pulga
Inicio da caminhada pouco depois de sairmos de Pulga
Pausa para descanso e conversa
Pausa para descanso e conversa
Pela floresta
Pela floresta
Chegada à zona de clareira no cimo da encosta. Para trás ficou a densa e escura floresta de cedros
Chegada à zona de clareira no cimo da encosta. Para trás ficou a densa e escura floresta de cedros
Mais uma pausa. Nesta altura um dos carregadores já tinha desistido e ido embora, tendo o Green que carregar uma das pesadas mochilas
Mais uma pausa. Nesta altura um dos carregadores já tinha desistido e ido embora, tendo o Green que carregar uma das pesadas mochilas
A caminho de Swazni
A caminho de Swazni

Fizemos a caminhada até à zona onde o Green ia montar acampamento, um gruta formada por uma grande rocha, junto a um riacho e numa zona de clareira acima da densa floresta de cedros, já muito perto da linha de neve. A toda a volta vêm-se montanhas que nos pontos mais elevados estão cobertas de neve, de onde sopra um ar fresco que atenua os efeitos dos raios solares.

A convite do nosso anfitrião, acabámos por almoçar com ele, uma refeição à base de arroz e vegetais, preparada rapidamente numa panela de pressão e cozinhada num portátil fogão a gás…. claro que todos estes luxos juntamente com cobertores, saco-cama, almofadas e muitos mais requintes só foram possíveis a esta altitude com a ajuda dos carregadores.

Pouco depois do almoço, com a aproximação de algumas nuvens cinzentas que ameaçavam chuva, deixamos o Green a preparar o resto do acampamento e juntamente com a Tree, iniciamos a descida para a aldeia de Pulga. Mesmo com todas as indicações que nos foram dadas, falhámos o caminho de regresso, quando saímos da zona de clareira e nos embrenhamos na floresta, mas fomo-nos orientando pela cascata que corria ao nosso lado e que foi companheira de grande parte do trajecto e pelo som dos tambores que vinham da aldeia e que assinalavam o segundo dia de festa.

Foi uma caminhada revigorante, não só pela envolvente como pela contagiante energia do Green. Obrigada Green pela experiência; espero que os nosso caminhos se voltem a cruzar.

A caminho de Swazi
A caminho de Swazi
Este é um dos vários abrigos que encontrámos pelo caminho, que serviu de acampamento ao Green em anteriores visitas
Este é um dos vários abrigos que encontrámos pelo caminho, que serviu de acampamento ao Green em anteriores visitas
Chegada à gruta onde terminou a nossa caminhada
Chegada à gruta onde terminou a nossa caminhada
Preparação do almoço
Preparativos para o almoço
neve!!!!
Neve!!!!
Um pouco mais acima da zona onde o Green montou o acampamento para passar os dias seguintes
Um pouco mais acima da zona onde o Green montou o acampamento para passar os dias seguintes
Os ultimos toques nos temperos do almoço
Os ultimos toques nos temperos do almoço
Momento de descontração antes de inicarmos a descida
Momento de descontração depois do almoço, antes de inicarmos a descida

Jaipur: Explore’s Nest guesthouse

Na confusão citadina de Jaipur encontramos o refugio perfeito na gesthouse do senhor Arvind e da esposa Shoma, onde fomos muito bem recebidos. Situada perto da Pink City e da MI Road, que é a avenida principal do centro da cidade onde se encontram os principais serviços e comércio mais sofisticado, mas numa pequena rua que nos resguarda da confusão de trânsito e ruído da cidade.

http://www.jaipurbedbreakfast.com/

Vinha-mos por uns três dias mas acabamos por ficar seis. junto do senhor Arvind obtivemos muita preciosas informações sobre o que visitar na cidade e nos resto no estado do Rajastão, e sobre a melhor formas de nos deslocar-mos. Graças ao seu razoável inglês percebemos um pouco melhor a forma como funciona a aquisição de bilhetes de comboio, quais as melhores classes para viajar de comboio, como negociar o preço de um rickshaw ou de um tuk-tuk (também chamados de auto rickshaw), o preço da fruta, etc…

Explorers Nest guesthouse
Explorers Nest guesthouse
Explorers Nest guesthouse
Explorers Nest guesthouse
Explorers Nest guesthouse
Explorers Nest guesthouse
Explorers Nest guesthouse
Explorers Nest guesthouse

Tem-se uma ideia de que na India falam inglês com facilidade, mas na realidade, tirando as pessoas das classes mais altas ou as que estão ligadas ao turismo, é difícil trocar algumas palavras para além dos habituais “hello”, “where are you from” e o preço dos produtos. Mesmo para pedir algum informação ou a indicação de algum caminho é preciso escolher bem a “vítima”, de preferência entre pessoas novas, rapazes, pois as raparigas são mais envergonhadas, e de preferência vestidos com roupas mais limpa.

Curiosamente, pelas ruas da Pink City fomos abordados por alguns rapazes que para além do inglês sabiam falar espanhol.

As nossas deambulações pela Pink City, a parte histórica de Jaipur, chegamos à parte mais a Este do centro da cidade, onde deparamos com uma mudança significativa nas pessoas que enchiam as ruas: muitas mulheres de véu, muito homens com homens de túnicas brancas e o característico taqiyah, com que os islâmicos cobrem a cabeça. Estávamos claramente na área muçulmana da Pink City, com mesquitas e madrassas em cada quarteirão. Um ambiente contrastante om a parte mais hindu da cidade antiga.

Templo Hindu. Pink City
Templo Hindu. Pink City
Pink City
Pink City
Pink City
Pink City
Pink City
Pink City
Pink City
Pink City
Pink City
Pink City
Pink City. Vendedores de paan
Pink City. Vendedores de paan. O paan consiste numa pasta preparada com noz de areca (o fruto de uma palmeira) que é espalhada sobre uma folha de bétula, enrolada e colocada na boca para ir sendo lentamente mastigada e cuspida, deixando os dentes avermelhados e as caracteriticas cuspidelas vermelhas que se vêm pelas ruas…..monumentos, templos, autocarros, Rickshaws, Tuc-tuc. Todo o lado.
Pink City. Vendedores de paan
Pink City. Vendedores de paan
Pink City
Pink City
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Pink City
Templo Hindu. Pink City
Templo Hindu. Pink City

Jaipur: Amber Palace e Nahargarh Fort

Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace

O Amber Palace é um dos principais monumentos de Jaipur. Situa-se a cerca de 11 km para norte do centro da cidade, pelo que optámos por fazer a viagem de autocarro, o que ficou bem mais barato e confortável do que o tuk-tuk.

Quando chegamos ao local deparamos com um imponente e vasto edificio localizado no cimo de uma colina, que se desenvolve a partir de um rio, fazendo justiça ao facto de ser uma das principais atracções turísticas de Jaipur. Um pouco atrás localiza-se o forte, que completa o cenário que impressiona o visitante logo à chegada. O que também capta a atenção é a fila de elefantes, devidamente decorados que transportam os visitantes ao longo do caminho que leva ao cimo da colina. Segundo nos disseram são cerca de 120 animais, todos fêmeas (pois a mistura de machos chegou a causar problemas), que diariamente fazem este trajecto 3 a 4 vezes por dia durante o período da manhã, hora a que chega o maior numer0 de visitantes, não indianos.

Optámos por fazer o caminho a pé que demorou pouco mais do que 5 minutos; a meio do caminho ainda parámos um bom bocado para conversar com um rapaz, que andava a verder “souveniers” mas que somente queria conversar para praticar o inglês. Representa um pouco da nova geração de indianos, que têm algumas possibilidades financeiras, vai para a faculdade para o ano e que já viajou para a europa, concretamente Barcelona. Nota-se um grande fascínio pelos modos pela cultura ocidental. Os objectivos já são bem diferentes da geração anterior: já não quer casar cedo, pois com 22 anos acha-se muito novo para casar, só quer ter dois filhos, e não sete como os pais dele tiveram; são estes sentimentos que irão mudar a face da India nas próximas gerações.

Amber Palace
Amber Palace

O Amber Palace foi construído no século XVI por Man Singh e mais tarde ampliado pelo Jai Singh, responsável também pela construção da Pink city do observatório astronómico que visitamos no dia anterior.

O conjunto de edifícios, construidos em arenito vermelho e mármore com paredes pintadas com frescos de motivos florais, era a residência oficial da realeza da época dos Rajputs que dominaram o Rajastão até à chegada dos ingleses. O estilo decorativo e arquitectónico é uma mistura entre a arquitectura Hindu e a Árabe.

Não chegamos a visitar o Amber Fort pois o calor estava a tornar-se esmagador e o sol inclemente.

Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace

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Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace
Amber Palace

O Nahargarh Fort situa-se no cimo de um das colinas que semi-circunda a cidade de Jaipur, e daqui consegue-se ter uma moção da vasta área ocupada pela cidade. Da varanda da guesthouse onde estamos alojados, a Explorer’s Nest, consegue-se ver parte desta construção.

É uma construção datada de 1734, destinada a alojar as mulheres de Jah Singh, formada por vários pátios autónomos, um para cada mulher, e respectivas aias. Mais tarde sofreu a ampliação de mais um piso, por ordem do seu sucessor.

Deparamos com um em mau estado de conservação, completamente dominado pelos pombos, e em que as pinturas decorativas das paredes estão gradualmente a desaparecer devido à agressividade do clima e ao desgaste provocado pelos vistantes, que não mostram o mínimo de  respeito pela preservação do património.

Nahargarh
Nahargarh
Nahargarh
Nahargarh
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Nahargarh
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Jaipur vista do forte de Nahargarh
Nahargarh
Nahargarh
Nahargarh
Nahargarh
Nahargarh
Nahargarh
Nahargarh
Nahargarh

Bem perto da nosso quarto, mesmo ao lado do cinema, fica o Annpurna, restaurante tipico de Jaipur……..

Restaurante AnnpurnaPure Veg

Restaurante Annpurna
Pure Veg

Como dá para ver as condições não pareciam as melhores, rua com esgotos abertos, sujidade e lixo por todo o lado, mas seguimos em frente! Quando chegamos por volta das 16h para almoçar, o restaurante estava cheio de Indianos a espera da sua refeição, mal entramos, a reacção foi a mesma……20 pessoas ou mais viraram a cabeça e ficaram a olhar para nos fixamente 🙂

O dono rapidamente veio ter conosco para nos sentar numa mesa e imediatamente nos trouxe uma garrafa de agua gelada….Aqui não se escolhe o prato, serve-se o que se preparou nesse dia e mais nada. Composto por chapatis feitos na hora, soupa de daal (lentilhas) bem picante, arroz, caril de batatas e couve flor, chutney picante de alho, malagueta e tomate que fariam um morto sair do túmulo, acompanhado de paparis. A experiencia foi tão boa que voltamos lá no outro dia a seguir 🙂 tudo isto por 80INR por pessoa (1.10€)

Restaurante AnnpurnaPure Veg
Restaurante Annpurna
Pure Veg
Restaurante AnnpurnaPure Veg
Restaurante Annpurna
Pure Veg
Restaurante AnnpurnaPure Veg
Restaurante Annpurna
Pure Veg
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Sou a Catarina, uma viajante de Lisboa, Portugal… ou melhor, uma mochileira com uma máquina fotográfica!

Cada palavra e foto aqui presente provém da minha própria viagem — os locais onde fiquei, as refeições que apreciei e os roteiros que percorri. Viajo de forma independente e partilho tudo sem patrocinadores ou anúncios, por isso o que lê é real e sem filtros.

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