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Stepping Out Of Babylon

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Nordeste da Índia

A comida no Nordeste da Índia… para vegetarianos!

Para um vegetariano qualquer refeição nos estados indianos do Nordeste (Northeast States) reveste-se de uma tremenda desilusão, capaz mesmo de tirar o apetite. Com excepção do estado de Assam, cuja população é maioritariamente hindu, o consumo de carne é uma presença constante nos estados de Nagaland e de Meghalaya, onde domina o cristianismo.

Por isso este texto é somente uma pálida amostra da gastronomia destes três estados, mas serve de guia a quem opta por não comer carne nem peixe e ande em viagem por estes remotos lugares.

Nos estados de Nagaland e de Meghalaya nota-se uma clara influência da cozinha asiática, surgindo frequentemente os noodles e o chow ming, ao passo que em Assam é clara a influência da cozinha indiana, mais concretamente do região do Punjab, mas onde os mais de 2300 quilómetros fizeram esbater a intensidade dos sabores e reduziram a variedade de ingredientes.

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puri stall at Mon village. An almost mandatory stop before a shared-taxi trip in Nagaland.
quiosque de venda de “puris”… uma paragem quase obrigatória antes de iniciar uma viagem de jeep pelas montanhas de Nagaland.

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Assam e as parathas

Em Assam é possível e até fácil de encontrar nas grandes cidades os clássicos da cozinha indiana, como o dal e os vários caris de legumes e leguminosas, como o grão, ervilhas, couve-flor, batata, etc… sendo muito fácil encontrar chamussas (samosas) e puris. Sendo um estado atravessado pelo gigantesco Rio Brahmaputra, que alaga as planícies por onde passa, faz com que o arroz seja indispensável em qualquer refeição em Assam.

O que sobressaiu em Assam foram as paratas (ou parathas) que apesar de não serem um exclusivo local apresentam-se aqui diferentes: são mais espessas e mais oleosas, de aspecto pálido e pouco tostado, resultando numa massa compacta e mal cozida. As parathas podem ser recheadas com batata, ou mais frequentemente simples, servindo de acompanhamento a caris simples, geralmente de batata e ervilhas-amarelas, encontrando-se frequentemente em bancas de rua, sendo a mais popular street-food em Assam.

O thali, uma refeição à base de arroz, dal (sopa de lentilhas) e caril de legumes, em Assam mostrou-se diferente, com um dal muito líquido, um caril com pouco gosto e por cima do arroz um pedaço de couve cozida… assim, mesmo, só cozida sem tempero. Enche a barriga mas não deixa saudades.

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The parathas can be found in most of the restaurants and dhabas but are often available in street stalls, being a popular street food in Assam.
As “parathas” podem ser encontrada em quase todos os restaurantes e dhabas (restaurantes de beira-de-estrada) sendo também comuns nos quiosques de rua, constituindo uma refeição popular em Assam.

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These parathas can be stuffed with potato masala, or more often plain, served with simple curries, usually made from potatoes and yellow-peas.
As parathas podem ser recheadas com batata, ou mais frequentemente simples, servindo de acompanhamento a caris simples, geralmente de batata e ervilhas-amarelas

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The classic Indian thali, a meal based on rice, dal and vegetables, is also a bit different in Assam, with a very watery dal, a tasteless curry and over the rice a piece of steamed cabbage. .. yes, just a plain steamed cabbage without any seasoning. Very healthy, fills the stomach but don't leave a good memory.
O thali , uma refeição à base de arroz, dal (sopa de lentilhas) e caril de legumes, em Assam mostrou-se diferente, com um dal muito líquido, um caril com pouco gosto e por cima do arroz um pedaço de couve cozida… assim, mesmo, só cozida sem tempero

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Nagaland e os puris

Se em Assam a gastronomia se mostrou sem inspiração, em Nagaland cada refeição foi um desafio para um vegetariano em viagem. Em zona de montanhas domina a carne, que se vê à venda em todas as povoações, e que ocupa grande parte dos mercados das cidades de Nagaland.

Nas pequenas povoações, encontra-se à entrada uma zona onde se concentram animais esperando para ser abatidos, enquanto ao lado são expostas as peças de carne já desmanchada e pronta para vender, a quem passa na estrada seja a quem chega de mota ou de carro, ou quem sai de um autocarro que faz uma paragem para recolha de passageiros. Nas cidades, o abate de animais encontra-se nos mercados, onde aves esperam em gaiolas para serem vendidas e abatidas. Pelo ar espalha-se um cheiro a dejetos e a sangue, que deixa pequenas poças no chão à medida que a água da chuva se vai infiltrando pelo chão do mercado.

Nas cidade de Nagaland é possível encontrar algumas opções vegetarianos, como o chamado rice, um prato à base de arroz, dal e vegetais, ou uns noodles, em sopa ou salteados. Mas nas povoações mais pequenas como Mon ou nas outras sem nome que serviram de paragem a uma longa viagem de autocarro, as opções são poucas, para além de arroz e algum legumes cozidos, cujo sabor é dado pelos gordurosas e pesados guisados de carne.

Uma opção presente um pouco por todo o lado são os puris, um pedaço de pão espalmado, frito em óleo e acompanha um caril de batata e ervilhas-amarelas, servidas numa pequena taça. Os puris são excessivamente oleosos, aqui mais do que o normal, ensopando o papel de jornal onde são servidos, e o caril é picante mas pouco espesso. Resulta numa refeição altamente calórica mas pouco nutritiva, contudo é bastante popular entre a população local, tendo servido várias vezes de refeição nos dias que passei em Mon, Kohima e Mokochung.

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An option that can be found a bit everywhere, and along the day, are the puris, a small flatbread, fried in oil and served with a potato and a small bowl of yellow-peas curry.
Uma opção presente um pouco por todo o lado são os puris, um pedaço de pão espalmado, frito em óleo e acompanha um caril de batata e ervilhas-amarelas, servidas numa pequena taça.

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But in the small villages or in more remote areas as Mon, there is not much more to eat than rice and some boiled greens, seasoned with a fermented and spicy vegetables.
Nas povoações mais pequenas como Mon ou nas outras sem nome que serviram de paragem a uma longa viagem de autocarro, as opções são poucas, para além de arroz e algum legumes cozidos

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Meghalaya e as influência da Ásia

Apesar de proximidade com o Bangladesh, o estado de Meghalaya apresenta forte influência da cozinha asiática com os noodles servidos tanto em sopas como salteados. Do Tibete vieram os momos, um pequeno pastel recheado de carne ou de vegetais. Shillong, a capital deste estado é bastante moderna e cosmopolita e por isso é fácil encontrar restaurantes das cadeias internacionais de fast-food, mas pelo elevado número de turistas indianos, existe uma grande oferta de restaurantes com os clássicos pratos indianos.

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From Tibet came the momos, a small bun stuffed with meat or vegetables.
Do Tibete vêm os momos, um pastel recheado com carne ou legumes e cozinhado ao vapor

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Despite the proximity to Bangladesh, the state of Meghalaya is visible the influence from the Asian cuisine by the noodles (rice flour pasta) served in soups or stir-fry.
Apesar de proximidade com o Bangladesh, o estado de Meghalaya apresenta forte influência da cozinha asiática com os noodles servidos tanto em sopas como salteados

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Um pequeno-almoço no Nordeste da Índia

Como é uma zona com pouco turismo internacional, são pouco frequentes os locais que servem o chamado “pequeno-almoço continental” nem tão pouco se encontram cafés, padarias ou pastelarias.

Mas o pequeno-almoço não constitui um problema, pois as opções locais revelam-se quase sempre uma boa escolha, mas no Nordeste da Índia esta opções revelou-se desanimadora.

Em Assam foi uma paratha, servida com caril de batata e acompanhada de uma geleia doce. Em Meghalaya, na vila de Sohra, a única opção disponível sem carne foi um prato de arroz com caril de grão e um molho verde de menta com malagueta… por acaso uma combinação simples mas saborosa. Em Nagaland, numa das viagens de autocarro houve tempo para um chai e uma chamussa. Em Mon, antes de iniciar uma viagem de 8 horas de taxi partilhado, houve oportunidade de provar um pequeno-almoço muito popular entre a população local, massa frita acompanhada de caril de batata… um começo de dia bastante oleoso!

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But breakfast usually is not a problem, as the local options reveal almost always a good choice, but in Northeast India this option proved daunting. At Assam was a paratha, served with potato curry and accompanied by a jam
Em Assam foi uma paratha, servida com caril de batata e acompanhada de uma geleia doce.

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At Meghalaya, in the village of Sohra, the only option available, without meat, was a plate of rice with chickpeas and mint sauce with chili... by chance a simple but tasty combination.
Em Meghalaya, na vila de Sohra, a única opção disponível sem carne foi um prato de arroz com caril de grão e um molho verde de menta com malagueta… por acaso uma combinação simples mas saborosa.

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Em Nagaland, numa das viagens de autocarro houve tempo para um chai e uma chamussa
Em Nagaland, numa das viagens de autocarro houve tempo para um chai e uma chamussa

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At Mon, before starting a journey of 8 hours by sumo (shared taxi), there was an opportunity to taste a very popular breakfast among the local population, deep-fried dough served with a potato curry ... a very oily option to start the day!
Em Mon, antes de iniciar uma viagem de 8 horas de Jeep, houve oportunidade de provar um pequeno-almoço muito popular entre a população local, massa frita acompanhada de caril de batata… um começo de dia bastante oleoso!

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Doces

Os únicos doces testados nesta viagem pelo Nordeste da Índia foram em Assam, onde se apresentam com diversos formatos, mas todos obedecendo à mesma receita: uma espécie de massa folhada, frita e regada com uma espessa calda de açúcar que depois de fria fica sólida. Desta calda resulta uma côr amarelo-torrado um aspecto brilhante e apelativo, mas de sabor monotonamente doce a açúcar. Pesados em enjoativos!

in Assam, where beyond the classic Indian sweets, there was something new for me: a kind of puff dough, deep-fried and drizzled with a thick sugar syrup that after cool down become solid. This syrup results in a yellow-brown color with a bright and appealing look, sold in different shapes, but with a monotonous and boring taste of sugar
Em Assam, surge um novo doce que se apresenta com diversos formatos, mas todos obedecendo à mesma receita: massa frita regada com uma espessa calda de açúcar que depois de fria fica sólida

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Mercados

Os mercados são sempre um local que desperta os sentidos, aguça a curiosidade e estimula a imaginação para tentar identificar os produtos vendidos e a sua utilidade na gastronomia de cada região.

E em termos de mercados Nagaland revelou o maior exotismo, sobressaindo o Mao Market, na cidade de Kohima, onde a exótica e diversificada oferta de produtos alimentares espelha a originalidade da gastronomia deste estado, que inclui carne, peixe seco, enguias, caracóis, larvas, ratos e rãs… e larvas de vespa, vendidas ainda dentro da colmeia.

Quanto aos vegetais, encontra-se nos mercados uma mistura de produtos tropicais, como a flor de bananeira, e os que vêm das montanhas como os cogumelos e o bambu; pelo meio encontra-se uma grande variedade de vegetais, muitos dos quais totalmente desconhecidos dos paladares europeus.

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Banana trunk in Kohima Market. Nagaland
Tronco de banana trunk no Mercado de Kohima. Nagaland

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Regarding vegetables, these markets show a mix of tropical and mountain products. Kohima Market. Nagaland
No que se refer a veetais, estes merados apresentam uma mistura de produtos tropicais e das montanhas. Kohima Market. Nagaland

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Dried fish and eels at Mao Market. Kohima. Nagaland
Peixe e enguias secas no Mao Market. Kohima. Nagaland

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worms sold at Mao Market, in Kohima. Nagaland
Lavas à venda no Mao Market, em Kohima. Nagaland

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nagaland_mokochung_market_dsc_8718
Vegetais num dos muitos mercado de Kohima. Nagaland.

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Kohima, in Nagaland, definitely stood out by the markets, where the exotic and diverse food supply reflects the originality of Nagaland cuisine that includes a lot of meat, eggs, dried fish, eels, snails, worms, mice, frogs... and wasp larvae, still sold in the hive.
Em Kohima, onde a exótica e diversificada oferta de produtos alimentares espelha a originalidade da gastronomia deste estado, que inclui carne, peixe seco, enguias, caracóis, larvas, ratos e rãs… e larvas de vespa, vendidas ainda dentro da colmeia.

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Em resumo, pode-se considerar que a experiência gastronómica proporcionada na visita aos estados mais a nordeste da Índia não deixaram saudades, tendo ficado na memória uma comida monótona e pouco apetitosa, onde a presença de batata foi presença constante ao longo dos 22 dias de viagem… mas claro que esta é um ponto de vista de um vegetariano que não pode fazer justiça à vasta cozinha de uma região tão extensa.

Os mastigadores de “paan”

"paan" chewer in the streets of Guwahati, Assam, India
preparando o tabaco de mascar numa das ruas da cidade de Guwahati, Assam, India

 

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Da intensa experiência que foi viajar nos estados do Nordeste da Índia, uma coisa houve que ficou marcada vivamente na memória dos sentidos: o paan… o cheiro, a côr, os gestos, o som do cuspir e o rasto vermelho deixado pelo chão.

Mas o que é o paan!?! Basicamente paan é noz de areca (areca nut), cujo aspecto se assemelha à noz-moscada, cortada em pequenos pedaços, e envolvida em folha de bétel, uma trepadeira de folha verde que tem efeitos estimulantes. A esta mistura junta-se muitas vezes tabaco (de mascar) e cal (hidróxido de cálcio)… sim, a mesma cal como a que se usa para revestir paredes.

A noz de areca, assemelha-se muito à noz-moscada, tanto no tamanho como no aspecto do fruto, mas em vez de nascer de uma árvore é o fruto de uma palmeira, cujas nozes crescem em cachos no topo de um fino e alto tronco.

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Areca nut still with the skin of the fruit
Fruto da árvore de Areca, uma espécie de palmeira, ainda com o fruto que envolve a noz. ao lado encontram-se as folhas de bétel indespensáveis à preparação do paan. Mokochung, Nagaland. India

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Betel Leaf sold in markets (folha de Betel à venda nos mercados)
Folha de Bétel que se encontra à venda nos mercados de vários países asiáticos. Bruma (Myanmar)

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Areca nut without skin
Noz de Areca à venda num mercado da Birmânia, já seca e sem o fruto, e cujo aspecto em muito se assemelha à noz-moscada, usada na culinária. Burma (Myanmar)

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Areca nut tree. Megahlaya. India
Palmeira de Areca, cujo fruto cresce no topo de um fino e alto tronco. Megahlaya. India

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A folha de bétel é cuidadosamente dobrada em forma de um pequeno rectângulo, conservado a noz de areca, e colocada na boca, sendo ligeiramente mastigada de forma a libertar lentamente os sucos, que aos poucos vão dando uma coloração avermelhada à saliva, que se estende aos cantos da boca e aos lábios. Ao fim de alguns anos de utilização, resulta não só os dentes deteriorados e manchados de vermelho, como também uma certa adição, devido às propriedade da folha de bétel. Misturada com tabaco, aumentam ainda mais os efeitos cancerígenos da noz de areca.

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paan street stall. Burma
banca de rua de preparação e vend de “paan”, onde estão disponíveis diversas variedades de tabaco . Burma (Myanmar)

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"paan" before being fold in the betel leaf. "paan" uma mistura de nós de areca, cal e tabaco de mascar, enbrulhada numa folha de betel)
“paan” uma mistura de nós de areca, cal e tabaco de mascar, embrulhada numa folha de betel

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O paan produz uma forte salivação, o que faz com que os seus consumidores tenham necessidade frequente de cuspir, o que é muitas das vezes feito de forma aparatosa, num jacto de saliva avermelhada, que deixa um rasto pelas ruas, passeios e até paredes!

Sendo bastante popular na Índia, o hábito de consumir paan encontra-se espalhado um pouco por todos os países asiáticos, como o India, Nepal, Bangladesh, Sri Lanka e Birmânia, sendo este ultimo o país onde a presença de paan é uma constante, desde mulheres a crianças.

Mas a passagem por alguns dos estados do Nordeste da Índia, Assam, Nagaland e Meghalaya deixou uma marca mais forte deste fenómeno. Aqui, talvez mais do que em qualquer outra das regiões da Índia a noz de areca é “rainha”, sendo mesmo mastigada sem a folha de bétel ou outros ingredientes.

Sendo predominantemente um hábito masculino, comum entre a população mais pobre, é uma imagem de marca entre motoristas de autocarros e condutores de tuk-tuks; mas no Nordeste da Índia o paan é também bastante popular entre as mulheres, sendo o seu consumo transversal às várias camadas sociais, não sendo de estranhar encontrar um pastor na ilha de Majuli a cuspir o paan ou a recepcionista de um hotel em Mokokchung com os cantos da boca marcados pelo vermelho da noz de areca.

O consumo de tabaco de mascar é também bastante popular, sendo misturado com cal, de forma a humedecer as folhas formando uma pasta que se coloca junto à gengiva. A preparação do tabaco, esfregando a mistura na palma da mão com os dedos, que depois é ligeiramente batida para ficar espalmada, são um dos gestos que se vêm constantemente… nas cidades ou nas vilas, nas ruas ou nas lojas, em autocarros e comboios…

Apesar do acto de mascar tabaco ser desagradável, pois produz também a necessidade frequente de cuspir, o paan, com o seu cheiro adocicado criou ao fim de três semanas de viagem pelo Nordeste da Índia, uma certa repugnância pela combinação do som com o jacto de saliva vermelha libertado pelos mastigadores de paan, que não se esforçam por ser discretos ou delicados, fazendo do acto de cuspir uma arte, onde por certo a trajetória e distância do rasto vermelho deixado no chão é motivo de orgulho.

E um pouco por todo o lado, vêm-se sempre marcas brancas deixadas pela cal que colada aos dedos, é que depois são esfregando em ombreiras das portas, junto à lojas de paan, ou nos bancos dos autocarros e comboios…

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paan shop, that are small stall where the paan is prepared and sold, usually in pack of six. Mokokchung, Nagaland. India
paan shop, pequena loja ou quiosque que vende o “paan” preparado e que é geralemnte vendido em pacotes de seis unidades. Mokokchung, Nagaland. India

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marks left by the fingers with lime that is used to mix with the tobacco and the areca nut (marcas deixadas pela cal usada para misturar o tabaco de mascar com o noz de areca).
marcas pelos dedos sujos da cal usada para misturar o tabaco de mascar com o noz de areca. Nagaland. India.

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E o cheiro deixou também uma forte marca na minha memória, com quartos de hotel a cheirarem a paan, e com viagens longas de autocarro ou the sumo, a serem feitas na companhia de activos mastigadores de paan, cujo cheiro adocicado impregna o espaço, e a cruzam regularmente o meu campo de visão para cuspirem pela janela.

Uma negativa mas forte memória que criou em mim uma repugnância ao paan, ao qual os meus sentidos não conseguem ficar indiferentes.

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tuk-tuk driver spiting the paan, leaving a red trace on the streets (condutor de tuk-tuk
condutor de tuk-tuk junto às marcas deixadas no pavimento pela saliva tingida pelo vermelho deixado pela noz de areca… uma imagem sempre presente em muitas cidades da India, Sri Lanka e Birmânia

Viajar em “unreserved” num comboio indiano… de Kohima para Guwahati

Podem dizer que sim, que há lugares reservados no comboio; podem até vender bilhetes onde o numero da carruagem e o nosso lugar estão claramente assinalados… mas não! Não! No comboio das 12.31h (numero 05968, Dibrugarh – Rangiya Special), de Dimapur para Guwahati, não há lugares reservados. É um comboio “unreserved”. Ou seja: é uma luta corpo-a-corpo para conseguir entrar numa das já cheias carruagens, onde bagagem, cotovelos e joelhos são as armas para esta “guerra”.

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Train trip Dimapur-Guwahati in unreserved coach
Train trip Dimapur-Guwahati in unreserved coach

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Apesar desta viagem entre Dimapur e Guwahati ter coincidido com as eleições regionais do estado de Assam, onde parte das carruagens estavam reservadas para o exército, o que diminui o numero de lugares, o facto de não haver lugares reservados parece fazer parte da normalidade deste serviço. Tanto funcionários como passageiros sabem disto. Eu fui até gentilmente advertida, por um dos funcionários da estação, com as simples palavras “you need to rush to the train”… coisa que achei estranha pois ainda faltam mais de 2 horas… “rush” ?!?!… para quê, pensei eu… mas esta foi uma forma delicada de dizer “fight”!!!

Depois de conseguir entrar no comboio e de, com a ajuda de um prestável passageiro, conseguir arranjar espaço para a mochila, seguiu-se uma árdua jornada de mais de cinco horas e meia, num comboio superlotado, em que as hipóteses de arranjar um lugar sentado eram poucas.

Como se tudo isto não fosse já demasiado penoso, junta-se o clima das planícies de Assam que em Abril é quente e seco, e onde cada paragem do comboio, faz estagnar o ar dentro das carruagens, tornando-as numa espécie de forno, onde os passageiros esperam pacientemente que o comboio arranque de novo e faça entrar ar fresco pelas janelas. Lentamente uma fina camada de pó cola-se discretamente à pele com a ajuda do suor que aos poucos vai deixando as marcas na roupa e um brilho no rosto.

Com sorte, na parte final da viagem lá consegui partilhar um banco de dois lugares com mais outros dois passageiros… e com um pouco de boa vontade lá se arranjou também um pouco de espaço para encaixar uma criança… o que vale é que a maior parte dos passageiros são magros, e a partilha das adversidades fortalece o sentimento de entreajuda.

Pelo meio do corredor do comboio, totalmente atulhado de pessoas e bagagem, vendedores de comida insistem persistentemente em circular por entre os passageiros carregando comida e bebidas: samosas, água, biscoitos, lassi, gelados, amendoins e o refrescante pepino cortado à fatias e condimentado com chilli. É um vai-e-vem incessante de vendedores, apregoando sonoramente os seus produtos, abrindo passagem à força de empurrões e pisadelas, por entre os passageiros que viajam de pé, criando uma constante agitação e não deixando oportunidade para ter algum conforto nesta penosa jornada.

Pela janela chegam imagens de planícies verdes de plantações de arroz e outras de campos secos à espera de chuva, onde a intensidade da luz convida a fechar os olhos.

Dimapur
Dimapur

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Como ir de Kohima para Dimapur:

Do terminal de bus de Kohima, comodamente situada no centro da cidade, partem autocarros da companhia estatal, a NST (Nagaland State Transport).

Estranhamente não existe um horário definido para o inicio da viagem, e segundo informações da bilheteira, o autocarro para Dimapur somente inicia o percurso quando estiver cheio. Por isso é necessário comprar o bilhete e esperar. Contudo convém chegar pelas 7 a.m. Apesar de não estar totalmente cheio, a viagem começou, por volta das 7.20 a.m, com cerca de 2/3 dos passageiros. Os autocarros da NST encontram-se em muito mau estado, sujos e com os alguns dos bancos partidos, em especial os que fazem os percursos mais curtos, como é o caso de Kohima-Dimapur.

  • Bus de Kohima para Dimapur: 120 rupias (3 horas)

Mesmo junto ao terminal de autocarros encontra-se uma paragem de táxis facilmente identificável pela concentração de veículos de cor amarela. A viagem em shared-taxi custa 220 rupias e demora 2.5 horas. Os táxis não têm horário fixo e partem assim que estão cheios (o que de manhã não demora muito), funcionando desde as 6 da manhã até ao fim do dia.

A estrada entre Kohima e Dimapur é essencialmente de montanhas, com o ultimo terço do percurso já a ser feito nas planícies de Assam. A estrada tem boas condições de pavimento mas tem troços em obras e outros em muito mau estado o que torna a viagem cansativa, cheia de solavancos.

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inside of a NST bus_Nagaland State Transport
inside of a NST bus_Nagaland State Transport

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Como ir de Dimapur para Guwahati:

De facto para quem quer poupar dormir uma noite na desinteressante cidade de Dimapur, e pretende seguir directamente de Kohima para Guwahati, não existem opções muito interessantes.

Segundo os horário da Indian Railways o comboio 05968, apesar de não ter carruagens com ar-condicionado ou “sleeper class, tem lugares em 2ª classe. Assim são vendidos bilhetes nas agências de viagem em Kohima, com o número do assento e da carruagem, inscritos claramente num bilhete emitido electronicamente e impresso em papel, que nos é fornecido por estes intermediários, a trabalhar aparentemente de forma honesta, usado o serviço de venda de bilhetes da Indian Railways. Mas quando o comboio chega à estação constata-se que a carruagem para a qual temos o bilhete não existe, e o que vemos é toda a gente a correr para as entradas dos comboios, inviabilizando por vezes a saída dos outros passageiros, para conseguir entrar, carregando bagagem e crianças ao colo.

O autocarro não é um alternativa atractiva para fazer os 250 km que separam as duas cidades, e provavelmente iniciam o percurso de manhã cedo.

Existem mais comboios a fazer este percurso, que partem depois da 16 p.m. mas chegam a Guwahati perto das 10 p.m. o que pode ser pouco agradável para arranjar alojamento, em especial para quem chega a Guwahati pela primeira vez e tem um orçamento limitado.

Nem todos os comboios funcional diariamente.

Mais informação sobre comboios em:

//indiarailinfo.com/search/685/0/546?date=0&dd=0&ad=0&co=0&tt=0&ed=0&dp=&ea=0&ap=&loco=&drev=0&arev=0&trev=0&rake=&rsa=0&idf=0&idt=0&dhf=0&dmf=0&dht=0&dmt=0&ahf=0&amf=0&aht=0&amt=0&nhf=-1&nht=-1&ttf=0&ttt=0&dstf=0&dstt=0&spdf=0&spdt=0&zone=0&pantry=0&stptype=undefined&raketype=0&cu=undefined&trn=0&q=

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Dimapur: NST bus terminal
Dimapur: NST bus terminal

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Dimapur:

  • Em Dimapur estação de comboios fica localizada muito próximo do terminal de bus da NST, a menos de 2 minutos a pé;
  • Na estação de comboios existe luggage room, onde é possível deixar a bagagem enquanto se espera pelo comboio. O processo é burocrático e implica apresentação de passaporte e o preenchimento detalhado de um recibo por parte do funcionário. A luggage room fica no mesmo local da parcell office. É obrigatório ter um cadeado, mesmo que seja uma mochila com vários compartimentos e fechos… mas basta um cadeado, a título simbólico! 20 rupias por dia, por bagagem.
  • A estação de Comboios de Dimapur tem também uma Retiring Room, que funciona como alojamento para portadores de bilhete. Desconheço as condições mas pode ser que seja útil a quem chega “fora-de-horas“ e não pretende perder tempo a procurar alojamento em Dimapur.

 

Dimapur: Train station Retiring room fees
Dimapur: Train station Retiring room fees

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Dimapur: Train Station: luggage Room
Dimapur: Train Station: luggage Room

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  • Para uma refeição rápida recomendo o restaurante situado do lado direito da entrada principal da Estação de Comboios de Dimapur: Hotel Dimapur Shan-e-Punjab… para quem tem saudades da tradicional comida indiana, o dal com chapatti foi delicioso. Para além da comida é um local com condições para relaxar durante uma ou duas horas.
  • Caso se queira um pouco mais de conforto, no extremo norte do cais de passageiros da Estação de Comboios de Dimapur (para quem entra, do lado direito), encontra-se um restaurante da Indian Railways com ar-condicionado.

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Dimapur: Hotel Dimapur Shan-e-Punjab, em frente à estação de comboios... para quem tem saudades da tradicional comida indiana
Dimapur: Hotel Dimapur Shan-e-Punjab, em frente à estação de comboios… para quem tem saudades da tradicional comida indiana

Kohima e o exotismo dos mercados

Mao Market. Kohima
Mao Market. Kohima

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Definitivamente Kohima sobressaiu pelos mercados, onde a exótica e diversificada oferta de produtos alimentares espelha a originalidade da gastronomia de Nagaland, que inclui carne, peixe seco, enguias, caracóis, larvas, ratos e rãs… e larvas de vespa, vendidas ainda dentro da colmeia. Aqui também se podem encontrar os famosos Naga Chilli, consideradas as malaguetas mais picantes do mundo

Quanto aos vegetais, encontra-se nos mercados uma mistura de produtos tropicais, como a flor de bananeira, e os que vêm das montanhas como os cogumelos e o bambu; pelo meio encontra-se uma grande variedade de vegetais, muitos dos quais totalmente desconhecidos dos paladares europeus, e que tão pouco se encontram por outras zonas da Índia.

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Mao Market. Kohima
Mao Market. Kohima

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Mao Market. Kohima
Mao Market. Kohima

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Mao Market. Kohima
Mao Market. Kohima

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Kohima é a capital de Nagaland, e como é costume neste estado do Nordeste da Índia, todas as cidades localizam-se em zonas de montanha, preferencialmente no cume, estendendo-se pelas encostas ao longo de estradas, numa malha sinuosa e íngreme, que pouco convida a caminhadas. Uma chuva esporádica e um céu cinzento constante pintaram de cores escuras esta cidade de betão e telhados metálicos que poucos atractivos apresenta. Contudo esta cidade pode ser um bom ponto de partida para conhecer a cultura das tribos de Nagaland, e torna-se bastante popular em termos de turismo durante o festival Hornbill que serve de mostra da cultura local.

Como qualquer viagem em Nagaland implica um elevado nível de esforço, mental e físico, pelo desconforto e pela duração das viagens, Kohima apresentou-se como ponto de paragem quase obrigatório no itinerário entre Mon-Mokokchung-Guwahati.

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Kohima
Kohima

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Kohima
Kohima

Sendo escassos os motivos de interesse, onde evitei sem esforço o popular War Cemetery e o State Museum of Kohima, o que sobressaiu foram os mercados, em especial o Mao Market… aparentemente não há qualquer relação entre este local e o líder do Partido Comunista Chinês. Neste mercado, situado num pequeno edifício de betão vendem-se produtos alimentares usados na cozinha de Nagaland, mas que não são tão frequentes de encontrar nas lojas do cidade, como os vermes e as rãs que aqui são vendidos vivos… e em intensa actividade para escaparem dos recipientes onde são mantidos cativos.

Mao Market. Kohima
Mao Market. Kohima

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Market. Kohima
Market. Kohima

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Market. Kohima
Market. Kohima

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Mas perto deste pequeno mercado estende-se um outro mercado… ou melhor outros mercados, numa sequência de edifícios construídos em madeira cobertos de chapa metálica ondulada, onde por estreitos e labirínticos corredores e escadas se passa da zona de venda de roupa, para a zona de alimentos, sendo fácil perder o sentido de orientação, obrigando a alguma persistência para encontrar uma saída… onde nada garante que seja o mesmo local de entrada!

Market. Kohima
Market. Kohima

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Mas neste mercado, descendo para zonas mais escuras e menos movimentadas somos surpreendidos por um cheiro pesado e repugnante, numa mistura de sangue e dejectos. É a zona onde se vendem e abatem animais, e onde galinhas e patos aguardam pela sua vez, sob a luz amarelada das fracas lâmpadas que iluminam o local, onde se sente o pesado cheiro a morte.

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Market. Kohima
Market. Kohima

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Kohima_fish market_DSC_8927

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Como chegar ao Mao Market:

Junto ao cruzamento da Midland Colony, existe uma paragem onde passam os autocarros que passam junto ao Mao Market, perto do Sokhriezie Junction, na Kohima-Imphal Road. Mas basta perguntar ao cobrador de bilhetes do autocarro que toda a gente conhece o local; a viagem custa 10 rupias, e demora cerca de 15 minutos.

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Mao Market. Kohima
Mao Market. Kohima

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Onde dormir em Kohima:

Fugindo ao ambiente anónimo e aos desérticos e sinistros hotéis, Kohima surpreendeu com o Morung Lodge, uma descoberta casual quando andava em busca do Hotel Pine, em Midland Colony. Morung Lodge é uma verdadeira guest house, onde se sente o ambiente familiar e o conforto proporcionado por um ambiente com personalidade.

Morung Lodge

Address: Midland Colony (logo a seguir ao Hotel Pine).

Contacts: 985 634 3037 (Nino) ou 841 481 4214 (Amen)

Email: [email protected]

Wi-fi: 100 rupes/day

Veg dinner: 200 rupes

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Morung Lodge. Kohima
Morung Lodge. Kohima

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Morung Lodge Contacts. Kohima
Morung Lodge Contacts. Kohima

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Onde comer em Kohima:

Sendo a gastronomia de Nagaland fortemente dominada pela carne, as refeições ficaram-se mais pelo monótono arroz com caril (localmente denominado de rice) ou por um Chow Mein, lembrando-nos quão perto estamos da Ásia.

Em Kohima é uma boa oportunidade de experimentar a comida de Nagaland (Naga food) existindo alguns restaurantes especializados, mas onde é impossível encontrar comida vegetariana… quanto muito um chow mein!

Apesar da forte influência da cultura gastronómica asiática, é possível encontrar um pouco por todo o lado os snacks indianos, como os puris e as samosas. Em Midland Colony, na Kohima-Mokokchung Road, muito perto do Morung Lodge, o Hotel Taste serve desde as 6 a.m. deliciosas samosas (chamuças) que podem ser acompanhadas com chai (chá com leite) cujo sabor adocicado não combina bem para o meu paladar, mas que é uma escolha popular entre a população local como primeira refeição do dia.

Também na mesma zona, junto ao cruzamento principal da Midland Colony (perto da Ao Baptist Church) encontram-se alguns restaurantes que servem um razoável rice (arroz com caril de vegetais e dal) por 80 rupias.

Transportes em Kohima:

A cidade de Kohima, mostra-se pouco convidativa a caminhadas a pé, pois este centro urbano estende-se por uma grande área, ao longo de estradas de intenso tráfego e onde não existem propriamente infraestruturas para peões.

Para distâncias mais longas, existem autocarros urbanos que percorrem a cidade, os City Bus. Uma viagem custa cerca de 10 rupias.

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Kohima
Kohima

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Como ir de Kohima para Dimapur:

Do terminal de autocarros da NST partem por volta das 7 a.m., um autocarro para Dimapur; mas o horário de partida não é certo, e o autocarro só inicia o percurso quando está cheio, de acordo com informações da bilheteira. Contudo nesta viagem começou com cerca de 2/3 dos passageiros por volta das 7.20 a.m. Os autocarros da NST (Nagaland State Transport) encontram-se em muito mau estado, sujos e com os alguns dos bancos partidos, em especial os que fazem os percursos mais curtos, como é o caso de Kohima-Dimapur.

  • Bus de Kohima para Dimapur: 120 rupias (3 horas)

Mesmo junto ao terminal de autocarros encontra-se uma paragem e táxis facilmente identificável pela concentração de veículos de cor amarela. A viagem em shared-taxi custa 220 rupias e demora 2.5 horas. Os táxis não têm horário fixo e partem assim que estão cheios (o que de manhã não demora muito), funcionando desde as 6 da manhã até ao fim do dia.

A estrada entre Kohima e Dimapur é essencialmente de montanhas, com o ultimo terço do percurso já a ser feito nas planícies de Assam. A estrada tem boas condições de pavimento mas tem troços em obras e outros em muito mau estado o que torna a viagem cansativa, cheia de solavancos.

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NTC bus schedule from Kohima
NTC bus schedule from Kohima

Mokokchung… e o aborrecido Domingo!

De Mokokchung podemos resumir que é uma cidade banal e aborrecida. Mas ao mesmo tempo tem tudo para ser agradável: organizada, limpa, calma e com uma localização que oferecem uma vista ampla para as montanhas cobertas de verde que rodeiam esta cidade que constitui o centro da cultura da tribo Ao, um dos vários grupos étnicos que constituí o estado de Nagaland, no Nordeste da Índia.

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Mokokchung
Mokokchung

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Tendo começado o itinerário em Nagaland pelo norte do estado, pela cidade Mon, Mokokchung surgiu no mapa como um ponto de paragem intermédio na viagem até Kohima, cujas características montanhosas obrigam sempre a longas viagens. Mas para minha surpresa, não existe nenhuma estrada transitável a ligar Mon a Mokokchung dentro do estado de Nagaland, sendo necessário descer até ao vizinho estado de Assam, aproveitando as suas estradas planas e em razoável estado de conservação, para depois entrar novamente em Nagaland em direção a Mokokchung ou Kohima.

Mas depois da aridez humana e da rude paisagem da região de Mon, que deixaram uma intensa e pouco agradável memória da estadia em Mon, a entrada novamente em Nagaland, desta vez na região da tribo Ao, étnica e culturalmente diferentes dos Konyak, mostrou outra face deste estado.

Logo no inicio, passando pela aldeia de Tuli, somos recebidos pelas coloridas flores que enfeitam vasos e jardins à entradas das casas, assim como canteiros que parecem surgir espontaneamente à beira da estrada. Casa cuja construção em madeira e bambu está impecavelmente cuidada, pintadas em tons suaves que combinam com a paisagem. Uma paisagem também montanhosa mas mais “macia” e de um verde mais brilhante e fresco… como se por aqui houvesse mais gosto pela vida!

Uma população mais afável, muito curiosa, e disposta a fazer um pouco de conversa, para “conhecer” quem vem de tão longe visitar estas paragens, onde o inglês é “língua franca” em que a maioria das pessoas é capaz de comunicar, o que denota a importância dada à educação, que é evidente em Nagaland assim como em Magalahya.

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Mokokchung
produtos à venda no pequeno mercado de Mokokchung

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Mokokchung
Mokokchung

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Mokokchung em si, pouco interesse desperta, sendo necessário visitar as aldeias vizinhas para entrar em contacto com a cultura Ao. Mas não havendo transportes públicos para estas pequenas localidades pouco houve a fazer em Mokokchung, para além de descansar de intensas e longas viagens. Sendo Nagaland, como alguns dos estados vizinhos, fortemente cristã, resultado dos missionário que chegaram por volta do século IX, o Domingo é escrupulosamente respeitado como dia de descanso, onde todo o comércio e serviços se encontram fechados. E aqui “todos” significa mesmo todos, pois não há nenhuma loja ou sequer restaurante aberto em toda a cidade; como táxis, sumos e autocarros também não funcionam, sendo a única coisa aberta as igrejas correspondentes às diversas correntes do cristianismo.

Esta particularidade fez com que a minha estadia em Mokokchung se tenha estendido por dois dias, em que o Domingo foi passado dentro do hotel, incluindo as refeições, pois nem os restaurantes de Hindus funcionam aos Domingos!!!

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Mokokchung
Mokokchung

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Mokokchung
Mokokchung

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Onde dormir em Mokokchung:

Mokokchung não está ainda preparada com guest houses ou outro tipo de alojamento para backpackers. Os “hostels” assinalados são residências de longa duração para estudantes de outras localidades, e não alugam quartos.

Contudo, dois dos hotéis da cidade têm dormitórios, ou seja, quartos com várias camas. Os dormitórios são mistos, o que pode criar obstáculos a mulheres quando algumas camas estão já ocupadas por homens.

O Hotel Metsuben e o Whispwring Winds, são formais hotéis, com as habitais infraestruturas e serviços, mas onde os preços são pouco simpáticos para backpacker, mas onde uma cama num dormitório custa entre 300 a 350 rupias.

  • Whispering Winds: //www.whisperingwinds.co.in/
Whispering Winds. contacts. Mokokchung
Whispering Winds. contacts. Mokokchung
  • Hotel Metsuben: //www.facebook.com/hotelmetsuben

 

Hotel Metsuben. contacts. Mokokchung
Hotel Metsuben. contacts. Mokokchung

 

Hotel Metsuben. rates. Mokokchung
Hotel Metsuben. rates. Mokokchung

 

Ambos situam-se fora do centro da cidade, mas a uma distância razoável para ser feira a pé. A escolha foi para o Whispering Winds, situado no topo de uma das colinas, no lado oposto ao Hotel Metsuben.

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Onde comer em Mokokchung:

Mokokchung não sobressaiu pela comida, encontrando-se ao longo da I.M. Road vários cafés que servem parathas, samosas e mais alguns snacks. Aqui começa-se a notar alguma influência da cultura indiana, podendo mesmo encontrar-se lassi.

Na I.M. Road, por cima do “Amigo’s Restaurant”, encontra-se o “The Restaurant” que num ambiente agradável a acolhedor serve desde comida indiana (arroz com caril) a comida asiática (chow mein, noodles, etc…).

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Mokokchung
Mokokchung

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Transportes em Mokokchung:

A cidade apesar da forte inclinação das ruas, que implica subir e descer ruas numa espécie de zig-zag, é possível de ser feita a pé. Contudo existem autocarros a percorrer as estradas principais, identificados como City Ride, que facilitam as deslocações. O percurso do centro até perto do hotel Whispering Winds custa 10 rupias.

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"police circle" o centro da cidade de Mokokchung
“police circle” o centro da cidade de Mokokchung

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Como chegar a Mokokchung:

Devido ao mau estado das estradas de Nagaland, em parte pela falta de investimento e manutenção, e em parte pela sinuosa orografia, não existe uma estrada que ligue directamente Mon a Mokokchung.

Assim, de Mon é necessário ir até Sonai, em Assam, passar por Simaluguri, e em Amguri entrar novamente em Nagaland, passando por Tuli. De Tuli são mais 4 horas de estrada de montanha até Mokokchung.

De Mon existe diariamente (excepto Domingos), pelas 6 am, um serviço de sumo para Mokokchung. É necessário reservar com antecedência (Travel Link). Os sumos têm um terminal específico em Mokokchung, perto do mercado, que fica a uma distância razoável de ser feita a pé até ao centro da cidade, local onde se encontra o terminal de bus da NTC (Nagaland Transport Corporation).

  • sumo de Mon para Mokokchung: 650 rupias (8 horas)

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venda de bilhetes para os sumos para Mon. Mokokchung
venda de bilhetes para os sumos para Mon. Mokokchung

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Como ir de Mokokchung para Kohima ou Dimapur:

Mokokchung tem uma grande oferta em termos de transportes públicos.

No centro da cidade, Police Circle, encontra-se o terminal de autocarros da NTC (Nagaland Transport Corporation). Com ligações a Guwahati, Dimapur e Kohima.

Para outros destinos, como Mon, é necessário recorrer aos sumo, que partem de um pequeno terminal perto do mercado de frescos.

As ligações com Dimapur e Kohima estão também asseguradas por sumo, existindo no inicio da IM Road, perto do Police Circle, várias empresas com estes serviços.

  • public bus de Mokokchung para Kohima: 220 rupees

parte às 6 a.m. (8 horas de viagem)

  • sumo Mokokchung to Kohima: 430 rupees

6 a.m e 10 a.m. (6 horas de viagem)

  • sumo de Mokokchung para Dimapur (night service): parte às 4.30 p.m e chega perto das 5 a.m.

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horários dos sumos. Mokokchung
horários dos sumos. Mokokchung

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altitude: 1325

população: 35.913

Mon… na terra dos Nagas

Mon recebeu-me com uma violenta tempestade que surgiu inesperadamente depois do pôr-do-sol, num dia em que o azul tinha dominado o céu e nada fazia prever tão brusca alteração climatérica que trouxe consigo um desconfortável frio.

Uma pequena cidade que se localiza no topo de umas quantas colinas e se vai derramando pelas suas encostas, acompanhado ruas e estradas sinuosas. Uma cidade feita de construções de betão e telhados de chapa metálica. Mon parece envolta num manto baço e cinzento, onde a luz difusa do chuvoso dia cria uma atmosfera triste e deprimente, fazendo esmorecer o entusiasmo de qualquer visitante.

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Mon Town. Nagaland
Mon Town. Nagaland

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Mon Town. Nagaland
Mon Town. Nagaland

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Nas montanhas que envolvem a cidade e que constituem uma barreira intransponível no horizonte, o denso verde da floresta contrasta com este melancólico cenário. Mas em alguns locais nota-se a pesada mão-humana, onde grandes áreas de florestas foram totalmente dizimadas, deixando exposto o solo castanho acinzentado que transmite um imenso sentimento de desolação.

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montanhas que rodeiam a cidade de Mon. Nagaland
montanhas que rodeiam a cidade de Mon. Nagaland

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Montanhas em volta da cidade de Mon, sujeitas a intensa desflorestação que deixam o solo exposto À erosão. Mon. Nagaland
Montanhas em volta da cidade de Mon, sujeitas a intensa desflorestação que deixam o solo exposto à erosão. Mon. Nagaland

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As montanhas de Nagaland reúnem um conjunto de várias tribos e grupos étnicos, que se podem contar em cerca de 16, e que sob o domínio Britânico se viram grupadas no que actualmente Índia e a Birmânia. Contudo estas fronteira modernas não olharam para a especificidades étnicas e culturais destas populações, o que levou que conflictos e a acções violentas que duraram até 2013. Mon é o centro da tribo Konyak cujo território se estende também à Birmânia, e cujas características físicas e os rostos mongóis nos remetem claramente para os povos asiáticos.

A densa cadeia montanhosa que desde séculos abrigou estas tribos Naga permitiu que estas populações se mantivessem afastadas da cultura, língua e religião indiana, mantendo até aos dias de hoje uma língua própria, cuja escrita é curiosamente em caracteres latinos. Foi também resultado deste isolamento que mantiveram as suas praticas religiosas ligadas ao animismo, sendo somente destruído pela chegada dos missionários no século IX que trouxeram o cristianismo a estas paragens.

Mas apesar desta influencia, os Konyak, mantiveram vivas as suas tradições, sendo famosos e temidos head hunter (caçadores de cabeças) onde cabeças de guerreiros de tribos inimigas eram pendurados nas Morong (casas comunitárias) como troféus depois de cada luta. Mas desta tradição nada resta com os crânios humanos substituídos por crânios de animais na decoração das Morong, mas o que ainda não desapareceu foram as tatuagens que muitos homens ainda exibem no rosto, e que se estendem ao pescoço, mostrando que foram bem sucedidos como head hunters. Estas tatuagens assim como as orelhas furadas, de onde pendem chifres de animais, e os colares de contas coloridas, decorados com imagens de rostos esculpidos em bronze indicando o número de cabeças conquistadas, continuam a ser usados por alguns dos homens desta tribo. Mas somente entre os mais velhos se vêm ainda as famosas tatuagens destes guerreiros, pois estão cada vez mais distantes os tempos de lutas tribais.

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Konyak tribe. Mon. Nagaland
Konyak tribe. Mon. Nagaland

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Um corte de electricidade deixou Mon Town às escuras durante os dois dias em que aí permaneci, e como no Nordeste da Índia a noite chega cedo, não há muito a fazer em Mon do que jantar e rumar ao quarto antes das 5 da tarde, numa guest house sinistramente vazia, situada no topo de um edifício totalmente abandonado durante a noite, onde eu era a única presença humana. Pelas nove horas da noite, sem electricidade e sem companhia, o sono instala-se suavemente, enquanto lá fora, na quase total escuridão somente interrompida pelo clarão dos faróis de algum carro que passa, Mon mostra-se hostil e sinistra.

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Mon_Food Market_DSC_8667
produtos à venda nas ruas de Mon, onde se incluem ratos e larva. Nagaland

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Mon Town. Nagaland
Zona comercial da cidade de Mon Town. Nagaland

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De dia Mon ganha um certo dinamismo em especial nas ruas onde se concentra a maior parte do comércio, mas mesmo assim não se consegue afastar o sentimento de pobreza que domina a cidade. Uma pobreza não visível nas casas ou nas pessoas ou na forma de vestirem, por sinal a juventude veste de forma muito ocidentalizada e moderna, mas no aspecto das lojas, nos artigos que vendem, na pouca oferta de produtos, na escassa diversidade de alimentos vendidos na lojas e nos mercados de rua, na desinteressante e monótona comida… uma pobreza resultante mais do isolamento a que esta população está sujeita, onde o único acesso a Mon tem que ser feito por uma estrada não pavimentada, onde 65 km demoram, pelo menos, 3 horas a ser percorridos, e onde não há estradas transitáveis a ligar Mon às outras cidades do estado de Nagaland. É talvez este isolamento e as árduas condições que tornam a vida difícil em Mon, donde resultam pessoas de rosto dura e fechado, de onde dificilmente se recebe um sorriso.

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Mon Town. Nagaland
Mon Town. Nagaland

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Onde dormir em Mon:

Paramout Guest House: localizada por cima do State Bank of India (também conhecido por SBI), a menos de 5 minutos do local onde terminam os sumos. Quarto duplo por 1000 rupias mas que pode ser negociado até 800 rupias, pois o local encontra-se vazio a maior parte do ano com excepção do Aoling Festival.

Paramout Guest House contact: 9612170232; 08257811627

O quarto é pequeno mas confortável e limpo, com casa-de-banho e alguma mobília, mas existem vários tipos de quartos com maior área. Curiosamente os seis quartos existentes no ultimo andar deste prédio têm uma estranha numeração de 9 a 235, saltando por 170, 210, 75, 215… que mais tarde se descobre serem o número gravado em cada uma das chaves!!!!

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Paramaunt Guest house. Mon. Nagaland
Paramaunt Guest house. Mon. Nagaland

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Mesmo ao lado direito do edifício do State Bank of India fica o Sunrise Hotel funciona basicamente como restaurante, mas também tem quartos, mais modestos do que a vizinha guest house, e com casa-de-banho partilhada, por 500 rupias. O Sunrise Hotel tem somente dois quartos, mas qualquer um deles com mais de duas camas; a casa de banho é no exterior do edifício, e tem fracas condições.

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Sun Rise Hotel. Mon. Nagaland
Sun Rise Hotel. Mon. Nagaland

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A Paramout Guest House e o Sunrise Hotel são os únicos alojamentos no centro de Mon, contudo existe a Helsa Cottage que tem melhores quartos por 1500 rupias, mas fica um pouco mais afastado.

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Onde comer em Mon:

Mon está longe de ser atractiva em termos de comida, encontrando-se pouco restaurantes. Durante o dia pelas ruas principais da cidade encontram-se restaurantes, dificilmente localizáveis, pois não têm qualquer indicação, mas a porta coberta por uma cortina serve para anunciar que ali se servem refeições, basicamente arroz com dal e caril, localmente conhecida por “rice”. Sendo uma zona montanhosa a carne é presença constante mas pode-se sempre pedir o “rice” em versão vegetariana. Em geral esta refeição, que dá direito a um “refill” não custa mais do que 50 rupias, contudo é nutricionalmente e pobre pois os vegetais resumem-se a batata a umas quantas ervilhas-amarelas, e o caril de lentilhas (dal) é bastante aguado.

Em termos de street-food, Mon não tem muito para oferecer, para além de samosas (chamussas) e outros snacks de massa frita e excessivamente oleosa, confecionados e vendidos em muito más condições de higiene.

Basicamente pode-se dizer que Mon é uma desilusão em termos gastronómicos a avaliar pelo que está disponível em restaurantes e bancas de rua.

A Paramout Guest House prepara refeições sob encomenda e que podem ser servidas no quarto ou na sala de refeições, sendo contudo necessário encomendar com antecedência (arroz com dal e curry: 100 rupias). Ao lado fica o Sun Rise Hotel com restaurante que serve arroz, dal e vegetais desde manhã por 40 rupias.

Um pouco pelas ruas do centro de Mon, em especial na Market Street, a zona comercial da cidade, encontram-se vários pequenos e discretos restaurantes que servem puris, samosas ou arroz com caril. Dois puris com uma taça sabji (caril de batata e ervilhas-amarelas) custa 10 rupias.

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street food em Mon Town. Nagaland
street food em Mon Town. Nagaland

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Transportes em Mon:

Em Mon tem autocarros públicos de horário incerto, sendo difícil obter informações sobre o seu destino. Os autocarros privados destinam-se a Dimapur e Kohima. O meio de transporte local são os sumos e os shared-taxis.

Alugar um táxi para Longwa custa 2500 rupias, ida e volta.

O sumo para Longwa custa 220 rupias e parte de manhã pelas 6 a.m. ou à tarde pelas 1 p.m. É necessário reservar bilhete com antecedência de pelo menos um dia. O bilhete é vendido numa mercearia um pouco abaoixo do Police Circle, na estrada que liga Mon a Sonari.

Um táxi para Mon Village (a cerca de 5 quilómetros) custa 800 rupias; não há sumos ou táxis partilhados para este percurso.

Domingos não há qualquer tipo de transportes em Nagaland… não há nem bus, nem sumo, nem táxis.

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autocarro publico. Mon Town. Nagaland
autocarro publico. Mon Town. Nagaland

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Como chegar a Mon:

E maneira mais rápida de chegar a Mon é partindo do vizinho estado de Assam, da cidade de Sonari. De Sonari partem sumos que fazem a penosa viagem até Mon, que demora 3 horas por uma estrada de terra-batida, em muito mau estado, onde parte do percurso é em montanha.

Estando em Nagaland somente existem duas hipóteses para chegar a Mon: de Dimapur ou Kohima. Destas cidades partem autocarros privados e sumos para Mon, mas que passam sempre por Assam e pela cidade de Sonari.

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Como ir de Mon para Mokokchung:

Para sair de Mon há somente uma estrada que liga a Sonari, no estado vizinho de Assam; assim para viajar entre Mon e qualquer outra cidade de Nagaland, como por exemplo Mokokchung, é sempre necessário passar por Sonari e pelas estradas do estado de Assam, que mesmo não sendo muito boas são planas e pavimentadas.

  • “sumo” de Sonari para Mon: 200 rupias (3 horas)
  • “sumo” de Mon para Mokokchung: 650 rupias (8 horas)

Em Mon somente uma das empresas têm sumos para Mokokchung, a Link Network, com os sumos a partirem pelas 6.30 a.m, de segunda a sábado.

Para qualquer viagem a partir de Mon, seja para Kohima, Dimapur, Sonari ou Mokokchung, é necessário reservar bilhete com pelo menos um dia de antecedência, e quanto mais cedo melhor para se poder escolher um dos lugares da frente, pois o ultima fila de bancos é extremamente desconfortável para tão longa viagem. Seja qual for o destino os sumo partem todos de manhã bem cedo pela 6 horas.

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empresa que faz a ligação de Mon para Mokochung. Mon. Nagaland
empresa de “sumo” que faz a ligação de Mon para Mokochung. Mon. Nagaland

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Como ir de Mon para Longwoa:

Os 35 quilómetros que separam Mon de Longwoa não são fáceis de vencer, os meios de transporte são escassos. Não há autocarros e a única solução em termos de transportes colectivos são os sumos, que partem duas vezes ao dia: 7 a.m. e 2 p.m. Com a escassez de transportes é necessário reservar bilhete com o mínimo de um dia de antecedência.

A viagem demora mais de uma hora.

Estes sumos não partem do mesmo sitio dos outros com destino a Kohima, Dimapur, etc… mas sim da estrada que “desce” da police circle (uma rotunda onde por vezes está um policia a comandar o tráfego). Os sumo estacionam em frente a uma mercearia, que é o local onde também se vendem os bilhetes.

  • sumo: 220 rupias (one way)
  • táxi: 2500 rupias (rented for one day)

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Mon Festival:

Aoling Festival: Anualmente de 1 a 6 de Abril

Durante o festival, uma mostra da cultura Konyak, e mesmo uns dias antes a cidade de Mon começa a receber mais visitantes o que faz encher os poucos hotéis e faz disparar o preço dos quartos.

É recomendável reservas com antecedência caso se queira permanecer em Mon durante o festival.

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Internet em Mon:

Não existe nenhum posto de internet em Mon e nem o Paramout Guest House ou Sunrise Hotel têm internet ou wi-fi.

Mesmo ao lado da entrada do State Bank of India, encontra-se um corredor com lojas, onde a primeira loja do lado esquerdo, de cópias e impressões, que tem internet (quando há sinal).

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ATM em Mon:

Existe somente um ATM em Mon, no State Bank of India, onde as pessoas se alinham para poder levantar dinheiro, pois nem sempre está disponível ou a funcionar.

Existem frequentes cortes de energia em Mon, que afetam o funcionamento do ATM.

Assim é recomendável trazer dinheiro suficiente para a estada prevista, pois também não existem lojas de câmbio.

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State Bank of India. Mon Town. Nagaland
State Bank of India. Mon Town. Nagaland

 

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altitude: 655 m

população: 16.120

Majuli e as “satras”

Da ilha de Majuli ficou uma tranquila memória onde os dias foram passando calmamente ao ritmo de passeios de bicicleta, por estradas ladeadas de bambus, que cortam gentilmente campos de arroz cujo verde se esbate sob o cinzento do céu, cujas camada de nuvens traz uma promessa de chuva.

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Majuli Island. Assam
Majuli Island. Assam

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Sente-se a presença de um misterioso silêncio, somente interrompido pelo som ritmado do piar de invisíveis aves, ocultas na densa copa das árvores. Garças e cegonhas vasculham o fundo lodoso das pequenas lagoas deixadas pela monção, enquanto pequenos pássaros debicarem insectos junto à berma da estrada, num ritmo apressado.

A paisagem plana a perder de vista, com a linha do horizonte a esbater-se na neblina que se liberta dos campos constantemente ensopados em água. A este cenário difuso junta-se o fumo que lentamente se desprende das fogueiras onde restos da colheita anterior são queimados, na preparação dos campos para mais uma sementeira de arroz, numa ilha onde a agricultura é a principal actividade da população que pouco ultrapassa as 150 mil pessoas.

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Majuli Island. Assam
Majuli Island. Assam

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Majuli Island. Assam
Majuli Island. Assam

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Majuli Island. Assam
Majuli Island. Assam

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Majuli Island. Assam
Majuli Island. Assam

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Brahmaputra, o mítico e barrento rio, cujas aparentemente suaves águas se tornam violentas durante a monção, extravasando o leito, e provocando sérias inundação. É esta poderosa força que está a provocar uma acelerada erosão das margens do ilha, que anualmente vê a sua área ser reduzida, tendo algumas aldeias já sido varridas pelas águas. Segundo previsões analíticas ás águas do Brahmaputra poderão fazer desaparecer a totalidade da ilha de Majuli em 20 anos…. as mesmas águas que em 1750 provocaram gigantescas cheias e que deram origem a esta ilha.

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Majuli Island. Assam
Majuli Island. Assam

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Majuli Island. Assam
Majuli Island. Assam

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Mas são as satras espalhadas um pouco por todo o estado de Assam, mas que em Majuli se encontram a maior concentração, que atraem as atenções e que contribuem para tornar este pedaço de terra, plano e verde, num local especial.

As satras são como mosteiros dedicados ao Hinduísmo, que foram criados no século XVI pelo rei de Assam, e que apesar de mudanças e reformas, funcionam desde então como centro de artes e cultura paralelamente às praticas religiosas. Mas práticas religiosas destes mosteiros diferem do Hinduísmo que se encontra no resto do país, tendo divergido e ganho contornos próprios pela mão de Srimanta Sankardeva que professou uma forma monoteísta do hinduísmo, denominada de Vaishnavism. Depositárias de escrituras sagradas do Vaishnavism, cujo santo Sankardeva encontrou refúgio em Majuli, as satras continuam a ser actualmente local de peregrinação entre a população de Assam.

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Majuli Island_DSC_8558
Majuli Island. Assam

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Existem centenas destes mosteiros espalhados pelo estado de Assam, com 65 dos quais concentradas nos 1250 km2 da ilha de Majuli, onde somente 26 se encontram ainda em funcionamento.

Diferindo de importância, antiguidade e tamanho, basicamente todas as satras seguem a mesma estrutura, ocupando uma área ampla, cujo acesso é simbolicamente identificado por um pórtico, decorado com leões, elefantes, peixes, cavalos, por vezes representados com asas ou detalhes que nos remetem para uma mitologia desconhecida. No centro da satra encontra-se um amplo pavilhão reservado para o ensaio e apresentação de música e de dança, onde uma gigantesca estátua de madeira representa garuda, uma figura alada de nariz longo, um misto de homem e ave, que de costas para a entrada protege o local. Anexo a este espaço comunitário encontra o altar, cujo melhor exemplo é o da Sri Sri Auniati Satra, ricamente decorado. Em redor, formando geralmente um rectângulo, dispõem-se dormitórios e demais instalações, alinhadas sob galerias de piso térreo.

Das satras visitadas a Uttar Kamalabari, situada muito próxima da povoação com o mesmo nome, é a mais atraente, mantendo bem conservada a sua estrutura antiga, o que confere uma atmosfera capaz de nos transportar no tempo.

Bengenaati e Garamur são outras duas satras facilmente acessíveis de bicicleta, que valem a pena visitar com tempo para apreciar a quietude e tranquilidade do lugar. Mas são também um bom pretexto para explorar a ilha, e observar o quotidiano da população, apreciando os cambiantes de luz, capazes e tornar a monotonia de uma paisagem plana em surpreendentes e misteriosos cenários.

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Garuda. Sri Sri Auniati Satra. Majuli. Assam
Garuda. Sri Sri Auniati Satra. Majuli. Assam

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Anoitece cedo em Majuli, visto que estamos muito a Este do que constitui o corpo central da Índia, pelo que pouco depois das quatro horas da tarde o céu começa a escurecer, ficando breu pelas 5 horas. Isto faz parecer os dias curtos para quem não tem o hábito de acordar cedo, mas aqui a população começa cedo as rotinas diárias, com o trabalho nos campos a dominar o quotidiano em Majuli.

E é com o anoitecer que algo de mágico parece acontecer em algumas das satras, que se mostram quase desertas durante o dia. Sob a luz débil e amarelada, rapazes e jovens adultos reúnem-se no espaço comunitário da Uttar Kamalabari, e ao som de discretos tambores e de suaves melodias, executam danças e representações teatrais, onde os mudras são fundamentais. Em volta, sentados sob esteiras, Bhakats (monges celibatários) mais velhos observam atentamente os movimentos destes aprendizes, corrigindo e incentivando, e por vezes tenho papel activo nos ensaios. As satras, para além do carácter religioso, funcionam também com centros de artes, onde a dança, teatro, canto e música são pilares fundamentais da difusão do Vaishnavism.

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Satra Uttar Kamalabari. Majuli. Assam
Satra Uttar Kamalabari. Majuli. Assam

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Satras:

Das dezenas de satras estas são facilmente acessíveis de bicicleta. Para outras é necessário contratar um táxi.

Bengenaati: a mais antiga das satras

Garamur: ampla e bem preservada

Sri Sri Auniati Satra: a mais ricamente decorada

Uttar Kamalabari: a que conserva melhor as características arquitectónicas originais e a que tem mais atmosfera.

Existe um museu na Sri Sri Auniati Satra (50 rupias) mas que não tem grande interesse, com algumas das peças em mau estado, e com escassa informação sobre o que está exposto. Algumas das outras satras têm também museu mas encontram-se fechados sendo necessário encontrar quem tenha as chaves e disponibilidade para abrir o espaço aos visitantes.

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Satra Uttar Kamalabari. Majuli. Assam
Satra Uttar Kamalabari. Majuli. Assam

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Sri Sri Auniati Satra. Majuli. Assam
Sri Sri Auniati Satra. Majuli. Assam

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Garuda. Sri Sri Auniati Satra. Majuli. Assam
Garuda. Sri Sri Auniati Satra. Majuli. Assam

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Sri Sri Auniati Satra. Majuli. Assam
Sri Sri Auniati Satra. Majuli. Assam

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Satra Uttar Kamalabari. Majuli. Assam
Satra Uttar Kamalabari. Majuli. Assam

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Tecelagem em Majuli:

Se bem que a maior atração de Majuli são as satras, uma visita mais demorada não deixa escapar o modesto mas elaborado trabalho de tecelagem, diariamente executado pelas mulheres.

Em precários telheiros, por baixo das casas, nos quintais, nos alpendres… mulheres passam horas tecendo elaboradas tramas em simples teares de madeira de onde resultam coloridos e intrincados padrões.

Poderia pensar-se que se trata de uma importante actividade económica que ocupa as mulheres durante a época em que os campos e a plantação de arroz não necessita de tanta mão-de-obra. Mas estas bonitas peças de tecelagem são para uso das mulheres que as fazem, sendo as mais simples usados no dia-a-dia, e as mais elaboradas e vistosas para ocasiões especiais como a ida a uma satra, que é sempre feita em família.

Os Assameses, em particular os homens usam frequentemente um pano ao pescoço em forma de lenço, o gamosa, onde sob fundo branco surgem padrões geométricos ou figurativos construídos em fio vermelho que sobressaem no fundo liso. Estes panos, que facilmente se confundem com toalhas têm várias utilizações e servem não só de adorno em volta do pescoço, em volta da cintura, como também como tolha de banho, ou decorando mesas e altares. O vermelho e branco destes panos é um elemento comum à decoração das figuras que se encontram nas satra, assim como adorno do indispensável garuda, de longo nariz e amplas asas.

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Majuli Island. Assam
Majuli Island. Assam

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Majuli Island. Assam
Majuli Island. Assam

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Majuli Island. Assam
Majuli Island. Assam

 

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Onde dormir em Majuli:

Em Kamalabari existem várias guest houses a uma distância razoável de ser feita a pé de mochila às costas. Contudo algumas recusam-se a receber estrangeiros argumentando que estão cheias. Outras oferecem fracas condições. De qualquer das formas o alojamento na ilha, assim como nas principais cidades dos estados do Nordeste, é mais caro do que o habitual, com um quarto duplo, com casa-de-banho partilhada, a custar no mínimo 400 rupias.

Dos vários locais visitados em Kamalabari e em Garamur a melhor opção é sem dúvida o Ygdrasill Bamboo Cottage, situado próximo da estrada que liga as duas povoações. É possível alugar bicicleta (50 rupias) e encomendar refeições, com um delicioso jantar composto por variados e deliciosas pratos, a custar 150 rupias… mas com a comida adaptada ao “gosto” ocidental, ou seja, sem picante.

Existem vários tipos de quartos, mas todos construídos em madeira e bamboo. Um quarto duplo, com casa-de-banho pode variar entre 600 e 1000 rupias.

Ygdrasill Bamboo Cottage (na estrada entre Kamalabari e Garamur)

Contact: [email protected]

Telef: 08876707326; 088 222 42244

Em paralelo com esta actividade hoteleira, e com sede nas mesmas instalações existe um NGO – Amar Majuli – dedicada a apoiar projectos de desenvolvimento local, em especial mulheres.

//rupias.facebook.com/pages/Amar-Majuli/706510102708825

Contact: [email protected]

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Ygdrasill Bamboo Cottage. Majuli Island. Assam
Ygdrasill Bamboo Cottage. Majuli Island. Assam

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Ygdrasill Bamboo Cottage. Majuli Island. Assam
Ygdrasill Bamboo Cottage. Majuli Island. Assam

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Onde comer em Majuli:

Na Ygdrasill Bamboo Cottage é servido jantar que vale bem a pena, pois as opções em termos de restaurantes, tanto em Kamalabari como em Garamur são deveras pobres e pouco atractivas. Ao pequeno-almoço pode-se encontrar samosa ou puris (pão achatado frito) acompanhados de um fraco caril de batata. Ao almoço o habitual arroz com caril de batata e mais uns escassos vegetais acompanhados por um dal (caril de lentilhas) aguado. Contudo o prato mais popular é paratha, que aqui é feita sem recheio, que não é mais do que um pão espalmado cozinhado na frigideira com um pouco de óleo. Para acompanhar esta espécie de panqueca é servido um caril de batata onde se uns grãos de leguminosas e um chutney doce que mais se assemelha a uma compota de fruta.

Claramente Assam não é um destino para quem a comida é um dos atractivos das viagens!!! Ficou a memória de batatas a todas as refeições! Contudo a comida é bastante barata, com uma samosa a custar 5 rupias, uma refeição de paratha cerca de 25 rupias e uma refeição à base de arroz a custar 60 rupias.

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Transportes em Majuli:

Entre Kamalabari e Garamur circulam shared-taxis, localmente chamados de tempos, ou sumos, caso sejam um Jeep, que ligam as principais povoações até ao Kamalabari Gaht, de onde parte o ferry. Assim o melhor é caminhar pela estrada e esperar que passe algum destes veículos ou um dos poucos autocarros que fazem a ligação ao ferryboat.

  • bus de Garamur para Kamalabari Gaht: 15 rupias
  • tempo ou sumo (táxis partilhados) de Garamur para Kamalabari: 10 rupias
  • táxi de Garamur para Kamalabari Gaht: 200 rupias

Outra opção é pedir boleia, aos pouco carros que passam, não sendo contudo difícil conseguir uma boleia dada a generosidade das pessoas.

Mas o melhor é alugar uma bicicleta. As estradas são planas mas têm algumas zonas em más condições. Não existe nenhuma loja especializada neste negócio, pelo que é necessário ir perguntado à população local. Algumas das guest houses alugam bicicletas.

Raja é um taxista simpático que foi muito prestável na busca por alojamento, numa altura em que quase tudo estava cheio por causa da visita do primeiro ministro à ilha. Contacto: 8811 9777 51

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Internet em Majuli:

Como é normal nos alojamentos em Assam e nos restantes estados do nordeste da Índia, não há wi-fi. É necessário procurar um posto de internet: “web-cafe” ou “cyber-cafe”. Contudo nem sempre há wi-fi, mas somente computadores.

Mas Kamalabari tem um posto de Internet com wi-fi e com boa ligação e velocidade razoável, situado entre o cruzamento principal e a bomba de gasolina.

  • Wi-fi: 20 rupias por hora.

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wi-fi cyber cafe. Kamalabari. Majuli Island. Assam
wi-fi cyber cafe. Kamalabari. Majuli Island. Assam

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altitude: 84 m

população: 153.400

 

… de paraíso em paraíso, passando pelo inferno… de Nongriat para Majuli

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Missão: deixar Nongriat e a fantástica paisagem das Khasi Hills, no estado de Megahlaya e ir para a ilha fluvial de Majuli, situada na mítico Brahmaputra, rio que domina as planícies do estado de Assam.

Obstáculos: primeiro era necessário vencer os cerca de 3000 degraus que separam Nongriat de uma qualquer estrada acessível a transportes públicos. Depois, ir de Sohra para Shillong, e de Shillong para Guwahati. E por fim, chegar a Jorhart a tempo de apanhar o último ferryboat para Majuli.

Meios de transporte: sumo (shared-taxi), tuk-tuk, tempo (shared tuk-tuk), bus e ferry boat.

Equipa: três intrépidos viajantes de diferentes nacionalidades, com vasta experiência a viajar pela Índia.

***

Olhando para o mapa, conhecendo um pouco o modo de viajar pela Índia, e estando já familiarizados com os meios de transporte usuais no Nordeste do país, este percurso, apesar de ambicioso não apresentava problemas de maior, para além do facto de serem necessários dois dias para vencer os quase 470 quilómetros que separam Nongriat de Majuli, A estes factores junta-se a necessidade de passar uma noite na cidade de Guwahati, cuja hospitalidade deixou muito a desejar na ultima visita.

Mas os Northeast States têm as suas particularidades que criaram obstáculos e contrariedades imprevisíveis, obrigando a muita paciência e esforço. Primeiro foi a o Holi Festival, comemorado por Hindus em Assam, que sendo um feriado próximo do fim-d-semana provocou um grande movimento de pessoas dificultando o acesos a transportes. Por acaso, ou não, a Páscoa coincidiu nesse mesmo fim-de-semana, e sendo o estado de Megahlaya fortemente cristão, era quase garantido que desde sexta-feira Santa até Domingo de Páscoa não haveria qualquer tipo de transporte púbico, nem sequer táxis, o que obrigaria a ficarmos “encalhados” na desinteressante vila de Sohra por três dias. Por ultimo as eleições regionais no estado de Assam, que colocaram a pacata ilha de Majuli no itinerário da campanha eleitoral do primeiro-ministro indiano, que arrastou consigo milhares de pessoas numa espécie de peregrinação.

Subir de Nongriat para Sohra deixou as pernas cansadas, o corpo ensopado em suor, e alguma melancolia por ter abandonado tão paradísico lugar. Mas a bucólica calma da paisagem rural foi rapidamente substituída pela pressa e pelo stress de sair rapidamente de Sohra, para chegar a Shillong a tempo de apanhar um sumo para Guwahati, numa altura em que a aproximação do fim-de-semana juntamente com o Holi Festival colocou muita gente em movimento, diminuído as hipóteses de conseguir lugares num dos sumos que ligam as capitais de Meghalaya e Assam. Missão cumprida com sucesso, apesar da longa espera junto de antipáticos e alcoolizados funcionários da empresa de “sumos”, que se aproveitaram da situação para cobrar umas rupias extras pelo bilhete.

Na chegada a Guwahati repetiu-se a frustrante busca por alojamento, numa cidade em que muitos dos hotéis e guest houses não têm licença para receber estrangeiros, empurrando-nos para opções demasiado dispendiosas. Depois de uma dose de antipatia restou o pouco atractivo dormitório do Youth Hostel, que nestas circunstâncias se mostrou bastante acolhedor, onde a decadência ganhou um toque de “patina”.

Apesar da reconfortante refeição e de uma noite de sono, o grupo estava desmoralizado com a perspectiva de fazer uma viagem de mais de 6 horas até Jorhat. Mas o autocarro que nos esperava, um moderno e luxuoso veículo da ASTC (recomendável companhia estatal), de confortáveis e espaçosos assentos, deram ânimo para mais esta jornada.

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Campos de arroz. Assam
Campos de arroz. Assam

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Plantações de chá. Assam
Plantações de chá. Assam

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À medida que a plana e monótona paisagem de Assam, de campos de arroz e plantações de chá, ia desfilando pelas janelas os olhos foram ficando pesados e o corpo entregou-se a sonolento torpor. Mas nada dura, e abandonando o conforto do ar-condicionado que nos protegeu do calor das planícies de Assam, somos de repente despejados à beira da estrada nacional, entregues ao pó e ao barulho das buzinas, sem saber exactamente onde estávamos. Assim chegamos a Jorhat!

Em Jorhat não houve tempo para paragens, e de tuk-tuk em tuk-tuk, no meio do trânsito desorganizado da cidade. Depois de uma viagem turbulenta por uma estrada cheia pó, num pequeno tempo (shared tuk-tuk), dimensionado para quatro mas onde viajaram oito passageiros com bagagem, eis-nos finalmente nas barrentas margens do Brahmaputra.

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Nimati Gaht, Jorhart. Assam
Nimati Gaht, Jorhart. Assam

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No Nimati Gaht, um improvisado cais de acesso ao ferry, onde a subida e descida do tempestuoso rio não permite estruturas duradouras, segue-se uma tranquila viagem até Majuli, num apinhado ferry onde o tejadilho do compartimento de passageiros serve para transportar mercadorias e motas, havendo ainda espaço para alguns passageiros. A viagem no tejadilho do barco, para além do ar fresco, proporciona o um curioso ponto de observação para a ilha, cuja superfície totalmente plana se confunde com a linha do horizonte.

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Brahmaputra. Assam
Brahmaputra. Assam

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Brahmaputra. Assam
ferry boat que atravessa o Brahmaputra até Majuli. Assam

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Brahmaputra. Assam
Brahmaputra. Assam

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Brahmaputra. Assam
Brahmaputra. Assam

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Assim de saímos do ferry, directamente para o banco de areia fina que forma esta ilha fluvial, oficialmente a maior do mundo, somos apressadamente conduzidos no meio de muita confusão, para um todo-o-terreno, onde nos temos que contorcer-se para conseguir caber no espaço sobrelotado. Mas por sorte, um autocarro reservado para militares ofereceu-nos espaço e um pouco de simpatia. Depois do percurso pela areia segue-se uma paisagem verde e rural, onde a estrada nos leva à primeira povoação: Kamalabari.

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local onde o ferryboat atraca na Ilha de Majuli, que dada a subida e descida das águas do Rio Brahmaputra, obriga a mudança de local ao longo do ano

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Majuli junto ao local onde os ferry boats atracam. Assam
Majuli junto ao local onde os ferry boats atracam. Assam

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E quando finalmente, depois de quase dois dias em viagem, parecia termos sido bem sucedido a chegar destino, em Kamalabari, surgiu o maior obstáculo do itinerário: arranjar alojamento.

As opções não são muitas na ilha, mas para agravar a situação a nossa chega coincidiu com a visita do primeiro-ministro indiano à ilha, numa das etapas da campanha eleitoral das eleições regionais de Assam. As campanhas eleitorais na Índia, muitas vezes chamada a “maior democracia do mundo”, mobilizam muita gente, mas neste caso a situação dramatizou-se com a presença de Modi, sobre o qual recai uma espécie de veneração quase-religiosa, atraiu uma invulgar multidão à ilha. Este fenómeno insólito, pois foi a primeira vez que um primeiro-ministro visitou este local desde a independência da Índia, encheu praticamente todos os alojamentos.

Com a ajuda de alguns habitantes, de vendedores de legumes, de taxistas e até de militares destacados para assegurar a segurança do primeiro-ministro, foi possível ao fim de 3 horas de buscas encontrar um alojamento, um pouco afastado do centro de Kamalabari, e onde o proprietário tirou partido da situação, inflacionando o preços dos quartos.

Apesar de pouco agradável, o quarto ofereceu condições para um merecido descanso, depois de uma refeição terrível, onde a um desinteressante caril de batata acompanhado de uma paratha oleosa, se juntou um banal estufado também de batata e ervilha amarela, criando um monótono parto em tons amarelados e marcando o inicio de uma série de refeições, onde tive que rever a minha máxima “de que a comida indiana mesmo não sendo boa, nunca é má!”… pois Assam fez-me mudar de ideias!!!

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Como ir de Nongriat até Guwahati:

  • subir os mais de 3000 degraus até à estrada principal;
  • caminhar até Tyrna, cerca de meia hora; daqui é possível apanhar um táxi directamente para Sohra;
  • bus ou shared-taxi de Tyrna para Sohra: 40 rupias (20 minutos)
  • sumo de Sohra to Shillong: 70 rupias (1.5 horas)
  • em Shillong o sumo termina no Bara Bazaar, dentro de um terminal, no piso superior. Para encontrar os sumo para Guwahati é necessário ir para um terminal maior, num edifico em betão situado mais à esquerda, a cerca de 5 minutos, subindo uma movimentada rua. Caso não haja aqui sumos disponíveis, é necessário ir de táxi (ou a pé) até Police Bazaar, e aí descer a Keating Road (à esquerda da GS Road) até encontrar os sumos para Guwahati, estacionados do lado esquerdo.
  • sumo de Shillong para Guwahati: 170 rupias (2.50 horas, mas pode ser mais de 3 horas, conforme o trânsito).
  • Em Guwahati o sumo termina no Paltan Bazaar, perto do terminal de autocarros e da estação de comboios.

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"tempos" uma espécide de taxi partilhado entre Jorhart e o Nimati Gaht. Assam
“tempos” uma espécie de de taxi partilhado entre Jorhart e o Nimati Gaht. Assam

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Como ir de Guwahati até Majuli:

  • Bus de Guwahati para Jorhat: 330 rupias (a viagem demora 7 horas, com paragem para pequeno-almoço). O autocarro deixa os passageiros à entrada da cidade, na estrada principal, que fica a uma distância que pode ser feita a pé.
  • Shared-taxi (tempo) até ao centro de Jorhat: 20 rupias (10 minutos)
  • De Jorhat (bazaar) shared-taxi para Nimati Gaht: 20 rupias (20 minutes)
  • Ferry Nimati Gaht to Majuli Island: 30 rupias (1 hour)
  • Shared-taxi do local onde atraca o ferry até Kamalabari (a povoação mais próxima): 30 rupias (20 minutes)

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Tarifas do ferryboat para Majuli. Assam
Tarifas do ferryboat para Majuli. Assam

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Horário do ferryboat para Majuli. Assam
Horário do ferryboat para Majuli. Assam

 

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