Quando abandonámos a estrada principal e nos dirigimos para o Mosteiro de Thikse, constituído por diversos edifícios que pareciam escorrer pela encosta rochosa que se erguia solitária na ampla paisagem, parecia que nos aproximávamos de uma construção abandonada e sem vida, onde reinava um silêncio quase total.
Fomos subindo, passando por inúmeras stupas e fazendo girar as rodas de orações que encontrámos pelo caminho até deparar-mos com o templo principal, vigiado por um monge, que lia atentamente. Todo o ambiente convidada ao silêncio.















O mosteiro, situado a cerca de 19 quilómetros de Leh, foi construído no século XV, sendo ainda habitado por monges budistas. Recentemente foi construído um novo templo, o Maitreya, dominado por uma enorme estátua do Buddha. Junto ao principal templo, e o mais antigo, demorámo-nos a observar e a interpretar as pinturas que decoram as paredes exteriores, representando os guardiões dos quatro pontos cardiais e a roda da vida.
Eis o significado da Roda da Vida, segundo a explicação existente no Mosteiro de Thikse:
“A Roda da Vida, foi desenvolvida para ajudar a entender o funcionamento das nossas mentes. Mostra-nos o caminho da libertação do ciclo da vida e da morte.
No centro da roda encontram-se três animais – o porco, a serpente e o galo – representando os três principais pecados, respectivamente, a ignorância, o ódio e a inveja.
O controlo total sobre estes três pecados leva à libertação do ciclo da existência.
A parte maior da roda é dividida em seis secções: os seis estados da transmigração. Na parte mais abaixo, o Inferno (Nyalwa), à direita o estado dos Fantasmas (Yidaks), à esquerda o estado Animal (Dundo). No topo, ao centro está representado o mundo dos Deuses (Deva-Ghan), à direita os Titans (Lhamayin) e à esquerda o Homem (Mi).
Os três estados da metade superior da roda representam uma vida mais afortunada, em comparação com os três estados representados na metade inferior; contudo mesmo nos estados superiores existe sofrimento e infelicidade em resultado de acções negativas.
Os que nasceram nos estados superiores encontram-se aí em resultado de anteriores acções positivas, mas mesmo assim não lhes é garantido que atinjam o Nirvana, e não se encontram libertos dos estados inferiores.
Os que nasceram nos estados inferiores, em resultado de ações negativas em vidas anteriores, poderão reencarnar num estado superior, ou mesmo chegar ao Nirvana, em resultado de acções positivas.
A causa do eterno renascimento está ilustrado nas doze imagens representadas no anel exterior da Roda da Vida. O homem cego representa a Ignorância. Para fugir á ignorância, encontra-se o homem a fazer potes de barro, que atinge a Consciência, ilustrada pelo macaco a trepar a uma árvore, sem descanso para cima e para baixo.
A partir da consciência chega-se ao Nome e à Forma, representados por um homem a remar num barco que significa as necessidades do corpo e da mente de forma a atingir a reencarnação no oceano de Samsara. O Nome e a Forma trazem consigo os seis sentidos, representados pelas seis casas com cinco janelas, que são os olhos, o nariz, a língua, a pele e a mente. A partir dos seis sentidos atinge-se o Contacto, representado pelo homem e a mulher abraçados. Do Contacto vem o Sentimento representado pelo homem a ser atingido, no olho, por uma seta. Do Sentimento vem o Desejo e a Ganância representados por um homem a agarrar um fruto. Da Ganância, vem a Existência, representada por uma mulher prestes a dar à luz, e da Existência vem o Nascimento, representado por uma criança acabada de nascer. Do Nascimento vem a Velhice, e da Velhice vem a Morte.
Os dentes e as garras de Yamantaka, o Senhor da Morte, seguram a roda, mostrando que não existe fuga ao sofrimento, morte e renascimento a não ser que se ultrapasse os três pecados capitais: a Ignorância, o Ódio e a Inveja, e se atinja o Nirvana.”




Deixando para trás o Mosteiro de Thikse, encaminhamo-nos para o Palácio de Shey, que se localiza a cerca de três quilómetros, tendo passado pela maior concentração de stupas existente na região do Ladakh. São centenas de construções impecavelmente pintadas de branco, independentemente de algumas já se encontrarem bastante degradadas, que se destacam na árida e semidesértica paisagem de montanhas despidas de vegetação e qualquer presença humana.



Após visitar-mos o Palácio de Shey, que não se revelou nada de espetacular para além da ampla vista que daí se tem para o vale, ocupado por agricultura e árvores de fruto, conseguido pelo engenho do homem que consegui irrigar estes terrenos arenosos e secos.







[…] um atrativo da região. Os mosteiros budistas da região, como o Mosteiro de Tengboche no Nepal e o Mosteiro de Thiksey na Índia, são pontos turísticos populares, e guardam tesouros arquitetônicos e religiosos […]