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Stepping Out Of Babylon

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Tamil Nadu

Auroville

Compreender Auroville não é tarefa fácil, visitá-la é ainda pior, em particular para quem não tem meio de transporte próprio. O local encontra-se a poucos quilómetros a norte de Pondicherry, no estado de Tamil Nadu, mas estende-se por um raio de cerca de 50 quilómetros. As alternativas são os autocarros disponibilizados pelo Ashram e pela organização de Auroville, ambos apresentando rígidos e reduzidos horários, e com visitas guiadas em grupo.

A primeira tentativa revelou-se frustrante, pois não foi mais do que conhecer o centro de acolhimento a visitantes, onde somos encaminhados para assistir a um vídeo sobre Auroville, o conceito, a história e o plano futuro, e depois seguir a passo acelerado para o local de onde ao longe se pode observar o edifício que constitui o núcleo do espaço e representa a filosofia associada a Auroville, a Matrimandir.

Da segunda visita, já com as coisas organizadas, e que me permitiram obter o passe de acesso ao interior da Matrimandir e ao espaço envolvente, não pude ver mais do que o edifício e os jardins circundantes, tendo também que assistir a um outro vídeo, desta vez sobre a construção da Matrimandir.

O conceito de Auroville surgiu da ideia da The Mother com o intuito de “criar uma cidade internacional, onde não existissem barreiras religiosas, culturais ou linguísticas, onde o ser humano se pudesse desenvolver em harmonia e ascender a uma consciência superior e divina”.

O projecto foi iniciado em 1968 numa cerimónia que reuniu enviados de diversas nações de todo o mundo, onde durante uma longa cerimónia cada um depositou um pouco de terra do seu país, num recipiente localizado abaixo do solo, pretendendo-se assim representar simbolicamente a união dos povos.

Em 1973, após a morte da The Mother, inicia-se a construção da Matrimandir, com base numa das suas visões, um “templo dedicado à meditação e que pretende criar um ideal de beleza capaz de elevar os espíritos”.

A Matrimandir, uma esfera ligeiramente achatada, coberta de discos forrados a folha de ouro, dispostos em várias camadas, que parece irromper do solo vermelho transportando o seu brilho para a superfície, devido ao efeito criado pelas construções que a circundam e que se assemelham a pedaços de solo levantados do chão, mas que são pequenas salas dedicadas também à meditação.

Anexa a cada uma destas salas de meditação, num total de doze conforme o números de pétalas do símbolo da The Mother, encontra-se um jardim cuja disposição e as flores escolhidas correspondem às suas doze qualidades: progresso, bondade sinceridade, gratidão, humildade, paz, igualdade, generosidade, coragem, perseverança, aspiração, receptividade.

Toda esta estrutura assim como os jardins, situam-se no cima de uma ligeira elevação do terreno, envolvida um vasto relvado pontuado de árvores, onde somente se ouve o som do chilrear das aves.

No interior do edifício, ao qual os visitantes somente podem aceder em visitas de grupo, previamente marcadas, calçando peúgas branca fornecidas à entrada, encontra-se um amplo espaço oval, todo revestido de mármore e alcatifa, dominado o branco e o tom suave e pálido rosa-salmão, que é a côr característica de Auroville. Daqui partem duas rampas de forma curva, delicadamente suspensas no espaço, que ascendem ao interior da sala de meditação, de forma cilíndrica, cuja amplitude do espaço somente é interrompida por um conjunto de pilares dispostos em círculo, no centro do qual está situada a espera de cristal que é para onde se foca toda a atenção. Mede cerca de setenta centímetros de diâmetro e está assente sobre uma estrutura metálica formada pelo símbolo do Sri Aurobindo, sendo atravessada por um raio de luz solar captado por um complexo sistema de sensores e de espelhos que se adapta à orientação do sol, que desce verticalmente desde o topo do edifício, por onde entra através de um orifício existente no tecto.

Ao atravessar esta esfera de cristal, criando assim o “símbolo da realização futura”, o foco de luz sai pela base do edifício, na direção de uma esfera de cristal de menor diâmetro que repousa no centro de uma estrutura de mármore, formada por diversas pétalas, claramente alusivas ao símbolo da The Mother, sobre as quais desliza suavemente uma fina camada de água, cujo suave mourejar contribui para realçar o efeito onírico e relaxante do espaço.

No interior da sala, onde os visitantes têm direito a permanecer quinze minutos para meditação, à medida que a iluminação elétrica se vai tornando menos intensa, reduzindo a sala a uma calma penumbra, o foco de luz-solar vai-se tornando mais visível aumentando o efeito místico da esfera de cristal.

A visita terminou no anfiteatro situado próximo, de forma oval que se desenvolve em torno do recipiente que simboliza o centro de Auroville e que reúne solo de vários países, mas que se encontra exposto ao inclemente sol tornando a permanência neste espaço uma verdadeira penitência, com a pedra usada da sua construção e de uma forma geral em todo o espaço envolvente, um arenito vermelho, a concentrar todo o calor. Este espaço é usado esporadicamente para espetáculos aquando do aniversário do Sri Aurobindo e da The Mother, e outras efemérides.

Quando começou a construção da Matrimandir, somente existia uma árvore a “banyan”, uma espécie que se encontra frequentemente no sul da Índia e que juntamente com a “bodhia” e a “neem” são consideradas sagradas. Em volta desta árvore, cujas raízes aéreas formam uma pequena e densa floresta, foi construído um espaço relvado, com banco onde os visitante podem descansar abrigados do sol sob a imensa copa da árvore.

O projecto ainda não esta concluído, tendo até agora sido feito com base em trabalho voluntário e financiado por donativos. De acordo com a visão da The Mother, prevê-se a construção de um canal que circundará todo o espaço, formado uma barreira de água e separando-o do resto de Auroville, mas que de momento está a ter dificuldades de implementação devido à escassez de água que caracteriza a região e à localização da Matrimandir numa zona elevada do terreno.

Depois desta visita, que nenhuma liberdade deixa para explorar o espaço, fica a questão: para que serve tudo isto? Não é somente para meditar, pois para isso não é necessário nada desta complexa estrutura! Será, segundo as palavras da The Mother “o símbolo da resposta divina à aspiração do homem à perfeição”? Ou será somente para satisfazer o ego humano e deixar uma marca da sua existência para a posteridade, com a aspiração de que o seu nome nunca seja esquecido?

Auroville. Matrimandir
Auroville. Matrimandir
Auroville. Matrimandir
Auroville. Matrimandir
Auroville. Matrimandir
Auroville. Matrimandir
Umas das várias árvore “banyan”
Umas das várias árvore “banyan”
Auroville. Quiet Helaing Center
Auroville. Quiet Healing Center
Auroville. Quiet Helaing Center
Auroville. Quiet Healing Center
Auroville. Quiet Helaing Center
Auroville. Quiet Healing Center

Á volta do núcleo central, dominado pela Matrimandir, Auroville desenvolve-se em forma de uma elipse copiando a forma de uma galáxia, estando dividida em três zonas distintas: residencial, industrial e comercial, esta ultima incluindo supermercado destinado aos habitantes e algumas lojas onde se vendem artigos produzidos internamente, situadas na zona de recepção aos visitantes e uma outra em Pondicherry.

Aqui estão alojadas diversas comunidades, também elas com nomes retirados dos textos escritos pela The Mother, como Serenity, Felicity, Surrender, Sincerity, Fraternity, Silence… cada uma delas desenvolvendo projectos específicos, mas nem todas partilhando da filosofia do Sri Aurobindo e da The Mother.

A maioria está dedicada à agricultura, algumas integrando elementos da comunidade local, desenvolvendo técnicas para a produção sustentável de alimentos neste tipo de terreno e de clima e ao esforço de florestação que tem vindo a ser feito à cerca de quarenta anos, de tornar esta zona semi-desértica numa floresta, criando uma proteção natural ao solo e às reservas de água, tendo-se criado o chamado “green belt”.

Comunidades há, mais focadas na arquitectura e construção, desenvolvendo novas

técnicas, experimentando materiais e criando casas que ao mesmo tempo que correspondem à finalidade de alojar pessoas que aqui habitam, servem também como laboratório de experimentação de novas formas arquitectónicas.

Esta comunidades aceitam voluntários para trabalhar em troca geralmente de comida e de alojamento, podendo em alguns casos receberem um simbólico salário.

Foi adaptado um sistema financeiro em que não circula fisicamente dinheiro dentro de Auroville, tendo cada um dos habitantes um número associada a uma conta, que se apresenta nas lojas e restaurantes de Auroville. Este sistema pouco amigável para os visitantes pois têm que inicialmente se dirigirem ao Centro de Acolhimento para pedir um cartão temporário ou simplesmente dirigirem-se a alguns dos residentes que esteja por perto para efetuarem o pagamento, recebendo o nosso dinheiro.

Apesar de se pretender tornar Auroville auto-sustentável em termos financeiros, com a venda de produtos fabricados localmente, como o queijo, o pão, incensos, óleos essências e suplementos alimentares como a spirulina, e com as contribuições mensais de quem aqui habita, continua a haver o financiamento do Governo Indiano.

Graças ao Gundolf, um arquitecto alemão dedicado a este projecto à quarenta anos, pude visitar finalmente Auroville, onde tive a possibilidade de apreender melhor o conceito que está por trás desta estrutura e a forma como funciona. Conheci algumas das infraestruturas desta utopia social, como escolas, centro de saúde, biblioteca, restaurantes, salas de exposição, cinema, campo de jogos, piscina e inúmeros espaços destinados a espetáculos e a actividades culturais. Na designada Área Internacional, alguns países como a Índia e o Tibete têm os seu pavilhões com exposições e actividades culturais, onde também se realizam espetáculos.

Tudo isto funciona actualmente para cerca de 2500 habitantes, número muito inferior aos 50 mil inicialmente esperados e para a qual a cidade tem sido dimensionada.

Pertencente a Auroville, mas localizada a alguns quilómetros, junto à praia, encontra-se o Quiet Healing Center, dedicado às massagens, às terapias naturais e medicinas alternativas, com infraestruturas que permitem a realização de cursos e de secções de terapia, dispondo de um conjunto de edifícios destinados ao alojamento de quem aqui vem para tratamento ou simplesmente para relaxar.

Segunda a frase da The Mother “Auroville não pertence a ninguém em particular, sendo um local de busca espiritual e material, tirando partido das novas tecnologias e descobertas, em constante progresso”. Pelo que vi, cumpre estes objectivos, onde por exemplo se podem encontrar escolas com métodos de ensino alternativos, em que os alunos escolhem as disciplinas a desenvolver, de acordo com as suas potencialidades e capacidades, sob orientação de professores e acompanhamento dos pais, preparando-os ao mesmo tempo para ingressarem em universidades no estrangeiro, europa e estados unidos, essencialmente.

Das pessoas que conheci, tanto em Auroville como no Quiet Heling Center durante o tempo que frequentei o curso de Niamaya Ayurvedic Therapeutic Massage, apercebi-me que existe uma identidade comum às pessoas que aqui vivem e que aqui nasceram, que quando questionadas sobre a sua origem, respondem que são “auroviliens”.

A maioria dos habitante é de origem francesa ou alemã, existindo ainda pessoas de outras trinta nacionalidades.

Mas para conhecer Auroville não chegam umas visita. É necessário permanecer semanas ou meses para ter contacto com os inúmeros projectos nas diferentes áreas onde cada um se pode associar e participar. Ficou a vontade de voltar!

Reprodução da esfera e do suporte existentes no interior da sala de meditação da Matrimandir. Esto fot foi tirada na Mother House
Reprodução da esfera e do suporte existentes no interior da sala de meditação da Matrimandir. Esto fot foi tirada na Mother House

Pondicherry

Enquanto olho o mar que reflecte as nuvens cinzentas que cobrem o céu, observo as ondas que lentamente se formam e vêm rebentar junto à chamada costa de Coramandel onde se situa a cidade de Pondicherry, no estado de Tamil Nadu. Nuvens de libelinhas efetuam os seus voos sem aparente ordem ou objectivo enquanto pousadas no cimo dos coqueiros as gralhas insistem no seu grasnar rouco e constante. O calor da tarde gera um torpor que inibe qualquer iniciativa ou movimento.

A viagem desde Thanjavur, feita de autocarro público, transportou-me por extensas planícies, salpicadas de coqueiros, onde pontualmente despontam, como que arrancadas do chão, maciças formações graníticas, cuja cor não difere muito do avermelhado ferroso da terra, cujos campos permanecem despidos e por lavrar, enquanto esperam pela monção. Zonas há em que a água dos rios, que se espalha facilmente pelo terreno plano é suficiente para irrigar o campos de cana-de-açucar, com as suas folhas verdes escuras e brilhantes, e para permitir o cultivo de arroz que se parecem com um macio tapete vegetal.

Todos os percursos que fiz pelo sul desde que saí de Chennai, revelaram uma paisagem predominantemente rural, em que a estrada serpenteia por campos agrícolas, atravessando pequenas povoações, cujas casa construídas maioritariamente em folha de bananeira habilmente entrançada formando paredes e tecto, estáo dispostas à beira da estrada, expondo o quotidiano doméstico à vista de quem passa.

Pondicherry é mais do que uma cidade pois o mesmo nome pode também designar a União Territorial de Pondicherry, considerada como um estado independente e que é constituída por mais três pequenos territórios: Karaika situada a cerda de140 km para sul, ainda junto ao estado de Tamil Nadu, Yanam a 870 quilómetros para norte e Mahé que se situa no estado de Kerala, na costa oeste, ficando afastada mais de 647 quilómetros. Todas estes territórios constituíam colónias francesas que com a independência ficaram agregadas num único estado, mantendo ainda alguma da identidade cultural francesa, que é cultivada pelos locais.

A presença cristã, que praticamente só se nota no sul da Índia, torna-se mais evidente em Pondicherry, onde proliferam igrejas, católicas e protestantes, conventos, escolas e outas instituições de carácter religioso, algumas com fins caritativos, existindo até uma livraria dedicada exclusivamente à religião cristã.

Mas o mais evidente é a presença francesa, que se manifesta pela arquitectura dos edifícios, pelos restaurantes, cafés e esplanadas e também pela forte presença cultural resultante da actividade da Alliance Française, que promove exposições, secções de cinema e outros eventos, paralelemente aos cursos de francês que atraem indianos vindos de várias partes do país.

Aqui também se podem encontrar o Lycée Françaises, frequentado tanto por crianças indianas como francesas, pois aqui reside um significativa comunidade francófona, muitas vezes ligada ao turismo, restauração, lojas de decoração e ao comércio de artigos orientados para o gosto e para os padrões ocidentais.

As ruas da cidade são disposta ortogonalmente, orientadas paralelamente à praia, muitas delas orladas de árvores que proporcionam cor e alguma frescura, sendo frequente penderem dos muros cachos de buganvílias de intenso rosa. De uma forma geral toda a parte considerada como centro histórico, e que corresponde à maior presença francesa, é calma, limpa e organizada, não existindo lixo nas ruas, esgotos a céu aberto, ou vacas a passear. O trânsito é pouco intenso, dominado as bicicletas, os rickshwas, e cada vez mais as motorizadas e os tuk-tuk que aos poucos se vão impondo, sendo contudo um local para descobrir a pé, ou melhor ainda, de bicicleta, para manter o espírito da cidade!

Ao fim da tarde a marginal que se estende ao longo de toda a frente marítima da cidade, é fechada ao trânsito e literalmente ocupada pelos habitantes e pelos turistas, a maioria indianos, que aproveitam o ar fresco proporcionado pela ligeira brisa do mar enquanto convivem e caminham, em grupos de amigos ou em família, debicando amendoins e pistácios, lambuzando os dedos em colorido algodão doce e enchendo a rua de frenética animação. Pela manhã, enquanto a marginal não é aberta ao trânsito, vêm-se muitas pessoas a praticar exercício físico, como correr, caminhar, fazer flexões e alongamentos, o que é verdadeiramente invulgar num país pouco dado à prática desportiva.

Junto à "praia" de Pondicherry com a bicicleta que aluguei durante praticamente todo o tempo que aqui estive
Junto à “praia” de Pondicherry com a bicicleta que aluguei durante praticamente todo o tempo que aqui estive
Pondicherry
“Praia” de Pondicherry
Pondicherry
Mantendo a tradição deixada pelos franceses os polícias em Pondicherry usam um chapéu semelhante aos “gendames” mas em vermelho
Pondicherry
Uma das muitas casa coloniais que se mantém preservada, sendo geralmente transformadas em hotéis , café ou em lojas, como é o caso desta dedicada ao fabrico e venda de bordados
Pondicherry
Pondicherry, junto a um dos edifícios pertencentes ao ashram, pintada nas características  cores cinzento e branco
Pondicherry
Pondicherry
Pondicherry
Pondicherry
Pondicherry
Pondicherry
Pondicherry
Pondicherry
Pondicherry
Igreja dos Missionários em Pondicherry; um contras-te estranho entre os tropicais coqueiros e o estilo neo-renascentista do edifício
Pondicherry
Pondicherry
Pondicherry junto à marginal
Marginal junto à “praia” de Pondicherry, onde à noite estes carrinhos se transforma em vendas de refrigerantes, doces e de uma grande variedade de aperitivos e frutos secos salgados e picantes que são muito populares entre os indianos
MArginal em Pondicherry
Marginal depois da hora de jantar, onde se vêm muitas pessoas a passear e algumas exercitando-se a fazer caminhadas, aproveitando o abrandar do calor
Pondicherry
Pondicherry
Pondicherry
Monumento dedicado ao responsável pela redação da constituição Indiana
Honesty Department Stores
Honesty Department Stores: um verdadeiro achado nesta cidade d ePondicherry de uma loja que parece que parou no tempo, algures nos anos 40… o numero de funcionários e elevado pois tudo é manual. Para pagar é preciso passar por três balcões e pelos três respectivos funcionários: o que passa a factura, o que recebe o dinheiro, o que carimba o recibo, sendo necessário depois ir entregar este documento ao primeiro empregado para receber o que comprámos.
Honesty Department Stores
Honesty Department Stores
Honesty Department Stores
Honesty Department Stores onde mais uma vez está presente a fotografia do Sri Aurobindo e da The Mother

Contrastando com a calma e tranquila Pondicherry francesa, há ainda para descobrir a sua irmã indiana, que se vai manifestando à medida que nos afastamos do mar, com os seus habituais bazares, barulhentos e fervilhando de gente, em especial ao cair do dia, em que se fazem as compras nos mercados que estão aberto desde a manhã, só abrandando o ritmo na altura mais quente do dia. Por oposição à “white town” a parte mais indiana de Pondicherry é discriminatóriamente denominada de “black town”.

A zona onde fiquei alojada a maior parte dos dias que passei em Pondicherry situa-se na parte norte da cidade, numa povoação de pescadores: Vaithikuppan. Aqui voltava-se novamente à Índia, com cães e vacas, crianças a brincar na rua, miúdos a jogar críquete e volei… os altifalantes a debitarem estridentemente os cânticos religiosos logo pela manhã durante a semana em que decorreu um dos muitos festivais que preenchem o calendário hindu; motivo de festa e de grande azáfama, na decoração dos andores que percorrem a povoação com imagens de deuses coberto de ricos panos, seguidos pela fanfarra e iluminados por focos de luz fornecida pelo ruidoso e gerador poluente gerador a diesel que fornece energia elétrica ao cortejo. Enfim… sempre com vida e energia.

Vila de Vaithikuppan
Vila de Vaithikuppan, situada fora do centro histórico e onde fiquei alojada duranre a maior parte dos dias que passei em Pondicherry
Vila de Vaithikuppan
Vila de Vaithikuppan, dedicada essencialmente à pesca, onde junto a esta foz de uma ribeira os pescadores procedem à descarga do pescado, completamente alheios ao lixo que é trazido pelas águas e ao cheiro a detritos e a esgoto doméstico
Vila de Vaithikuppan
Vila de Vaithikuppan, onde diariamente de manhã bem cedo as mulheres procediam à decoração da rua, junto à entrada das suas casas, efectuando elaborados desenhos, muitas das vezes com cores garridas, feitos com pó fino semelhante a uma areia que é espalhado somente com a ponta dos dedos. Os desenhos eram mais elaborados durante a altura em que decorreu um festival religioso hindu
Vila de Vaithikuppan
Vila de Vaithikuppan
Festival religioso hindu na vila de Vaithikuppan
Festival religioso hindu na vila de Vaithikuppan, em que por duas semanas a povoação esteve em festa, que tinha os principais acontecimentos depois do anoitecer
Festival religioso hindu na vila de Vaithikuppan
Festival religioso hindu na vila de Vaithikuppan
Mercado Goubert em Pondicherry
Mercado Goubert em Pondicherry
Mercado Goubert em Pondicherry
Venda de peixe seco no Mercado Goubert, na parte mais “indiana” da cidade de Pondicherry
Restautrante Ganesh onde se comem umas maravilhosas chamussas e onde experimentei o "dai puri", um massa frita que forma uma especie de concha que é recheada com molhos adocicados e picantes.. mais uma vez com a fotografia do Sri Aurobindo e da The Mother
Restautrante Ganesh onde se comem umas maravilhosas chamussas e onde experimentei o “dai puri”, um massa frita que forma uma especie de concha que é recheada com tomate, cebola e malagueta, e regada com molhos adocicados e picantes, aos quais se junta um pouco de iogurte. Esta mistura tem que ser comida rapidamente antes que a massa fique ensopada e torne a tarefa de levar a comida à boca num episódio triste… Mais uma vez com a fotografia do Sri Aurobindo e da The Mother a presidir à decoração da sala

A chamada Pondicherry Beach, não é uma verdadeira praia, pois com o avanço do mar nas ultimas décadas foi necessário construir uma barreira de pedra para manter as águas suficientemente afastadas da marginal, não sobrando nenhum acesso de areia ao mar. Para mergulhar na águas é necessário viajar alguns quilómetros, para norte ou para sul, mas mesmo assim não é fácil encontrar uma praia minimamente limpa, tanto pelo lixo e pelos dejectos deixados na praia, como pelos resíduos da pesca que é ainda a principal actividade económica das pequenas populações situadas junto ao mar.

praia a sul de Pondicherry onde por fim consegui dar um mergulho; a água estava quente mas devido ao céu nyblado demorei bastante tempo até consegui secar a roupa, pois mesmo com este aspecto desértico a praia  tinha gente
praia a sul de Pondicherry onde por fim consegui dar um mergulho; a água estava quente mas devido ao céu nyblado demorei bastante tempo até consegui secar a roupa, pois mesmo com este aspecto desértico a praia tinha gente

No Café des Artes, na Rue Suffreon situado na parte mais francesa da cidade que ocupa os quarteirões mais próximos do mar, pode-se beber um café expresso acompanhado de um croissant enquanto se ouvem discretamente nos altifalantes a voz de Bob Marley. Sabe bem. Também sabe bem “voltar” a estes ambientes ocidentais e de certa maneira familiares, pois por mais atrativos sejam os locais que visitamos ou o tempo que lá passarmos manter-se-á presente sempre a nossa identidade e cultura. Ao fim de quase cinco meses na Índia sinto-me perfeitamente confortável e à vontade neste país, mas sempre mantive presente que nunca poderei fazer parte desta cultura.

(este texto data de Agosto de 2013)

Café des Arts
Café des Arts
praia a sul de Pondicherry onde por fim consegui dar um mergulho; a água estava quente mas devido ao céu nyblado demorei bastante tempo até consegui secar a roupa, pois mesmo com este aspecto desértico a praia  tinha gente
praia a sul de Pondicherry onde por fim consegui dar um mergulho; a água estava quente mas devido ao céu nublado demorei bastante tempo até consegui secar a roupa, pois mesmo com este aspecto desértico a praia tinha gente
Uma foto na companhia da Nicola, uma descendente de goeses , para atestar a minha ida ao "banho"
Uma foto na companhia da Nicola, uma descendente de goeses , para atestar a minha ida ao “banho”

Park Guest House

1, Goubert Avenue (Beach Road)
Pondicherry – 605001

Phone: +91413 2224644 / 2233644
Email: [email protected]

Quarto duplo com casa de banho: 600 rupias

Park Guest House em Pondicherry
Park Guest House em Pondicherry
Park Guest House pertencente ao ashram assim como mais outros 16 hoteis e guest houses na cidade
Park Guest House pertencente ao ashram assim como mais outros 16 hoteis e guest houses na cidade

Coramandel Heritage Hotel

36, Rue Nidarajapayer

email: [email protected]

site: www.hotelcoramandal.com

Quarto individual com casa de banho: 800 rupias

Hotel Coramandel
Hotel Coramandel
Hotel Coramandel
Hotel Coramandel

Thanjavur

O vento que se tem sentido desde os últimos dias em Madurai, que levanta agressivamente a poeira das ruas, conseguiu afastar a camada de nuvens que cobre quase sempre o céu nesta época que antecede a monção, deixando ver o finalmente o azul mas expondo-nos aos implacáveis raios solares que tornam o ar ainda mais quente tornando mais penoso o passeio pelas ruas da cidade de Thanjavur.

Thanjavur
Thanjavur
Thanjavur
Thanjavur

Ao fim do dia, quando o sol desaparece, mas ainda consegue iluminar o céu dando-lhe diferentes tonalidades de azul, que contrasta com o negro das nuvens que em pequenos farrapos, desloco-me ao terraço do hotel, e observo as luzes dos néons com publicidade e o movimento constante das pessoas e dos veículos, que se deslocam ao som da sinfonia de buzinas, enquanto sinto o vento quente que em lufadas me sacode a roupa e chicoteia o cabelo no rosto, sem contudo constituir um alívio ao ar quente e abafado que se sente.

Sobrepondo-se timidamente ao barulho do trânsito do fim do dia, ouvem-se os cânticos religioso de uma igreja católica situada próximo. Aqui no sul nota-se uma certa presença cristã que está praticamente ausente no resto do país, não só pelos templos, mas também pelas imagens e símbolos religiosos que decoram casas, lojas, restaurantes e tuk-tuks.

A cidade não tem muito para oferecer, com excepção do magnífico templo Brahadiswarar, dedicado a Krishna, construído no início do século XI, que apesar de manter a arquitectura característica dos templos do sul da Índia, apresenta-se sem as garridas cores que geralmente cobrem as figuras esculpidas no granito laranja.

Por passei particamente toda a manhã do primeiro dia que visitei a cidade, deambulando pelos vários edifícios que constituem o templo, esquecendo-me do tempo entre desenhos e fotografias e observado os ritos e quotidiano do templo, que não serve só para orações, constituindo também local de passeio, descanso e namoro!

Templo Brahadiswarar
Templo de Brahadiswarar
Templo Brahadiswarar
Árvore neem, que é considerada sagrada e junto da qual são feitas orações e lamparina com ghee
Templo Brahadiswarar
Templo de Brahadiswarar
Templo Brahadiswarar
Galerias que circundam todo o perimetro interior do Templo de Brahadiswarar, que permitem percorrer o recinto nas altura em que o sol aquece em demasia o pavimento de pedra avermelhada que praticamente impede os visitantes de o percorrer
Templo Brahadiswarar
Templo de Brahadiswarar
Templo Brahadiswarar
Templo de Brahadiswarar
Templo Brahadiswarar
Interior de um dos altares dedicados a Shiva no Templo de Brahadiswarar
Torre de entrada do Templo Brahadiswarar
Torre de entrada do Templo de Brahadiswarar
Templo Brahadiswarar
Templo de Brahadiswarar
Templo Brahadiswarar
Templo de Brahadiswarar
Acesso ao rio que atravessa Thanjavur, junto ao Templo Brahadiswarar
Acesso ao rio que atravessa Thanjavur, junto ao Templo de Brahadiswarar

A visita ao Palácio Real, que engloba um museu, uma galeia de arte e a biblioteca revelou-se uma frustrante desilusão. O edifício encontra-se em avançado estado de degradação, onde os pombos conquistaram as principais salas do palácio e onde o que resta os frescos que cobrem as paredes da degradação provocada pela humidade esta vandalizado e grafitado. A parte que se encontra recuperada assemelha-se mais a um estaleiro de obras onde as paredes são pintadas de forma descuidada sem atender à preservação do património. O que é apresentado no museu, não passa de um amontoado aleatório de quinquilharia europeia do século IXX, poeirentas e expostas numa semipenumbra que não as valoriza.

Para ridículo da situação, o bilhete de entrada, dava também acesso à torre do palácio, de onde se poderia avistar a cidade. Já com vontade de me ir embora, mas na esperança de compensar a desilusão provocada pelo que tinha visto, desloquei-me ao local onde em vão tentei encontrar as escadas para subir… fui informada pelo funcionário que cobra os bilhetes de entrada que estão encerradas pois o estado de degradação não oferece condições de segurança… ou seja, somente no piso térreo da torre pode ser visitado, e para isto é preciso ter bilhete!!… isto é a Índia 🙂

Sobrou a coleção de estátuas em bronze de divindades hindus, da época do império Chola que teve como capital, Thanjavur, entre 850 e 1270 DC, e a reduzida amostra do espólio da biblioteca, que me cativou somente pelas iluminuras e gravuras ilustrando textos sagrados que me transportaram para o livro que estou a ler “My name is red“ do Orham Pamuk, que retrata uma intriga entre a comunidade de iluministas em Istambul, durante o império Otomano.

Palácio de Thanjavur
Exterior da biblioteca anexo ao Palácio de Thanjavur
Palácio de Thanjavur
Edificio que integra o conjunto formado pelo Palácio, a biblioteca, torre, museu e a galeria de arte.
Palácio de Thanjavur
Interior de um dos edífiocos que integra o complexo formado pelo Palácio, biblioteca, torre , museu e a galeria de arte, recentemente restaurado
Palácio de Thanjavur
Palácio de Thanjavur

Claro que uma visita ao mercado da cidade trouxe de volta a animação, e eu, sendo a turista não deixei de ser o centro das atenções, com pedidos de fotografias por parte dos feirantes, que exibiam no final um orgulho sorriso de satisfação depois de se verem retratados pela minha câmara.

(este texto data de Julho de 2013)

Mercado de Thanjavur
Mercado de Thanjavur

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folhas de bétula, usada para envolver o paan
folhas de bétula, usada para envolver o paan
Vendedor e pigmentos usados para marcar a testa aquando das cerimónias do puja, que também vende uma grande parafernália de objectos usados nos ritos religiosos
Vendedor e pigmentos usados para marcar a testa aquando das cerimónias do puja, que também vende uma grande parafernália de objectos usados nos ritos religiosos
Mercado de Thanjavur
Mercado de Thanjavur
Mercado de Thanjavur
Mercado de Thanjavur
preparação das folhas de bananeira que são cortadas e lhe é retirado parte do veio central, de forma a se tornarem mais planas e faceís de usar para servir a comida
preparação das folhas de bananeira que são cortadas e lhe é retirado parte do veio central, de forma a se tornarem mais planas e faceís de usar para servir a comida
Folhas de bananeira já preparadas para serem usadas como prato onde é servida a comida, nos restaurantes de Thanjavur, como é tradicional nesta zona do país
Folhas de bananeira já preparadas para serem usadas como prato onde é servida a comida, nos restaurantes de Thanjavur, como é tradicional nesta zona do país
Flor da bananeira e partes do tronco que também são usadas na confecção de alguns pratos tradicionais de Tamil Nadu
Flor da bananeira e partes do tronco que também são usadas na confecção de alguns pratos tradicionais de Tamil Nadu

 

Estação de Comboios de Thanjavur
Estação de Comboios de Thanjavur
Estação de Comboios de Thanjavur
Estação de Comboios de Thanjavur

Yagappa Lodge

Trichy Road (Near Railway Station)

Thanjavur

Quarto duplo com casa de banho: 600 rupias (depois de grande negociação)

Madurai

A cidade de Madurai ficou um pouco aquém das espectativas que tinha, criadas com base numa descrição que menciona Madurai com uma das mais antigas cidades da Índia, em que o centro histórico se desenvolve em ruas, dispostas ortogonalmente em torno de um vasto complexo de templos hindus.

De facto assim é, mas como em praticamente todas as cidades indianas, os edifícios que se encontram nesta zona, são modernos, degradados e sem qualquer harmonia arquitectónica, com excepção de um certo respeito pela volumetria, que lhes limita a altura, de certo para não interferir com o panorama geral da cidade, onde se destacam as torres do templo.

Contudo a visita ao templo, logo pelo início da manhã, foi surpreendente e fez esquecer a má impressão deixada pela cidade. Por fora parece somente um alto e robusto muro, que forma um quadrado de onde sobressaem quatro torres, correspondem as quatro entradas no templo, orientadas segundo os pontos cardeais, totalmente cobertas de estátuas com referências a mitologia hindu, e pintadas em garridas cores.

No interior, depois de cruzar nova barreira de muros, encontram-se organizados de forma complexa e intricadas os vários altares dedicados a Shiva e à sua consorte, a deusa Menakshi, uma das formas com que Parvati surge na mitologia hindu; os mais importantes destes locais de culto estão interditos a não-hindus.

A maior parte dos edifícios que constituem este templo foi construída entre os séculos XVI e XVIII, mas existem construções anteriores a este período que foram incorporadas no conjunto.

A visita ao templo está sujeita a rigorosos procedimentos, que obrigam à revista de malas e roupa por forcas de segurança, e que impedem a entrada de máquinas fotográficas. Aproveitei os dias que estive em Madurai e fiz várias visitas ao templo, para tentar captar no papel algo do ambiente que aqui se vive e aproveitando para observar calmamente os ritos, saboreando os sons e os cheiros que impregnam as várias salas que compõem o vasto templo.

O início da manhã é a melhor altura para uma visita, onde o ambiente é mais calmo e ainda se pode sentir o ar fresco e sentir sob os pés a textura polida das pedras graníticas que cobrem o chão, quando ainda não aqueceram sob a passagem dos milhares de peregrinos que diariamente visitam este templo.

O templo fervilha de uma actividade constante, onde pela primeira vez na Índia senti uma verdadeira religiosidade e devoção por parte dos visitantes indianos e dos sacerdotes que auxiliam nas cerimónias do puja. Por todo o interior do templo, mantido numa semiobscuridade, ouvem-se permanentemente os mantras e os cânticos acompanhados pelo som de campainhas, convidando a reflexão.

À saída, aproveitando a tradição do “prasad” de comer algo após a visita e as orações feitas no templo, comi um ladoo, que é um dos doces que se encontra com muita facilidade, tanto no norte como no sul do país. Assim, terminei a visita ao templo, empanturrada com uma bola feita a base de açúcar, envolvido em farinha de grão e ghee (manteiga clarificada) e aromatizada com cardamomo.

Madurai
Madurai
Templo de Menakshi em Madurai. Torre norte
Templo de Menakshi em Madurai. Torre norte
Madurai. Templo de Menakshi
Madurai. Templo de Menakshi
Templo de Menakshi em Madurai
Templo de Menakshi em Madurai
Venda de grinaldas de flores que são usados para decoração da imagens nos templos, em casa e mesmo nos autocarros
Venda de grinaldas de flores que são usados para decoração da imagens nos templos, em casa e mesmo nos autocarros
Templo de Menakshi em -madurai
Templo de Menakshi em -madurai
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Uma das tradições que ainda se vê frequentemente por toda a Índia consiste em pintar de negro o contorno dos olhas das crianças mais pequenas, assim como fazer pequenas marcas, semelhantes a sinais, por cima dos olhos ou nas bochechas, com o intuído de afugentar algum mal que possa ser atraído às crianças em resultado da atenção que recebem dos adultos.
Entrada norte no templo de Menakshi em Madurai, com um pequeno bazar de artigos religiosos
Entrada norte no templo de Menakshi em Madurai, com um pequeno bazar de artigos religiosos
Madurai
Madurai

Madurai é também conhecida pela produção de têxteis, em especial de algodão, proliferando por toda a cidade lojas de venda de dhotis, lungis, sahees e mais uma grande variedade de panos que são usados com os mais diversos fins, que que acompanham frequentemente os indianos, seja à volta do pescoço para enxugar o suor, para colocarem no chão antes de se sentares ou mesmo deitarem… acho que se pode dizer que os panos estão presentes no estilo de vida tradicional indiano, sendo a peça base do sahree também um longo pedaço de pano, assim como os dhotis e os lungis usados pelos homens no sul da Índia, à volta da cintura.

Numa das deambulações pela cidade encontrei por acaso um loja, onde ainda se vendem panos e toalhas, fiadas e tecidas em teares manuais, que são resquícios de uma filosofia do Gandhi que incentivou a população a produzir localmente e à escala doméstica os seus produtos resultantes do algodão, fazendo proliferar inúmeras manufacturas que escoavam os seus produtos nestas lojas. Uma verdadeira relíquia tanto pelo espaço em si como pela persistência da ideia que resiste à industrialização e ao crescimento económico que a Índia actualmente regista.

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Uma das loja ainda existentes resultantes de uma campanhã promovida pelo Gandhi para a venda de têxteis produzidos de forma tradicional
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Interior da loja que encontrei numa das deambulações pela cidade de Madurai
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Dentro da loja é como o tempo tivesse parado. Como se nada tivesse mudado desde os anos 40… toda a informações estava escrita em tamil, tendo a comunicação com a senhora responsável pelas vendas sido feita por gestos e algumas palavras em inglês referentes à quantia a pagar

Na parte norte do templo encontra-se um outro edifício cujo estilo e arquitetura é muito semelhante à dos templos principais mas que atualmente alberga um mercado onde cada corredor é dedicado a uma específica actividade: venda de livros, artigos de metal, e outra de artigos religiosos. Sobressai o corredor dedicado aos alfaiates, onde inúmeras cubículos se transformam em lojas forradas do chão ao tecto com tecidos de corres garridas, sedas e algodões, cada qual com o seu alfaiate que sentado em frente, costura as encomendas, trabalhando numa penumbra que dificulta a visão mesmo a que quem está de passagem. Trata-se de uma actividade inteiramente masculina, e as poucas mulheres que se encontram nesta zona de alfaiates não executam trabalhos de costura.

Aqui podem-se encomendar peças de roupa que ficam prontas de um dia para o outro, sendo estes alfaiates especialista em fazer cópias de roupa com base em exemplares levados pelos clientes, muitas vezes estrangeiros, sendo somente necessário escolher o tecido e regatear o preço, tarefa que pode levar algum tempo até se conseguir fechar o negócio satisfazendo as duas partes.

(este texto data de Julho de 2013)

Uma das lojas de alfaiates existentes no edificio localizado na parte do Templo de Menakshi
Uma das lojas de alfaiates existentes no edificio localizado na parte do Templo de Menakshi
Edificio localizado na parte do Templo de Menakshi que funciona como mercado
Edificio localizado na parte do Templo de Menakshi que funciona como mercado
Parte de um edificio junto ao tempo que serve para armazenamento de mercadorias
Parte de um edificio junto ao tempo que serve para armazenamento de mercadorias
Mercado de flores em Madurai
Mercado de flores em Madurai

Hotel Pearls

95 ,West Perumal Maistry Street

Madurai

[email protected]

+91 99442 32066

www.hotelpearls.com

quarto duplo, com casa de banho: 825 rupias

“a home away from home”… um slogan usado em muitos dos hotéis na Índia… nem sempre correspondendo a realidade… neste caso, apesar de não ter encontrado nenhum ambiente familiar ou acolhedor, deparei-me com um quarto impecavelmente limpo, espaçoso e com boas condições.

Do Hotel Pearls onde fiquei alojada enquanto estive em Madurai, não tenho fotografias, mas esta corresponde ao Hotel Internacional, que até agora merece o título de maior espelunca, com uma casa de banho tão pequena que não havia espaço para o lavatório, com um chuveiro de onde somente saía um pequeno esguicho de água, um autoclismo que pingava a noite toda, um colchão feito de sacas de sarapilheira, janelas que não fechavam e deixavam entrar melgas... e uma generalizada sujidade da qual se salvavam honrosamente os lençóis e a almofada. Foi a opção para a primeira noite, numa cidade onde os preços dos alojamentos são significativamente mais elevados do que o que estava habituada a pagar.
Do Hotel Pearls onde fiquei alojada enquanto estive em Madurai, não tenho fotografias, mas esta corresponde ao Hotel Internacional, que até agora merece o título de maior espelunca, com uma casa de banho tão pequena que não havia espaço para o lavatório, com um chuveiro de onde somente saía um pequeno esguicho de água, um autoclismo que pingava a noite toda, um colchão feito de sacas de sarapilheira, janelas que não fechavam e deixavam entrar melgas… e uma generalizada sujidade da qual se salvavam honrosamente os lençóis e a almofada. Foi a opção para a primeira noite, numa cidade onde os preços dos alojamentos são significativamente mais elevados do que o que estava habituada a pagar.

A comida do Sul da Índia

A todos os atractivos que o sul da Índia apresenta, em particular o estado de Tamil Nadu, há que somar a comida, que aqui apresenta uma maior diversidade de legumes e de especiarias, resultando numa grande variedade de sabores, cores e aromas, dominado o picante, sendo servida em folhas da bananeira e acompanhada com o omnipresente arroz cozido, que no sul substitui os chapatis que no norte as acompanham sempre as refeições. O que também nunca falta são os papadis, uma fina folha de massa de grão condimentada com especiarias e que é frita ficando estaladiça.

Para o pequeno almoço são servidas as dosas, uma espécie de crepe muito fino e estaladiço, feito com farinha de arroz e de lentilha, recheado com legumes (quase sempre batata) e servida com um chutney de côco, fresco e picante, e com o sambar, um caril de legumes pouco espesso, onde o dosa vai sendo embebida.

Esta combinação de sambar e chutney pode também acompanhar os iddlys, uns pães não fermentados feitos de farinha de lentilha, que são cozinhados ao vapor, ou as wadas (ou vadas), umas argolas de massa feita com farinha de lentilha, aromatizada com especiarias e frita em óleo.

Mas a revelação foi o pongal, uma pasta feita de arroz muito cozido, temperada com cominhos, sementes de mostarda, pedaços de gengibre fresco e cajus, tudo envolvido em ghee e cozinhado com muitas folhas de carril. À semelhança das outras alternativas de pequeno almoço, o pongal é também servido com chutney de côco e com sambar ou outro caril de legumes.

A folha de carril, que aqui é usada fresca aparece em quase todos os pratos servidos nas tradicionais refeições, thalis, constituídas por arroz e um conjunto de três ou mais acompanhamentos. Muitas das refeições incluem o chamado de butter milk, que é uma espécie de leite, mais aguado e ligeiramente fermentado que lhe confere um sabor ligeiramente ácido e que é servido ligeiramente temperado de sal.

Mas mais frequente do que o butter milk, é o iogurte que é misturado com o arroz e os restantes acompanhamentos que constituem uma refeição típica do sul da Índia.

Nos pratos tradicionais do sul, utiliza-se muito o côco, tanto o fruto, o “leite” como o óleo, a por vezes a flor e o tronco da bananeira. O panner que no norte era uma constante, aqui no sul tem uma presença muito discreta.

Quanto ao pão… nada de naans, nem de chappati ou rotis… aqui são parothas, feitas de massa muito elástica que é estendidas com ajuda de óleo, batendo a massa sobre a bancada até ficar fina e começar a rasgar, altura em que se dá um nó atando as pontas para depois de repousar ser novamente estendida rusticamente com a mão, e cozinhada sobre uma chapa, muitas vezes aquecida com lenha; são fofas e separam-se em camadas… e claro que acompanham com um caril de vegetais, sendo servidas geralmente ao fim da tarde, como lanche.

O dahl, estufado de lentilhas, que é servido aqui no sul, espesso e consistente, em nada se compara com o que geralmente se encontra no norte do país: bastante líquido, assemelhando-se mais a uma sopa.

O sempre presente chai, é bebido a qualquer hora por toda a Índia, tanto após as refeições como a acompanha-las, servindo também de pretexto para fazer um pequena pausa durante o dia de trabalho. Em Tamil Nadu, o chai é substituído por café, igualmente açucarado e bebido com leite, é servido em copos de metal, que por sua vez vêm dentro de um taça cilíndrica, também de metal; antes de ser bebido, o café é despejado de um recipiente para outro, várias vezes, antes de ser bebido.

Também no sul se encontra nesta altura do ano uma maior variedade de legumes: para além da batata, cenoura e ervilha, aqui encontram-se caris feitos com vegetais de folha verde, kelas (uma espécie de pepino de casca rugosa de sabor intensamente amargo mas que se diz ser bastante benéfica para purificar o sangue), drumstick (moringa), côco, banana e jaca (jackfuit), assim como uma grande variedade de legumes que muitas vezes não consigo identificar.

Quanto à fruta, dominam as mangas e as bananas, que se apresentam muitas variedades, não só no aspecto exterior como no sabor. O côco também é vendido em todo o lado, sendo a sua polpa comida, com o auxilio de uma lasca da casca do côco, cortada certeiramente com uma catana, após se ter bebido o líquido do interior.

Thali típico do sul da Índia, servido sobre folha de bananeira e composto por uma grande variedade de caris, servidos em pequenas taças... o arroz veio mais tarde!
Thali típico do sul da Índia, servido sobre folha de bananeira e composto por uma grande variedade de caris, servidos em pequenas taças, um puri, muitas vezes servido como pequeno almoço e um papadi… o arroz veio mais tarde!
Porothas acabadas de fazer
Porothas acabadas de fazer
um das muitas bancas que na rua sevem snacks e refeições ligeiras. A massa das porothas, é estendida e esticada até ficar muito fina , sendo depois enrolada formando um nó para depois de repousar, ser estendida com a mão
um das muitas bancas que na rua sevem snacks e refeições ligeiras. A massa das porothas, é estendida e esticada até ficar muito fina , sendo depois enrolada formando um nó para depois de repousar, ser estendida com a mão
Os pequenos pães brancos são iddlys, que juntamente com a wada acompanham um sambar e um chutney de côco. Como este pequeno-almoço foi comido num restaurante com mais categoria, foram servidos ainda mais dois condimentos, um à base de menta e o outro uma pasta vermelha e muito picante
Os pequenos pães brancos são iddlys, que juntamente com a wada acompanham um sambar e um chutney de côco. Como este pequeno-almoço foi comido num restaurante com mais categoria, foram servidos ainda mais dois condimentos, um à base de menta e o outro uma pasta vermelha e muito picante
Preparação dos iddlys, em que a massa liquida é deitada sobre um prato metálico próprio, com pequenas concavidades. O pano serve para impedir que a massa escorra pelos pequenos orifícios do prato que permitem aos iddlys serem cozinhados ao vapor, em grandes panelas metálicas
Preparação dos iddlys, em que a massa liquida é deitada sobre um prato metálico próprio, com pequenas concavidades. O pano serve para impedir que a massa escorra pelos pequenos orifícios do prato que permitem aos iddlys serem cozinhados ao vapor, em grandes panelas metálicas
pongal... uma especialidade servida ao pequeno-almoço por todo o estado de Tamil Nadu, acompanhado por um chutney de côco e pelo sambar. A mistura vermelha é uma pasta de malagueta que nunca cheguei a utilizar pois o prato em si já é picante e bastante condimentado. Come-se misturando os acompanhamentos e o pongal com os dedos.
pongal… uma especialidade servida ao pequeno-almoço por todo o estado de Tamil Nadu, acompanhado por um chutney de côco e pelo sambar. A mistura vermelha é uma pasta de malagueta que nunca cheguei a utilizar pois o prato em si já é picante e bastante condimentado. Come-se misturando os acompanhamentos e o pongal com os dedos.
Experimentai o pongal por sugestão deste rapaz nepalês com quem partilhei a mesa de um restaurante em Madurai. Como é tradicional por aqui, o pequeno-almoço é acompanhado pelo café, com leite, servido num copo metálico, e que é servido juntamente com uma taça, para a qual o café é vertido diversas vezes antes de ser bebido pelo copo.
Experimentai o pongal por sugestão deste rapaz nepalês com quem partilhei a mesa de um restaurante em Madurai. Como é tradicional por aqui, o pequeno-almoço é acompanhado pelo café, com leite, servido num copo metálico, e que é servido juntamente com uma taça, para a qual o café é vertido diversas vezes antes de ser bebido pelo copo.
Este foi um dos mais tradicionais restaurantes que encontrei em Thanjavur, em que nem prato havia, sendo a comida servida directamente em folha de bananeira colocada em cima da mesa. As doses de arroz são sempre exageradas. Os acompanhamentos vão sendo servidos sempre que um empregado passa com pequenos baldes e se apercebe que não são suficientes para acompanhar a dose de arroz, podendo-se repetir as vezes que se quiser.
Este foi um dos mais tradicionais restaurantes que encontrei em Thanjavur, em que nem prato havia, sendo a comida servida directamente em folha de bananeira colocada em cima da mesa. As doses de arroz são sempre exageradas. Os acompanhamentos vão sendo servidos sempre que um empregado passa com pequenos baldes e se apercebe que não são suficientes para acompanhar a dose de arroz, podendo-se repetir as vezes que se quiser.
Num dos restaurantes tradicionais de Thanjavur, onde repousam em cima da mesa os "baldes" de onde é servida a comida
Num dos restaurantes tradicionais de Thanjavur, onde repousam em cima da mesa os “baldes” de onde é retirada a comida que é servida nas folhas de bananeira
paan... mistura de nóz moscada partida em pequenos pedaços e que pode ser misturada com vários outros ingredientes, incluíndo tabaco. Esta é uma versão adocicada que é frequentemente consumida após as refeições, sendo colocada na boca até humedecer e posteriormente mastigada. Acredita-se que reduz a acidez da boca após a refeição e assim previne as cáries. Contudo o consumo diário e excessivo de paan provoca manchas vermelhas nos dentes que se vêm frequentemente entre a população mais pobre.
paan… mistura de nóz moscada partida em pequenos pedaços e que pode ser misturada com vários outros ingredientes, incluíndo tabaco. Esta é uma versão adocicada que é frequentemente consumida após as refeições, sendo colocada na boca até humedecer e posteriormente mastigada. Acredita-se que reduz a acidez da boca após a refeição e assim previne as cáries. Contudo o consumo diário e excessivo de paan provoca manchas vermelhas nos dentes que se vêm frequentemente entre a população mais pobre.
Uma fruta frequente do sul que não consegui fixar o nome: O sabor e textura assemelham-se a uma anona, mas o exterior parece um kiwi
Uma fruta frequente do sul que não consegui fixar o nome: O sabor e textura assemelham-se a uma anona, mas o exterior parece um kiwi
Encontra-se uma grande variedade de bananas nos mercados e nos vendedores ambulantes que percorrem as ruas das cidades por onde passei.
Encontra-se uma grande variedade de bananas nos mercados e nos vendedores ambulantes que percorrem as ruas das cidades por onde passei.
Este vegetal encontra-se em quase todos os pratos de caril que comi. É cozinhado cortado em pequenos troços, mas mesmo assim, somente se pode comer o seu interior, pois a parte exterior é demasiado fibrosa
Este vegetal encontra-se em quase todos os pratos de caril que comi. É cozinhado cortado em pequenos troços, mas mesmo assim, somente se pode comer o seu interior, pois a parte exterior é demasiado fibrosa
Um dos mais conhecidos restaurantes de Madurai, onde no piso de baixo é servida comida de modo informal, e no piso de cima, geralmente reservado a homens de negócios e a estrangeiros, a mesma comida é servida com acréscimo de 20% no preço devido ao serviço melhorado e ao ar-condiconado... quase que à força tentaram.me encaminhar para o piso superior, mas consegui vitoriosamente comer onde queria
Um dos mais conhecidos restaurantes de Madurai, onde no piso de baixo é servida comida de modo informal, e no piso de cima, geralmente reservado a homens de negócios e a estrangeiros, a mesma comida é servida com acréscimo de 20% no preço devido ao serviço melhorado e ao ar-condiconado… quase que à força tentaram.me encaminhar para o piso superior, mas consegui vitoriosamente comer onde queria
Hotel Saravana Bhavan... uma das maores cadeias de restaurantes do sul da Índia. Em Tamil Nadu é frequente os restaurantes chamarem-se de "hotel"... os hoteis são geralmente denominado de "lodge" mas nem sempre é assim, e acaba por causar alguma confusão.
Hotel Saravana Bhavan… uma das maiores cadeias de restaurantes do sul da Índia. Em Tamil Nadu é frequente os restaurantes chamarem-se de “hotel”… os hoteis são geralmente denominado de “lodge” mas nem sempre é assim, e acaba por causar alguma confusão.

Para mim, a comida do Sul da Índia, em especial no estado de Tamil Nadu, é uma das melhores de todo o país, tendo somente como rival a comida do estado de Gujarat, com uma grande variedade de sabores e de ingredientes, intensa, picante e com o certo exotismo tropical não deixando se se apresentar simples e despretensiosa. Tudo isto torna uma refeição numa deliciosa experiência para os sentidos.

O Sul da Índia é um paraíso para vegetarianos, sendo frequente encontrar restaurantes “pure veg” assim como comida de rua sem produtos animais. Contudo, os laticínios estão presentes tanto no chai como no iogurte que frequentemente faz parte do thali.

Cada visita a Chennai, comumente chamada de Madras, constitui um deleite para o paladar, com muitas opções para explorar as especialidades gastromómicas do sul da India, desde sofisticados restaurantes a simples refeitórios, sem esquecer a comida de rua!!

Uma deliciosa memória!!!



Mamallapuram

Mamallapuram, também conhecido por Mahabalipuram,  é uma pequena povoação que se situa a cerca de 50 quilómetros a sul de Chennai, conhecida pelo conjunto de templos situados junto da praia que datam do século 5 a 8 DC, correspondentes ao período em que esta zona foi dominada pelo reino dos Pallava ocupando o território que é hoje o estado de Tamil Nadu.

A parte antiga da cidade, classificada pela Unesco como património mundial, é composta por um vasto conjunto de templos, concentrados num zona mais elevada duma extensa planície, escavados na rocha granítica de tons castanhos-alaranjados, formado pequenas grutas decoradas com estátuas representando deuses e animais mitológicos associados a religião hindu.

Os templos, maioritariamente dedicados a Shiva e a Vishnu, constituem um marco importante no desenvolvimento artístico e arquitectónico, servindo como referência às construções realizadas posteriormente, e que caracterizam a arquitectura religiosa do sul da Índia.

 

Praia de Mamallapuram banhada pelas águas mornas da Baía de Bengal
Praia de Mamallapuram banhada pelas águas mornas da Baía de Bengal

Templo situada na praia de Mamallapuram
Templo situado na praia de Mamallapuram

Mamallapuram
Mamallapuram

Mamallapuram
Mamallapuram

Mamallapuram
Mamallapuram

Mamallapuram
Mamallapuram

Mamallapuram
Mamallapuram

Mamallapuram
Pausa para descanso de duas vendedoras de snacks compostos por manga verde temperada com sal e uma mistura de especiarias picante (massala), que é bastante comum encontrar à venda nas ruas das cidades do sul da Índia. A rocha cujo equilíbrio precário parece desafiar as leis da gravidade, é o local mais fotografado de Mamallapuram e é identificada pelo nome de Krishna’s Butterball…

Pausa para almoço de um grupo de alunos em visita de estudo Mamallapuram
Hora de almoço nos jardins que envolvem o conjunto de templos que constituí a zona histórica de Mamallapuram

Mamallapuram
Mamallapuram

Mamallapuram
Escultura principal de Mamallapuram, chamada de “Arjuna’s Penance (a Penitência de Arjuna, uma das figuras mitológicas hindus), onde algumas das esculturas não chegaram a ser terminadas

Mamallapuram
Mamallapuram

Apesar da beleza dos monumentos e do espaço envolvente impecavelmente arranjado, ficou uma pontinha de desilusão pois o conjunto de monumentos não era muito vasto, tendo a visita demorado pouco tempo, o que não compensou as três horas e meia de viagem de autocarro, grande parte delas passadas no caótico trânsito de Chennai, sob o frio glaciar do ar-condicionado.

Da povoação pouco há a referir pois é mais um aglomerado incaracterístico de pequenos edifícios de habitação, restaurantes e lojas destinadas à venda de artigos para turistas, nacionais e estrangeiros, em especial estátuas feitas em pedra.

Recentemente, aquando do tsunami de 2004, parte desta costa foi também afectada, aumentando ainda mais os problemas de erosão existentes, que actualmente ameaçam o templo junto à praia.

Chennai

Está na hora de partir… Sente-se quando chega o momento em que uma cidade ou um local não tem mais para nos oferecer.

Pelo que vi, dos quatro dias que aqui passei, Chennai é mais uma grande cidade indiana com 6,4 milhões de habitantes, a quarta em população, depois de Mumbay, Delhi e Calcutá, que de certo tem muito para oferecer mas que dada a dimensão torna-se difícil para um forasteiro encontrar os seus encantos. Mesmo assim, fui surpreendida com a visita ao templo principal de Mylapore, na parte sul da cidade, .

Fui lá por sugestão do Shan, um professor de yoga indiano, barrigudo e bonacheirão, sempre vestido de preto e que não é vegetariano, que habitualmente passa grandes temporadas em Chennai enquanto espera que termine a monção em Goa, e que actualmente se dedica ao estudo e a escrita livros sobre filosofia e religião hindu. Juntamente com a Roxanne, uma rapariga suíça em viagem pela Ásia, fomos visitar o templo Kapalishuara, tendo o Shan como guia, fornecendo-nos vastas explicações sobre a mitologia hindu e sobre as formas como se manifesta nos ritos praticados assim como nas estátuas que decoram os templos.

Foi também uma boa abordagem para ficar a conhecer o estilo arquitectónico e decorativo dos templos do sul da Índia, geralmente dispostos no interior de um recinto murado, onde a porta principal é sinalizada por uma torre profusamente decorada com estátuas em pedra, representando episódios e figuras da mitologia hindu, que muitas vezes se encontram pintados de cores garridas.

O espaço ocupado pelo templo foi percorrido nos intervalos da chuva que tornavam o pavimento de pedra granítica escorregadio sob os nosso pés descalços, devido aos restos de ghee que é usado para iluminar as lamparinas que os devotos colocam junto das imagens.

Esta tarde passada com o Shan deu para conhecer um pouco dos meandros de uma grande cidade onde num primeiro andar de um edifício ocupado por um posto dos correios, se pode alojar uma vasta livraria repleta de livros sobre religião, filosofia e yoga; o dia terminou um restaurante onde podemos comer uma generosa e complexa refeição que congregou os diversos sabores que caracterizam a culinária do sul da Índia, que é bastante diferente da comida do norte da Índia.

Chennai
Chennai

Rua principal do Bairro muçulmano de Triplicane, onde fiquei alojada nos dias que passei em Chennai
Rua principal do Bairro muçulmano de Triplicane, onde fiquei alojada nos dias que passei em Chennai

Triplicane antes da tempestade que geralmente chega ao fim do dia, mas que nem sempre traz chuva
Triplicane antes da tempestade que geralmente chega ao fim do dia, mas que nem sempre traz chuva

Templo Kapalishuara em Mylapore
Templo Kapalishuara em Mylapore

Mulheres varrendo o pavimento do templo depois de ter caído uma forte chuvada que apesar da intensidade não afasta os peregrinos nem tão pouco abranda o frenesim da cidade
Mulheres varrendo o pavimento do templo depois de ter caído uma forte chuvada que apesar da intensidade não afasta os peregrinos nem tão pouco abranda o frenesim da cidade

Torre principal correspondente à entrada no templo Kapalishuara em Mylapore
Torre principal correspondente à entrada no templo Kapalishuara em Mylapore

Templo Kapalishuara
Templo Kapalishuara

Templo Kapalishuara em Mylapore
Templo Kapalishuara em Mylapore

Shan e Roxanne... os meus companheiros enquanto esperávamos que a chuva abrandasse para continuar-mos a visita ao templo
Shan e Roxanne… os meus companheiros enquanto esperávamos que a chuva abrandasse para continuar-mos a visita ao templo

Chennai, e a capital do estado de Tamil Nadu e atravessada por um fétido rio, de águas negras e de aspecto viscoso, rasgada por grandes avenidas, permanentemente congestionadas de trânsito que se intensifica ao fim do dia com o aumento de pessoas na rua, aproveitando a ligeira diminuição da temperatura que se sente com o pôr do sol, que aqui no sul, ocorre cerca de uma hora mais cedo do que no norte da Índia.

Aqui sente-se claramente uma grande diferença cultural em relação aos estados do norte por onde tenho andado: por aqui dominam os sharis, e as mulheres enfeitam o cabelo com grinaldas de flores de jasmim que deixam um aroma doce quando passa: enquanto os homens vestem maioritariamente os dothis, que são panos de algodão, quase sempre brancos ou com estampados, enrolados a volta da cintura, e que vão até aos pés, mas que dado o calor, são muitas vezes dobrados ao meio, ficando pelo joelho.

Fisicamente as pessoas são também diferentes: pele mais escura, baixos e de constituição franzina, cabelo espesso e ligeiramente frisado. Os homens usam maioritariamente bigode, pequeno e bem aparado, desde tenra idade.

Nota-se uma cultura diferente do que tenho visto no norte do país, que orgulhosamente se manifesta no dia a dia, não só pela língua que aqui e falada e escreve, o Tamil, como também na religião que aqui e mais presente, tanto pelo numero de templos como pelos sinais do puja que ostensivamente os habitantes apresentam na testa, como nos desenho feitos com pigmentos que diariamente são feitos no chão, a entrada das casas, como motivos florais ou complexos desenhos geométricos.

Acho que no sul se encontra uma Índia mais indiana, vivida a um ritmo mais calmo e pachorrento.

(este texto data de Julho 2013)

Um dos muitos locais de venda de comida espalhados pelas ruas de Chennai. Aqui preparam-se as "parothas" um pão não fermentado, feito de massa elástica que é trabalhada de forma a criar um pão fino e achatado formado por várias camadas que é depois cozinhado numa chapa aquecida a lenha
Um dos muitos locais de venda de comida espalhados pelas ruas de Chennai. Aqui preparam-se as “porothas” um pão não fermentado, feito de massa elástica que é trabalhada de forma a criar um pão fino e achatado formado por várias camadas que é depois cozinhado numa chapa aquecida a lenha. É comido geralmente ao meio da tarde, acompanhado com um líquido e picante carril de vegetais

Visitar grandes cidades como Chennai, implica sempre deslocações, mas para evitar as complicações com os motoristas dos tuk-tuk optei por andar de bus o que é muito mais relaxante e barato, proporcionando um maior contacto com a população e um amimado ambiente, pois geralmente os autocarros têm música e estão decorados com pequenos altares decorados com flores, onde ardem incensos
Visitar grandes cidades como Chennai, implica sempre deslocações, mas para evitar as complicações com os motoristas dos tuk-tuk optei por andar de bus o que é muito mais relaxante e barato, proporcionando um maior contacto com a população e um amimado ambiente, pois geralmente os autocarros têm música e estão decorados com pequenos altares decorados com flores, onde ardem incensos

Mesquita no bairro de Triplicane, na hora da oração que corresponde ao fim do jejum a que os muçulmanos se obrigam durante o ramadão
Mesquita no bairro de Triplicane, na hora da oração que corresponde ao fim do jejum a que os muçulmanos se obrigam durante o ramadão

De Delhi para Chennai… de comboio

Ao fim de mais de quatro meses sem ver o mar, encontro-me finalmente na Baía de Bengal (em português chamada de Golfo de Bengala), em Chennai, no estado de Tamil Nadu, no sul da Índia.

O cinzento do céu que não deixa passar um único raio de sol, confere às águas um tom baço, tornando-as escuras e acastanhadas, que vêm rebentar junto na grossa areia. Sopra uma brisa quente e carregada de humidade, mas que em nada se compara ao que nesta altura do ano se sente em Delhi e Varanasi…. aqui ainda não chegou a monção.

A praia de Chennai, chamada Marina Beach, é considerada uma das maiores praias do mundo, com uma extensão de 6 quilómetros; pode ser… mas está longe de ser uma das mais bonitas. Esta, assim como muitas das praias espalhadas pela costa indiana encontram-se sujas, tanto de lixo trazido pelas marés como pelo que é diariamente deixado pelos visitantes.

Aqui na Índia, a praia não e local para apanhar sol ou para mergulhar no mar, é sim local de convívio, onde grupos de homens e de mulheres, alguns casais e uns raros indivíduos solitários passeiam junto à água, enquanto conversam, tiram fotografias, bebem refrigerantes, comem e debicam amendoins. Algum mais audazes arriscam avançar em direção ao mar em pequenos grupos, totalmente vestidos, molhando-se na forte rebentação, sem nunca mergulharem. Subsiste ainda a pesca, a avaliar pelo número de pequenos barcos espalhados no extenso areal e pelas redes de pesca que aguardam quem as lance ao mar.

Marina Beach em Chennai
Marina Beach em Chennai

A viagem de comboio, de Delhi para Chennai, que demorou 36 horas, incluindo duas noites embaladas pela oscilação da carruagem, foi bastante calma e sem complicações. O facto de viajar sozinha e de ser o único ocidental na carruagem vez de mim vedeta, recebendo a atenção dos outros passageiros e em especial dos funcionários dos caminhos de ferro que constantemente passavam vendendo as refeições, água, chamussas, gelados, bolachas, chocolates e mais uma infinidade de coisas, só abrandado o ritmo com o cair da noite, após ser servido o jantar, para recomeçar logo ao nascer do dia com a venda de “chai”.

Valeu a pena ter gasto mais dinheiro na compra do bilhete para a viajar na classe 2AC, que é muito menos concorrida e mais espaçosa do que a 3AC onde geralmente tenho viajado. Tem a desvantagem de ser frequentada maioritariamente por homens de negócios ou por famílias de classe mais alta, que se resguardam nos compartimento, fechando as cortinas, o que torna estas viagens mais monótonas se a animação e o colorido humano que se encontra geralmente quando se viagem na “sleeper class” sem ar-condicionado.

Toda a viagem foi feita com tempo de chuva, onde o cinzento-chumbo do céu se abatia sobre a paisagem, aumentando o contraste entre o verde brilhante da vegetação, que varia entre montanhas cobertas de floresta semi-tropical, ausentes de presença humana e extensos campos agrícolas alagados pela monção, que realçam os tons vermelho ferrugem da terra.

Dentro do comboio, olhando através das grossas gotas de chuva, vendo a paisagem deslizar pela janela, iam-se abatendo sobre mim uma melancolia que juntamente com a trepidação do comboio tornavam as pálpebras pesadas, fazendo com que o livro que me acompanhava repousasse fechado ao meu lado.

De tempos a tempos, passeava pelas carruagens vizinhas para esticar as pernas e aproveitava para ficar junto a uma qualquer porta que estivesse aberta para sentir o ar morno e húmido e saborear as grossas gotas de chuva que com o vento me salpicavam o rosto. É a verdadeira sensação de viajar, de liberdade absoluta.

Acho que o que mais gosto nas viagens e o acto de viajar em si, de me deslocar… especialmente se for de comboio. Antes de chegar à estação sinto um pequeno formigueiro na barriga, um certo nervosismo, que passa à medida que me aproximo do edifício e me vou embrenhando nos seus meandros, seguindo as regras internacionais de funcionamento de uma estação ferroviária, deixadas pelos ingleses; procuro a plataforma onde se encontra o comboio que me levará a novo destino e enquanto espero, ouço em hindi e em inglês o anúncio das chegadas e das partidas emitidas em simpática voz feminina, por altifalantes roufenhos que se fazem ouvir por toda a estação. Depois de verificar o número do comboio, procuro a carruagem e o lugar que me está destinado, confirmando a minha reserva nas listagens que se encontram coladas junto à entrada de cada carruagem, com o nome, idade e sexo dos passageiros: um sistema complexo mas eficaz.

As viagens noturnas são as melhores, pois com o balanço do comboio rapidamente adormeço, e proporcionam uma razoável noite de sono, com direito a lençóis, almofadas e cobertor… sim, cobertor que apesar dos mais de 30 graus de temperatura que se sentem no exterior e indispensável para sobreviver ao frio provocado pelo ar-condiconado. Contudo uma paragem noturna, numa estação intermédia durante o percurso, provoca geralmente um despertar abrupto em resultado do barulho e agitação provocados pela chegada de novos passageiros, pois os indianos viajam geralmente em família, com crianças, transportando inúmeras malas e sacos, o que leva o seu tempo até se conseguir recuperar a serenidade no compartimento.

paisagem dominante da viagem ao atravessar o centro do páis, nos estados de Madhya Pradesh e Andhra Predesh, onde o monção fez extravazar as margens dos rios
Paisagem dominante da viagem ao atravessar o centro do páis, nos estados de Madhya Pradesh e Andhra Predesh, onde o monção fez extravazar as margens dos rios

Compartimento da classe 2AC onde fiz as viagens de ligação entre Delhi e Chennai
Compartimento da classe 2AC onde fiz as viagens de ligação entre Delhi e Chennai

O almoço servido pela empresa ferroviária: um thali com dhaal, arroz e um caril de vegetais... não é bom mas também não é mau.
O almoço servido pela empresa ferroviária: um thali com dhaal, arroz e um caril de vegetais… não é bom mas também não é mau.

A alternativa vegetariana ao "thali" que escolhi para almoço, é "biriani" tanbem de vegetais... bom mas muito picante.
A alternativa vegetariana ao “thali” que escolhi para almoço, é “biriani” tanbem de vegetais… bom mas muito picante.

... para passar o tempo.
… para passar o tempo.

No livro que me acompanhou nesta viagem, “The Great Railway Bazar”, Paul Theroux, adepto das viagens de comboio, escreve que “viajar de avião é como entrar num submarino”… concordo. Perde-se a percepção de como a paisagem e o clima mudam, como são diferentes as pessoas, as roupas, os edifícios, os cheiros… como vamos sentido o passar do tempo, a chegada da noite ou o romper do dia. Mesmo a informação disponibilizada pelas companhias aéreas e que mostra o avião a deslocar-se sobre um mapa, indicando os países e cidades que estamos a sobrevoar, não é suficiente para nos fazer sentir que estamos realmente a viajar, mas somente nos dá a percepção de que nos estamos a deslocar. E nunca nos preparam para o choque que é chegar ao destino, com outro clima, outra cultura e com um horário totalmente diferente que nos deixa atordoados durante dias.

A desvantagem das viagem de comboio feitas de noite é a impossibilidade de apreciar a vida que fervilha nas várias estações, perdendo-se também as mudanças que se registam na paisagem à medida que atravessamos o vasto território indiano… é quase como se fosse uma viagem de avião, mas sem os problemas da adaptação aos fusos horários nem da mudanças brusca de clima.

Destes quase cinco meses passados na Índia, registei os quilómetros percorridos nas 11 viagens que fiz de comboio, e que se encontram indicados nos bilhetes: 8254 quilómetros no total.

Fiquei a saber que é possível atravessar a Índia, de norte a sul num único comboio, numa viagem que demora entre 60 a 86 horas, ligando a cidade de Jammu, no estado de Kashmir a Kanyakumari, o extremo sul do país, onde o Mar Arábico se junta com a Baía de Bengal (ou Golfo de Bengala), no estado de Tamil Nadu, perfazendo 3500 quilómetros… aqui está um desafio!

(este texto data de Julho de 2013)

no comboio saboreando o vento quente e húmido
no comboio saboreando o vento quente e húmido

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