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Mcleod ganj

Dharamsala… revisited

O chilrear das pequenas aves que se ouve logo que os primeiros raios de sol surgem por trás das montanhas, anunciam o fim do chuva que durante dois dias escureceu o vale de Daramkot, trazendo gelo, granizo e frio mas deixando um manto branco no cimo das montanhas mais próximas, da cordilheira de Dhauladar, parte da cadeia montanhosa que constitui os Himalayas.

Este é o cenário de uma povoação dispersa ao longa da encosta numa época que antecede a primavera que para além dos dias amenos e primaveris trás consigo centenas de visitantes que procuram refúgio do calor do sul da Índia, acordando e dando vida à sonolenta Daramkot e à despovoada Bagshu.

Menos calma pela presença da comunidade Tibetana, a vila de McLeod Ganj, mantem a calma rotina, somente interrompida pelo afluxo de visitantes oriundos essencialmente de Delhi e do estado vizinho do Punjab, que nos fins-de-semana entopem as estreitas ruas, de um frenesim urbano em busca do exotismo das montanhas coroadas de neve.

Não sendo esta a primeira estadia por estas paragens, houve tempo de rever locais, encontrar diferenças, notar ausências e encontrar novidades. Houve tempo para assistir aos ‘teachings’ do Dalai Lama, para saborear os momo em versão street-food, para descobrir novos percurso pelas encostas das montanhas, praticar yoga no HIYC, assistir a palestras budistas no Centro Tushita e fazer o curso de meditação Vipassana.

Weather report/forecast: //mcleodganj-weathergeek.blogspot.in/

das encontras de Daramkot avista-se o vale por onde se espalha a povoação de Dharamsala, que Março acorda geralmente envolta numa espessa neblina
das encontras de Daramkot avista-se o vale por onde se espalha a povoação de Dharamsala, que Março acorda geralmente envolta numa espessa neblina
de McLeod Ganj existem várias opções para chegar a Daramkot, sendo o caminho pedonal pela encosta poente o mais calmo e o que proporciona uma atmosfera mágica envolto pela densa floresta de coníferas
de McLeod Ganj existem várias opções para chegar a Daramkot, sendo o caminho pedonal pela encosta poente o mais calmo e o que proporciona uma atmosfera mágica envolto pela densa floresta de coníferas
encosta onde se encontra Daramkot
encosta onde se encontra Daramkot
Daramkot ainda conserva o ambiente rural mas que aos poucos vai sendo substituído pelo cimento de mais guest houses e restaurantes
Daramkot ainda conserva o ambiente rural mas que aos poucos vai sendo substituído pelo cimento de mais guest houses e restaurantes
Daramkot: em Março os campos de trigo ainda estão verdes longe das colheitas que começas em meados de Maio
Daramkot: em Março os campos de trigo ainda estão verdes longe das colheitas que começas em meados de Maio
Daramkot
Daramkot
no cruzamento principal de McLeod Ganj reunem-se diariamente homens vindos do estado vizinho de Kashmir para o comercio de frutos secos e de açafrão
no cruzamento principal de McLeod Ganj reunem-se diariamente homens vindos do estado vizinho de Kashmir para o comercio de frutos secos e de açafrão
Bilheteira da companhia local de transportes, a HRTC
Bilheteira da companhia local de transportes, a HRTC

Alojamento:

…. centenas de opções desde hotéis, guest houses e quartos em casas particulares dos habitantes locais… mais perto da povoações, mais perto da montanha, com acesso por estrada ou por caminhos pedonais… mas calmas ou mais ‘animadas’…

Pink Guest House, em Upper Daramkot, com quartos entre as 300 e 500 rupias, variando de acorcom o tamanho e com o facto de terem ou não casa-de-banho partilhada. No wi-fi.
Pink Guest House, em Upper Daramkot, com quartos entre as 300 e 500 rupias, variando de acordo com o tamanho e com o facto de terem ou não casa-de-banho partilhada.

Pink House: quartos desde 300 rupias (com casa de banho partilhada) até 500 rupias para quarto duplo com casa de banho; contudo este valor pode subir rápidamente assim que se aproxima a época-alta (especialmente em Maio); alguns quartos com cozinha cujo aluguer diário é de 600 rupias; no Wi-fi 🙁 Para quem pretende ficar por longas temporadas, mais do que um mês, o preço pode ser negociado.

Kamal Guest House à frente da qual está o simpático Rajesh, que para além dos quartos dispões também de restaurante, onde se destaca o delicioso ‘kitchari’, um básico prato da cozinha indiana, uma mistura de arroz, lentilhas e vegetais servido numa versão mais próxima de uma sopa cremosa. A Kamal Guest House situa-se em Daramkot, junto ao Himalayan Iyengar Yoga Center. Wi-fi free and good
Kamal Guest House à frente da qual está o simpático Rajesh, que para além dos quartos dispõe também de restaurante, onde se destaca o delicioso ‘kitchari’, um básico prato da cozinha indiana, uma mistura de arroz, lentilhas e vegetais servido numa versão mais próxima de uma sopa cremosa. A Kamal Guest House situa-se em Daramkot, junto ao Himalayan Iyengar Yoga Center.

Kamal Guest House: 300 rupias por quarto individual com casa de banho; mas este valor pode subir rápidamente assim que se aproxima a época-alta (especialmente em Maio); free and good Wi-fi

Conifer Lodge. Mesmo ao lado da Kamal Guest House, em Daramkot, junto ao Himalayan Iyengar Yoga Center. Wi-fi free
Conifer Lodge. Mesmo ao lado da Kamal Guest House, em Daramkot, junto ao Himalayan Iyengar Yoga Center. 300 rupias por quarto individual com casa de banho. Wi-fi free

Conifer Lodge: 300 rupias por quarto individual com casa de banho; mas este valor pode subir rápidamente assim que se aproxima a época-alta (especialmente em Maio); quartos pequenos e básicos. Um apartamento disponível. free Wi-fi

Onde comer:

É vasta a oferta em termos de restaurantes, quer em Daramkot, Bagshu ou em McLeod Ganj, sendo esta ultima a que reúne as melhores opções em termos qualidade, sobressaindo a deliciosa comida Tibetana, à base de momos, sopa de noodles e o tradicional thenduk.

Para comida ao estilo indiano, mais concretamente ao estilo do Punjab e com a presença das especialidades de Amritsar a melhor opção é sem duvida Bagshu.

Para Daramkot ficam os restaurantes que servem o habitual mix de comida ocidental, indiana, mexicana, chinesa e israelita, mas onde se podem encontrar boas pizzas… contudo não se destaca nenhum em particular.

Trimurti Garden: restaurante onde também aluga quartos, mas cuja disponibilidade depende dos cursos de yoga e outras actividades que têm lugar no Trimurti Garden. A comida, num misto de opções de comida ocidental com alternativas de comida indiana, mas cozinhada com a suavidade do ‘gosto’ ocidental, onde são valorizados produtos biológicos e orgânicos. Bom café, bons bolos e variadas opções para pequeno-almoço, onde o pão home-made, é acompanhado por compotas caseiras.
Trimurti Garden: restaurante onde também aluga quartos, mas cuja disponibilidade depende dos cursos de yoga e outras actividades que têm lugar no Trimurti Garden. A comida, num misto de opções de comida ocidental com alternativas de comida indiana, mas cozinhada com a suavidade do ‘gosto’ ocidental, onde são valorizados produtos biológicos e orgânicos. Bom café, bons bolos e variadas opções para pequeno-almoço, onde o pão home-made, é acompanhado por compotas caseiras.
restaurante japonês Lung Ta em McLeod Ganj; vegetariano, que para além do menu apresenta para cada dia da semana um ‘special set’ por 200 rupias. Comida deliciosa servida num bom ambiente.
restaurante japonês Lung Ta em McLeod Ganj; vegetariano, que para além do menu apresenta para cada dia da semana um ‘special set’ por 200 rupias. Comida deliciosa servida num bom ambiente.
uma das opções do restaurante japonês Lung Ta em McLeod Ganj
uma das opções do restaurante japonês Lung Ta em McLeod Ganj
‘Coffee Meal’ espaço minimalista mas acolhedor, situada na rua principal de McLeod Ganj, mas afastado da confusão, com uma varanda com vista para as montanhas. Deliciosos bolos, bom café, wi-fi e o simpático serviço fazem deste espaço um dos locais de eleição. Partilha a entrada com a Shambhala Guest House.
‘Coffee Meal’ espaço minimalista mas acolhedor, situada na rua principal de McLeod Ganj, mas afastado da confusão, com uma varanda com vista para as montanhas. Deliciosos bolos, bom café, wi-fi e o simpático serviço fazem deste espaço um dos locais de eleição. Partilha a entrada com a Shambhala Guest House.
varanda do ‘Coffee Meal’ com vista para as montanhas de Dhauladar que em Abril ainda em espesso manto de neve
varanda do ‘Coffee Meal’ com vista para as montanhas de Dhauladar que em Abril ainda em espesso manto de neve

Transportes:

Amritsar – Dharamsala: não existindo estação de comboios em Dharamsala, a estação mais próximo é na pouco atractiva cidade de Pathankot no extremo norte do estado do Punjab. Daqui é necessário ir até ao terminal de bus, recorrendo a uma viajem em tuk-tuk. Para evitar transbordos a alternativa é efectuar o percurso entre Amritar e Dharamsala em autocarro público, pois não se encontram disponíveis serviços turísticos, sendo geralmente necessário efectuar transbordo no terminal de bus de Pathankot.

Contudo, existe um autocarro directo que parte do terminal em Amritsar pelas 12 horas, sendo conveniente chegar mais cedo para reservar um bom lugar, pois os veículos são velhos, desconfortáveis e o percurso no estado de Himachal Pradesh, para além de sinuoso, não oferece uma estrada em boas condições.

  • Bus: Amritsar – Dharamsala: a viagem, de pouco mais de 200 quilómetros demora entre 5 a 6 horas. Custo: 240 rupias.

Delhi – Dharamsala: Os autocarros partem do Terminal de Bus (Maharana Pratap Inter-state Bus Terminal – ISBT) situado junto a Majnu Ka Tilla, o bairro tibetano em Delhi, e servido pela estação de Metro “Kashmiri Gate”. É possível adquirir bilhetes nas muitas agências de viagens de Pahar Ganj, com alguns autocarros a iniciarem serviço perto desta zona ou perto de Old Delhi Train Station.

  • Bus: Delhi – Dharamsala: cerca de 12 horas de viagem, geralmente efectuadas de noite, que pode ser em autocarro local ou serviço turístico, com o preço a variar entre 550 e 1200 rupias, conforme o grau de conforto.

Para a viagem: McLeod Ganj – Delhi (Maharana Pratap Inter-state Bus Terminal – ISBT) existem diversas opções, todos efectuando a viagem de noite:

  • Os autocarros da companhia local HRTC (Himachal Road Trasnport Corporation), que constituem a opção mais barata, com várias versões dependendo da qualidade e sofisticação dos veículos, tendo em atenção que parte da estrada é de montanha o que exclui uma viagem confortável. Nestes veículo é raro encontrar estrangeiros. Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteira existente na praça principal de McLeod Ganj, não sendo necessário grande antecedência a não ser que se queira reservar um lugar especifico, o que dado o mau estado da estrada e da suspensão do veículo é de todo recomendável escolher um lugar na parte da frente do autocarro.
  • Os chamados turísticos, onde os preços variam entre 800 e 1200 rupias, em função do conforto e da arco do veículo, sendo os ‘Volvo’ os mais caros. Existem muita empresas e por isso não é difícil arranjar bilhete, que pode ser adquirido nas muitas agências de viagens que se encontram em McLeod Ganj, Daramkot ou Bagshu.

Mais alternativas em termos de horários são possíveis a partir de Dharamsala.

horários e preços dos autocarros de McLeod Ganj to Delhi
horários e preços dos autocarros de McLeod Ganj to Delhi
existem várias opções para efectuar a viagem de regresso a Delhi, sendo a mais barata os autocarros decrépitos da companhia de transportes local, a HRTC, que para além se serviços de longo curso efectua também a ligação entre as diversas cidades, vilas e aldeias do estado de Himachal Pradesh
existem várias opções para efectuar a viagem de regresso a Delhi, sendo a mais barata os autocarros decrépitos da companhia de transportes local, a HRTC, que para além se serviços de longo curso efectua também a ligação entre as diversas cidades, vilas e aldeias do estado de Himachal Pradesh
de entre as muitas opções de ‘autocarros turísticos’ explorados por empresas particulares. O melhor veículo a efectuar este serviço pertence à Bholenath, um Volvo novo que sai de McLeod Ganj pelas 6 pm
de entre as muitas opções de ‘autocarros turísticos’ explorados por empresas particulares. O melhor veículo a efectuar este serviço pertence à Bholenath, um Volvo novo que sai de McLeod Ganj pelas 6 pm
.... claro que nem todos os ‘volvo’ são efectivamente ‘volvo’ ;)
…. claro que nem todos os ‘volvo’ são efectivamente ‘volvo’ 😉

Melhor altura para visitar:

Apesar do tempo primaveril, algumas estradas podem estar cortadas, nos pontos mais altos, pela neve, o que obriga a desviar por percurso menos interessantes e mais movimentados.

Esta região de Dharamsala, oferece duas alturas propícias aos visitantes:

  • entre meados de Março ao inicio de Junho
  • de Setembro até final de Outubro

De Novembro a Fevereiro as temperaturas são baixas e grande parte de hotéis, restaurantes e lojas encontram-se fechados. Junho, Julho e Agosto é a época das monção, sendo a constante e intensa chuva pouco convidativa a percurso nas sinuosas estradas de montanha.

Supermercado espiritual?!?!

Tanto Mcleod Ganj como Dharamkot e Bhagsu são locais de eleição para quem se interessa por meditação e yoga. Aqui podem-se fazer cursos e realizar retiros de meditação Vipassana ou de Budismo.

Existe também uma vasta oferta de terapias holísticas e esoterismo: panchakarma, reiki, massagem tibetana, om, russa, thai, thai-yoga ou ayurvedica, leitura da aura, reflexologia, tarot, tai-chi, regressão, astrologia védica, terapia sacro-craniana, meditação tântrica, hipnose…

Existem também, cursos de culinária indiana e tibetana, joalharia, macramé, aulas de hindi, entalhe em madeira, tricot e aulas de música, existindo aqui inúmeras escolas que ensinam a tocar, tablas, citar, didgeridoo, djambé e de flauta. Isto proporciona inúmeras possibilidade de assistir a concertos em cafés e chill-out que podem surgir de forma espontânea; em contrapartida somos por vezes atormentados com o som de algum aluno a ensaiar arduamente. Os estudantes de Flautas estão a dar cabo de nós 😉

Toda esta oferta permite ocupar os dias aos inúmeros visitantes, maioritariamente europeus, que se demoram semanas ou meses por estas montanhas. Contudo oferece também uma faceta mercantilista, em que se torna difícil destingir a honestidade do oportunismo com que se procura cativar, pelas mais criativas formas, o dinheiro dos ocidentais. A propósito transcrevo um excerto de um livro “Sadhus, going beyond the dreadlocks” de Patrick Levy que descreve a impressão com que ficámos do ambiente que se vive por aqui.

“Since the arrival of tourist, there are ashram for westerners: the all-in-one spiritual supermarket, offering those who arrive with preconceived ideas of Hinduism and confortable asceticism, programs of yoga, and relaxation, meditation, ayurvedic treatments, health and well-being, and spice free vegetarian meals. Everything is à la cart, with extras if needed, but sadhus are not welcome in these places.”

Bhagsu
Bhagsu
Bhagsu
Bhagsu

Do que fomos sabendo por algumas pessoas, este é um dos locais que sofreu uma grande mudança nos últimos anos devido ao aumento do numero de visitantes, e que neste momento deve estar a atingir o limite da sustentabilidade, pois por toda a encosta se encontram construções recentes e muitos edifícios em construção ou em ampliação, cada vez maiores, destinados ao alojamento turístico e a restaurantes, fazendo com que se vá perdendo o ambiente rural que ainda persiste em zonas mais afastadas das ruas principais e que de certo cativa e cativou muitos dos visitantes.

Contudo este crescimento não é minimamente planeado nem organizado, não se criando infraestruturas como o saneamento básico ao o abastecimento de água. Falhas no fornecimento de eletricidade também são frequentes; sempre que chove falta a luz… quem disse que a água era um bom condutor elétrico?!?!?!?!

Mcleod Ganj
Mcleod Ganj
Mcleod Ganj
Mcleod Ganj
Mcleod Ganj
Mcleod Ganj
Bhagsu. Vista do nosso quarto no Hotel Sye Pie.
Bhagsu. Vista do nosso quarto no Hotel Sye Pie.
Hotel Sye Pie.
Hotel Sky Pie em Bhagsu. O habitual balde que serve para as lavagens após a ida a retrete, pois aqui  papel higiénico é coisa para estrangeiros, custando cada rolo cerca de 40 INR=60 centimos.
Hotel Sye Pie.
Hotel Sye Pie.
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Hotel Sky Pie em Bhagsu

Himalayas: Mcleod Ganj. Dharamkot. Bhagsu

Em vez das persistentes buzinas e do ruído do tráfego automóvel de Delhi, dos chamamentos do imã das mesquitas de Jaipur, ou do som dos sinos tocados pelo fies nos inúmeros templos hindus de Pushkar, acordámos em Bhagsu ao ritmo dos djambés e do cantar dos pássaros. Definitivamente estamos numa outra Índia, até agora completamente desconhecida para nós, e não foi só o clima e a paisagem que mudaram.

Trocámos as habituais ventoinhas de tecto, que tornavam possível uma noite de sono, pelos cobertores, pois o clima aqui é influenciado pelos Himalaias, que proporcionam, nesta altura do ano, manhãs frescas, dias quentes mas sempre com a brisa fresca que vem dos picos nevados das montanhas próximas e noites frias.

Ao principio estranha-se sempre a chegada a um novo local. Estranha-se a paisagem, as pessoas, as ruas, o clima, o hotel, o colchão, tenta-se descobrir nas manhas da fechadura do quarto ou o funcionamento das torneiras, os melhores sítios para comer, o melhor chai…. à primeira vista os locais onde chegamos nunca nos parecem convidativos: confusos e de certa maneira parecidos, mesmo tendo percorrido centenas de quilómetros. Com o passar dos dias vamo-nos familiarizando com o que nos rodeia, criando hábitos e rotinas que nos permitem conquistar novamente a nossa “zona de conforto”.

A paisagem que nos rodeia é de montanha, totalmente coberta de árvores, maioritariamente por uma espécie semelhante aos pinheiros do norte da europa, encontrando-se por toda a encostas, nas zonas mais baixas, aglomerados de casas com os seus característicos telhados de placas de xisto, rodeadas de pequenos campos de cultivo, geralmente de trigo, em socalcos conquistados à forte inclinação da encosta.

Uma das maiores cidade do estado de Himachal Pradesh é Dharamsala (1219m), mas aí pouca gente fica, apesar da vista que de lá se tem para os picos cobertos de neve. Poucos quilómetros mais acima, encontra-se a vila de Mcleod Ganj, que surgiu no “mapa” desde que aqui se estabeleceu o Dalai Lama. Com o aumento do turismo, as povoações vizinhas, como Dharamkot e Bhagsu, onde estamos alojados, foram crescendo e espalhando-se pelas encostas praticamente ligando-se umas às outras por caminhos pedonais. Por todo o lado existem casa que alugam quartos, pequenos restaurantes, cafés, chill-outs, pequenos postos de venda de fruta e algumas lojas que vendem artigos de higiene e comida, essenciais à “sobrevivência” de um ocidental.

Bhagsu, situada a cerca de 2000 metros de altitude, consiste em pouco mais do que numa rua principal que vai ter a um templo hindu, e uma outra, perpendicular, que sobe pela encosta quase a 45 graus de inclinação. Ambas estão inundadas de lojas de roupa, com artigos de caminhada ou roupa ao estilo hippie-freak europeu, artesanato tibetano…. proliferam guesthouses e restaurantes com o nome de “om star”, buddha delight, mystery café, laughing buddha, zion café, rainbow gathering, gipsy kings, ever green, sunset…

Não se encontra com facilidade a típica comida indiana vendida na rua, e mesmo os restaurantes indianos, maioritariamente do Punjab, servem também comida italiana, chinesa, tibetana, mexicana e israelita. De facto os israelitas conquistaram esta zona, encontrando-se por aqui em grande numero; no hotel onde estamos, o incaracterístico Sky Pie) devemos ser os únicos, juntamente com os empregados, que não somos de Israel 😉

Mcleod Ganj (1770m), que fica a pouco mais de 2 quilómetros de Bhagsu, é uma povoação maior, onde a presença tibetana é bem evidente, em restaurantes, lojas e livrarias, vendo-se monges e monjas, e muitas mulheres vestindo as roupas tradicionais do Tibete. Aí encontra-se o templo budista Tsuglagkhang, o complexo que alberga o dois templos budistas com as tradicionais rodas de bronze com inscrições de mantras, escolas, associações de apoio a refugiados, centros de arte e cultura, a residência oficial do actual Dalai Lama, assim como a sede do movimento de resistência à invasão chinesa.

O Tibete era reino autónomo, governado pela dinastia espiritual do Dalai Lama, tendo sido invadido, em Maio de 1949, pela China, pela mão do Exército Popular de Libertação. Desde então 1.2 milhões de tibetanos foram mortos e 90% do património cultural tibetano foi destruído. Entretanto mais de 250 mil tibetanos refugiaram-se na região de Dharamsala, onde o actual Dalai Lama, Tenzin Gyatso, se exilou e onde tem residido desde então.

Infelizmente a causa “Save Tibet” tem perdido o impacto na opinião pública internacional, e a crescente importância da China na economia mundial faz com que haja pouca esperança na mudança desta situação.

Floresta entre Bhagsu e Dharamkot
Floresta entre Bhagsu e Dharamkot
Mcleod Ganj
Mcleod Ganj
Templo budista em Mcleod Ganj
Templo budista em Mcleod Ganj
Tsuglagkhang
Templo budista Tsuglagkhang
Tsuglagkhang
Templo budista Tsuglagkhang
Tsuglagkhang
Templo budista de Tsuglagkhang. Roda de oração em bronze que são postas a girar pelo fiés lançando orações em todas as direcções, ao mesmo tempo que contornam o edificio, sempre no sentido dos ponteiros do relógio
Local onde se efectua o ritual de prostração que os budistas realizam junto aos templos
Local onde se efectua o ritual de prostração que faz parte das orações budistas
Memorial aos individuos que este ano já se imolaram pelo fogo em nove da libertação do Tibete
Memorial aos individuos que este ano já se imolaram pelo fogo em nome da libertação do Tibete
Movimento de Libertação Tibetano
Movimento de Libertação Tibetano
Tsuglagkhang
Templo budista de Tsuglagkhang. Rodas de oração
Mcleod Ganj
Mcleod Ganj
Venda de algodão-doce na estrada entre Mcleog Ganj e Bhagsu
Venda de algodão-doce na estrada entre Mcleog Ganj e Bhagsu
Café/restaurante em Dharamkot
Café/restaurante em Dharamkot
A atestar a forte presença israelita na zona, eis a carrinha onde o "messias" de desloca
A atestar a forte presença israelita na zona, eis a carrinha onde o “messias” de desloca

… do deserto do Rajastão aos Himalaias

“when you are stranger, people are strange…” excerto de uma música dos The Doors.

Quando nos afastamos dos locais frequentados por ocidentais, perdemos o olhar cúmplices de outros estrangeiros com quem nos cruzamos e sentindo-se uma empatia natural, mesmo sem nos conhecermos ou termos trocado uma palavra, fazendo-nos sentir pequenos e insignificantes.

Mas quando iniciamos viagem e nos perdemos na imensidão da Índia, parece que nos diluímos na multidão, e apesar de sermos o centro das atenções somente recebemos olhares de curiosidade, raramente se conseguindo quebrar a barreira formada por culturas tão distintas. Não temos as mesmas referências ou os mesmos hábitos, não partilhamos a mesma religião, não falamos a mesma língua e nem a linguagem gestual é a mesma.

Em locais com muita gente, como são as estações de comboios, parece que somos engolidos pela massa humana, como se fossemos uma pequeno barco a deslocar-se contra a corrente. Solitários num mar de gente.

Todas estas considerações resultaram da mais longa viagem que fizemos nesta segunda visita à India; saímos de Pushkar, no Rajastão com destino a McLeod Ganj, no estado de Himacal Pradesh.

Foram mais de 24 horas de viagem; não sei quantos quilómetros pois por aqui o que conta é mesmo o tempo de duração da viagem.

Saímos pela hora de maior calor de Pushkar, pelo que tivemos que apanhar um tuk-tuk para nos levar à estação de camionetes, ou melhor, ao descampado de terra batida onde para os autocarros, à entrada da cidade, para nos levar a Ajmer.

Daqui embarcamos na grande aventura que é andar de autocarro, nas carreias normais, em veículos pertencente à empresa governamental. Os veículos estão num péssimo estado de conservação, tanto exterior como interior, sujos e desconfortáveis. As estradas são geralmente más e a lotação ultrapassa muitas vezes o limite. Tudo isto torna as viagens neste tipo de veículos penosas apesar do colorido provocado pela massa humana.

Os veículos estão muitas vezes decorados com imagens de divindades hindus e podemos ter a companhia de música indiana ao estilo bollywwod. Existe sempre um “pica” que cobra os bilhetes e dá ordens para que se consigam encaixar mais passageiros, num veículo já cheio de gente e bagagens; velhotes ou mulheres com crianças não têm tratamento preferencial, indo muitas vezes sentados no chão.

Geram-se momentos de confusão, por vezes com discussões, muito barulho, muitos encontrões, o que somado com o calor fazem com que meia-hora de viagem pareçam uma eternidade.

Esperava-nos uma viagem de comboio de Ajmer para a estação de Chakkin Bank, que deve ser tão insignificante que nem vem no mapa nem no nosso guia de viagem, e que se iniciou pouco depois das duas da tarde e durou até às 8 da manhã do dia seguinte, duas horas depois do previsto.

Como era uma viagem longa, escolhemos lugares nas carruagens com três camas. Foi uma viagem agradável enquanto percorríamos as planícies secas do Rajastão. A passagem por Delhi, já durante a noite criou alguma confusão com a entrada de novos passageiros, tendo-nos calhado no nosso compartimento quatro mulheres com três crianças pequenas; tememos o pior, mas revelou-se uma noite calma, que terminou bem cedo pelas 6 da manhã, com o habitual reboliço.

Chegados à estação de comboios de Chakkin Bank, tivemos que negociar com um tuk-tuk a viagem até à estação de autocarros de Pantankot, já no estado de Himalacal Pradesh. Foi uma viagem na parte de trás do veículo, que geralmente ocupamos com as nossas mochilas mas que desta vez ainda levou mais 5 passageiros e respectiva bagagem, por mais uma feia e incaracterística cidade.

Chegados ao terminal de autocarros de Pantankot, enquanto esperávamos comemos um dos tradicionais pequenos almoços dos indianos, as chamuças, que são servidas com um molho tipo carril ou somente um molho picante, a que chamam chutney (que não tem nada a ver com o que nós conhecemos por esse nome).

Pareceu-nos o repasto de um rei, pois a comida durante a viagem do comboio foi escassa e não íamos preparados com provisões.

Aqui começa mais uma viagem alucinante de autocarro pelas estradas montanhosas, em mais um veículo decrépito, que durou 4.5 horas para percorrer os 98 quilómetros que nos separavam do nosso destino: Dhramsala.

Chegamos espapaçados a Dhramsala onde apanhamos um táxi, pois mais uma viagem de autocarro estava fora de questão, para nos levar ao local que escolhemos para ficar: Bagshu, situado a 2100 metros de altitude já na cadeia montanhosa que forma os Himalaias.

Estação de autocarros de Pantankot, onde estavam estacionados estes veículos que funcionam como taxis mas que parece que saíram do filme Mad Max... apocalípico
Estação de autocarros de Pantankot, onde estavam estacionados estes veículos que funcionam como taxis mas que parece que saíram do filme Mad Max… apocalíptico
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