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Stepping Out Of Babylon

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Nagaland

Os mastigadores de “paan”

"paan" chewer in the streets of Guwahati, Assam, India
preparando o tabaco de mascar numa das ruas da cidade de Guwahati, Assam, India

 

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Da intensa experiência que foi viajar nos estados do Nordeste da Índia, uma coisa houve que ficou marcada vivamente na memória dos sentidos: o paan… o cheiro, a côr, os gestos, o som do cuspir e o rasto vermelho deixado pelo chão.

Mas o que é o paan!?! Basicamente paan é noz de areca (areca nut), cujo aspecto se assemelha à noz-moscada, cortada em pequenos pedaços, e envolvida em folha de bétel, uma trepadeira de folha verde que tem efeitos estimulantes. A esta mistura junta-se muitas vezes tabaco (de mascar) e cal (hidróxido de cálcio)… sim, a mesma cal como a que se usa para revestir paredes.

A noz de areca, assemelha-se muito à noz-moscada, tanto no tamanho como no aspecto do fruto, mas em vez de nascer de uma árvore é o fruto de uma palmeira, cujas nozes crescem em cachos no topo de um fino e alto tronco.

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Areca nut still with the skin of the fruit
Fruto da árvore de Areca, uma espécie de palmeira, ainda com o fruto que envolve a noz. ao lado encontram-se as folhas de bétel indespensáveis à preparação do paan. Mokochung, Nagaland. India

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Betel Leaf sold in markets (folha de Betel à venda nos mercados)
Folha de Bétel que se encontra à venda nos mercados de vários países asiáticos. Bruma (Myanmar)

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Areca nut without skin
Noz de Areca à venda num mercado da Birmânia, já seca e sem o fruto, e cujo aspecto em muito se assemelha à noz-moscada, usada na culinária. Burma (Myanmar)

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Areca nut tree. Megahlaya. India
Palmeira de Areca, cujo fruto cresce no topo de um fino e alto tronco. Megahlaya. India

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A folha de bétel é cuidadosamente dobrada em forma de um pequeno rectângulo, conservado a noz de areca, e colocada na boca, sendo ligeiramente mastigada de forma a libertar lentamente os sucos, que aos poucos vão dando uma coloração avermelhada à saliva, que se estende aos cantos da boca e aos lábios. Ao fim de alguns anos de utilização, resulta não só os dentes deteriorados e manchados de vermelho, como também uma certa adição, devido às propriedade da folha de bétel. Misturada com tabaco, aumentam ainda mais os efeitos cancerígenos da noz de areca.

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paan street stall. Burma
banca de rua de preparação e vend de “paan”, onde estão disponíveis diversas variedades de tabaco . Burma (Myanmar)

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"paan" before being fold in the betel leaf. "paan" uma mistura de nós de areca, cal e tabaco de mascar, enbrulhada numa folha de betel)
“paan” uma mistura de nós de areca, cal e tabaco de mascar, embrulhada numa folha de betel

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O paan produz uma forte salivação, o que faz com que os seus consumidores tenham necessidade frequente de cuspir, o que é muitas das vezes feito de forma aparatosa, num jacto de saliva avermelhada, que deixa um rasto pelas ruas, passeios e até paredes!

Sendo bastante popular na Índia, o hábito de consumir paan encontra-se espalhado um pouco por todos os países asiáticos, como o India, Nepal, Bangladesh, Sri Lanka e Birmânia, sendo este ultimo o país onde a presença de paan é uma constante, desde mulheres a crianças.

Mas a passagem por alguns dos estados do Nordeste da Índia, Assam, Nagaland e Meghalaya deixou uma marca mais forte deste fenómeno. Aqui, talvez mais do que em qualquer outra das regiões da Índia a noz de areca é “rainha”, sendo mesmo mastigada sem a folha de bétel ou outros ingredientes.

Sendo predominantemente um hábito masculino, comum entre a população mais pobre, é uma imagem de marca entre motoristas de autocarros e condutores de tuk-tuks; mas no Nordeste da Índia o paan é também bastante popular entre as mulheres, sendo o seu consumo transversal às várias camadas sociais, não sendo de estranhar encontrar um pastor na ilha de Majuli a cuspir o paan ou a recepcionista de um hotel em Mokokchung com os cantos da boca marcados pelo vermelho da noz de areca.

O consumo de tabaco de mascar é também bastante popular, sendo misturado com cal, de forma a humedecer as folhas formando uma pasta que se coloca junto à gengiva. A preparação do tabaco, esfregando a mistura na palma da mão com os dedos, que depois é ligeiramente batida para ficar espalmada, são um dos gestos que se vêm constantemente… nas cidades ou nas vilas, nas ruas ou nas lojas, em autocarros e comboios…

Apesar do acto de mascar tabaco ser desagradável, pois produz também a necessidade frequente de cuspir, o paan, com o seu cheiro adocicado criou ao fim de três semanas de viagem pelo Nordeste da Índia, uma certa repugnância pela combinação do som com o jacto de saliva vermelha libertado pelos mastigadores de paan, que não se esforçam por ser discretos ou delicados, fazendo do acto de cuspir uma arte, onde por certo a trajetória e distância do rasto vermelho deixado no chão é motivo de orgulho.

E um pouco por todo o lado, vêm-se sempre marcas brancas deixadas pela cal que colada aos dedos, é que depois são esfregando em ombreiras das portas, junto à lojas de paan, ou nos bancos dos autocarros e comboios…

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paan shop, that are small stall where the paan is prepared and sold, usually in pack of six. Mokokchung, Nagaland. India
paan shop, pequena loja ou quiosque que vende o “paan” preparado e que é geralemnte vendido em pacotes de seis unidades. Mokokchung, Nagaland. India

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marks left by the fingers with lime that is used to mix with the tobacco and the areca nut (marcas deixadas pela cal usada para misturar o tabaco de mascar com o noz de areca).
marcas pelos dedos sujos da cal usada para misturar o tabaco de mascar com o noz de areca. Nagaland. India.

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E o cheiro deixou também uma forte marca na minha memória, com quartos de hotel a cheirarem a paan, e com viagens longas de autocarro ou the sumo, a serem feitas na companhia de activos mastigadores de paan, cujo cheiro adocicado impregna o espaço, e a cruzam regularmente o meu campo de visão para cuspirem pela janela.

Uma negativa mas forte memória que criou em mim uma repugnância ao paan, ao qual os meus sentidos não conseguem ficar indiferentes.

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tuk-tuk driver spiting the paan, leaving a red trace on the streets (condutor de tuk-tuk
condutor de tuk-tuk junto às marcas deixadas no pavimento pela saliva tingida pelo vermelho deixado pela noz de areca… uma imagem sempre presente em muitas cidades da India, Sri Lanka e Birmânia

Kohima e o exotismo dos mercados

Mao Market. Kohima
Mao Market. Kohima

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Definitivamente Kohima sobressaiu pelos mercados, onde a exótica e diversificada oferta de produtos alimentares espelha a originalidade da gastronomia de Nagaland, que inclui carne, peixe seco, enguias, caracóis, larvas, ratos e rãs… e larvas de vespa, vendidas ainda dentro da colmeia. Aqui também se podem encontrar os famosos Naga Chilli, consideradas as malaguetas mais picantes do mundo

Quanto aos vegetais, encontra-se nos mercados uma mistura de produtos tropicais, como a flor de bananeira, e os que vêm das montanhas como os cogumelos e o bambu; pelo meio encontra-se uma grande variedade de vegetais, muitos dos quais totalmente desconhecidos dos paladares europeus, e que tão pouco se encontram por outras zonas da Índia.

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Mao Market. Kohima
Mao Market. Kohima

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Mao Market. Kohima
Mao Market. Kohima

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Mao Market. Kohima
Mao Market. Kohima

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Kohima é a capital de Nagaland, e como é costume neste estado do Nordeste da Índia, todas as cidades localizam-se em zonas de montanha, preferencialmente no cume, estendendo-se pelas encostas ao longo de estradas, numa malha sinuosa e íngreme, que pouco convida a caminhadas. Uma chuva esporádica e um céu cinzento constante pintaram de cores escuras esta cidade de betão e telhados metálicos que poucos atractivos apresenta. Contudo esta cidade pode ser um bom ponto de partida para conhecer a cultura das tribos de Nagaland, e torna-se bastante popular em termos de turismo durante o festival Hornbill que serve de mostra da cultura local.

Como qualquer viagem em Nagaland implica um elevado nível de esforço, mental e físico, pelo desconforto e pela duração das viagens, Kohima apresentou-se como ponto de paragem quase obrigatório no itinerário entre Mon-Mokokchung-Guwahati.

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Kohima
Kohima

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Kohima
Kohima

Sendo escassos os motivos de interesse, onde evitei sem esforço o popular War Cemetery e o State Museum of Kohima, o que sobressaiu foram os mercados, em especial o Mao Market… aparentemente não há qualquer relação entre este local e o líder do Partido Comunista Chinês. Neste mercado, situado num pequeno edifício de betão vendem-se produtos alimentares usados na cozinha de Nagaland, mas que não são tão frequentes de encontrar nas lojas do cidade, como os vermes e as rãs que aqui são vendidos vivos… e em intensa actividade para escaparem dos recipientes onde são mantidos cativos.

Mao Market. Kohima
Mao Market. Kohima

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Market. Kohima
Market. Kohima

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Market. Kohima
Market. Kohima

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Mas perto deste pequeno mercado estende-se um outro mercado… ou melhor outros mercados, numa sequência de edifícios construídos em madeira cobertos de chapa metálica ondulada, onde por estreitos e labirínticos corredores e escadas se passa da zona de venda de roupa, para a zona de alimentos, sendo fácil perder o sentido de orientação, obrigando a alguma persistência para encontrar uma saída… onde nada garante que seja o mesmo local de entrada!

Market. Kohima
Market. Kohima

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Mas neste mercado, descendo para zonas mais escuras e menos movimentadas somos surpreendidos por um cheiro pesado e repugnante, numa mistura de sangue e dejectos. É a zona onde se vendem e abatem animais, e onde galinhas e patos aguardam pela sua vez, sob a luz amarelada das fracas lâmpadas que iluminam o local, onde se sente o pesado cheiro a morte.

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Market. Kohima
Market. Kohima

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Kohima_fish market_DSC_8927

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Como chegar ao Mao Market:

Junto ao cruzamento da Midland Colony, existe uma paragem onde passam os autocarros que passam junto ao Mao Market, perto do Sokhriezie Junction, na Kohima-Imphal Road. Mas basta perguntar ao cobrador de bilhetes do autocarro que toda a gente conhece o local; a viagem custa 10 rupias, e demora cerca de 15 minutos.

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Mao Market. Kohima
Mao Market. Kohima

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Onde dormir em Kohima:

Fugindo ao ambiente anónimo e aos desérticos e sinistros hotéis, Kohima surpreendeu com o Morung Lodge, uma descoberta casual quando andava em busca do Hotel Pine, em Midland Colony. Morung Lodge é uma verdadeira guest house, onde se sente o ambiente familiar e o conforto proporcionado por um ambiente com personalidade.

Morung Lodge

Address: Midland Colony (logo a seguir ao Hotel Pine).

Contacts: 985 634 3037 (Nino) ou 841 481 4214 (Amen)

Email: [email protected]

Wi-fi: 100 rupes/day

Veg dinner: 200 rupes

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Morung Lodge. Kohima
Morung Lodge. Kohima

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Morung Lodge Contacts. Kohima
Morung Lodge Contacts. Kohima

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Onde comer em Kohima:

Sendo a gastronomia de Nagaland fortemente dominada pela carne, as refeições ficaram-se mais pelo monótono arroz com caril (localmente denominado de rice) ou por um Chow Mein, lembrando-nos quão perto estamos da Ásia.

Em Kohima é uma boa oportunidade de experimentar a comida de Nagaland (Naga food) existindo alguns restaurantes especializados, mas onde é impossível encontrar comida vegetariana… quanto muito um chow mein!

Apesar da forte influência da cultura gastronómica asiática, é possível encontrar um pouco por todo o lado os snacks indianos, como os puris e as samosas. Em Midland Colony, na Kohima-Mokokchung Road, muito perto do Morung Lodge, o Hotel Taste serve desde as 6 a.m. deliciosas samosas (chamuças) que podem ser acompanhadas com chai (chá com leite) cujo sabor adocicado não combina bem para o meu paladar, mas que é uma escolha popular entre a população local como primeira refeição do dia.

Também na mesma zona, junto ao cruzamento principal da Midland Colony (perto da Ao Baptist Church) encontram-se alguns restaurantes que servem um razoável rice (arroz com caril de vegetais e dal) por 80 rupias.

Transportes em Kohima:

A cidade de Kohima, mostra-se pouco convidativa a caminhadas a pé, pois este centro urbano estende-se por uma grande área, ao longo de estradas de intenso tráfego e onde não existem propriamente infraestruturas para peões.

Para distâncias mais longas, existem autocarros urbanos que percorrem a cidade, os City Bus. Uma viagem custa cerca de 10 rupias.

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Kohima
Kohima

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Como ir de Kohima para Dimapur:

Do terminal de autocarros da NST partem por volta das 7 a.m., um autocarro para Dimapur; mas o horário de partida não é certo, e o autocarro só inicia o percurso quando está cheio, de acordo com informações da bilheteira. Contudo nesta viagem começou com cerca de 2/3 dos passageiros por volta das 7.20 a.m. Os autocarros da NST (Nagaland State Transport) encontram-se em muito mau estado, sujos e com os alguns dos bancos partidos, em especial os que fazem os percursos mais curtos, como é o caso de Kohima-Dimapur.

  • Bus de Kohima para Dimapur: 120 rupias (3 horas)

Mesmo junto ao terminal de autocarros encontra-se uma paragem e táxis facilmente identificável pela concentração de veículos de cor amarela. A viagem em shared-taxi custa 220 rupias e demora 2.5 horas. Os táxis não têm horário fixo e partem assim que estão cheios (o que de manhã não demora muito), funcionando desde as 6 da manhã até ao fim do dia.

A estrada entre Kohima e Dimapur é essencialmente de montanhas, com o ultimo terço do percurso já a ser feito nas planícies de Assam. A estrada tem boas condições de pavimento mas tem troços em obras e outros em muito mau estado o que torna a viagem cansativa, cheia de solavancos.

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NTC bus schedule from Kohima
NTC bus schedule from Kohima

Mokokchung… e o aborrecido Domingo!

De Mokokchung podemos resumir que é uma cidade banal e aborrecida. Mas ao mesmo tempo tem tudo para ser agradável: organizada, limpa, calma e com uma localização que oferecem uma vista ampla para as montanhas cobertas de verde que rodeiam esta cidade que constitui o centro da cultura da tribo Ao, um dos vários grupos étnicos que constituí o estado de Nagaland, no Nordeste da Índia.

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Mokokchung
Mokokchung

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Tendo começado o itinerário em Nagaland pelo norte do estado, pela cidade Mon, Mokokchung surgiu no mapa como um ponto de paragem intermédio na viagem até Kohima, cujas características montanhosas obrigam sempre a longas viagens. Mas para minha surpresa, não existe nenhuma estrada transitável a ligar Mon a Mokokchung dentro do estado de Nagaland, sendo necessário descer até ao vizinho estado de Assam, aproveitando as suas estradas planas e em razoável estado de conservação, para depois entrar novamente em Nagaland em direção a Mokokchung ou Kohima.

Mas depois da aridez humana e da rude paisagem da região de Mon, que deixaram uma intensa e pouco agradável memória da estadia em Mon, a entrada novamente em Nagaland, desta vez na região da tribo Ao, étnica e culturalmente diferentes dos Konyak, mostrou outra face deste estado.

Logo no inicio, passando pela aldeia de Tuli, somos recebidos pelas coloridas flores que enfeitam vasos e jardins à entradas das casas, assim como canteiros que parecem surgir espontaneamente à beira da estrada. Casa cuja construção em madeira e bambu está impecavelmente cuidada, pintadas em tons suaves que combinam com a paisagem. Uma paisagem também montanhosa mas mais “macia” e de um verde mais brilhante e fresco… como se por aqui houvesse mais gosto pela vida!

Uma população mais afável, muito curiosa, e disposta a fazer um pouco de conversa, para “conhecer” quem vem de tão longe visitar estas paragens, onde o inglês é “língua franca” em que a maioria das pessoas é capaz de comunicar, o que denota a importância dada à educação, que é evidente em Nagaland assim como em Magalahya.

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Mokokchung
produtos à venda no pequeno mercado de Mokokchung

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Mokokchung
Mokokchung

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Mokokchung em si, pouco interesse desperta, sendo necessário visitar as aldeias vizinhas para entrar em contacto com a cultura Ao. Mas não havendo transportes públicos para estas pequenas localidades pouco houve a fazer em Mokokchung, para além de descansar de intensas e longas viagens. Sendo Nagaland, como alguns dos estados vizinhos, fortemente cristã, resultado dos missionário que chegaram por volta do século IX, o Domingo é escrupulosamente respeitado como dia de descanso, onde todo o comércio e serviços se encontram fechados. E aqui “todos” significa mesmo todos, pois não há nenhuma loja ou sequer restaurante aberto em toda a cidade; como táxis, sumos e autocarros também não funcionam, sendo a única coisa aberta as igrejas correspondentes às diversas correntes do cristianismo.

Esta particularidade fez com que a minha estadia em Mokokchung se tenha estendido por dois dias, em que o Domingo foi passado dentro do hotel, incluindo as refeições, pois nem os restaurantes de Hindus funcionam aos Domingos!!!

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Mokokchung
Mokokchung

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Mokokchung
Mokokchung

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Onde dormir em Mokokchung:

Mokokchung não está ainda preparada com guest houses ou outro tipo de alojamento para backpackers. Os “hostels” assinalados são residências de longa duração para estudantes de outras localidades, e não alugam quartos.

Contudo, dois dos hotéis da cidade têm dormitórios, ou seja, quartos com várias camas. Os dormitórios são mistos, o que pode criar obstáculos a mulheres quando algumas camas estão já ocupadas por homens.

O Hotel Metsuben e o Whispwring Winds, são formais hotéis, com as habitais infraestruturas e serviços, mas onde os preços são pouco simpáticos para backpacker, mas onde uma cama num dormitório custa entre 300 a 350 rupias.

  • Whispering Winds: //www.whisperingwinds.co.in/
Whispering Winds. contacts. Mokokchung
Whispering Winds. contacts. Mokokchung
  • Hotel Metsuben: //www.facebook.com/hotelmetsuben

 

Hotel Metsuben. contacts. Mokokchung
Hotel Metsuben. contacts. Mokokchung

 

Hotel Metsuben. rates. Mokokchung
Hotel Metsuben. rates. Mokokchung

 

Ambos situam-se fora do centro da cidade, mas a uma distância razoável para ser feira a pé. A escolha foi para o Whispering Winds, situado no topo de uma das colinas, no lado oposto ao Hotel Metsuben.

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Onde comer em Mokokchung:

Mokokchung não sobressaiu pela comida, encontrando-se ao longo da I.M. Road vários cafés que servem parathas, samosas e mais alguns snacks. Aqui começa-se a notar alguma influência da cultura indiana, podendo mesmo encontrar-se lassi.

Na I.M. Road, por cima do “Amigo’s Restaurant”, encontra-se o “The Restaurant” que num ambiente agradável a acolhedor serve desde comida indiana (arroz com caril) a comida asiática (chow mein, noodles, etc…).

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Mokokchung
Mokokchung

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Transportes em Mokokchung:

A cidade apesar da forte inclinação das ruas, que implica subir e descer ruas numa espécie de zig-zag, é possível de ser feita a pé. Contudo existem autocarros a percorrer as estradas principais, identificados como City Ride, que facilitam as deslocações. O percurso do centro até perto do hotel Whispering Winds custa 10 rupias.

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"police circle" o centro da cidade de Mokokchung
“police circle” o centro da cidade de Mokokchung

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Como chegar a Mokokchung:

Devido ao mau estado das estradas de Nagaland, em parte pela falta de investimento e manutenção, e em parte pela sinuosa orografia, não existe uma estrada que ligue directamente Mon a Mokokchung.

Assim, de Mon é necessário ir até Sonai, em Assam, passar por Simaluguri, e em Amguri entrar novamente em Nagaland, passando por Tuli. De Tuli são mais 4 horas de estrada de montanha até Mokokchung.

De Mon existe diariamente (excepto Domingos), pelas 6 am, um serviço de sumo para Mokokchung. É necessário reservar com antecedência (Travel Link). Os sumos têm um terminal específico em Mokokchung, perto do mercado, que fica a uma distância razoável de ser feita a pé até ao centro da cidade, local onde se encontra o terminal de bus da NTC (Nagaland Transport Corporation).

  • sumo de Mon para Mokokchung: 650 rupias (8 horas)

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venda de bilhetes para os sumos para Mon. Mokokchung
venda de bilhetes para os sumos para Mon. Mokokchung

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Como ir de Mokokchung para Kohima ou Dimapur:

Mokokchung tem uma grande oferta em termos de transportes públicos.

No centro da cidade, Police Circle, encontra-se o terminal de autocarros da NTC (Nagaland Transport Corporation). Com ligações a Guwahati, Dimapur e Kohima.

Para outros destinos, como Mon, é necessário recorrer aos sumo, que partem de um pequeno terminal perto do mercado de frescos.

As ligações com Dimapur e Kohima estão também asseguradas por sumo, existindo no inicio da IM Road, perto do Police Circle, várias empresas com estes serviços.

  • public bus de Mokokchung para Kohima: 220 rupees

parte às 6 a.m. (8 horas de viagem)

  • sumo Mokokchung to Kohima: 430 rupees

6 a.m e 10 a.m. (6 horas de viagem)

  • sumo de Mokokchung para Dimapur (night service): parte às 4.30 p.m e chega perto das 5 a.m.

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horários dos sumos. Mokokchung
horários dos sumos. Mokokchung

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altitude: 1325

população: 35.913

Mon… na terra dos Nagas

Mon recebeu-me com uma violenta tempestade que surgiu inesperadamente depois do pôr-do-sol, num dia em que o azul tinha dominado o céu e nada fazia prever tão brusca alteração climatérica que trouxe consigo um desconfortável frio.

Uma pequena cidade que se localiza no topo de umas quantas colinas e se vai derramando pelas suas encostas, acompanhado ruas e estradas sinuosas. Uma cidade feita de construções de betão e telhados de chapa metálica. Mon parece envolta num manto baço e cinzento, onde a luz difusa do chuvoso dia cria uma atmosfera triste e deprimente, fazendo esmorecer o entusiasmo de qualquer visitante.

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Mon Town. Nagaland
Mon Town. Nagaland

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Mon Town. Nagaland
Mon Town. Nagaland

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Nas montanhas que envolvem a cidade e que constituem uma barreira intransponível no horizonte, o denso verde da floresta contrasta com este melancólico cenário. Mas em alguns locais nota-se a pesada mão-humana, onde grandes áreas de florestas foram totalmente dizimadas, deixando exposto o solo castanho acinzentado que transmite um imenso sentimento de desolação.

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montanhas que rodeiam a cidade de Mon. Nagaland
montanhas que rodeiam a cidade de Mon. Nagaland

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Montanhas em volta da cidade de Mon, sujeitas a intensa desflorestação que deixam o solo exposto À erosão. Mon. Nagaland
Montanhas em volta da cidade de Mon, sujeitas a intensa desflorestação que deixam o solo exposto à erosão. Mon. Nagaland

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As montanhas de Nagaland reúnem um conjunto de várias tribos e grupos étnicos, que se podem contar em cerca de 16, e que sob o domínio Britânico se viram grupadas no que actualmente Índia e a Birmânia. Contudo estas fronteira modernas não olharam para a especificidades étnicas e culturais destas populações, o que levou que conflictos e a acções violentas que duraram até 2013. Mon é o centro da tribo Konyak cujo território se estende também à Birmânia, e cujas características físicas e os rostos mongóis nos remetem claramente para os povos asiáticos.

A densa cadeia montanhosa que desde séculos abrigou estas tribos Naga permitiu que estas populações se mantivessem afastadas da cultura, língua e religião indiana, mantendo até aos dias de hoje uma língua própria, cuja escrita é curiosamente em caracteres latinos. Foi também resultado deste isolamento que mantiveram as suas praticas religiosas ligadas ao animismo, sendo somente destruído pela chegada dos missionários no século IX que trouxeram o cristianismo a estas paragens.

Mas apesar desta influencia, os Konyak, mantiveram vivas as suas tradições, sendo famosos e temidos head hunter (caçadores de cabeças) onde cabeças de guerreiros de tribos inimigas eram pendurados nas Morong (casas comunitárias) como troféus depois de cada luta. Mas desta tradição nada resta com os crânios humanos substituídos por crânios de animais na decoração das Morong, mas o que ainda não desapareceu foram as tatuagens que muitos homens ainda exibem no rosto, e que se estendem ao pescoço, mostrando que foram bem sucedidos como head hunters. Estas tatuagens assim como as orelhas furadas, de onde pendem chifres de animais, e os colares de contas coloridas, decorados com imagens de rostos esculpidos em bronze indicando o número de cabeças conquistadas, continuam a ser usados por alguns dos homens desta tribo. Mas somente entre os mais velhos se vêm ainda as famosas tatuagens destes guerreiros, pois estão cada vez mais distantes os tempos de lutas tribais.

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Konyak tribe. Mon. Nagaland
Konyak tribe. Mon. Nagaland

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Um corte de electricidade deixou Mon Town às escuras durante os dois dias em que aí permaneci, e como no Nordeste da Índia a noite chega cedo, não há muito a fazer em Mon do que jantar e rumar ao quarto antes das 5 da tarde, numa guest house sinistramente vazia, situada no topo de um edifício totalmente abandonado durante a noite, onde eu era a única presença humana. Pelas nove horas da noite, sem electricidade e sem companhia, o sono instala-se suavemente, enquanto lá fora, na quase total escuridão somente interrompida pelo clarão dos faróis de algum carro que passa, Mon mostra-se hostil e sinistra.

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Mon_Food Market_DSC_8667
produtos à venda nas ruas de Mon, onde se incluem ratos e larva. Nagaland

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Mon Town. Nagaland
Zona comercial da cidade de Mon Town. Nagaland

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De dia Mon ganha um certo dinamismo em especial nas ruas onde se concentra a maior parte do comércio, mas mesmo assim não se consegue afastar o sentimento de pobreza que domina a cidade. Uma pobreza não visível nas casas ou nas pessoas ou na forma de vestirem, por sinal a juventude veste de forma muito ocidentalizada e moderna, mas no aspecto das lojas, nos artigos que vendem, na pouca oferta de produtos, na escassa diversidade de alimentos vendidos na lojas e nos mercados de rua, na desinteressante e monótona comida… uma pobreza resultante mais do isolamento a que esta população está sujeita, onde o único acesso a Mon tem que ser feito por uma estrada não pavimentada, onde 65 km demoram, pelo menos, 3 horas a ser percorridos, e onde não há estradas transitáveis a ligar Mon às outras cidades do estado de Nagaland. É talvez este isolamento e as árduas condições que tornam a vida difícil em Mon, donde resultam pessoas de rosto dura e fechado, de onde dificilmente se recebe um sorriso.

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Mon Town. Nagaland
Mon Town. Nagaland

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Onde dormir em Mon:

Paramout Guest House: localizada por cima do State Bank of India (também conhecido por SBI), a menos de 5 minutos do local onde terminam os sumos. Quarto duplo por 1000 rupias mas que pode ser negociado até 800 rupias, pois o local encontra-se vazio a maior parte do ano com excepção do Aoling Festival.

Paramout Guest House contact: 9612170232; 08257811627

O quarto é pequeno mas confortável e limpo, com casa-de-banho e alguma mobília, mas existem vários tipos de quartos com maior área. Curiosamente os seis quartos existentes no ultimo andar deste prédio têm uma estranha numeração de 9 a 235, saltando por 170, 210, 75, 215… que mais tarde se descobre serem o número gravado em cada uma das chaves!!!!

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Paramaunt Guest house. Mon. Nagaland
Paramaunt Guest house. Mon. Nagaland

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Mesmo ao lado direito do edifício do State Bank of India fica o Sunrise Hotel funciona basicamente como restaurante, mas também tem quartos, mais modestos do que a vizinha guest house, e com casa-de-banho partilhada, por 500 rupias. O Sunrise Hotel tem somente dois quartos, mas qualquer um deles com mais de duas camas; a casa de banho é no exterior do edifício, e tem fracas condições.

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Sun Rise Hotel. Mon. Nagaland
Sun Rise Hotel. Mon. Nagaland

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A Paramout Guest House e o Sunrise Hotel são os únicos alojamentos no centro de Mon, contudo existe a Helsa Cottage que tem melhores quartos por 1500 rupias, mas fica um pouco mais afastado.

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Onde comer em Mon:

Mon está longe de ser atractiva em termos de comida, encontrando-se pouco restaurantes. Durante o dia pelas ruas principais da cidade encontram-se restaurantes, dificilmente localizáveis, pois não têm qualquer indicação, mas a porta coberta por uma cortina serve para anunciar que ali se servem refeições, basicamente arroz com dal e caril, localmente conhecida por “rice”. Sendo uma zona montanhosa a carne é presença constante mas pode-se sempre pedir o “rice” em versão vegetariana. Em geral esta refeição, que dá direito a um “refill” não custa mais do que 50 rupias, contudo é nutricionalmente e pobre pois os vegetais resumem-se a batata a umas quantas ervilhas-amarelas, e o caril de lentilhas (dal) é bastante aguado.

Em termos de street-food, Mon não tem muito para oferecer, para além de samosas (chamussas) e outros snacks de massa frita e excessivamente oleosa, confecionados e vendidos em muito más condições de higiene.

Basicamente pode-se dizer que Mon é uma desilusão em termos gastronómicos a avaliar pelo que está disponível em restaurantes e bancas de rua.

A Paramout Guest House prepara refeições sob encomenda e que podem ser servidas no quarto ou na sala de refeições, sendo contudo necessário encomendar com antecedência (arroz com dal e curry: 100 rupias). Ao lado fica o Sun Rise Hotel com restaurante que serve arroz, dal e vegetais desde manhã por 40 rupias.

Um pouco pelas ruas do centro de Mon, em especial na Market Street, a zona comercial da cidade, encontram-se vários pequenos e discretos restaurantes que servem puris, samosas ou arroz com caril. Dois puris com uma taça sabji (caril de batata e ervilhas-amarelas) custa 10 rupias.

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street food em Mon Town. Nagaland
street food em Mon Town. Nagaland

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Transportes em Mon:

Em Mon tem autocarros públicos de horário incerto, sendo difícil obter informações sobre o seu destino. Os autocarros privados destinam-se a Dimapur e Kohima. O meio de transporte local são os sumos e os shared-taxis.

Alugar um táxi para Longwa custa 2500 rupias, ida e volta.

O sumo para Longwa custa 220 rupias e parte de manhã pelas 6 a.m. ou à tarde pelas 1 p.m. É necessário reservar bilhete com antecedência de pelo menos um dia. O bilhete é vendido numa mercearia um pouco abaoixo do Police Circle, na estrada que liga Mon a Sonari.

Um táxi para Mon Village (a cerca de 5 quilómetros) custa 800 rupias; não há sumos ou táxis partilhados para este percurso.

Domingos não há qualquer tipo de transportes em Nagaland… não há nem bus, nem sumo, nem táxis.

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autocarro publico. Mon Town. Nagaland
autocarro publico. Mon Town. Nagaland

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Como chegar a Mon:

E maneira mais rápida de chegar a Mon é partindo do vizinho estado de Assam, da cidade de Sonari. De Sonari partem sumos que fazem a penosa viagem até Mon, que demora 3 horas por uma estrada de terra-batida, em muito mau estado, onde parte do percurso é em montanha.

Estando em Nagaland somente existem duas hipóteses para chegar a Mon: de Dimapur ou Kohima. Destas cidades partem autocarros privados e sumos para Mon, mas que passam sempre por Assam e pela cidade de Sonari.

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Como ir de Mon para Mokokchung:

Para sair de Mon há somente uma estrada que liga a Sonari, no estado vizinho de Assam; assim para viajar entre Mon e qualquer outra cidade de Nagaland, como por exemplo Mokokchung, é sempre necessário passar por Sonari e pelas estradas do estado de Assam, que mesmo não sendo muito boas são planas e pavimentadas.

  • “sumo” de Sonari para Mon: 200 rupias (3 horas)
  • “sumo” de Mon para Mokokchung: 650 rupias (8 horas)

Em Mon somente uma das empresas têm sumos para Mokokchung, a Link Network, com os sumos a partirem pelas 6.30 a.m, de segunda a sábado.

Para qualquer viagem a partir de Mon, seja para Kohima, Dimapur, Sonari ou Mokokchung, é necessário reservar bilhete com pelo menos um dia de antecedência, e quanto mais cedo melhor para se poder escolher um dos lugares da frente, pois o ultima fila de bancos é extremamente desconfortável para tão longa viagem. Seja qual for o destino os sumo partem todos de manhã bem cedo pela 6 horas.

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empresa que faz a ligação de Mon para Mokochung. Mon. Nagaland
empresa de “sumo” que faz a ligação de Mon para Mokochung. Mon. Nagaland

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Como ir de Mon para Longwoa:

Os 35 quilómetros que separam Mon de Longwoa não são fáceis de vencer, os meios de transporte são escassos. Não há autocarros e a única solução em termos de transportes colectivos são os sumos, que partem duas vezes ao dia: 7 a.m. e 2 p.m. Com a escassez de transportes é necessário reservar bilhete com o mínimo de um dia de antecedência.

A viagem demora mais de uma hora.

Estes sumos não partem do mesmo sitio dos outros com destino a Kohima, Dimapur, etc… mas sim da estrada que “desce” da police circle (uma rotunda onde por vezes está um policia a comandar o tráfego). Os sumo estacionam em frente a uma mercearia, que é o local onde também se vendem os bilhetes.

  • sumo: 220 rupias (one way)
  • táxi: 2500 rupias (rented for one day)

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Mon Festival:

Aoling Festival: Anualmente de 1 a 6 de Abril

Durante o festival, uma mostra da cultura Konyak, e mesmo uns dias antes a cidade de Mon começa a receber mais visitantes o que faz encher os poucos hotéis e faz disparar o preço dos quartos.

É recomendável reservas com antecedência caso se queira permanecer em Mon durante o festival.

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Internet em Mon:

Não existe nenhum posto de internet em Mon e nem o Paramout Guest House ou Sunrise Hotel têm internet ou wi-fi.

Mesmo ao lado da entrada do State Bank of India, encontra-se um corredor com lojas, onde a primeira loja do lado esquerdo, de cópias e impressões, que tem internet (quando há sinal).

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ATM em Mon:

Existe somente um ATM em Mon, no State Bank of India, onde as pessoas se alinham para poder levantar dinheiro, pois nem sempre está disponível ou a funcionar.

Existem frequentes cortes de energia em Mon, que afetam o funcionamento do ATM.

Assim é recomendável trazer dinheiro suficiente para a estada prevista, pois também não existem lojas de câmbio.

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State Bank of India. Mon Town. Nagaland
State Bank of India. Mon Town. Nagaland

 

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altitude: 655 m

população: 16.120

Das planícies de Assam para as montanhas de Nagaland… de Majuli para Mon

É dia de deixar a quietude de Majuli e as planícies de Assam para rumar à montanhosa e exigente Nagaland. Com o nascer do sol foi tempo para sair da cama e preparar a partida da ilha de Majuli, com os campos ainda envoltos numa fina neblina. O primeiro ferryboat a deixar a ilha parte às 7 da manhã, mas para lá chegar é preciso esperar à beira da estrada por um dos apinhados autocarros que se dirigem ao improvisado cais, que se vê obrigado a mudar de localização ao sabor das subidas e descidas das águas do rio Brahmaputra.

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Ferry boat Pier at Majuli Island. Assam
Ferry boat Pier at Majuli Island. Assam

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Ferry boat Pier at Majuli Island. Assam
Ferry boat Pier at Majuli Island. Assam

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A viagem de barco é tranquila e a paisagem monótona convida ao sono, mas assim que desembarcamos em Nimati Gaht, espera-nos o alvoroço provocado pelos condutores de tempos, que apressadamente tentam colocar o maior numero de passageiros no seu veículo, sempre em numero do que o espaço disponível.

A viagem até Jorhat não demora mais do que meia hora mas é desconfortável o suficiente para ansiar-mos pela chegada à cidade, onde somos “despejados” numa rua onde se alinham táxis e rickshaws, e onde cada condutor nos tenta levar para um qualquer lado. Nesta situações, onde não sabemos onde estamos nem tão pouco a direcção para onde ir, o melhor é caminhar um pouco para longe deste calos e procurar informações fidedignas. Assim, foi o momento para encontrar algo para comer, mas onde não foi possível fugir novamente a monótona paratha com o habitual caril de ervilhas-amarelas e batatas. Para informações, em locais onde o inglês não é “língua franca” o melhor é tentar encontrar uma farmácia, cujos proprietários são geralmente detentores de um razoável inglês.

Com orientações precisas sobre o rumo a tomar, foi tempo de iniciar mais um sucessão de autocarros e muitos transbordos… de Jorhart para Sivasagar, de Sivasagar para Sonari, de Sonari finalmente para Mon.

Como nem tudo segue a lógica a que estamos habituados, nem sempre os autocarros nos deixam nos terminais, mas sim num local qualquer da estrada nacional, deixando-nos à mercê dos motoristas de shared-taxis que avidamente esperam estes desorientados passageiros. Mas sempre, em todos as etapas deste longo percurso houve alguém que se mostrou disponível para ajudar, ou dando indicações ou partilhando parte do percurso, com a comunicação a ser feita por palavras básica ou recorrendo a gestos.

Apesar do desconforto dos autocarros, dos muitos transbordos, das longas viagens, o percurso desde Majuli estava a ser bastante fluido, com boa articulação entre transportes e curtas esperas entre autocarros, o que me encorajou a seguir no mesmo dia directamente para Mon, poupando passar uma noite na desinteressante e poeirenta cidade de Sonari.

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"sumo" stand at Sonari. Assam
“sumo” stand at Sonari. Assam

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Nagaland tem fama de ser perigosa, em especial Mon… talvez por terem durado até à pouco tempo guerras tribais, talvez pela proximidade de Birmânia e da rota do ópio, ou mais provavelmente pelo isolamento e esquecimento a que está votada esta região, onde escasseiam infraestruturas básicas e reina um certo subdesenvolvimento. Por isso recebi muitas vezes avisos de não viajar sozinha em Nagaland, e especialmente nunca andar de noite nas ruas.

Tornou-se assim urgente chegar o mais cedo possível a Mon, numa zona do país onde o sol desaparece antes das 5 da tarde. O único sumo que estava parado em Sonari estava já cheio e não havia qualquer garantia se haver mais algum destes veículos nesse dia. Tendo vislumbrado algum espaço no banco de trás do Jeep, consegui explicar por gesto que ainda havia espaço para mais um, e o simpático motorista lá procedeu à reorganização da mercadoria para eu poder caber no exíguo espaço disponibilizados pelos restantes passageiros, que não falando inglês não se pouparam a sorrisos.

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Nagaland_road Sonari-Mon_DSC_8624
Road from Sonari to Mon. Nagaland

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Road from Sonari to Mon. Nagaland
Road from Sonari to Mon. Nagaland

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É fácil saber quando saímos de Assam e entramos em Nagaland: Assam é plana… assim que começam as montanhas estamos em Nagaland!

A estrada que sai de Sonari, apesar de asfaltada está em péssimas condições, mas segue plana por entre plantações de chá. Nagaland começa na povoação de Tizit, e daqui para a frente sempre a subir a montanha, por uma estrada de terra batida, onde Jeep e camiões avançam com dificuldade, vencendo lombas, evitando buracos, e cruzando linhas de água que atravessam a estrada. Uma estrada aberta nas encostas da montanha, onde raramente se vêm povoações, mas onde o impacto da presença humana é evidente pela intensa desflorestação que deixa o pobre solo expostos à erosão, roubado a vida a esta montanha que de verde passa a castanha.

Como estamos perto da fronteira com a Birmânia é evidente que entrámos numa zona sensível do território Indiana, por estar-mos na rota do ópio e pelas lutas étnicas e tribais que mantiveram esta zona em guerra até à pouco mais de 10 anos. Pelo caminho somos parados diversas vezes, em check-points, por polícia e exército, e até por civis, que efectuam toscas inspeções aos veículos, à mercadoria e à documentação dos passageiros, onde os estrangeiros são sujeitos a mais burocracia.

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One of the checkpoints along the road from Sonari to Mon. Nagaland
One of the checkpoints along the road from Sonari to Mon. Nagaland

 

A chegada a Mon foi um pouco sinistra, ainda para mais depois dos avisos de esta ser uma zona “perigosa”, de perigos nunca revelados nem especificados, mas que deixam uma sombra de preocupação no ar.

O optimismo e entusiasmo que caracterizou esta viagem desde as planícies da ilha de Majuli, esmoreceu à chegada a Mon… talvez pelo cansaço, talvez pelo chuvoso clima… mas provavelmente por aqui se sentir uma energia pesada. Mas a hora tardia e o dia chuvoso não deixou ver mais do que um aglomerado de casas que se espalha pelas encostas das colinas, onde o tom cinzento do céu se mistura com a ferrugem dos telhados de chapa metálica.

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Paisagem a caminho de Mon. Nagaland
Paisagem a caminho de Mon. Nagaland

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Autorizações (permits):

Não é necessária qualquer autorização para entrar e viajar no estado de Nagaland. Contudo é necessário entregar uma cópia do passaporte num dos check–point existentes pelo caminho, em Tizit. Caso não se tenha uma cópia é possível fazer uma fotocópia numa das lojas em frente, por 5 rupias.

Não é necessária qualquer autorização para entrar e viajar no estado de Nagaland. Contudo é necessário entregar uma cópia do passaporte num dos check–point existentes pelo caminho, em Tizit. Caso não se tenha uma cópia é possível fazer uma fotocópia numa das lojas em frente, por 5 rupias.

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Como ir de Majuli para Mon:

E uma viagem longa e exigente, mas que com sorte é possível de ser feita num único dia, poupando uma noite na desinteressante cidade de Sonari. Mas caso seja necessário Sonari dispõem de alojamento. Uma outra alternativa é ficar em Sivasagar um dia, aproveitando para visitar os famosos templos e iniciar a segunda etapa do percurso no dia seguinte.

  • A viagem começa pelas 6.30h da manhã para se apanhar o primeiro ferry que sai de Majuli às 7 am.
  • Depois é seguir num dos tempos (pequenos táxis partilhados que levam mais de 8 passageiros muito apertados) que fazem a ligação até Jorhat. Todos terminam numa transversal à estrada principal de Jorhat, junto a uma bomba de gasolina. Em frente à bomba de gasolina estão tempos ou tuk-tuk (também partilhados) que seguem até ao Jorhat Bus Terminal, situado à entrada da cidade.
  • No terminal é necessário perguntar por autocarros que vão para Sonari ou caso não haja serviços directos para a cidade de Sivasagar. Fora do terminal, param autocarros de empresas privadas com destino a Dibrugarh, e que passam em Sivasagar. Esta foi a opção para não ter que esperar por um dos autocarros da ASTC (empresa pública) mas tem a desvantagem de pararem em todos os locais para recolher passageiros… mas mesmo assim são mais rápidos.
  • De Sivasagar é necessário apanhar outro autocarro para Sonari, que parte do Bus Terminal. Como são cidades próximas serviço é regular e funciona como local bus, onde se pode comprar o bilhete no interior do veículo, mas onde não se assegura lugar sentado.
  • Em Sonari, o bus termina na rua principal, sendo necessário apanhar um tempo para o local de onde partem os sumos para Mon, que fica numa rua secundária, paralela à estrada principal. Não há qualquer indicação sobre destino ou horários dos sumos… quanto mais tarde se chega menores são as hipótese de se encontrar um sumo para Mon. Caso seja necessário, neste local existem quartos e é possível fazer uma refeição à base de arroz e caril (50 rupias) enquanto se espera.
  • A viagem de sumo até Mon é longa e penosa, com a primeira parte de pavimento degradado mas numa zona plana, mas que depois de se passar a fronteira com o estado de Nagaland, assinalado por um check-point da Polícia/Exército em Tizit, prioram as condições da estrada, passando a ser em terra-batida, em muito mau estado, num sinuoso percurso de montanha. Ao longo do percurso fazem-se várias paragens para deixar mercadoria e passageiros, mas não existe nenhuma povoação. Somente a meio do caminho encontram-se uma sequência de bancas vendendo fruta e legumes, e onde se pode comprar água.
  • A viagem de Sonari até Mon demora cerca de 3 horas, dependendo do numero de paragens, de obstáculos na estrada, e dos vários check-points que obrigam por vezes os passageiros a sair do Jeep.
  • A chegada a Mon faz-se quase ao fim do dia, antes das 5 horas da tarde.

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food at the "sumo" stand at Sonari, before start the trip to Mon. Assam
food at the “sumo” stand at Sonari, before start the trip to Mon. Assam

 

Resumo

Bus até Kamalabari Ghat: 15 rupias (15 minutos)

Ferry de Kamalabari Ghat (Majuli) para Nimati Gaht: 20 rupias (1.15h)

tempo de Nimati Gaht para Jorhat: 30 rupias (30 minutos)

tempo de Jorhat (petrol station) para Jorhart Bus terminal: 10 rupias (10 minutos)

bus de Jorhat para Shivasagar: 50 rupias (2 horas)

tempo Shivasagar para bus stand: 20 rupias (5 minutos)

Bus de Shivasagar para Sonali: 30 rupias (2 horas)

tempo de Sonali para a sumo stand (para Mon): 10 rupias (10 minutos)

sumo de Sonali para Mon: 200 rupias (3 horas)… para 65 km!!!

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