Pela janelas do pouco acolhedor quarto do hotel onde reina uma atmosfera em tons castanhos e beges, num misto de patine e sujidade, chegam os sons das conversas, da água a correr para um balde, das buzinas, as vozes agudas das bandas sonoras dos filmes indianos, o soar metálicos de tachos e panelas… enfim os sons de uma cidade que está a acordar.
Ahmedabad, a capital do estado do Gujarat que com os seus cerca de cinco milhões de habitantes, pode parecer pouco atractiva como a maioria das cidades da Índia, mas revelou-se inspiradora pela atmosfera bucólica do inicio das manhãs, a confusão dos mercados, a agitação dos bazares, o colorido das lojas de tecidos e de sarees, pelos quais este estado é famoso.
Mas a zona antiga da cidade situada junto ao rio Sabarmati, a Lal Darwaja, onde quase lado a lado convivem mesquitas com templos hindus, é a que se mostra mais atraente apesar da degradação a que muitos edifícios estão sujeitos, mantendo contudo uma orgulhosa dignidade. Uma cidade onde se mistura o antigo com o moderno, mas onde se evidenciam as mesquitas de austera arquitectura mas onde um olhar mais atento encontra delicados trabalhos em pedra que ornamentos colunas e janelas.
Dominado a zona de Lal Darwaja encontra-se o Khas bazar que durante o dia se enche de gente para comprar um pouco de tudo que se encontra exposto nas mais variadas lojas cuja mercadoria extravasa os limites do espaço e se estende por bancas que ocupam grande parte da rua, tornado a circulação de pessoas e veículos numa tarefa que exige redobrado esforço.
O estado do Gujarat é facilmente associado a Mahatma Gandhi, o pai da nação: foi aqui que nasceu e é em Ahmedabad que se encontra o Sabarmati Ashram onde viveu entre 1017 e 1930. No modesta casa constituída por um piso térreo, com as poucas divisões dispostas em torno de um pequeno pátio, conservam-se ainda a decoração da sala onde Gandhiji (“ji” acrescentado no fim do nome é uma forma de mostrar respeito por alguém) trabalhava e recebia quem o vinha visitar, constituída por uma secretaria, algumas almofadas e a famosa roda de fiar
Alojamento:
A opção foi ficar perto do centro, na zona de Lal Darwaja, uma zona claramente muçulmana e onde se situam as principais mesquitas. Existem muitas opções nesta área mas, como acontece nas grandes cidades, os preços são sempre mais elevados, tendo o Hotel Mehul, sido a escolha razoável entre os vários locais visitados na zona.
Onde comer:
Dado que a zona central da cidade, Lal Darwaja, ser maioritariamente muçulmana faz com que a tarefa de encontrar um restaurante vegetariano não tenha sido fácil. As escolhas não foram muito felizes nesta ultima etapa no percurso pelo Gujarat, mas destacou-se a comida de rua.