Véspera de lua cheia. De dia para dia o efeito produzido pela proximidade da lua é visível no mar, que todos os fins de tarde recua rumo a poente, alargando o areal e destapando as rochas que torna algumas das zonas da praia de Koh Jum pouco convidativas a mergulhos.
Por mais vezes que se veja o por do sol, parece que cada um é diferente trazendo consigo qualquer coisa de único e irrepetível: pela paisagem envolvente, pelas cores do céu, pelos reflexos no mar que aos poucos lhe vão mudando a cor, pelas nuvens que dão textura ao céu, pelos sons que vão mudando à medida que o céu escurece com o canto das aves a ser substituído pelo zumbido dos insectos, pelo ar que arrefece, pela companhia…. e acima de tudo por nós próprios, pelos sentimentos e emoções que trazemos connosco e que neste momento mágica do dia se mostram mais intensos.
Koh Jum, assim como as outras ilhas que visitei, tanto no Golfo da Tailândia como no Mar da Adamão, proporcionaram muitos momentos inesquecíveis, envoltos num manto onírico proporcionado por toda a envolvente e pela quietude dos locais… mas nem tudo é perfeito neste idílico quadro, podendo surgir inesperadamente, do meio do arvoredo que ladeia a praia, uma melodia tailandesa entoada em vozes agudas que espalhada por altifalantes nos trazem de volta à realidade e nos relembram que não estamos no paraíso mas sim numa das praias que fazem da Tailândia um destino apetecível em especial para quem quer fugir aos rigores do inverno dos países do norte.
Todos os dias a suave brisa que constantemente se sente traz esporadicamente consigo nuvens que deslizam calmamente no céu azul cobrindo temporariamente o sol e deixando cair grossas pingas de chuva que formam pequenas covinhas na areia, mas que são insuficientes para apagar o rasto deixado pelas pegadas dos que diariamente efectuam caminhadas ao longo do vasto areal recolhendo conchas, búzios e pedaços de coral, expostas pela descida da maré.
Os dias deslizam também suavemente, como que arrastados pela suave brisa que torna o calor intenso do sol numa amena temperatura, com a preguiça a invadir os corpos que se estendem languidamente num hammock protegidos pela sombra do arvoredo denso formado pelos coqueiros, palmeiras e demais vegetação tropical que estendem pelo areal até quase tocarem a linha de água, formando uma barreira compacta que se distingue pelos diferentes tons de verde que a cada fim de tarde vibram de intensidade com os últimos raios de sol.
A presença humana que ocupa os vários bungalow e cabanas dispostas ao longo da maior praia da ilha, apelidada entre os turistas de “Long Beach” ou de “South Beach” é escassa sendo constituída de forma heterogénea por casais, viajantes solitários e expats que aqui passam longas temporadas apreciando o ritmo calmo da natureza longe do ambiente de festas e de excessos e longe também dos sofisticados resorts que dominam muitas das ilhas do sul da Tailândia.
O local eleito para os oito dias passados em Koh Jum foi o Bo Daeng Bungalows, geridos alma e pachorrentamente pela pequena e rechonchuda Dila, que juntamente com a cozinheira fazem deste local um dos mais populares na ilha. O ambiente que aqui se vive é quase como uma família, com os hóspedes a partilharem a mesma mesa durante as refeições e a invadir a cozinha convivendo com os empregados, ajudando a levar os pratos e a limpar as mesas, podendo cada um servir-se de bebidas e fazer pedidos de comida diretamente à cozinheira, responsabilizando-se por assentar as despesas em pequenos cadernos, sendo o pagamento feito no fim da estadia.
As noites são passadas junto à fogueira acesa no estreito areal que sobra da maré-alta, olhando a magia do fogo enquanto alguém se entretém a dedilhar uma guitarra, e onde os mais pacientes se dedicam à tarefa de assar batatas nas brasas.
O mar de tão calmo torna-se de um azul leve e transparente onde se podem ver cardumes de pequenos peixes. E calma é a palavra que melhor descreve o ambiente que se vivem em Koh Jum. Durante o dia, surgem momentos em que o mundo parece parar, como se a natureza sustivesse a respiração, com o mar silencioso sem ondulação, com a ausência do vento que imobiliza os ramos das árvores, as aves calando as suas melodias e as cigarras a fazerem uma pausa no seu habitual zumbido.


















Existem duas formas de acesso à Ilha de Koh Jum:
- Apanhando o barco no cais da cidade de Krabi com destino a Koh Lanta e que deixa os passageiros perto da praia, sendo depois necessário fazer o transbordo para pequenos barcos a motor que deixam os passageiros no areal (400 baht)
- Apanhando o barco em Laem Kruat, povoação a cerca de 30 minutos a Sul de Krabi, que deixa os passageiros no cais situado no lado poente de Koh Jum; depois é necessário apanhar um moto-taxi até ao alojamento pretendido (bus 50 bahts, barco 70 bahts, moto-táxi 50 bahts)
Bo Daeng Bungalows
Long beach, Ko Jum
Telef: 66814948760
Bungalow: o mais básico 150 baht (casa de banho partilhada)
Café, chá e leite à descrição
Não tem wi-fi
A eletricidade é somente com recurso a um gerador que funciona entre as 19h e as 23h.