Enquanto se deambula pela cidade de Phom Penh é fácil deparar com um dos muitos mercados que se encontram espalhados um pouco por toda a cidade, tanto ocupando uma única rua, como formando um intrincado labirinto de bancas que se espelham por várias artérias da cidade, ou mais frequentemente abrigados em construções que se podem assemelhar a um simples armazém ou ocupando edifícios mais elaborados e sofisticados.
Para além de todo o movimento, sons, cores e cheiros que constantemente estimulam os sentidos, os mercados são também uma forma de conhecer melhor o modo de vida da população, em relação ao que comem, ao que vestem, ao que usam de utensílios de cozinha, aos produtos de higiene mais populares, aos detergentes… dando uma boa imagem do país, refletindo ao mesmo tempo as diferenças entre as grandes cidades e as pequenas povoações, assim como entre o interior e o litoral.
Apesar dos vários supermercados, que raramente vendem produtos frescos, que se encontram espalhados pela cidade os mercados continuam a ser o locais de eleição dos cambojanos se abastecem de víveres e não só, ficando os supermercados reservados a produtos mais sofisticados, geralmente de importação, claramente mais direcionados para a elite enriquecida da população e para os estrangeiros que aqui buscam produtos europeus, como bebidas alcoólicas, queijos, produtos de higiene… que de sertã forma ajudam a matar-saudades de “casa”.
De uma forma geral existem dois tipos de mercados: uns dedicados somente à venda produtos frescos, frutas, legumes, carne, peixe… e outros mais, completos com zonas, mais ou menos organizadas dedicadas à vende de roupa, calçado, malas, joalharia, electrónica, telemóveis e mais telemóveis, utensílios domésticos de plástico ou metal, peças para motos, produtos de mercearia, brinquedos, artigos de higiene e de limpeza, etc…
Em ambos existe sempre uma zona dedicada à comida, mais ou menos imiscuída nos outros espaços do mercado, onde se pode fazer uma refeição, geralmente à base de sopas, grelhados ou pratos à base de massa ou arroz frito, ou comprar comida já confecionada para consumir em casa, escola ou no trabalho.
Em muitos destes mercados, junto à zona onde se concentram os vendedores de roupa, que muitas vezes têm também costureiros que fazem roupa por medida, geralmente destinada a casamentos e outras ocasiões especiais, encontra-se também alguns cabeleireiros onde para além das habitais lavagens e cortes de cabelo, oferecem também serviços de manicure e pedicure e mesmo de maquilhagem e depilação, tudo isto realizado à vista de quem passa, pois estes locais o espaço é exíguo estendendo-se muitas vezes a actividade aos estreitos corredores, o que torna a visita aos mercados numa tarefa que exige atenção constante.
Sentada numa cadeira de plástico num anónimo café de uma das ruas secundários da cidade, em frente a uma mesa cujo labor do tempo se encarregou de eliminar pedaços de tinta expondo a superfície rugosa e oxidada do metal, observo o passar do tempo e o ritmo da cidade, que junto aos mercados ganha um maior ritmo e cor, enquanto bebo o meu café com gelo. À minha volta as mesas cheias maioritariamente de homens, que comem a primeira refeição da manhã, vão-se esvaziando à medida que aos poucos vão abandonando as poses descontraídas com que bebem o café e folheiam o jornal, e aos pouco iniciam a sua actividade profissional, numa altura do dia em que o ar já começa a ser desconfortavelmente quente.




















