O vento que se tem sentido desde os últimos dias em Madurai, que levanta agressivamente a poeira das ruas, conseguiu afastar a camada de nuvens que cobre quase sempre o céu nesta época que antecede a monção, deixando ver o finalmente o azul mas expondo-nos aos implacáveis raios solares que tornam o ar ainda mais quente tornando mais penoso o passeio pelas ruas da cidade de Thanjavur.


Ao fim do dia, quando o sol desaparece, mas ainda consegue iluminar o céu dando-lhe diferentes tonalidades de azul, que contrasta com o negro das nuvens que em pequenos farrapos, desloco-me ao terraço do hotel, e observo as luzes dos néons com publicidade e o movimento constante das pessoas e dos veículos, que se deslocam ao som da sinfonia de buzinas, enquanto sinto o vento quente que em lufadas me sacode a roupa e chicoteia o cabelo no rosto, sem contudo constituir um alívio ao ar quente e abafado que se sente.
Sobrepondo-se timidamente ao barulho do trânsito do fim do dia, ouvem-se os cânticos religioso de uma igreja católica situada próximo. Aqui no sul nota-se uma certa presença cristã que está praticamente ausente no resto do país, não só pelos templos, mas também pelas imagens e símbolos religiosos que decoram casas, lojas, restaurantes e tuk-tuks.
A cidade não tem muito para oferecer, com excepção do magnífico templo Brahadiswarar, dedicado a Krishna, construído no início do século XI, que apesar de manter a arquitectura característica dos templos do sul da Índia, apresenta-se sem as garridas cores que geralmente cobrem as figuras esculpidas no granito laranja.
Por passei particamente toda a manhã do primeiro dia que visitei a cidade, deambulando pelos vários edifícios que constituem o templo, esquecendo-me do tempo entre desenhos e fotografias e observado os ritos e quotidiano do templo, que não serve só para orações, constituindo também local de passeio, descanso e namoro!











A visita ao Palácio Real, que engloba um museu, uma galeia de arte e a biblioteca revelou-se uma frustrante desilusão. O edifício encontra-se em avançado estado de degradação, onde os pombos conquistaram as principais salas do palácio e onde o que resta os frescos que cobrem as paredes da degradação provocada pela humidade esta vandalizado e grafitado. A parte que se encontra recuperada assemelha-se mais a um estaleiro de obras onde as paredes são pintadas de forma descuidada sem atender à preservação do património. O que é apresentado no museu, não passa de um amontoado aleatório de quinquilharia europeia do século IXX, poeirentas e expostas numa semipenumbra que não as valoriza.
Para ridículo da situação, o bilhete de entrada, dava também acesso à torre do palácio, de onde se poderia avistar a cidade. Já com vontade de me ir embora, mas na esperança de compensar a desilusão provocada pelo que tinha visto, desloquei-me ao local onde em vão tentei encontrar as escadas para subir… fui informada pelo funcionário que cobra os bilhetes de entrada que estão encerradas pois o estado de degradação não oferece condições de segurança… ou seja, somente no piso térreo da torre pode ser visitado, e para isto é preciso ter bilhete!!… isto é a Índia 🙂
Sobrou a coleção de estátuas em bronze de divindades hindus, da época do império Chola que teve como capital, Thanjavur, entre 850 e 1270 DC, e a reduzida amostra do espólio da biblioteca, que me cativou somente pelas iluminuras e gravuras ilustrando textos sagrados que me transportaram para o livro que estou a ler “My name is red“ do Orham Pamuk, que retrata uma intriga entre a comunidade de iluministas em Istambul, durante o império Otomano.




Claro que uma visita ao mercado da cidade trouxe de volta a animação, e eu, sendo a turista não deixei de ser o centro das atenções, com pedidos de fotografias por parte dos feirantes, que exibiam no final um orgulho sorriso de satisfação depois de se verem retratados pela minha câmara.
(este texto data de Julho de 2013)










Yagappa Lodge
Trichy Road (Near Railway Station)
Thanjavur
Quarto duplo com casa de banho: 600 rupias (depois de grande negociação)