Praticamente a meio caminho entre as duas costas do Sul da Tailândia, o Parque Nacional de Khao Sok foi um ponto de paragem na rota entre a ilha de Koh Pha Nang no arquipélago de Samuri e o próximo destino: Koh Phayam, ilha situada no Mar de Adamão (Adaman Sea).
O parque desenvolve-se maioritariamente á volta de um lago Chew Lan com cerva de 165 quilómetros quadrados, formado artificialmente em 1982 aquando da construção de uma barragem, a Rat Cha Prapa Dam, alagando a zona envolvente, tornado muitas das montanhas em ilhas de encostas escarpadas, expondo a pedra calcária. O principal atractivo do parque são os passeios pelo lago, os percursos por trilhos que percorrem a selva, cascatas e grutas.
Dada não ter encontrado forma de explorar este parque por meios próprios restou-me a alternativa de me juntar a uma das visitas em grupo, escolhendo uma das excursões organizadas das dezenas de possibilidades oferecidas no cardápio apresentado aos visitantes, em tudo semelhante à ementa de um restaurantes que me foi disponibilizado no hotel onde fiquei na primeira noite: The Jungle Huts. A escolha recaiu num tour que permitia passar a noite numa das casas-jangada do lago, e que incluía passeios de barco, de dia e à noite, caminhadas pela selva e visita a uma das grutas.
O dia começou cedo com a recolha dos quinze elementos que compunham o grupo nos vários hotéis e resorts da pequena povoação de Khao Sok situada à entrada do parque, e que não é mais do que um conjunto de infra-estruturas dispostas ao longo de uma estrada, de apoio as visitantes com alojamentos, restaurantes, bancos, postos de inter-net e agências de viagem.
O percurso de barco iniciou-se junto à barragem, com destino ao local onde iriamos passar a noite, em cabanas de bambu situadas num das baías formadas pelo intrincado conjunto de canais que surgem entre as centenas de pequenas ilhas dispersas pelo lago, cobertas de vegetação tropical, que emergem da água, cuja cor azul escura atesta a profundidade do lago.
Depois de uns mergulhos no lago e do almoço no restaurante anexo à cabanas, o ponto alto do dia foi a visita à gruta Nam Talu que implicava atravessar troços inundados, coisa que optei por não fazer, pois esta dose de aventura pareceu-me desnecessária para o que eu queria absorver do parque.
Depois de cerca de meia hora de caminhada, pouco mais do que um quilómetro e meio através de floresta tropical, enquanto o grupo procedia à exploração da gruta, pude solitariamente apreciar a vibração dos sons da selva, a luz que timidamente atravessa a densa vegetação formado maioritariamente por bambus, sequoias e palmeiras, enquanto mergulhava nas refrescantes águas de um pequeno rio, sentindo nas pernas as pequenas dentadas dos peixes que investigavam este estranho ser desconhecidos nas suas águas.
Depois do jantar, seguisse o chamado “safari nocturno”, feito de barco com o intuito de percorrer algumas zonas do lago em busca de animais selvagens, que se mostrassem suficientemente audazes para não se intimidarem com o barulho do motor do barco nem com o intenso foco de luz que exaustivamente ia percorrendo as árvores e as margens das íngremes encostas.
Dada a ausência de animais a desilusão e a frustração apoderaram-se do grupo que optou por sociabilizar, reclamando o facto de não ter trazido uma cervejas para ajudar a passar a hora e meia que durou o passeio.
Contudo foi possível apreciar momentos de verdadeira calma, quando o motor do barco estava desligado, permitindo apreciar os sons da selva, onde a noite é preenchida pela sinfonia das cigarras, enquanto suavemente se ouve o marulhar das águas no casco do barco. O céu iluminado pela frágil lua em quarto crescente, contrastava com o denso negro da selva e das montanhas que encerram a paisagem.
A manhã trouxe consigo os melhores momentos da visita ao parque, com a neblina a elevar-se das escuras águas do lago, e a luz do sol debilmente a iluminar as montanhas, que pareciam estar dispostas em várias camadas recortadas no horizonte, onde a pouca luz lhes roubou a volumetria.
Depois do pequeno-almoço, e de mais uns mergulhos e passeios de caiaque no lago foi altura para abandonar as cabanas flutuantes onde a noite foi confortavelmente passada, apesar das condições básicas oferecidas, ao som do coaxar das rãs cujos saltos para a água se ouviam nitidamente atravessando as paredes de bambu.
Seguisse novo “safari” percorrendo as mesmas zonas da noite anterior, mas desta vez com a possibilidade de observar vários grupos de langúres que desciam da palmeira onde tinham passado a noite, assim como de algumas aves. Antes do almoço houve ainda tempo para hora e meia de caminhada pela selva até ao cimo da colina, crescendo entre o grupo a expectativa por encontrar tigres e elefantes, num trilho muito batido pelos visitantes e que não era suficientemente largo para passar sequer uma vaca; o calor e a humidade que se sente colar à pele, e onde a densa vegetação impede qualquer brisa, desmoralizou o grupo fazendo com se apressasse a descida onde nos esperava um almoço.
O guia, apesar da simpatia não foi propriamente um guia mas mais um entertainer, tentando a todo o momento manter o grupo animado, com piadas infantis: confundindo propositadamente com o nome dos animais, apontando para lagartos e chamando-lhes crocodilos, apontando para lianas a dizendo serem cobras, ou aviões sendo águias… o que provocava risadas entusiástica entre o grupo. Contudo pouco informação providenciou em relação à fauna ou à flora do parque, nem tão pouco referindo que não se estava perante uma paisagem verdadeiramente natural mas resultante da intervenção do homem. Uma forma de o homem proteger e preservar a natureza que constantemente ameaça.
Este tipo de excursões são sempre demasiado caras para o que oferecem, esta custou 2500 bahts, que é o meu orçamento para cinco dias, e que resultam muitas vezes em desilusões; por isso as tenho evitado.
Contudo valeu a pena visitar este cenário, que mostra outra vertente da Tailândia e apreciar a poderosa natureza que nos faz sentir pequenos e frágeis, proporcionando-nos ao mesmo tempo momentos mágicos… se estivermos verdadeiramente disponíveis para os vermos e sentirmos.
É uma daquelas experiência que se deve ter a intervalos espaçados no tempo, muito espaçados, para manter viva a recordação para não se voltar a repetir.














