Com muitas semelhanças com a gastronomia da Tailândia e com algumas influências do Vietnam e da China, a comida tradicional do Laos é uma amostra mais modesta da dos países vizinhos, sobressaindo as sopas e os grelhados, onde domina a carne mas onde o peixe é uma presença constante, dada a proximidade com o Mekong e os outros rios que atravessam o país.
Para vegetarianos as opções são muito escassas: tirando a sopa de noodles que apesar de ser muitas vezes confecionada com caldos de carne, pode sempre ser pedida sem carne. Este foi o prato mais consumido durante a minha estadia no Laos, onde comi sopa de noodles todos os dias, pelo menos a uma das refeições, muitas das vezes como pequeno-almoço.
Existem espalhados por todas as cidades e mesmo nas pequenas povoações restaurantes que somente servem este prato, variando a qualidade do caldo, a carne que é colocada como complemento e sobretudo no tipo de noodles que é usado: podendo variar desde massa muito fina e quase transparente a tiras mais espessas e consistentes, mas sempre à base de farinha de arroz.
É acompanhada de um prato repleto de verduras cruas, como couve, alface, feijão-verde, hortelã, menta, espinafres e outros vegetais que se encontram à venda nos muitos mercados. Acrescentam-se molhos (peixe, soja, etc…) e picante que pode ser apresentado numa pasta, em pó ou usando as malaguetas, assim como pedaços de lima, postas sempre à disposição nas mesas dos restaurantes.
De uma forma geral a comida não é picante, mas nas mesas encontra-se sempre chilli, em pó ou apresentado numa pasta oleosa, que é generosamente deitado sobre a comida, podendo tornar um transparente caldo de carne numa sopa vermelha.
Para comer esta sopa à maneira do Laos, deve-se usar os paus de bambu para comer a massa e os outros ingredientes sólidos, servindo a colher que se usa na outra mão para ajudar a empurrar a comida para a oca e para consumir o caldo.
Muito popular é o lap, um prato que pode ser de carne ou de peixe, confecionado com especiarias, geralmente muito picante, servido com grande quantidade de folhas de hortelã e de menta, e que é acompanhado por arroz glutinoso (sticky-rice) e que geralmente é comido com as mãos, ao contrário das maioria dos pratos em que se usam paus de bambu.
Para além distes pratos é possível encontrar arroz salteado (fried rice), massa salteadas (fried noddles) e alguns caris, mas raramente igualando a qualidade e a sofisticação das versões destes pratos servidos na Tailândia.
Nota-se uma maior diversidade na comida servida no Norte do país em comparação com as cidades e povoações do sul, onde a oferta é mais limitada.
Quanto a doces, pouco há a dizer pois as sobremesas não fazem parte da ementa dos restaurantes tradicionais do Laos, sendo muito raro encontrar alguma pastelaria fora das zonas turísticas. Contudo, uma das “importações” da Tailândia são os vendedores de rottis que surgem com pequenas bancas e ocupam os passeios das ruas principais, oferecendo rottis recheados com banana, chocolate ou ovo, e regados com leite condensado. Curiosamente, este negócio que é bastante concorrido é dominado quase exclusivamente por indianos, muitos provenientes de Chennai, e que são também proprietários de restaurantes que um pouco por todas as cidades oferendem os típicos pratos indianos a quem já se encontra cansado de alguma monotonia que a cozinha do Laos oferece.

O chamado Lao Coffee é uma presença constante em todo o país, encontrando-se geralmente pela manhã em banca de rua, sendo também servido em alguns cafés mais sofisticados que se podem encontrar em zonas mais turísticas e cosmopolitas, como é o caso de Luang Prabang e Vientiane. É confecionado de uma forma muito característica, numa panela metálica, que se mantém sempre ao lume com água ferver, sendo coberta por uma tampa metálica na qual se encontra um orifício, através do qual retirada água com uma concha que é vertida para um filtro de pano, de forma cónica, contendo o café em pó. Quando se ontem a quantidade suficiente de café, este é vertido para um copo, ao qual é adicionado leite condensado, açúcar e leite em pó. O café que fica no filtro é usado mais vezes, servindo para preparar vários cafés. Pode se também bebido simples, sem leite ou adoçantes, sendo a sua textura bastante densa e espessa, mas de sabor suave e pouco amargo.
O preço é de 4.000 a 5.000 kips, e pode muitas vezes ser servido acompanhado de uma espécie de pão, feito com massa frita ou até de um chá, oferecido gratuitamente.
Da presença francesa ficou o pão, em especial as baguettes, que são vendidas nas ruas e terminais de autocarros, sendo muito solicitadas pelos estrangeiros que as consomem ao pequeno-almoço ou como refeição nas longas e intermináveis viagens de autocarro, cujo custo ronda os 7.000 a 10.000 kips, menos de um euro.
Quanto ao conteúdo, nota-se claramente os ingredientes presentes na gastronomia do país, como salchichas, pedaços de carne, geralmente de porco, fígado, carne processada, pastas à base de carne de porco e alguns molhos difíceis de identificar mas que muitas vezes são picantes.
Nas zonas turísticas é possível de encontrar restaurantes com uma grande oferta de comida ocidental, sendo os preços muito mais elevados do que a comida tradicional que se encontra nos restaurante frequentados pelos habitantes locais, onde é possível fazer uma refeição por 10.000 kip, cerca de 1€.