Ficam para sempre, na memória visual e emocional, os sorrisos acolhedores, curiosos e sinceros que são o denominador comum à grande variedade de feições resultado da mistura de etnias onde dominam os Bamar, onde se destaca a beleza dos Shan, e onde são evidentes os traços Chineses, e de onde sobressaem os tons da pele escura dos Tamil e a doçura dos traços dos rostos Indianos.
Fica a bruma matinal envolvendo rios e lagos que esbate a linha do horizonte confundindo céu com água; um mar de onde sopra uma brisa quente e húmida; campos de arroz estendendo-se por infinitas planícies, e suaves montanhas de vegetação tropical. Ficam paisagens de intensos verdes e paisagens secas e sedentas das primeiras chuvas, onde o esmagador clima quente deixa os corpos indolentemente suados.
Fica a memória de excessivamente longas viagens de autocarro, por estradas estreitas e em mau estado, onde os carros de bois ainda são um meio habitual de trasnporte. Fica a pobreza, por vezes estridente, revelada pelo número de crianças a trabalhar, pelas escassas escolas, nas más condições sanitárias, nos constantes corte de energia elétrica, na água que não é própria para consumo e que não chega a todas as casas.
Fica uma mistura de culturas espelhada na variedade gastronómica, onde as especialidades birmanesas convivem com a intensidade dos paladares indianos e com os mais populares pratos chineses, sobressaindo na comida-de-rua, com a mohinga, e o laphet a deixarem saudades.
Ficam a recordação das teahouses, onde o do tempo parece escoarem-se lentamente, com os seus bancos de madeira, tectos altos, onde as paredes com a tinta debotada atestam a passagem dos anos, às quais se junta uma majestosa arquitectura colonialista que confere um charme decadente a cidades como Yangon.
Fica o vermelho do paan, tingindo ruas e passeios, dentes e sorrisos; o grená dos robes que cobrem o corpo dos monges; o sóbrio xadrez dos longis usados pela maioria dos homens e a versão florida e coloridos reservadas às mulheres; athanaka enfeitando e protegendo os rostos das mulheres birmanesas.
Fica uma generosidade e honestidade ímpares. Ficam os sorrisos rasgados e as risadas tímidas em respostas aos débeis esforços de cumprimentar e agradecer com as melodiosos dos “méngálábá” e “djézú démare”. Fica a doçura e serenidade Birmanesas. Fica uma vontade de voltar.
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Mapa do itinerário: //goo.gl/maps/tJpeS
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