Balat, situado no Golden Horn, é famoso por estar associados à presença de judeus na cidade, presença esta que contribuiu para a fama de uma Istanbul capital de diversas culturas e etnias, com a presença de Judeus, Gregos, Curdos, Sírios, Arménios e consequentemente multirreligiosa, com a presença de Yezidis, Cristão Ortodoxos, Católicos e todos as variantes da religião islâmica como os Alevis, Sufi, etc… Contudo, desde a segunda guerra mundial este panorama mudou bastante, sendo o país dominado maioritariamente por muçulmanos sunitas.
Hoje em dia, em Balat pouco se nota da presença judia, para além de sinagogas e de símbolos esculpidos em edifícios de pedra mais antigos, mas apesar do estado de degradação a que muitas das casas tradicionais, construídas em madeira com pequenas varandas ao nível do primeiro andar. Contudo, pelas ruas principais do bairro surgem muitos cafés, esplanadas e restaurantes, modernos e de estilo cosmopolita, assim como lojas vintage mais destinados turistas que por aqui deambulam. Uma sofisticação que se equilibra bem com os cafés tradicionais, local de convívio onde homens passam tarde jogando damas e cartas, ou sentados nas mesas e cadeiras na rua bebendo chá, que aqui se chama çhai e que é um dos hábitos transversais a todo o país.








Mas caminhado para norte ao longo do Golden Horn, cruzando a ponte Valid Sultan, chega-se a Ayvansaray, onde o ambiente é um pouco diferente notando-se uma população mais pobre e mais curiosa e pouco habituada à presença de touristas. Seguindo aleatoriamente pelas ruas pouco limpas, somos conduzidos pelo som estridente de música e de vozes numa língua indecifrável, até chegar-mos a uma rua estreita onde diversas peças de roupa, desde casacos de pele, tolhas, camisolas, roupa interior, vestidos, saias, meias, lençóis… estão penduradas numa corda que em zig-zag continua pela rua acima. Atravessando este estranho estendal de roupa nova, chega-se ao centro de toda a agitação que se espalha pelas ruas vizinhas, onde um grupo de mulheres, de falsos cabelos louros e pesada joalharia de ouro, entoam palavras em modo de canções ao som de música de tambores, em modo estridente e animado.
Demorou a perceber o motivo de tanta animação, mas a forma de vestir e de estar destas mulheres, longe da descrição e recolhimento muçulmano, juntamente com toda a exibição de riqueza material, apontou para a celebração de um casamento entre a comunidade cigana.
Amigas, vizinhas, família e curiosos formavam um grupo exclusivamente de mulheres, em torno da noiva, ocupando a estreita rua, atafulhada de oferendas que para além da roupa pendurada, contavam sapatos e malas, máquina de lavar roupa e detergentes, pratos e panelas, edredon e colhas, uma sanita cuidadosamente embrulhada em papel dourado e centenas de objectos de decoração formando um conjunto colorido e brilhante dominado pelo falso dourado.







Transportes:
A melhor forma de alcançar Balat é por ferry, sendo possível apanhar um ferryboat que se inicia em Uksudar, do lado asiático da cidade e que faz o percurso através do Golden Horn até Eyup, que pára em vários pontos como Karakoy, Eminonu, Cibali, Fener, Haskoy e Balat e que é uma das melhores e mais baratas formas de navegar pelo canal sem pagar pelo cruzeiros turísticos e que custa o preço normal de uma viagem de ferry, cerca de 2.15 TL para quem tem o Istanbul Kart.
Do terminal de bus de Eminonu existem também diverso autocarros, que circulam pelas avenidas junto ao mar e que fazem paragem em Balal, como o 99A. Os autocarros da cidade de Istanbul dispõem de um painel informático electrónico com o itinerário completo e que não só indica a próxima paragem como todas as paragens seguintes.
Da mesma forma, de ferry boat ou de bus de pode alcançar a zona de Ayvansaray.