O que sobressai numa primeira caminhada pelas largas e amplas avenidas de Singapora é a sucessão de lojas e centros comercias, situadas em edifícios de moderna e arrojada arquitectura que em comum têm a gigantesca altura, e que são a imagem de marca desta uma ilha-país-cidade, cuja dimensão é aproximadamente a da ilha da Madeira.
Mas um percurso mais alargado mostra-mos o lado mais atractivo deste local: a diversidade étnica e cultural, que reúne em harmoniosa convivência chineses, malaios e indianos aos quais se juntam muitos imigrantes dos países asiáticos vizinhos, e que representam quase 20% dos 5.4 milhões de habitantes. Singapura atrai também muito ocidentais que trabalham nas companhias multinacionais que aqui têm sede ou delegações, pois a “Lion City” (singa significa leão em Sânscrito) é reconhecida com um dos locais que oferece melhores condições para implantação, crescimento e sucesso de uma empresa.
A história de sucesso deste território começou com a presença Britânica que viu aqui, pelo século XVIII um local estratégico na rota comercial entre o oriente e o ocidente, oferecendo condições naturais para a localização de um porto, fazendo com que esta ilha passasse de um povoado dedicado à pesca para um importante entreposto comercial. Depois da Invasão Japonesa que terminou com o fim da II Guerra Mundial, Singapura tornou-se independente depois de uma curta “passagem” sob o nome de “Federação da Malásia” que incluía a Malásia Peninsular, Sarawak e Sabah, no Borneo. A independência de Singapura, que em 2015 comemora os 50 anos, não foi por iniciativa própria, mas resultou dos intensos conflictos étnicos, que levaram a Federação a decidir a saída de Singapura, evitando o alastramento destes conflictos ao restante território. Num território escasso em recursos naturais, onde até a água é fornecida pela Malásia, a opção do governo foi para criar políticas económicas capazes de captar o investimento estrangeiro.
Num país tão recente e multicultural, onde 74% da população é de étnica Chinesa, 13% Malaios e 9% de origem Indiana, será que existe uma identidade em Singapurense?! Sim, existe, resulta precisamente desta diversidade étnica e religiosa, onde a tolerância assenta num acelerado crescimento económico, onde as muitas superfícies comerciais sempre fervilhantes de consumidores espelham a aposta deste sistema político que governa Singapura, onde o sucesso económico esconde a restrição de algumas liberdades, num país onde existe pena de morte e castigos corporais. Contudo esta política repressiva resulta numa baixa criminalidade e elevada segurança, com os cidadãos a abdicar um pouco da sua privacidade e aceitando a permanente vigilância das câmeras de CCTV que são uma constante na cidade, seja em lojas, centros comerciais, hotéis, metro, hostels, na entrada de edifícios, nas ruas, etc…








Apesar de muito moderno, de acordo com os padrões ocidentais, onde tudo está planeado e pensado formando uma sociedade “perfeita” e previsível, é impossível esconder que estamos na Ásia… pelos mercados, pela comida, pelos cheiros, pelo fervilhar da vida urbana.
Mas o mais atraente nesta cidade-estado, é a diversidade cultural, que é visível por toda o lado, mas que ganha relevo em certos zonas onde se encontra maior concentração de um determinado grupo étnico; é o caso da Chinatown, da Little India, do Arab Quarter, onde se sente de imediato as diferenças, como se três ou mais gerações não tenham sido suficientes para apagar as tradições e religiões, os usos e os costumes, mantendo-se cada grupo senhor de uma identidade muito forte, onde a língua é o melhor exemplo. O inglês é língua-franca, mas o mandarim, o malaio e o tamil são também línguas oficiais, sendo comum cada individuo falar duas línguas: o inglês e a correspondente ao seu grupo étnico.
Obviamente que estes bairros atraem a população destas etnias, tanto os singapurenses como os imigrantes, que aqui encontram a sua cultura, templos, língua, comida, vestuário, etc… E curiosamente, chega-se a Little India, depois de uma rápida viagem de metro, onde os veículos que circulam sem condutor, e encontra-se aqui o mesmo ritmo, os mesmo cheiros, os mesmos sabores, os mesmos produtos em mercados em mercearias, a comida servida nos mesmos pratos metálicos, os mesmo sharees, os mesmos lungis, o mesmo toque dos sinos nos templos… onde tudo nos transporta de imediato para a Índia.



O chamado Arab Quarter (Kampong Glam), que de árabe tem essencialmente os comerciantes de carpetes e onde se encontram também alguns restaurantes de comida Turca e Iraniana, é local ideal para saborear os tradicionais pratos Malaios, onde domina a carne, mas onde não é servido porco, de acordo com as tradições muçulmanas, numa zona onde brilha o dourado da mesquita Majid Sultan. Curiosamente é próximo desta zona, na sofisticada e hipster Bugis que se concentram muitos bares ao longa da Haji Lane, sendo local de animada vida nocturna.




Em Chinatown, fervilha a actividade em volta da comida, seja em restaurantes ou nos denominados food-courts, que são a opção mais económica e a que atrai a maioria da população local, criando um burburinho que não se limita somente às chamadas horas de refeições, conceito que na Ásia é bastante extenso. Pelas ruas de Chinatown surgem as organizadas e irrepreensivelmente limpas lojas de chá, as farmácias de produtos de Medicina Tradicional Chinesa e as lojas de venda de bird-nest (ninhos construídos com saliva por andorinhas ou de outra ave) e que são uma das especialidades da culinária chinesa, que também tem funções medicinais, constituindo um das comidas mais caras do mundo.
Em Chinatown, ao longo da South Bridge Road, em pouco mais de 500 metros encontra-se a mesquita Majid Jamae, o templo hindu Sri Mariamman e o templo budista Buddha Tooth Relic Temple. Este ultimo apresenta-se mais grandioso que os restantes, com um faustoso templo com centenas de imagens de Buddha, que domina o piso térreo do edifício, e que também alberga um museu, uma cantina, a sala onde se encontra a relíquia e um jardim situado no terraço, que é um pequeno paraíso. Diariamente a diferentes horas do dia, no Buddha Tooth Relic Temple, monges entoam hipnóticos cânticos que enchem o espaço de uma atmosfera mística que dá um brilho ainda mais intenso à rica decoração do templo.





Mas o local que nos faz esquecer por momentos que estamos em Singapura, situa-se junto ao Chinatown Visitor Center, nas traseiras do Buddha Tooth Relic Temple, onde diariamente se reúnem homens que aqui passam a maior parte do dia, jogando cartas e xadrez, conversando, lendo o jornal ou simplesmente dormindo. Aos Domingos a praça existente mesmo ao lado transforma-se em pista de dança, com música debitada por altifalantes que atrai várias gerações de homens e mulheres, que aqui se reúnem dançado as elaboradas coreografias.




Wafles Place, é o centro financeiro de Singapura e onde se concentram os maiores edifícios da cidade, criando a famosa sky-line de arranha-céus que é a imagem de Singapura e da bem sucedida política económica, num país que o Banco Mundial considera o “Easiest place to do business”. Pelas ruas sombrias de Wafles Place, cujos edifícios escondem os raios de sol, circulam homens de negócios de camisa branca e fatos cinzentos, numa sóbria azáfama.



Apesar de dominarem edifícios, avenidas e vias-rápidas a cidade tem bastantes zonas verdes, onde as árvores são bastante frequentes ao longo das ruas, acrescendo algumas zonas reservadas a parques naturais, mais afastados do centro, que conservam alguma vida selvagem. Os Botanic Gardens, um jardim botânico milimetricamente organizado com os espécimes vegetais minuciosamente identificados merecem uma visita e servem como agradável passeio. O clima tropical de Singapura cria condições óptimas para a vegetação com temperaturas próximo dos 30ºC e humidade de 80%, com o clima constante ao longo do ano, e trovoadas frequentes que trazem chuva e aumentam ainda mais a humidade do ar.

Junto à Marina Bay, por trás do icónico conjunto de edifícios Marina Bay Hotel, fica outra grande mancha verde mas numa vertente mais artificial e de entretenimento, com as Supertree Grove, um conjunto estruturas metálicas em forma de árvores que ficam iluminadas ao fim do dia, ganhando cores fantásticas.





Para além dos arranha-céus, surgem muitos nichos onde a parte antiga da cidade, dominada pelas shophouses (edifícios com o piso térreo destinado a comércio e habitação por cima) de típica influência chinesa, se mantêm impecavelmente conservadas, alojando diversas actividades comerciais, destacando-se lojas e restaurantes, que com os seus 5 foot inn (passeios sob as arcadas formadas pelo primeiro andar das shophouses) são as zonas mais atractivas para caminhar pela cidade, mas que invariavelmente desembocam em amplas e retilíneas avenidas onde o organizado trânsito flui calmamente.




Singapura uma cidade-estado, tecnologicamente moderna, planeada e organizada, onde convivem harmoniosamente diferentes culturas, etnias e religiões, onde tudo é controlado por CCTV, onde o wi-fi está disponível gratuitamente em quase todos os locais, onde comer no metropolitano dá direito a multa, onde o sempre presente ar-condicionado quase faz esquecer clima tropical, onde esta florescente economia se apoia na mão-de-obra emigrante e onde a população com elevado poder de compra se mantem entretida em lojas e centros comerciais.
Actividades gratuitas em Singapura:
Numa cidade cara, onde em quase todos os entretenimentos e locais turísticos é cobrada entrada, é possível encontrar em Singapura actividades gratuitas:
- Supertree Grove, e parte dos Garden By the Bay
- Botanical Gardens
- Concertos no Esplanade Theaters
- Lion Dance Performace (Pagoda St)
- Buddha Tooth Relic Temple
Alojamento:
O alojamento em Singapura, numa cidade que luta pela falta de espaço, representa a maior fatia do orçamento de quem aqui vem em visita, pelo que os hotels, com o sistema de quartos partilhados com 4 ou mais camas é a opção mais popular e económica. E não é difícil encontrar hostels, em Kampong Glam, Little India ou Chinatown, mas onde o preço por noite é superior a 20 S$.
5 foot way inn… um conceito feito de pequenos quartos, quase todos com bunk beds, ar-condicionado, casa-de-banho partilhada, pequeno-almoço incluído (pão, cereais, leite, margarina, doce e fruta); uma máquina servindo café, chá, cappuccino, leite com chocolate, etc… está disponível gratuitamente todo o dia.
Estes hostels partilham o mesmo conceito, quartos de dimensões mínimas quase todos sem janelas, alinhados em estreitos corredores que formam um labirinto ocupando antigas shophouses; destinam-se basicamente a estadias de curta duração e a quem passa a maior parte do tempo passeando pela cidade, sendo também usados para quem vem aqui em trabalho.
5 foot way inn está localizado em vários pontos da cidade com diferentes standards em termos de qualidade e conforto, e com diferentes preços. Os preços variam de dia para dia, com valores mais elevados ao fim de semana, ou quando ocupação é maior. As reservas não podem ser feitas na recepção sendo necessário usar o web-site ou enviar um mail para o centro de reservas.
A escolha foi para o Chinatown 2 e para o Bugis situado junto a Kampong Glam. Os preços por noite variam entre os 20 S$ e os 30 S$ para quarto partilhado por 4 pessoas.
5footway.inn Project Bugis
Address: 10 Aliwal Street, Bugis, Singapore 199903
5footway.inn Project Chinatown 2
Address: 227 South Bridge Rd, Singapore 058776







Transportes:
A melhor forma de se movimentar em Singapura é o MRT, o metropolitano, que cobre de uma forma eficiente a cidade, com serviços regulares. Confortável, rápido e de fácil orientação.
Nas máquinas automáticas de venda de bilhetes existentes nas estações compra-se na primeira viagem um cartão com o custo adicional de 0.10 S$, e que pode ser reutilizado, no máximo de 6 viagens sendo o valor do cartão reembolsado ao fim do terceiro carregamento. É possível comprar bilhete de ida-e-volta, e caso não se utilizem as duas viagens é possível pedir o reembolso junto da bilheteira.
O custo da viagem é proporcional à distância com o mínimo de 1.4 S$ (Singaporean Dolar).
Os autocarros também são modernos e confortáveis, e permitem ver a cidade enquanto se fazem as deslocações.

