Sobre Batticaloa, pode-se afirmar que se encontra fora do itinerário turístico, em parte por ter sido bastante fustigada pela guerra civil que durou 25 anos e somente terminou em 2009, pelos poucos atractivos em termos de património histórico e religioso e acima de tudo pela remota localização a meio da costa Este do Sri Lanka, totalmente afastada fora do chamado “triângulo cultural” que inclui Kandy, Polonnaruwa e Anuradhapura.
E de facto à chegada constata-se que assim é, pois não se encontra durante um dia inteiro mais nenhum estrangeiro, pelo reduzido numero de alojamentos no centro da cidade e acima de tudo pelos olhares ávidos da maioria da população, que se mostra muito curiosa e ao mesmo tempo muito tímida.
Mas mostrou-se bastante atractiva, com uma privilegiada localização no extremo de uma península com o mar de um lado e a ria do outro, fazendo parecer quase uma ilha, pois quando se caminha pela cidade rapidamente nos deparamos com água, que cria um agradável obstáculo.





E a parte antiga de Batticaloa, Puliyanthivu, é de facto uma ilha, onde se situa o antigo forte solidamente construído pelos Holandeses, assim como muitos edifícios destinados a habitação, colégio, escolas, hospitais e igrejas cristãs, onde domina a arquitectura colonial ao estilo europeu, quase sempre rodeados de altos muros de pedra, cujos portões metálicos deixam vislumbrar.
Pelas ruas tranquilas desta parte da cidade, que se alcança facilmente por uma das pequenas pontes que liga a ilha à parte moderna da Batticaloa, mulheres caminham lentamente absorvidas na sua conversa, homens deslizam suavemente de bicicleta, caminham crianças saindo da escola, cujo imaculado uniforme branco parece que nos leva de volta para os tempos da presença britânica.





Do outro lado, na parte “nova” da cidade pouco à de interessante com excepção da vista para vários pontos da laguna e pelo mercado local, simplesmente designado Batticaloa Market, onde no interior se vendem produtos alimentares e à volta se alinham lojas de variado tipo de comércio.


Mas Batticaloa juntamente com a cidade de Trincomalee são zonas onde se concentra o maior numero de burgers, nome que identifica os descendentes de portugueses e de holandeses que por laços familiares se foram ligando à população cingalesa, desde o século XVI, criando um grupo étnico com língua própria, o crioulo, e professando a religião cristã, que ainda hoje se mantêm apesar da passagem dos ingleses que aqui deixaram a religião protestante.
Da presença portuguesa ficaram nomes, os Silva, os Pereira ou Perera, os Fonseca… em nomes de actividades comerciais, em nomes de ruas, inscritos em placas que identificam consultórios médicos ou gabinetes de advogados… mostrando que esta pequena população de burgher detém um estatuto elevado na sociedade Cingalesa.
Em Batticaloa encontra-se a “Lourenço de Almeida Social & Cultural Centre”, uma associação cultural pertencente à “Sri Lankan Portuguese Burgher Foundation”, que desenvolve diversas actividades sociais na região Este do Sri Lanka. Da curta estadia em Batticaloa, que foi mais uma paragem para descanso no itinerário entre Arugam Bay e Trincomalee, não houve oportunidade para descobrir a cultura Burgher, mas num passeio pelas ruas surgiu um encontro com duas raparigas, uma delas de olhos verdes e pele clara, que depois de elogiada pelos bonitos olhos, respondeu orgulhosamente “I am a burgher”.
A presença dos burghers, que representam cerca de 0.3% da população do Sri Lanka, é discreta para quem circula na cidade, mas aqui nota-se claramente a influência da cultura Tamil, dominante no Norte da ilha, e que aqui já se faz notar pelos numero de templos hindus, pelos traços fisionómicos e pela pele escura de muitos dos habitantes… e até no rice and curry que aqui adquire outro sabor, que nos transporta para a Índia.
De Pottuvil para Batticaloa:
A estrada que liga Pontuvil até Batticaloa, desenvolve-se sempre ao longo da costa. Contudo desta proximidade pouco se avista do mar, mas como compensação a paisagem que se avista da estrada é dominada pela água… seja em lagoas, pântanos e lagunas cobertas de nenúfares e salpicadas pela brancura das garças, seja pelos extensos campos de arroz que em algumas zonas mostram o verde claro dos jovens rebentos mas que noutros locais se tingem de tons dourados das espigas maduras.
É um percurso verdadeiramente bonito, e onde a escassa presença de povoações torna a viagem fluída e agradável, com o mês de Janeiro a marcar a época das chuvas e a deixar um rasto verde na memória.






Onde dormir em Batticaloa:
Poucos atractivas opções no centro da cidade, visto que os hotéis e resorts ficam perto da praia, na zona de Kallady uma outra parte da cidade do outro lado da peninsula o que obriga a apanhar um tuk-tuk.
Mas como Batticaloa foi somente uma paragem no meio do percurso para Trincomalee, donde resultou somente numa noite aqui passada, a busca por um quarto não foi muito exigente. Assim surgiu o Hotel Sun Rice (sim… rice! não Sun Rise, como seria previsível). Modesto edifício de piso térreo com vários quartos, situado na parte de trás do restaurante com o mesmo nome. Perto da estação de comboio e a uma distância de cerca de 800 metros do terminal de autocarros. Limpo e bem conservado, mas pintado de cores que podem influência o humor do espírito mias resistente!!!
Hotel Sun Rice
Addresss: Bar Street, Batticaloa
Quarto com casa-de-banho: 1000 LKR
Mas depois de alguns passeios pela cidade surgiram outras opções:
- LMD Guest House. Address: 15, Lady Manning Drive
- The Moon Hotels, guest house convenientemente localizada junto ao edifício do terminal de autocarros (CTB Bus Station). Address: 3rd Covington’s Road, Puliyanthivu West
Subaraj Inn, anunciado em vários guias turísticos, está fechado e definitivamente fechado.



Para quem prefere ficar mais afastado dos meios urbanos, Kalkudah Bay, 30 quilómetros a norte de Batticalola, é um destino apetecível para quem procura praia e que foge aos “guias turísticos”. Para dormir a Moni Guest House foi uma fidedigna sugestão, que infelizmente não houve oportunidade de experimentar.
Onde comer em Batticaloa:
Batiicaloa não sobressaiu em termos de comida, encontrando-se à hora de almoço o habitual rice and curry, os rotis e kutus ao jantar.
Em frente ao terminal de autocarros (Private bus terminal) encontram-se alguns restaurantes servindo rice and curry mas sem brilho.
Em frente à CTB Bus Station, ao lado do Cargills, encontra-se um café/restaurante com bons snacks.
Como ir de Batticaloa para Trincomalee de bus:
Para complicar Batticaloa tem 3 terminais de bus. Para facilitar os três terminais situam-se lado a lado na zona de Este de Puliyanthivu, numa distância de cerca de 300 metros.
Para quem caminha desde a “clocktower” (um clichê em qualquer cidade Cingalesa), encontra primeiro a Minibus Stand, que não é mais do que um terreno à beira da estrada onde os autocarros estacionam. Mais à frente situa-se o gigantesco edifício da CTB Bus Station, de onde partem os autocarros da companhia estatal identificáveis pela côr vermelha. Pelo meio fica o Private Bus Terminal, também num terreno à beira da estrada mas com um pequeno edifício de apoio, que consiste num posto de informações (pouco útil) e sala de espera.
Não há informação sobre horários e destinos, sendo a melhor opção perguntar aos motoristas que deambulam pelo terminal… são sempre a melhor fonte de informações assim como os restaurantes ou quiosques situados na zona.
Para quem segue para Norte, em direção a Trincomalee, tem um autocarro que passa pelo Private Bus Terminal pelas 8.45 a.m., e que é directo para Trincomalee, não sendo necessário trasnbordos.
Bus Batticaloa to Trincomalee: 180 LKR (8.45 horas)


