Kataragama juntamente com Sri Pada são importantes locais de peregrinação para Budistas, Hindus e Muçulmanos. Contudo Kataragama mostra-se mais popular entre a população Hindu, grande parte constituída por indivíduos de etnia Tamil.
A viagem de Ella para Kataragama demorou quase 3 horas, com a estrada a serpentear junto ao vale, sempre em descidas perigosas, tornando-se mais plana à medida que caminha para sul, em direção a Tissamaharama. Em pouco tempo a paisagem passou de floresta para extensos campos de arroz que nesta altura do ano (Janeiro) se encontram de um verde intenso, onde o calor do meio da tarde fez a curta viagem de autocarro parecer mais longa, com a humidade e misturar-se com o suor e a deixar a roupa colada à pela.

Mas por volta das cinco da tarde, depois de descansar de mais uma viagem de autocarro, é altura ideal para uma caminhada tranquila pelas ruas da cidade em direção ao Temple Park, uma extensa área arborizada onde se concentram os templos: um hindu, uma stupa budista e uma mesquita muçulmana. Pelo caminho o aumento do numero de lojas de venda de artigos religiosas e de oferendas para o puja serve de indicação que estamos perto da entrada.
Depois de passar um pequeno rio, onde alguns peregrinos se banham seguindo ritos religiosos, vamos caminhado por uma alameda por onde se passeiam vagarosamente vacas, e peregrinos se encaminham transportando bandejas de frutas decoradas com enfeites de plástico, criando um conjunto colorido que desfila em direção ao templo. Para trás ficou a mesquita quase deserta no meio de uma população maioritariamente hindu.





Passando o portão de entrada, onde os sapatos ficam de fora à guarda de um zeloso funcionário, encontra-se um recinto murado que reúne alguns templos e outros edifícios e no centro do qual está o Maha Devale, um pequeno templo hindu incapaz de albergar as centenas de pessoas que aqui ruma pelas 6 horas, altura em que se inicia o puja.
Em volta outros templos atraem devotos que realizam também oferendas e orações, mas é em redor da bodhi tree, da mesma espécie da árvore onde Buddha atingiu a iluminação, e considerada sagrada tanto para hindus como budistas, que famílias se reúnem orando, meditando ou lendo textos sagrados enquanto as crianças correm e brincam soltando gargalhadas e gritos que quebram a atmosfera solene do espaço.


Mas enquanto não se inicia o puja, à tempo para caminhar por uma longa alameda até ao fim do parque em direção à Kirivehra, templo budista em forma de stupa, pintada de imaculado branco. Pelo caminho pequenos quiosques vendem flores de lótus, ghee (manteiga clarificada, ou seja limpa de vestígios de água ou de impurezas) e incensos que os peregrinos usam como oferendas, com o ghee a servir para manter acesas lamparinas que à medida que o sol desce no horizonte oferecem maior brilho em contraste com o céu que se vai tornando escuro.



Mas voltando Maha Devale onde já se iniciou o puja, uma pequena multidão, entre peregrinos, visitantes e turistas, apinha-se junto às três entradas do templo para tentar observar o ritual do puja que se realiza no interior, onde somente uma dezenas de pessoas tem espaço para poder assistir. De repente, depois de um silêncio prolongado que permite apreciar a calma e serenidade do espaço, já envolto em escuridão, começam a tocar os sinos dentro do templo, a qual se junto um pesado sino que se encontra no exterior formando uma massa compacta de som, histérico e agressivo que quebram a quietude do espaço, mas cujos devotos parecem ficar indiferentes.


A estadia em Kataragama ofereceu uma visão diferente do Sri Lanka, longe dos grupos de turismo organizado, dos boutique hotels, do world heritage, dos preços inflacionados, da comida internacional… aqui para além da habitual simpatia e dos sorridentes rostos, somos recebidos com amigáveis e sinceros sorrisos que se misturam alguma curiosidade, num ambiente humilde e descontraído que nos faz sentir genuinamente bem-vindos.
Segundo os guias de viagem é preferível ficar em Tissamaharama e visitar Kataragama numa day-trip, e esta é a opção seguida por praticamente toda a gente. Mas vale a pena ficar pelo menos uma noite em Kataragama, apreciando a calma das ruas ao amanhecer, onde a pouca população se desloca sem pressa e com tempo e disponibilidade para uma curta conversa e um simpático sorriso. As ruas são calmas longe da habitual confusão de transito ou das buzinadelas, e mesmo a estrada nacional que atravessa a povoação, Tissa Road, está longe do movimento e da agitação de outras estradas do mesmo género.
A noite passada em Kataragama, proporcionou um passeio pelas ruas da cidade e pelo espaço junto aos templos, com a luz suave do nascer do dia, quando o ar ainda é fresco e se pode observar o acordar da cidade… uma cidade qua parece adormecida até à hora do puja da tarde, em que se enche de actividade.







Onde dormir em Kataragama:
Mesmo junto ao terminal de autocarros de Kataragama, não sendo sequer necessário atravessar a Tissa Road, encontra-se a Lake House Pilgrim Rest. Apesar da tabuleta ter a indicação de Lake House Resort, o espaço nada tem de sofisticado oferecendo preços razoáveis e mais baratos do que outros locais assinalados nos guias turísticos como budget. De acordo com o recibo este alojamento pertence à “The Associated Newspapers of Ceylan, Ltd.”, destinando-se a peregrinos mas está aberto a todos os visitantes.
Quarto duplo com casa de banho: 900 LKR (sem água quente, mas as temperaturas nesta região, mesmo em Janeiro são elevadas).
No wi-fi
Num edifício anexo, mais moderno, existem quartos mais sofisticados, com ar-condicionado, wi-fi e outras comodidades.
A localização é óptima e o local sossegado, com alguns dos quartos com varanda e vista para um mar de verde formado pelos campos de arroz.
O staff pouco fala inglês.
Address: Pussadewa Mawatha (mesmo junto ao terminal de bus de Kataragama)




Onde comer em Kataragama:
Não é difícil encontrar restaurantes de comida local, mas quem procura comida internacional não tem muitas hipóteses em Kataragama, com excepção de alguns hotéis mais sofisticados.
Por sugestão da população local o almoço foi no Ruhunu Bakery and Hotel que apesar do nome de hotel somente serve comida. Serve um competente rice and curry, cuja opção vegetariana custa 80 LKR, e que está disponível desde o inicio do dia. Para além de alguma pastelaria encontram-se muitos snacks. Não é fácil comunicar em inglês e não existe propriamente um menu, com a ementa e os preços afixados nas paredes em Cingalês.
Address: Abhaya Mawatha, Kataragama, Hatton, Kandy

Pelas ruas da pequena e concentrada Kataragama, encontram-se mais restaurantes servindo também rice and curry, rotis, kotus, hoppers, etc… variando a oferta em função da hora do dia. Também se encontram frutarias com os deliciosas côcos, cuja variedade existente no Sri Lanka chama-se King Coconut, e são de casca amarela, muito sumarentos e mais doces e saborosos dos que os habituais côco de casca verde.
Como ao jantar dificilmente se encontra um rice and curry, Kataragama ofereceu a possibilidade de experimentar os hoppers… também conhecidos noutros países por apam, são uma espécie de panquecas feitas de farinha de arroz e leite de côco que no Sri Lanka podem servir de pequeno-almoço ou ao fim do dia como refeição, com ou sem ovo, sendo demolhados e pequenas taças de picantes caris.

Transportes em Kataragama:
A cidade é pequena e pode ser percorrida a pé, e deste o terminal de autocarros até à entrada principal do complexo formado pelos vários templos, são 5 a 10 minutos a pé.
Do pacato terminal de autocarros de Kataragama partem com frequência autocarros para Tissamaharama, Buttala, Wellawaya, Matara, etc…
