Um país rico e de cultura interessante e diversificada, resultante da longa história e pela posição geográfica que coloca esta ilha na rota comercial entre oriente e ocidente que dominou os mares por vários séculos, donde resulta uma mistura de várias influências: religiosas, culturais, gastronómicas e sociais.
Onde para além das naturais divisões religiosas a sociedade se encontra estratificada por castas, o que condiciona o nível e qualidade da escolaridade, os casamentos, os empregos e a posição na sociedade, que claramente é dominada pelos Cingaleses, maioritariamente budistas, onde pouco espaço sobra para Tamils ou muçulmanos.
Um país onde o clima proporciona abundância e variedade em termos de alimentos, o que é visível nos mercados e ao nível da gastronomia local, e onde o turismo desempenha um papel importante na economia do país.
Um país onde a grande maioria dos 20 milhões de habitantes vive longe da pobreza, onde o nível de literacia é de 98% (um dos mais elevados da Ásia) e onde a esperança média de vida é de 75 anos.
Religião
Apesar da proximidade com a vizinha Índia, a religião dominante no Sri Lanka é o Budismo seguido por 70% da população; segue-se o hinduísmo com 8%, os muçulmanos com 7% e o restante dividido pelas várias correntes do cristianismo deixado pela presença portuguesa, holandesa e britânica.
O budismo domina claramente o mapa religiosa do país, ocupando toda a região central do país, tanto as zonas montanhosas como as planícies, com excepção do norte do país, zona claramente onde a presença Tamil torna claramente hindu.
A comunidade muçulmana é bastante evidente na costa este, predominantemente na zona envolvente a Trincomalee e mais a sul na região de Pottuvil.
O cristianismo ganhou raízes em algumas zonas da costa oeste a norte de Colombo.
Disto resulta uma particular organização da sociedade no Sri Lanka, que se divide por religiões que de grosseiramente correspondem aos diferentes grupos étnicos, e donde resultou uma guerra civil que se arrastou por 25 anos e somente terminou em 2009, opondo a maioria cingalesa ao grupo étnico Tamil, maioritariamente hindu, cuja presença na ilha é anterior ao domínio Britânico, mas que criou um movimento migratório de população do sudoeste da Índia para trabalhar nas plantações de chá do Sri Lanka.



Língua ou línguas…
No Sri Lanka falam-se duas língua oficiais: o Cingalês, e o Tamil… sendo o inglês o elo de ligação entre toda a população, independentemente de etnias, religiões ou castas. Apesar do ensino do inglês ser corrente nas escolas, nem toda a população, em especial das castas mais baixas, tem oportunidade de aprender inglês. De qualquer das formas praticamente toda a população fala palavras básicas o que é geralmente suficiente para saber preços, direções, horários.
De facto o Sri Lanka é o país onde mais facilmente se encontra população a falar inglês, em comparação com países vizinhos do subcontinente Indiano, anteriormente visitados, como a Índia e o Nepal. É bastante frequente as coisas estarem identificadas também com caracteres latinos, juntamente com a escrita cingalesa e tamil, diferentes entre si, mas usando ambas caracteres complexos de forma arredondada.
Em termos de pronuncia, a leitura do nome das povoações ou de comida, por exemplo, quando escrito em caracteres latinos, não fica muito longe da pronuncia local, com uma ou outra excepção… Ella, pronuncia-se “elaá”!

Poya Day
Segundo a tradição Budista Cingalesa os dias de lua-cheia são considerados sagrados, chamado o Poya, sendo feriado nacional; ou seja, todos os meses há pelo menos um feriado, a somar aos outros dias religioso correspondentes à religião Hindu, praticada pela comunidade Tamil, os da religião católica como o Natal e a Páscoa, aos quais se junta ainda o dia que marca a independência em relação ao Império Britânico.
Mas apesar de serem feriado, nestes dias não é difícil encontrar o comércio a funcionar normalmente, assim como mercados e demais serviços. Excepção são os organismos oficiais, como embaixadas, correios, etc…
Contudo estes feriados, quer seja o Poya day ou outro qualquer dia religioso, em especial se for numa sexta ou segunda-feira, são aproveitados para visitar familiares e amigos e para peregrinações a locais sagrados, pelo que usar transportes públicos, seja autocarro ou comboio, é uma tarefa difícil, que obriga a fazer viagens de duas ou três horas de pé… sem espaço sequer para sentar no chão.

Burghers
Na costa este do Sri Lanka, em particular nas cidades de Batticaloa e Trincomalee concentra-se uma comunidade distinta dos grupos étnicos dominantes: os burgers.
Por burghers identificam-se os descendentes de portugueses e de holandeses que por laços familiares se foram ligando à população cingalesa, criando um grupo étnico com língua própria, o crioulo, e professando a religião cristã, que ainda hoje se mantêm apesar da passagem dos ingleses que aqui deixaram a religião protestante.
Da presença portuguesa ficaram nomes, os Silva, os Pereira ou Perera, os Fonseca… em nomes de actividades comerciais, em nomes de ruas, inscritos em placas que identificam consultórios médicos ou gabinetes de advogados… mostrando que esta pequena população de burgher detém um estatuto elevado na sociedade Cingalesa.
Em Batticaloa encontra-se a “Lourenço de Almeida Social & Cultural Centre”, uma associação cultural pertencente à “Sri Lankan Portuguese Burgher Foundation”, que desenvolve diversas actividades sociais na região Este do Sri Lanka.
A presença dos burghers, que representam cerca de 0.3% da população do Sri Lanka, é discreta, mas estende-se para além dos nomes e apelidos, nos tons claros de pele e pelos olhos azuis e verdes de alguns dos habitantes.


Cricket vs futebol
Sem dúvida que domina o cricket em termos e desporto, não só pelo que se vê em jornais e televisão mas também pelos campos de cricket improvisados um pouco por todo o lado que atraem a população mais jovem, exclusivamente rapazes.
Pouco ou nenhum espaço sobra para o futebol mas onde o nome de Cristiano Ronaldo não é totalmente desconhecido.

Vestuário
No Sri Lanka convive o modo de vestir ocidental com a roupa mais tradicional, com os homens a optar maioritariamente por calças e camisa, em especial nas cidades e zonas urbanas, mas onde não é raro encontrar homens usando o tradicional lungi, uma clara influência do sul da Índia e que é uma indumentária leve e fresca, adequada ao clima quente e húmido da região.
Os lungi não seguem nenhum estilo particular do Sri Lanka em termos de cores ou padrões, contudo algum homem ainda optam por usar o tradicional lungi como motivos estampados pela técnica de batik, com desenhos e padrões florais e geométricos, simples e geralmente em cores discretas.
As mulheres maioritariamente abandonaram o complexo e pouco prático sahree, para vestirem saia ou vestido, geralmente abaixo do joelho. Mas o sahree é ainda bastante popular, influência também da cultura indiana, mas que no Sri Lanka é usado num estilo um pouco diferente na forma como é enrolado à volta do corpo. Apesar do uso de não ser dominante, o sahree faz parte da roupa a usar em ocasiões especiais como celebrações religiosas ou dias festivos, e curiosamente faz parte da indumentária obrigatória para professoras das escolas públicas.
Os uniformes dos alunos mantêm um certo estilo colonialista, alguns com gravata, calções e camisa onde sobressaem emblemas… tudo de cor branca, incluindo os sapatos. As raparigas, de cabelo obrigatoriamente entrançado, seguem um estilo semelhante, com saia e camisa.



Custo das atrações turísticas
Como habitual em alguns países Asiáticos, o património cultural, natural e religioso capaz de atrair mais turismo é sujeito a uma tarifa mais elevada para estrangeiros.
No Sri Lanka esta descriminação é evidente e extensível a praticamente tudo, desde templos, parques naturais, zonas arqueológicas, museus, grutas, etc.. A única excepção encontrada foi o Dambulla Cave Temple, onde recentemente o governo aboliu o bilhete de entrada, abrangendo qualquer visitante.
Isto faz com que quem viaja com um orçamento reduzido, seja obrigado a fazer uma seleção criterioso e ponderada para eventualmente visitar um dos locais do “roteiro turístico”. A escolha nesta viagem foi para Sigiriya, donde resultam estas considerações…
Como todo o Património Classificado pela UNESCO no Sri Lanka, Sigiriya tem também um elevado custo de entrada, 4200 LKR, o que equivale a 27€, muito mais caro do que um bilhete para visitar o Museu do Louvre (15€) ou o Museu do Vaticano (16€). O que faz da visita aos locais históricos/turísticos do Sri Lanka, como por exemplo Sigirya, Polonnaruwa ou Anuradhapura, mais cara do que os mais famosos locais da Europa.
A população local paga um valor irrisório, no caso de Sigiriya é de 50 LKR, equivalente a 0.30€, ou tem por vezes direito a entrada gratuita, como é o caso do Buddha Tooth Relic Temple, em Kandy.
O elevado valor serve para preservação dos locais, não estando disponível informação relevantes no local, nem sendo distribuída qualquer brochura ou mapa que permita uma melhor interpretação do local.
Para além da questão da descriminação no preço dos bilhetes, entre população local e estrangeiros, que pode ser até certo ponto aceitável, os valores cobrados aos visitantes são deveras elevados, por vezes 90 vezes mais caros!!!!!… e tudo isto subsidiado pela UNESCO, que por sua vez é financiada por dezenas de países, entre eles os países dos “estrangeiros” que visitam o Sri Lanka!!!
Dinheiro, Bancos e ATM
A moeda no Sri Lanka e a rupia cingalesa, local identificada por “rupia”, que circula em bonitas notas ornamentadas com motivos da flora e da fauna locais, misturados com motivos étnicos e folclóricos aos quais se juntam “marcos” de progresso nacional, como barragens, pontes, portos, etc… tudo envolvido pelos caracteres da escrita cingalês e tamil, que por si só servem de motivo decorativo.
Para os valores mais baixos circulam notas com novo design paralelamente a outras mais antigas, mas mantendo a mesma gama de cores para as duas versões
Moedas também circulam mas mais difíceis de encontrar, num país onde escasseiam os trocos e onde a inflação fez com que com a moeda de valor mais elevado não se consiga comprar um snack, sendo contudo útil bilhetes nos autocarros.
Existem ATM’s um pouco por todo o lado, dos mais variados bancos. A quantidade máxima de dinheiro que é possível obter num ATM no Sri Lanka é de 50.000 LKR por dia. Contudo o valor máximo depende fundamentalmente do limite associado a cada cartão e definido pelo banco. Em Portugal o limite máximo por levantamento é 200€ por movimento, com o máximo de dois movimentos por dia, donde resulta o valor de 30.000 LKR por levantamento.
Independentemente das taxas e impostos cobrados pelo banco associado ao cartão, os banco no Sri Lanka cobram uma taxa de 200 LKR (HNB-Hatton National Bank) a 300 LKR (Comercial Bank… por exemplo).

… sobre o branco no Sri Lanka!
Uma das imagens que fica do Sri Lanka é o branco. O branco dos uniformes de escola, o branco das roupas usados pelos peregrinos que rumam aos templos budistas, o branco do lungi do tamil que efectuam os puja junto aos templos hindus, o branco das flores depositadas junto aos templos…
E ainda o branco que impecavelmente cobre igrejas, templos e stupas…. o branco imaculado e impecavelmente mantido que contrasta com o verde da vegetação tropical e com os cabelos negros dos habitantes.



Tuk-tuks, Tuk-tuks, Tuk-tuks…
Impossível ficar indiferente aos milhares de tuk-tuk que circulam pelas ruas e estradas do país… sim milhares, pois não há local onde não estejam presentes na “paisagem” do Sri Lanka, marcando-a de cores garridas e enchendo o ar com a “sinfonia” de buzinadelas.

Uma das populares formas de transporte em meios urbanos e para curtas distâncias, os tuk-tuks no Sri Lanka são modernos, limpos e em bom estado de conservação. Todos têm o mesmo modelo, com pequenas variações, sendo fabricados localmente pela omnipresente Lanka Ashok Leyland, que fabrica também autocarros, camiões, tratores, etc…
Talvez como forma de personalizar tão massiva produção muitos dos motoristas de tuk-tuk, que geralmente são também proprietários dos mesmos, optam por colocar garridas decorações no interior ou autocolantes com motivos religiosos ou com frases ou citações cujo significado é por vezes obscuro e enigmático, no exterior do veículo.



Qualquer viagem de tuk-tuk deve ser negociada antes, e é pouco provável que um estrangeiro consiga um preço inferior a 100 LKR, mesmo para distância curtas de dois ou três quilómetros. Mas mesmo negociando o preço, os condutores de tuk-tuk no Sri Lanka não fazem grandes descontos ao valor inicial.


