Sendo Shillong a capital do estado Indiano de Meghalaya, que literalmente significa “morada das nuvens” devido à elevada pluviosidade, fui recebida com céu cinzento que em poucos minutos se tornou numa tempestade com o escuro céu a iluminar-se com os relâmpagos, fazendo descer a temperatura e fazendo-nos lembrar que estamos já em zona de montanha. Passada a tormenta foi tempo de percorrer as ruas do centro da cidade em busca de um alojamento a preços modestos, tarefa que se revelou exasperante, à semelhança do que se passou anteriormente em Guwahati: hotéis que não recebem estrangeiros, o fim-de-semana que atrai muita gente a estas paragens mais fresca, e um qualquer evento na cidade a atrair visitantes do resto da Índia.
Depois da ronda pelos vários hotéis, onde a resposta foi quase sempre “full”, mesmo quando aparentemente o local se encontra deserto, chega-se finalmente a um local que se apresenta deserto – Marwari Basa Hotel – modesto e de preços razoáveis, contudo pouco acolhedor tendo em conta o clima de Shillong. Seguisse mais uma ronda, pelas sempre íngremes ruas do centro da cidade, que se revelou infrutífera, em parte pelos preços elevados em parte pela habitual resposta de “full” que se aplica também a locais que não têm licença para alojar estrangeiros. Aceitando a derrota, com o cansaço a fazer-se sentir nas pernas mas com a moral elevada, foi tempo de retornar Marwari Basa Hotel, que apesar de não ser cativante se apresentou como a melhor solução… mas para meu espanto, chegando à recepção sou recebida com o desanimador “full”… como é possível?!?!? 15 minutos antes os mais de dez quartos estavam vazios?!?!? Confrontado com a situação de que era óbvio que não havia ninguém o proprietário acedeu em me disponibilizar um quarto, mas pelo dobro do preço!!! Perante tal atitude somente me restou um solene virar costas e reiniciar novamente a busca. Mas desta vez o razoável conhecimento adquirido do centro cidade, permitiu-me encontrar um “cubículo” onde dormir, demasiado caro mas confortável e nas palavras do gerente “more or less clean”!
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Shillong, capital do estado de Meghalaya, dado o clima fresco e ameno das montanhas atrai os habitantes do vizinho estado de Assam, que aqui buscam alivio do calor tórrido das planícies, numa cidade que fica a menos de 3 horas de Guwahati.
Aqui a atmosfera urbana ganha um toque exótico pela presença dos habitantes pertencentes às tribos locais, os Kashi e os Garo, cujas rosto de formas mongóis e pele clara, a baixa estatura e um particular modo de vestir, se destacam facilmente da restante população indiana.
Da suposta atmosfera dos tempos do colonialismo britânico pouco resta nesta cidade situada no topo de uma colina e que parece derramar pelas encostas circundantes. Aqui e ali surgem casas cuja arquitectura revela ligações à Europa, de amplas janelas, alpendres e jardins, mas onde os típicos telhados, bastante inclinados e de configuração complexa, foram sendo substituídos pelo prático alumínio.
O centro da cidade, localmente designado de Police Bazaar, rodeado por cinzentos edifícios de betão e por uma rotunda próxima a partir da qual emanam várias estradas, de trânsito intenso, ruidosas e poluídas, em particular a GS Road permanentemente congestionada de trânsito. Surpreendentemente as zonas comerciais da cidade apresentam-se modernas e cosmopolitas com muitas lojas vendendo as mais populares marcas internacionais de vestuário, o que se reflecte na forma de vestir da população mais jovem, que adoptou totalmente o estilo ocidental.
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Para além da área cosmopolita da cidade, situada em volta do Police Bazaar a cidade apresenta outras zonas comerciais, menos sofisticadas mas estimulantes.
Circulando por ruas cinzentas e tristes, de prédios degradados e casas precárias, ruas sujas e lamacentas chega-se ao Bara Bazaar (also called Barra bazaar). Um mercado onde se vende um pouco de tudo, onde ao longas das estreitas e labirínticas ruas se alinham lojas cuja mercadoria se estende para além dos limites das mesmas, dificultando a circulação nas ruas apinhadas de gente.
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Um mercado vibrante e animado, o Bara Bazaar constitui um bom primeiro contacto com a população da tribo Kashi, que domina as colinas desta zona do estado de Meghalaya, e que aqui reúne para vender e adquirir produtos, que vão desde os tradicionais artefactos às modernos roupas, dos brinquedos de plástico às ferramentas de trabalho agrícola, dos bolos caseiros aos cogumelos selvagens!
As mulheres da tribo Kashi, para além dos traços fisionómicos, identificam-se facilmente pela forma de vestir, usando um pano, geralmente de xadrez, que é preso num dos ombros, tapando as roupas já de estilo ocidental.
Deambulando pelo ruas mal pavimentadas do mercado, a concentração é desviada para a variedade e novidade dos alimentos vendidos, fazendo com que de vez em quando um pé resvale para uma poça lamacenta. Aqui e ali surgem olhares curiosos e sorridentes, em rostos redondos mas que não se deixam fotografar.
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Onde dormir em Shillong:
Muitas opções mas os preços são demasiado elevados para as condições oferecidas, com os hotéis mais focados no turismo indiano e não tanto em backpackers. Não existe propriamente guest houses, mas sim hotéis. Shillong é destino de fim de semana para os turistas indianos de West Bengal.
Perto do Police Bazaar, ao longo da GS Road e nas transversais da Police Street encontram-se várias opções:
Marwari Basa Hotel: quarto individual 300 rupias, duplo 600 rupias, casa-de-banho partilhada. Os quartos são muito básicos mas com boa luz, todos com casa de banho partilhada. O edifício é antigo, entrincheirado entre prédios de betão mas tem algum charme. Fica entre a GS Road (onde está bem assinalado) e a Police Street, numa estreita rua que liga as duas principais artérias da cidade, longe do barulho da GS Road. O dono, o filho, é de uma antipatia extrema.
Hotel Lamlyn (GS Road) quarto individual com casa-de-banho: 600 rupias. Staff simpático mas ambiente barulhento. Alguns quartos não têm janela, como é o caso do quarto individual. Razoavelmente limpo, com casa-de-banho moderna e água quente.
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Aparentemente há um Youth Hostel em Shillong mas não consegui encontrar.
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Onde comer em Shillong:
Em Shilllong sobressaem os restaurantes de comida indiana, desde os mais modestos aos mais sofisticados.
Mas a escolha foi para os simples momos, num pequeno e despretensioso restaurante numa das ruas pedonais que liga GS Road e a Police Street (AC Lane). Aqui somente são servidos momos, vegetarianos e de carne, e sopa, um espesso caldo de galinha, com uma refeição a custar a módica quantia de 40 rupias. O restaurante está aberto durante todo o dia, mas encerra cedo, pouco depois do pôr-do-sol.
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No Bara Bazaar existem alguns restaurantes e pelas ruas podem-se encontrar vendedores de pães e doces, como uns deliciosos bolos de côco cozinhados ao vapor, especialidade de Sohra, povoação vizinha.
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Transportes em Shillong:
O pouco que há para ver pode ser feito a pé, contudo todas as ruas são inclinadas. A Police Bazaar Street mostra-se o local mais agradável de percorrer pois está vedada ao trânsito.
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Como ir de Shillong para Sohra (Cherrapunjee):
Poucos autocarros circulam aos Sábados em Meghalaya. Não há autocarros públicos ou privados para Sohra (Cherrapunjee) ao Domingo; a única alternativa são os sumos (shared taxis) ou os táxis. Aos Domingos, não há transportes públicos em Meghalaya.
De qualquer maneira, sumos ou autocarros, partem do mesmo local, um terminal de bus situado perto do Bara Bazaar. Deste terminal, um aparentemente inacabado edifício de betão, encontram-se no primeiro andar os sumos com destino a Sohra; circulam todo o dia e partem quando estão cheios (11 passageiros).
- “sumo” (shared taxis) de Shilllong para Sohra: 70 rupias
A viagem demora 1.5 horas. A vista é bonita e convém ficar junto à janela do lado esquerdo do veículo. O sumo faz uma primeira paragem em Sohra Market, e uma segunda paragem em Lower Cherrapunjee, onde se situa a maioria dos alojamentos e restaurantes, e é o que se pode chamar de zona turística.
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Como ir de Shillong para Guwahati:
Os autocarros que ligam Shillong a Guwahti partem da Bus Station que fica na GS Road, a menos de 5 minutos da rotunda principal. Mesmo em frente ao terminal encontra-se um posto de turismo oficial, mas pouco interessa apresenta, pois os mapas fornecidos são pouco úteis e as informações vagas; contudo pode ser útil para quem queira alugar um veículo com motorista.
- Bus ticket de Shillong para Guwahati: 135 rupias (4h)
Em alternativa pode-se fazer esta viagem em menos tempo recorrendo a um sumo (shared taxi). Os sumos para Guwahti partem na Keating Road, uma das estradas que sai da rotunda principal.
- sumo de Shillong para Guwahati: 170 rupias (a viagem demora no mínimo cerca de 2.45h, dependendo do trânsito)
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