Pelo que conhecemos da Índia e que provavelmente se pode estender a outros países asiáticos, não se encontra aqui o chamado “culto da mesa”, tanto no dia-a-dia como nos restaurantes mais económicos, frequentados quase exclusivamente por indianos.
Quando se chega a mesa está vazia, sem toalha, pratos ou talheres, quanto muito encontra-se o saleiro e o pimenteiro. Logo de imediato são trazidos copos, sempre metálicos, e um jarro de água da torneira, ou de outro recipiente de armazenamento de água. Após o pedido a comida é rapidamente confecionada, encontrando-se a cozinha à vista ou mesmo virada para a rua, sendo de imediato servida, em pratos e taças metálicas, acompanhada sempre por algum tipo de pão, naan, chapati ou pharata, que ajuda a levar a comida para a boca em substituição dos talheres.
Não existe o conceito de “entradas”, pois o que estamos habituados, nos restaurantes indianos em Portugal, a comer no inicio da refeição como chamuças, puri, baghi, são aqui consumidos ao pequeno-almoço ou durante o dia como snack. Somente vem para a mesa o que pedimos e nunca nos perguntam se queremos mais alguma coisa, sobremesa ou café, nem existe na maioria dos restaurantes indianos doces ou tão pouco se vendem bebidas alcoólicas.
O pagamento é sempre feito à saída, a uma pessoa que geralmente só tem essa função, muitas vezes o dono do restaurante. Simples, rápido e eficaz. Com isto as refeições são bastante rápidas, nem nos fazendo sentir confortáveis se ficarmos mais tempo do que o necessário, mesmo que às vezes soubesse bem aproveitar a refeição para dar algum descanso às pernas.
Excepção são os restaurantes mais caros que geralmente só se encontram nas grandes cidades ou os situados em zonas turísticas, onde é raro encontrar clientes indianos; aí temos sempre talheres (colher e garfo, até agora nada de facas), copos e guardanapos, lista de sobremesas e em alguns locais são vendidas bebidas alcoólicas, geralmente cerveja.
Na zona onde estamos de Mcleod Ganj, dado o grande numero de turistas, tanto nacionais como estrangeiros, existe uma grande variedade de restaurantes, servindo comida indiana, tibetana, chinesa, tailandesa, mexicana, as inevitáveis pizzas e lasanhas e muitas especialidades israelitas, pois é de Israel que vêm grande parte dos turistas, chegando a haver hotéis e guesthouses em Dharamkot, praticamente “dominadas” pelo “povo de Israel”, encontrando-se muitas tabuletas escritas em hebraico. Contudo temos optado maioritariamente por comida indiana e tibetana, que para além de ser mais barata, oferece melhores de garantias de qualidade do que as opções ocidentais.
Lista de restaurantes tibetanos, que elegemos em Mcleod Ganj
Tibet Kitchen, na Jobibara Road, perto do cruzamento principal: grande restaurante de três pisos frequentado maioritariamente por tibetanos, com comida vegetariana e não-vegetariana: experimentámos os tradicional momos, o pão tibetanos chamado Timgo (pálido, elástico e cozido a vapor), a Thupka, uma sopa de vegetais e noodles e o Fry Thinthuk, que é uma massa muito larga, em pequenas tiras, que neste caso é salteada com vegetais.


Lung Ta, na Jobibara Road: para além de uma grande variedade de pratos japoneses, todos vegetarianos, têm um menu especial, que vaira diariamente e que se repete semanalmente; comemos uma tempura perfeita de vegetais, acompanhada por arroz, duas saladas e uma sopa miso com tofu caseiro por 150 INR por pessoa. Este restaurante apresentou uma qualidade acima da média, batendo aos pontos quase todos os japoneses de Lisboa… todos excepto o Tomo em Algés 😉 Ambiente descontraído e simpático, com uma sala interior e uma varanda para o exterior, recomenda-se por tudo! Foi tão bom que já lá voltámos outra vez 😉


Takhyil Peace Restaurant, na Jobibara Road: calmo restaurante de ambiente familiar, vegetariano, onde comemos os melhores momos até agora, a acompanhar a Thinthuk que é uma sopa espessa com legumes, geralmente couve, cenoura e cebola, e tiras de massa larga partida em pedaços grandes e de aspecto tosco.

Gakyi Restaurant, na Temple Road: pequeno e verde, onde a Mrs. Kalsang Dickyi cozinha comida tibetana vegetariana, entre momos, tupkas e thinthuk… Pedimos uns momos de espinafres, onde a massa se apresentava mais fina que o que habitualmente encontramos noutros restaurantes. Aprovado ficou também o prato de massa salteada com vegetais, onde predominava a pak-choi. Ficámos clientes, ainda para mais as doses são generosas e podem ser partilhados por duas pessoas.

Em Dharamkot, encontra-se uma grande variedade de gastronomias, mas nenhum dos que experimentámos se destaca, nem na comida indiana nem na tibetana, com excepção do Trimurti Garden, onde temos comido uns óptimos pequenos almoços, e onde um optimo thali, com um foge um pouco ao tradicional. Encontra-se aqui um óptimo pão e bolos caseiros, assim como cereais com iogurte, sumos, saladas de frutas e todos os mimos que um viajante procura para se sentir em casa, contudo o preço é pouco convidativo, pois um pequeno-almoço aqui pode sair mais caro do que uma refeição num restaurante indiano ou tibetano em Mcleod Ganj. Neste espaço realizam-se aulas e cursos de yoga.



Recentemente descobrimos em Dharamkot, o Half Moon Café, que não é mais do que uma barraca feita de madeira e plástico, com algumas mesas e um excelente vista para o vale que se estende até Bhagsu. Aí temos comido sempre thali, composto pelo tradicional dal (sopa espessa à base de diversos tipos de lentilhas que também pode ter feijão), um carril de legumes, duas paratas e o sempre presente arroz, que por vezes é cozinhado com cominhos (jeera). Tudo isto por 80 INR, cerca de 1.15€ por pessoa.

