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Stepping Out Of Babylon

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Benvindo ao Reino do Camboja!

Kingdom of Cambodia

Mais uma fronteira cruzada por terra, a terceira desta viagem, depois da simples mas fisicamente penosa passagem entre da Índia para o Nepal, e depois da pacífica e eficiente mudança da Tailândia para o Laos, com o Mekong como cenário de fundo, chega a vez do Camboja.

Deixando para trás as ilhas pintadas de verde de Si Phan Don, e percorrendo de autocarro cerca de quinze quilómetros, por uma estrada praticamente desértica, que corta quase em linha recta a paisagem seca e árida, chega-se ao posto fronteiriço de Veun Kham-Nakasong, o único existente entre o Laos e o Camboja.

Espera-nos, à saída do autocarro, um conjunto de edifícios dispersos nesta paisagem desolada: uns de aspecto imponente mas desocupados, outros mais rústicos em madeira, onde um funcionário dos serviços de imigração do Laos, nos carimba o passaporte com a data de saída, estando este “serviço” sujeito ao pagamento de uma taxa de 2$ ou de 20.000 kips (o que não é exactamente a mesma coisa, sendo mais favorável o pagamento em dólares).

Segue-se a habitual caminhada a pé, numa fronteira que fica isolada de qualquer povoação, tanto do lado do Laos como do lado do Camboja, cruzando cancelas e pórticos profusamente decorados seguindo o estilo khmer, até se chegar aos serviços de imigração cambojanos, onde um zeloso funcionário nos mede a temperatura, a mim e aos restantes passageiros que efetuaram esta travessia no mesmo autocarro, como forma de despiste da malária e do dengue; o processo é mera formalidade e pouco tem de fiável pois a maioria das pessoas não tinha mais do que 35º, temperatura muito próxima da que se fazia já sentir nessa manhã.

Como eu não estava integrada no grupo que constituía a maioria dos passageiros, que optou por contratar os serviços de uma agência para tratar do processo burocrático, fui encaminhada para os serviços de quarentena: uma mesa, protegida por um toldo de lona; aí depois de avaliada a minha temperatura, e do preenchimento de alguns papéis, e uns quantos carimbos, foi-me cobrada a quantia de 1$ por este serviço, após o qual estava apta a seguir com o processo de obtenção do visto noutro departamento dos serviços de imigração. Constatei depois que este foi um pequeno exemplo do esquema de corrupção pelo qual este posto fronteiriço é famoso, onde muitas vezes é exigida uma quantia superior à legalmente estabelecida.

Depois de mais formulários, carimbos e do pagamento dos 25$ legalmente necessários,  encontrei-me finalmente detentora do visto turístico para visitar o Reino do Camboja, válido por trinta dias.

Apesar de tudo, o processo desenrolou-se com a rapidez, mas a espera prolongou-se por mais de duas horas durante as quais o calor se foi intensificando, servindo de pouco os precários toldos que servem de proteção aos rústicos estabelecimentos situados próximo do posto fronteiriço, uma espécie de restaurantes que pouco mais têm para oferecer do que bebidas e snacks embalados, enquanto eram tratados os vistos dos restantes passageiros.

Seguiu-se a habitual confusão antes de se poder continuar viagem, até toda a gente conseguir perceber efectivamente qual o autocarro em que tinha que entrar em função do destino desejado: a cidade Stung Treng, a mais próxima da fronteira ou a capital, Phnom Penh.

Da parte dos funcionários da empresa de transporte houve o previsível esquema de tentar cobrar algum dinheiro extra a alguns dos passageiros, para além do preço já pago pelo bilhete, argumentado que alguma da bagagem não poderia ser transportada no autocarro e que teria que ficar para trás, provocando mais atrasos e acesa discussão até se conseguir negociar um valor razoável para ambas as partes.

Estes percalços serviram como preparação para enfrentar um país pobre, onde a corrupção marca presença.

Houay Xai… chegada ao Laos

Para trás fica Chiang Khong a cidade fronteiriça do norte da Tailândia; cruzando o Mekong chega-se ao Laos, mais concretamente à república Popular do Laos, país ainda sob o domínio comunista e um dos mais pobres do Sudoeste asiático.

Mais uma fronteira cruzada por meios terrestres, mas desta vez longe da penosa travessia que constituiu a passagem da Índia para o Nepal; aqui existe o que se pode verdadeiramente chamar de posto fronteiriço, moderno, imponente e eficiente.

De um lado os serviços de imigração da Tailândia, que de ar austero e olhar severo se recusaram de inicio a carimbar o meu passaporte, alegando que o visto já estava caducado, o implicaria o pagamento de uma multa, encaminhando-me para outro departamento, e fazendo demorar o processo. Esclarecido o mal entendido, e passando para os serviços de imigração do Laos, encontrei funcionários solícitos que após poucos minutos de espera me entregaram o passaporte, com o visto de trinta dias em troca dos meus 35 dólares, desejando-me entre simpáticos sorrisos uma boa estadia no Laos.

Foi um bom começo para esta estadia no Laos.

Houay Xai, não é mais do que uma pequena povoação que se estende ao longo do rio Mekong, e de onde se avista a Tailândia; sendo escassa de atractivos, Houay Xai oferece alojamento, alguns restaurantes e alguma comodidades aos turistas que aqui ficam antes de iniciarem o percursos pelo Laos, geralmente com destino à cidade de Luang Prabang.

Os dias aqui passados serviram para recuperar da viagem desde Chiang Mai e do processo de imigração, sendo passados calmamente em adaptação à nova moeda, à nova língua assim como em preparativos para a descida pelo Rio Mekong até Luang Prabang que demora dois dias num barco com condições básicas.

Mekong
Mekong. Embarcações mais pequenas que fazem a ligação entre as duas margens do rio, ligando Chiang Khong na Tailândia a Houay Xai, no Laos
Inicio do dia junto ao cais de embarque do barcos que efectuam a descida do rio rumo a Luang Prabang
Inicio do dia junto ao cais de embarque do barcos que efectuam a descida do rio rumo a Luang Prabang
arroz cozido (stick-rice) a secar ao sol que depois é frito em óleo e que constituindo um snack leve e fácil de transportar, sendo uma boa opção para as viagens longas, mas que entre os locais é consumido também às refeições.
arroz cozido (stick-rice) a secar ao sol que depois é frito em óleo e que constituindo um snack leve e fácil de transportar, sendo uma boa opção para as viagens longas, mas que entre os locais é consumido também às refeições.
parte do complexo formado pelo templo e pelo mosteiro existente no cimo da colina que domina a povoação de Houay Xai
parte do complexo formado pelo templo e pelo mosteiro existente no cimo da colina que domina a povoação de Houay Xai
Rio Mekong junto a Houay Xai, no cais destinado às pequenas embarcações que realizam a travessia do Mekong e somente pode ser utilizado para quem cruza a fronteira sem necessitar de visto, pois não dispoem de serviços de imigração
Rio Mekong junto a Houay Xai, no cais destinado às pequenas embarcações que realizam a travessia do Mekong e somente pode ser utilizado para quem cruza a fronteira sem necessitar de visto, pois não dispoem de serviços de imigração
Cais de embarque no Rio Mekong em Houay Xai
Cais de embarque no Rio Mekong em Houay Xai
pequeno almoço em Houay Xai, antes do inicio da descida do Mekong, constituído pela tradicional sopa de noodles, mas que neste restaurante local ficou marcada pela diferença, oferecendo um caldo muito mais saboroso do que o habitual (por vezes instantâneo), uma grande diversidade de vegetais que é adicionada a gosto por cada pessoa, menta, hortelã, rebentos de soja, pasta de amendoim , chilli e lima; a acompanhar um chá, tudo pela módica quantia de 15.000 kips, cerca de 1.5€.
pequeno almoço em Houay Xai, antes do inicio da descida do Mekong, constituído pela tradicional sopa de noodles, mas que neste restaurante local ficou marcada pela diferença, oferecendo um caldo muito mais saboroso do que o habitual (por vezes instantâneo), uma grande diversidade de vegetais que é adicionada a gosto por cada pessoa, menta, hortelã, rebentos de soja, pasta de amendoim , chilli e lima; a acompanhar um chá, tudo pela módica quantia de 15.000 kips, cerca de 1.5€.

Viagem com destino ao sul…

Trinta horas de viagem; sete transbordos; quatro diferentes meios de transporte; uma noite dormida no comboio; duas refeições; 1377 bahts (cerca de 35€)… este é o balanço da viagem entre a cidade de Ayutthaya e a ilha de Koh Phangan, situada na costa Este da Tailândia.

Tudo começou calmamente com uma caminhada pela cidade de Ayutthaya, situada a cerca de 150 quilómetros a Norte de Bangkok, até à estação de comboios, depois de ter feito o check-out pelas 11 horas da manhã de mais um quarto despersonalizado e de uma estadia sem história dominada pela antipatia dos proprietários.

A travessia do pequeno rio Pa Sak, que separa a parte antiga da cidade da zona onde se situa a estação de caminhos de ferro, não demorou mais do que três minutos, num pequeno barco a motor que durante todo o dia liga pacientemente estas duas partes de Ayutthya.

Seguiu-se uma pequena espera pelo comboio que me levaria para Bangkok, o que permitiu apreciar a vida que se cria sempre em volta das estações, com os seus vendedores de frutas e legumes, os seus restaurantes improvisados, os taxistas que pacientemente esperam pela chegada de clientes, interceptando os estrangeiros com a habitual pergunta “para onde vão?”… os monges que se encontram um pouco por todo o lado, chamando a atenção pelas cores berrantes dos seus trajes que contrastam com a habitual calma e serenidade que demonstram.

A viagem, que demorou pouco mais de hora e meia, foi numa carruagem de segunda classe, longe das agruras do ar-condicionado e com mais possibilidades de contacto com a população tailandesa, sem contudo se proporcionar qualquer abertura para uma simples conversa, talvez em resultado da barreira linguística, mas que mesmo assim proporcionou abertos sorrisos que nem sempre são fáceis.

Em Bangkok, na estação de comboios de Hualamphong tinha pela frente uma espera de mais de quatro horas pelo comboio que pelas 6.30h da tarde partia com destino ao sul do país, à cidade de Surah Thani.

Dado ser o aniversário do Rei Bhumibol toda a estação estava decorada de amarelo, com grinaldas e flores, e nos ecrãs passavam imagens de sua majestade ao longo dos seus  86 anos de vida, tanto entre os monges como em visitas diplomáticas com outros chefes de estado e no meio da população, que a avaliar pelo numero de pessoas que neste dia vestiam roupa amarela, é figura muito querida dos tailandeses.

Masi uma vez, assisti ao toque do hino nacional, que soa diariamente pelas seis horas da tarde nas ruas e em outros locais públicos, durante o qual a população pára e se mantem de pé, imóvel e compenetrada, voltando tudo à normal actividade assim que deixa de soar a música.

Nesta segunda viagem de comboio pela Tailândia a opção foi novamente pela “sleeper class” devido às 12 horas de duração previstas, mas desta vez em segunda classe, de forma a fugir às agruras provocadas pelo ar-condicionado. Curiosamente as condições em termos de conforto são em tudo semelhantes, com lençóis, almofada, coberta e cortinados que promovem alguma privacidade e ajudam a proteger da agitação provocada pelas poderosas ventoinhas, que se tornam desnecessárias ao longo da noite, pois as temperaturas nesta altura do ano não são muito elevadas.

A chegada pelas sete da manhã a Sura Thani, apesar do atraso do comboio, permitiu-me chegar a tempo para comprar o bilhete com destino à ilha de Koh Phan Nang, que ainda implicava um percurso de autocarro de hora e meia, até ao cais de embarque de onde partem os barcos para as ilhas mais próximas, como Koh Samuri.

Claro que à chegada à estação tinha um conjunto de agentes das empresas transportadores que operam nas ligações a esta ilha e às outras que formam este pequeno arquipélago, oferecendo vários pacotes, com a opção em catamaram ou a mais económica, em ferry, com um preço mais acessível mas mais lenta.

Acabei por optar por comprar o bilhete conjunto bus+ferry a um destes operadores por ser a solução mais fácil e cómoda, aperar de ser certamente mais dispendiosa. Contudo viajar por meios próprios, como estava habituada no Índia e no Nepal, não se tem afigurado tarefa fácil: muitas vezes desconheço completamente os locais onde chego, não conseguindo assim avaliar o preço de um tuk-tuk ou de um táxi; obter informações junto da população é complexo e muitas vezes frustrante dada a dificuldade de comunicar em inglês e a minha inaptidão para o tailandês; é também difícil obter informações da parte do pessoal dos hotéis que encaminham sempre para os serviços turísticos que vendem; as estações de autocarros ficam muitas vezes longe do centro da cidade, o que implica apanhar um táxi-coletivo, que se não for partilhado com mais gente se pode tornar bastante caro… tudo isto mais a necessidade constante de negociar o preço e o facto de muitas vezes ser necessário efectuar vários transbordos numa só viagem faz com que muita gente opte pelos serviços turísticos. Por isso se ouve com frequência da parte dos estrangeiros que viajar pela Tailândia é fácil… “easy easy”!

A espera pelo autocarro demorou bem mais do que o previsto, prolongando-se por três horas enquanto se aguardava pela chegada de mais um comboio vindo de Bangkok, que traria o número suficiente de passageiros que justificasse fazer a viagem até ao cais de embarque do ferry, o que me impossibilitou de apanhar o primeiro ferry da manhã, tendo que esperar pelo das 13h…. mais três horas de espera.

Durante a manhã, o céu que era azul e o ar que era quente a abafado rapidamente se transformaram em cinzento com as nuvens que o intenso e fresco vento arrastavam, criando forte ondulação no mar e ameaçando tornar ainda mais longa a travessia, prevista inicialmente para duas horas e meia de viagem.

À chegada ao porto de Thong Sala, a principal cidade Koh Phan Nang, a chuva começou a cair, forte e fria, vinda das nuvens negras que cobriam o céu, dando à tarde uma tonalidade quase nocturna.

Tudo isto me fez parar e esperar que algo acontecesse, pois as informações que fui recolhendo eram de que seria impossível chegar à praia de Had Tien, destino final desta viagem, devido às condições do mar. Esperei e como sempre algo surgiu a solução: entre as poucas pessoas que ainda se encontravam abrigadas da chuva junto ao cais de embarque, duas tinham o mesmo destino que eu, com a vantagem de já conhecerem a zona.

Depois de muita negociação, o táxi lá seguiu atravessando a ilha por íngremes estradas emolduradas pelo verde dos coqueiros e das bananeiras, para Haad Rid, praia famosa pela “Full Moon Parties” e por muitas mais festas que aqui ocorrem quase diariamente. Aqui a estrada acaba, sendo praticamente intransitável até Haad Tien, o que obriga a seguir viagem nuns pequenos barcos de pesca que funcionam como táxi, ligando Had Rin às restantes praias da costa Este da ilha.

Foi aqui que olhando a rebentação das ondas questionei se seria boa ideia continuar nesse dia até Haad Tien, pois o barco que aguardava na areia oferecia pouca confiança perante a ondulação do mar. Todos ajudamos a empurrar o barco para o mar, e numa rápida e desajeitada corrida saltei lá para dentro, encorajada pela confiança dos restantes passageiros, tanto estrangeiros como tailandeses. De inicio a rebentação era forte e o som seco da madeira do casco do barco a bater contra o mar ao mesmo tempo que as ondas nos iam molhando a roupa, foi um pouco assustador mas a viagem decorreu sem incidentes.

Contudo dado o estado do mar o barco ficou numa praia próxima de Haad Tien, sendo o resto do percurso feito a pé por um trilho que iam serpenteando por vários bungalows construídos em madeira e folha de bananeira, através da densa vegetação que cobre toda a ilha de um verde compacto que contrasta com o tom quente alaranjado das rochas graníticas constantemente fustigadas pela ondulação de um mar azul claro.

Estação de comboios de Ayutthaya
Estação de comboios de Ayutthaya
Viagem de comboio entre Ayutthya e Bangkok
Viagem de comboio entre Ayutthya e Bangkok
Arredores de Bangkok
Arredores de Bangkok
Espera pelo ferry em Sura Thani
Espera pelo ferry em Sura Thani
Travessia em ferry entre Sura Thani e Koh Phan Nang
Travessia em ferry entre Sura Thani e Koh Phan Nang
Travessia em ferry entre Sura Thani e Koh Phan Nang
Travessia em ferry entre Sura Thani e Koh Phan Nang
Chegada a Koh Phan Nang
Chegada a Koh Phan Nang
Koh Phan Nang
Koh Phan Nang

Bangkok

Depois de cerca de sete meses passados entre a Índia e o Nepal, que apesar das diferenças sociais e culturais, apresentam bastantes pontos em comum, a chegada à Thailândia, tendo como porta de entrada a cidade de Bangkok, revelou-se uma mudança abrupta de cenário. Da poeirenta e desregrada Kathmandu, o avião transportou-me em três horas e meia para a brilhante Bangkok com as suas grandes avenidas, de trânsito organizado respeitando as faixas de rodagem e circulando ao ritmo dos semáforos, a linha do horizonte a ser recortada por prédios com dezenas de andares, as lojas e restaurantes oferecendo uma variedade infindável de produtos, paragens de autocarro, linhas de metro, ar-condicionado… enfim: um salto para um país de abundância, organizado e desenvolvido.

Para trás ficou o acolhimento nepalês, com a simpatia expressa em largos sorrisos, em calorosos olhares e mesmo quando a língua se apresentava como barreira intransponível, havia sempre alguma disponibilidade e satisfação em ajudar; uma afabilidade que ainda não encontrei nos tailandeses, provavelmente por estar na capital, que como todas as grandes cidades sofre com o ritmo acelerado e onde pouco tempo há a perder.

Aqui a língua acrescentou mais uma dificuldade, não sendo fácil encontrar pelas ruas da cidade quem fale suficientemente inglês para dar explicações sobre uma direção, nem tão pouco que consiga compreender as minhas tentativas para pronunciar palavras em tailandês.

Os dias foram passando e aos poucos a estranheza foi-se esbatendo, à medida que fui explorando a cidade, inicialmente com o pretexto de visitar templos e palácios situados na zona mais central cidade, onde dominam as largas e extensas avenidas mas onde um olhar mais atento revela pequenas ruas que se prolongam labirinticamente por entre casas pequenas e modestas, levando-nos para um quotidiano domesticamente pacato onde os gatos são presença constante, e que inesperadamente desembocam em ruas movimentadas.

Bangkok é atravessado pelo Rio Chao Phraya, com as suas águas turvas e acastanhadas, e que é a melhor forma de percorrer grandes distâncias, utilizando o rápido e eficiente serviço dos ferrys que fazem o percurso ao longo do rio. Depois de muito andar pela cidade e de frequentemente estar no caminho errado, este tornou-se o meio de transporte de eleição, que para além de ser de fácil orientação, pois todos os cais de embarque estão identificados por um numero, permite saborear a brisa fresca proporcionada pela deslocação do barco que é um lenitivo à humidade morna que envolve o ar ao mesmo tempo que se pode apreciar a cidade vista de outra perspectiva.

Ao longo das ruas, nas esquinas, em pequenos becos, no acesso aos cais de embarque dos ferrys, em mercados improvisados que ocupam ruas inteiras… surgem locais onde comer; nem sempre se podem chamar restaurantes, pois muitas vezes são locais improvisados que durante a maior parte do dia não se vêm e que surgem rapidamente, mesas, bancos, cozinha, fogão, e prontamente confecionam apetitosos pratos, enchendo as ruas dos vapores da comida, sobressaindo o aroma fresco do gengibre.

Para além disso, é frequente encontrarem-se vendedores ambulantes de comida, oferecendo fruta, sumos, doces, fritos, carne grelhada e uma infindável variedade de comida que nem sempre é fácil de identificar, mas onde predomina a carne e o marisco, sendo a opção vegetariana mais difícil de satisfazer.

O bairro de Chinatown demarca-se do resto da cidade com as lojas apinhadas de artigos importados da china, dedicados essencialmente ao comércio por grosso, e onde se pode encontrar quase tudo. Vive-se uma fervilhante azáfama com o fluxo dos visitantes a ser constantemente interrompido pelo transporte de mercadorias, embaladas em grandes caixas de cartão, que se encontram por todo o lado, tornando a vista às ruas mais estreitas num percurso árduo e extenuante.

No norte da cidade, onde se pode chegar ao fim de cerca de meia hora de metropolitano, encontra-se o Mercado de Chatuchak que se realiza todos os fins de semana; não se trata dos tradicionais mercados de comida, mas onde se encontra de tudo um pouco, sobressaindo as pequenas galerias de arte e as lojas com roupa e acessórios de criadores independentes, sendo visitado sobretudo por tailandeses, mas atraindo também muitos turistas que aqui podem encontrar também artigos de artesanato local. O mercado estende-se num intricado e estreito conjunto de ruas ao longo das quais se dispõem os vários stand de venda, ocupando uma vasta área, que pode levar todo o dia a visitar.

A rua  Khao San e a zona envolvente, é o local de eleição para o turismo low-budget, em especial os backpackers, e onde toda a rua está orientada para as necessidade do visitante ocidental, com restaurantes, Mac Donald’s e Sub Way, supermercados, hotéis, agências de viagens, lojas de câmbio, muitos vendedores ambulantes de roupa, comida…. onde se pode tirar fotografias com uma iguana ao ombro, sonde e pode fazer um cartão falsificado de estudante ou de uma qualquer organização, ou mesmo forjar um diploma na hora, onde se pode comprar livremente viagra e valium e outras drogas menos legais, comer escorpiões fritos, fazer uma tattoo ou um piercing, nas dezenas de lojas e estúdios espalhados pela zona, enquanto no intervalo se pode descansar a beber um balde de um litro de cerveja servido por raparigas tailandesas em escassas roupagens.

Este é o ambiente de Khao San, popular entre turistas mas também atração para a população local, onde ao longo do dia a rua se vai enchendo para à noite exibir todo o seu esplendor, com corpos cobertos com pouca roupa, mostrando tatuagens e músculos, e intensos bronzeados trazidos das praias do sul do país… um choque para quem veio de meses de ambiente pudico e recatado do subcontinente indo-indiano.

Ao mesmo tempo Bangkok é uma cidade de templo e de monges, com inúmeras manifestações de devoção, onde a entrada em templos e palácios implica algum decoro na indumentária, com ombros e pernas cobertas.

Rio Chao Phraya
Rio Chao Phraya
Bangkok
Bangkok
Bangkok
Bangkok
Bangkok
Bangkok
Rio Chao Phraya
Rio Chao Phraya
Mercado de Chatuchak
Mercado de Chatuchak
Bangkok
Restaurante de rua onde dominam os frangos e a carne de porco
Bangkok
Restaurante improvisado numa das ruas centrais de Bangkok
Rio Chao Phraya
Rio Chao Phraya
Khao San
Khao San
Khao San
Khao San
Khao San
I hate Khao San!
Chinatown
Chinatown
Venda de tiras de bacon frito em Chinatown
Venda de tiras de bacon frito em Chinatown
Chinatown
Chinatown
Chinatown
Chinatown
Bangkok
Bangkok
Bangkok
Bangkok
Bangkok
Bangkok
Flores de lótus vendida à entrada dos templos para serem entregues como oferendas às quais se juntam incensos a arder
Flores de lótus vendidas à entrada dos templos para serem entregues como oferendas às quais se juntam incensos a arder

Dashain Festival em Kathmandu

Pela janelas chegam os sons desconexos dos tambores e das campainhas, que acompanham o desfilar dos andores que contornam os templos da Durbar Square. É o festival Dasain, o mais importante do calendário religioso hindu, mas que estende as suas celebrações aos outros grupos étnicos e religiosos do Nepal, sendo celebrado por todo o país.

Dura quinze dias, começando na lua-nova de Outubro e terminado na lua-cheia, sendo os sétimo, oitavo, nono e décimo dias os mais intensos, crescendo o numero de visitantes nos templos assim como a devoção na realização dos pujas; o comércio e os serviços encerram, nas ruas desfilam pessoas em traje “domingueiro” e estreando roupa nova, os autocarros enchem-se com os que visitam familiares e amigos, recebendo dos mais velhos o tika, marca feita na testa, com uma pasta preparada pelas mulheres, à base de pigmento vermelho, iogurte e arroz cozido,

Esta cerimónia realizada a nível doméstico, tanto pelas mulheres como pelos homens, inclui também a oferta de uma quantia simbólica de dinheiro, em papel e moedas, uma banana, um pedaço de coco, um pequeno ramo de ervas acompanhado de uma fita vermelha que é colocada à volta do pescoço, tudo isto simbolizando a abundância e a prosperidade.

São oferecidos aos convidados bebidas e carne, que é servida como prasad, comida abençoada pelos deuses, que resultou dos animais, búfalos, cabras, patos e galos, que foram sacrificados nos dias anteriores, para com o seu sangue abençoar, casas, ferramentas, motas, carros e máquinas em geral, acreditando-se assim evitar acidentes.

Apesar hindus, o consumo de carne durante o festival Dasain é aceite como forma de acalmar a deusa Durga, simbolizando a batalha em que a deusa mata o demónio Mahishasura, livrando a humanidade do terror, impondo a verdade, justiça e virtude, sendo o décimo dia celebrada a definitiva vitória de Durga.

Estes sacrifícios animais, frequentemente realizados junto aos templos de Durga e Kali, estão a ser gradualmente substituídos por oferendas de frutos, de forma a poupar os animais, pois o sacrifício de animais não se encontra previsto em nenhum dos textos sagrados hindus, resultando provavelmente de uma fusão das práticas religiosas anteriores à chegada das religiões praticadas actualmente no Nepal: hindu, budista e muçulmana.

O vermelho que enche o olhar durante todos os dias em que decorre o festival, em especial no décimo, nos sahrees das mulheres, nos panos que cobrem as imagens, na cor do tika, nas fitas vermelhas que enfeitam os altares e nas que se colocam ao pescoço, é sinal de prosperidade, simbolizando também os laços de sangue que unem os elementos da mesma família, que num país como o Nepal, em que toda a estrutura social e económica se baseia nos laços de sangue e na casta, é fundamental à integração de um individuo.

Estátuas de Buddha, qu segundo os hindus é a sétima reencanação de Vishnu, com o tika marcado na testa
Estátuas de Buddha, qu segundo os hindus é a sétima reencanação de Vishnu, com o tika marcado na testa
oferendas colocadas em frente à entrada das casas
oferendas colocadas em frente à entrada das casas
venda de animais para os sacríficios durante o Dasain, na Durbar Square
venda de animais para os sacríficios durante o Dasain, na Durbar Square
Durbar Square
Durbar Square
desfile nas ruas de Kathmandu, no primeiro dia do festival onde as mulheres transportam o kalasha, onde foram plantadas as sementes de cevada cujos rebentos serão cortados no décimo dia do festival
desfile nas ruas de Kathmandu, no primeiro dia do festival onde as mulheres transportam o kalasha, onde foram plantadas as sementes de cevada cujos rebentos serão cortados no décimo dia do festival
papagaios
loja de papagaios, que nesta altura são muito concorridas
Procissões durante o Dasain, em torno dos vários templos que integram a principal praça de Kathmandu, onde é mais evidente a celebração do mais importante festival religioso do Nepal
Procissões durante o Dasain, em torno dos vários templos que integram a principal praça de Kathmandu, onde é mais evidente a celebração do mais importante festival religioso do Nepal

Por todo o lado, em especial nos últimos dias do festival vêm-se pessoas ostentando um pequeno punhado de ervas, geralmente presas na orelha, na roupa ou no cabelo, que foram oferecidas durante a cerimónia do tika. Trata-se de um ritual realizado pelas mulheres que plantam no primeiro dia do festival, na lua-nova, sementes de cevada num pote com água e dejectos de vaca, que é abençoado por um sacerdote num templo. Durante os dez dias seguintes este pote, o kalasha, é mantido no interior da casa, longe da luz, sendo venerado duas vezes ao dia geralmente pelo elemento masculino da família. No décimo dia do festival, os rebentos são cortados e para além de utilizados na cerimónia do tika, são também colocados à entrada das casas, juntamente com outras oferendas como arroz, frutos e flores, sendo por vezes acompanhada de uma pequena lamparina que arde em ghee, conferindo ao ar das ruas estreitas de Kathmandu um aroma particular.

Durante o Dasain, crianças reúnem-se durante o dia nas praças e nos terraços dos prédios, para lançarem papagaios feitos de finos pedaços de bambu que forrados com plásticos coloridos se elevam tão alto no céu de Kathmandu que se deixam praticamente de ver. Durante estes dias são construídos, um pouco por todos as povoações, baloiços feitos com grossos tronco de bambo, que servem de diversão à crianças, avistando-se ao longe pela sua altura, que ultrapassa as construções mais modestas.

papagaios no céu cinzento de Kathmandu
papagaios no céu cinzento de Kathmandu
cerimónia do tika durante o Dasain, na Himalaya Guest House
cerimónia do tika durante o Dasain, na Himalaya Guest House
cerimónia do tika durante o Dasain, na Himalaya Guest House
cerimónia do tika durante o Dasain, na Himalaya Guest House

 

Kathmandu. Pashupatinath

Ainda com os raios de sol a aparecerem timidamente por trás da colina que ladeia Pashupatinath, eleva-se o fumos dos incensos queimados no interior do Pashupati Mandir, situado juntos aos ghats que dão acesso ao poluído Rio Bagmati e cujo acesso ao templo é interdito a não hindus.

Pashupatinath, é o local mais sagrados da religião hindu existentes no Nepal, em particular para os seguidores do deus Shiva, sendo o local de eleição para as cerimónias de cremação que se realizam nas margens do rio, que serve também para rituais banhos purificadores.

Apesar de situada a uns escassos cinco quilómetros de Kathmandu, vive-se aqui uma atmosfera sagrada, onde a religiosidade e a devoção são evidentes, vivendo-se com mais intensidade durante as cerimónias fúnebres, acompanhadas do toque seco dos damaru, pequenos tambores com duas faces, e do som estridente dos pratos metálicos.

Atravessando o rio, chega-se a uma pequena elevação por onde se encontram espalhados em pequenos grupos formando um vasto conjunto de templos: o Gorakhnath, encerrando imagens de Shiva ou do lingam, outa forma de o representar. Abrigado pelas gigantescas árvores que cobrem a colina, este é local de eleição para bandos de macacos que há muito se habituaram a conviver com os humanos.

A toda a volta a povoação vive uma harmoniosa rotina, longe da confusa e movimentada avenida que lhe dá acesso, com os seus vendedores de artigos religiosos, intercalados por pequenos restaurantes, onde moradores conversam enquanto comem o pequeno-almoço mergulhando argolas de massa frita no fumegante chai.

Junto aos ghats sagrados, sentados em algum canto, debaixo de uma árvore ou encostados a um templo, encontram-se os shadus: homens considerados sagrados, vindos originalmente da Índia, ascetas, renunciantes da vida e dos bens materiais que deambulam pelo país reunindo-se em locais sagrados como Pashupatinath, sendo essencialmente adoradores de Shiva, e como tal ostentando na testa o simbólico tridente e transportando consigo os colares de sementes de rudraska, consideradas sagradas.

São facilmente reconhecidos de pelas suas longas barbas, cabelo com dreadlocks, muitas vezes longas ao ponto de tocarem os pés, magros, geralmente praticantes de yoga e dedicados à meditação, vivendo em busca da consciência profunda, considerando que o mundo que nos rodeia, não é mais do que uma ilusão, a que chamam maya.

Podem andar despidos, cobertos de cinzas ou envergando panos laranja e amarelos, conforme a divindade que seguem, sendo frequentemente fumadores de charas (haxixe), nos seu tradicionais chilums, cachimbos de forma cilíndrica que se fumam verticalmente, como prática habitual no caminho da espiritualidade.

Despojados de bens materiais, transportam consigo somente o que cabe num pequeno saco que transportam ao ombro: um cobertor onde se sentam e que representa o espaço físico que ocupam neste mundo, alguns panos com que se cobrem e um recipiente metálico com o qual recolhem donativos de comida e dinheiro, vivendo de esmolas e de caridade, dormindo em abrigos improvisados ou em dharamsalas, locais de acolhimento de peregrinos que se encontram espalhados um pouco por toda a Índia e Nepal.

Os sadhus são considerados homens santos, sendo procurados para abençoarem, darem orientações a quem procura fé ou tem duvidas sobre ela, oferecendo palavras sábias, dando conselhos e resoluções para os problemas da vida, recebendo em troca veneração de quem os visita e lhe toca pés em sinal de respeito, dando-lhes oferendas, e mostrando veneração e respeito.

Para algumas pessoas são vistos como vagabundos, preguiçosos, impostores, vendedores de charas ou mesmo criminosos que decidiram seguir este caminho para evitarem as regras da sociedade ou fugirem ao rígido sistema de castas.

Alguns reclamam poderes especiais, como o de se tornarem invisíveis, de morrerem e ressuscitarem, de jejuarem durante meses ou anos.

Pashupatinath é também local de eleição para os babas, cuja palavra significa pai tanto em hindu como em nepalês, que são também considerados homens santos, filósofos religiosos e sábio, sendo muitas vezes visitados para abençoarem alguém ou para darem orientação moral e espiritual, realizando pujas e praticas ancestrais.

Vêm-se muitas vezes a deambular pelas ruas de Kathmandu, a pedir dinheiro ou comida; na Durbar Square, encontram-se muitas vezes vestindo as suas roupas de cor açafrão ou laranja, ostentando na testa elaborados pinturas e abordando os turistas para posarem para as fotografias em troca de dinheiro… estes são os falsos-babas, que nada têm de sagrado e nem sequer são respeitados pelos habitantes locais.

Contudo  fronteira entre babas e shadus é bastante ténue sendo este tema um dos mais complexos do mundi espiritual da rica religião hindu.

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Pashupati Mandir
Pashupati Mandir
Pashupati Mandir
Gorakhnath
Gorakhnath
templos junto aos ghats do Rio Bagsmati
templos junto aos ghats do Rio Bagsmati
shadus
shadus
Shadu
Shadu
Gorakhnath
Gorakhnath
Pashupati Mandir
Pashupati Mandir
Pashupatinath
Pashupatinath
musicos tocando os damaru durante uma cerimónia de cremação junto ao rio
musicos tocando os damaru durante uma cerimónia de cremação junto ao rio
ghats
ghats
Cerimónia de cremação nos ghats junto ao Pashupati Mandir
Cerimónia de cremação nos ghats junto ao Pashupati Mandir
Pashupati Mandir
Pashupati Mandir
Gorakhnath
Gorakhnath
Junto aos ghats do Rio Basmati
Junto aos ghats do Rio Basmati
Gorakhnath
Gorakhnath

… por Kathmandu

Afastando-nos das ruas principais, entra-se num mundo de ruas estreitas onde desembocam noutras ainda mais estreitas que nos levam para pátios, sempre com um pequeno templo, um nicho ou uma estátua, e daí para outras ruas fazendo-nos perder neste emaranhado mas dando-nos a descobrir verdadeira preciosidades, como a stupa Kathesimbhu datada do século XVII, a maior existente no centro da cidade, muito semelhante ao Swayambhu que domina a colina mais alta da cidade.

Muito perto do centro de Kathmandu, a sul da Durbar Square, encontra-se a Jhochhen, conhecida por Freak Street cujo nome vem dos anos 60 e 70 em que aqui se concentravam os viajantes ocidentais ligados ao movimento hippie.

Apesar de muitos edifícios em betão e de algumas lojas dedicadas aos turistas, o bairro é dominado ainda pelo quotidiano nepalês, com os seus pequenos templos e nichos que um pouco por todas as ruas são objecto de devoção diária, com as suas oficinas, os alfaiates, barbeiros e com as suas lojas que vendem um pouco de tudo, mas por vezes tão pequenas que pouco mais espaço há do que o necessário para caber lá o vendedor e escurecidas pelos constantes cortes de energia elétrica.

Do movimento hippie sobrevive somente a loja de bolos, Snow Man, a funcionar desde 1968 onde esteve o Jimi Hendrix e o Cat Stevens, que se agora cá viessem não encontrariam nenhuma diferença pois o espaço parece que parou no tempo, estando coberto com uma patine de pó e muito fumo, que confere um tom castanho e baço a todo o espaço, contribuindo para o ambiente nostálgico que nos absorve, onde as cassetes de áudio estão ainda orgulhosamente expostas junto ao balcão. Os bolos são bons, oferecendo uma grande variedade entre tarte de maça, bolo de chocolate, browine, cheesecake, crumble… mas todos demasiado doces.

Mais a norte da Durbar Squere encontra-se o bairro de Thamel, um verdadeiro ghetto de turistas em Kathmandu, repleto de hotéis e guest houses para todos os gostos e preços, onde todas as lojas estão dirigidas ao turismo: desde artesanato de Kashmir, com as suas pashminas e bordados, artigos de trekking, agências de viagem, lojas de câmbios, postos de internet, roupa que varia entre o estilo freak e um misto de artigos tradicionais adaptados ao gosto e à moda ocidental, instrumentos musicais, cds, artesanato tibetano com os seus quadros de estilo thanka, supermercados…

Thamel apresenta a maior concentração de livrarias da cidade com uma grande seleção de livros em inglês e mesmo em alemão e francês, algumas com o sistema de compra e vende de livros em segunda mão.

Por aqui encontra-se também uma vasta e diversificada oferta de restaurantes e cafés, que à noite alguns se transformam em bares, onde se podem encontrar a chamada comida “ocidental” (pizzas, crepes, hamburguers, saladas, etc..) ou deliciar com a gastronomia japonesa, coreana. Nas pastelarias, muitas vezes identificadas como “german bakery” há sempre várias variedades de pão, croissants, bolos e o normal serviço de cafetaria com expresso, americanos, capuccinos… Mesmo assim existem verdadeiros achados, com comida tradicional nepalesa e tibetana, e muitos outros com especialidade Newari e Nepalesas.

De uma forma geral, todos estes restaurante em Thamel apresentam preços significativamente mais elevados do que o resto da cidade, mesmo comparando com Jhochhe, onde fiquei nos primeiros dias da estadia em Kathmandu; praticamente todos estes espaços têm wi-fi gratuito (quando não há cortes de corrente eléctrica, que acontecem pelo menos três vezes por dia), oferecendo qualidade e conforto para quem precisa de fazer uma pausa no intervalo das compras, abrigar-se num dia de chuva ou simplesmente relaxar e conviver. Toda esta oferta não é somente destinada aos turistas, atraindo muitos nepaleses que também se deliciam de toda esta abundância de escolhas, sendo presença constante em cafés.

Mas Thamel cansa. É demais. Na minha segunda estadia em Kathmandu, depois de um intervalo em Bhaktapur e Nagarkot, optei por ficar aqui, mas ao fim de três dias, mudei-me novamente para Jhochhen, onde a vida decorre docemente, longe da confusão.

Uma das avenidas principais, afastadas da zon central da cidade
Uma das avenidas principais, afastadas da zon central da cidade
um dos muitos patios que se encontra escondido de quem passa apressadamente pelas ruas principais de Kathmandu
um dos muitos patios que se encontra escondido de quem passa apressadamente pelas ruas principais de Kathmandu
Kathmandu
Kathmandu
stupa Kathesimbhu
stupa de Kathesimbhu
stupa Kathesimbhu
stupa de Kathesimbhu, que surge inesperadamente num patio ao qual se acede por uma da ruas que liga Basantapur ao bairro de Thamel
Um dos muitos templos que se encontram pelas ruas de Kathmandu
Um dos muitos templos que se encontram pelas ruas de Kathmandu
Himalaya Guest House. Jhochhen. Esta foi o primeiro alojamento em Kathmandu, numa guest house com ambiente familiar, bem localizada perto da Durbar Square, mas onde o ambiente não foi dos mais calorosos apesar de sempre prestáveis em ajudar e a dar indicações
Himalaya Guest House. Jhochhen. Esta foi o primeiro alojamento em Kathmandu, numa guest house com ambiente familiar, bem localizada perto da Durbar Square, mas onde o ambiente não foi dos mais calorosos apesar de sempre prestáveis em ajudar e a dar indicações
Himalaya Guest House onde fiquei em Jhochhen
Himalaya Guest House onde fiquei em Jhochhen
Kathmandu
Kathmandu
Templo junto aos ghats do Rio Bagsmani
Templo junto aos ghats do Rio Bagsmani
A sul da Durbar Square, já bastante fora da zona frequentadas pelos visitantes, encontra-se o Rio Bagmati onde se situam uns ghats, que dá acesso a um rio fétido e poluído, por onde desliza grande quantidade de lixo que cobre as margens, onde já não é possível ser usado para os tradicionais banhos purificadores
A sul da Durbar Square, já bastante fora da zona frequentadas pelos visitantes, encontra-se o Rio Bagmati onde se situam uns ghats, que dá acesso a um rio fétido e poluído, por onde desliza grande quantidade de lixo que cobre as margens, onde já não é possível ser usado para os tradicionais banhos purificadores
Pastelaria Snow Man em Jhochhen
Pastelaria Snow Man em Jhochhen
Pastelaria Snow Man em Jhochhen
Pastelaria Snow Man em Jhochhen
Kathmandu na zona a sul da Durbar Saqure
Kathmandu na zona a sul da Durbar Saqure
Um dos modos de transporte publico disponiveis na cidade.
Um dos modos de transporte publico disponiveis na cidade.
Thamel
Thamel
Thamel
Thamel
Posto de correios destinado ao envio de encomendas, que são embaladas por funcionários, que as depois embrulham em panos cozidos à mão; tudo isto depois de passar por um longo processo de hora e meia, que inclui passar por vários departamentos, receber várias assinaturas e carimbos. Exasperante. MAs tudo isto permite empregar dez funcionários que no dia em que lá fui eram mais do que o numero de clientes
Posto de correios destinado ao envio de encomendas, que são embaladas por funcionários, que as depois embrulham em panos cozidos à mão; tudo isto depois de passar por um longo processo de hora e meia, que inclui passar por vários departamentos, receber várias assinaturas e carimbos. Exasperante. MAs tudo isto permite empregar dez funcionários que no dia em que lá fui eram mais do que o numero de clientes
Estação de correios da Durbar Square
Estação de correios da Durbar Square
Dentista
Dentista
Kathmandu
Kathmandu
Kathmandu
Kathmandu no bairro de Thamel, uma das zonas onde se começou a construir após os anos 70’s altura em que começou o interesse turistico pelo Nepal
Thamel
Thamel
Durbar Square
Durbar Square
Indrachow
Indrachow

Himalaya Guest House

Jhochhen 23

00977-1-4246555; 00977-1-4258444

himalgst@hotmail.com

Kathmandu. Boudhanath

Situada a cerca de cinco quilómetros do perímetro de Kathmandu, por um percurso feito por avenidas de intenso tráfego e onde não se chega nunca a sair do meio urbano com os seus edifícios desprovidos de harmonia arquitectónica, envoltos numa camada de pó, que é uma constante das ruas da cidade, Boudhanath, também conhecida somente por Boudha, surge como um local atópico neste cenário.

É aqui, neste ponto situado na antiga rota comercial entre o Tibete e o Nepal, que se encontra uma das maiores stupas do mundo, e o maior templo budista existente fora do Tibete, que desde à séculos é local de devoção para quem efectuava a perigosa travessia dos Himalaias em direção ao Vale de Kathmandu.

Após a invasão chinesa, tornou-se um local de abrigo para os refugiados tibetanos, que hoje em dia ocupam praticamente todo o bairro existente à volta da stupa, contribuindo fortemente para criar uma verdadeira comunidade onde se encontram outros templos, mosteiros, restaurante e lojas com todo o tipo de artigos tradicionais do Tibete, tanto roupas como alimentos, para além dos inúmeros alfaiates e de oficinas dedicados ao fabrico de artigos e peças de carácter religioso.

Por todo o lado se vêm homens e mulheres, maioritariamente idosos, envergando as tradicionais vestimentas Tibetanas, usando pesada joalharia, assim como monges com as suas vestimentas grená, e onde a língua falada não é o nepalês mas sim o Tibetano. Sente-se aqui mais intensamente a presença da cultura tibetana do que na cidade de McLeod Ganj, no norte da Índia onde actualmente reside o Dalai Lama.

A stupa situa-se no centro de uma praça, rodeada de pequenos prédios, praticamente ocupados por hotéis, lojas e restaurantes; aqui podem-se encontrar de todo o tipo de artesanato tradicional tibetano, destacando-se as pinturas thanka com as suas representações das várias etapas da vida de Buddha em minuciosos e delicados desenhos.

Vive-se uma atmosfera confusa e agitada, pela azáfama comercial que tenta cativar os grupos de turistas que enchem o espaço, que mesmo assim não desencorajam os peregrinos de praticarem os seus ritos, fazendo girar as dezenas de rodas de oração e de circundar a stupa, três vezes, sempre no sentido dos ponteiros do relógio.

A construção apresenta a tradicional forma esférica assente sobre uma base em forma de mandala, acessível aos visitantes, tudo pintado de imaculada cal branca, destacando o dourado da torre, debroada pelos panos brilhantes de cores vermelho, verde e amarelo. Do cimo os familiares “olhos” de Buddha observam-nos dos quatro pontos cardeais.

Acredita-se que o interior da stupa alberga relíquias de Buddha assim como textos sagrados, que se encontram selados à séculos no seu interior, contribuindo para a importância e pelos poderes que são atribuídos a este local, tornando-o quase obrigatório nas peregrinações Budistas. Ao contrário da stupa que se encontra em Swayambhu, venerada essencialmente por budistas Niwari, Boudhanath é local de culto para os budistas Tibetanos, representando a tolerância religiosa que se vive no Nepal.

Boudhanath
Boudhanath
Boudhanath
Boudhanath
Stupa
Stupa
Sopa tradicional tibetana, feita à base de um caldo de legumes onde flutuam uma especie de massa cozida feita à fase de farinha e batata
Sopa tradicional tibetana, feita à base de um caldo de legumes onde flutuam uma especie de massa cozida feita à fase de farinha e batata
Stupa
Stupa
Stupa
Stupa
Stupa
Stupa
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Sou a Catarina, uma viajante de Lisboa, Portugal… ou melhor, uma mochileira com uma máquina fotográfica!

Cada palavra e foto aqui presente provém da minha própria viagem — os locais onde fiquei, as refeições que apreciei e os roteiros que percorri. Viajo de forma independente e partilho tudo sem patrocinadores ou anúncios, por isso o que lê é real e sem filtros.

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