Search Results for: Irão
Coisas a não perder no Irão
Tehran
… pelas festas secretas que ocorrem em apartamentos pela cidade de Tehran, num país em que quase tudo o que é sinónimo de festa é proibido.
Kashan
… pela pequena cidade de sorridente e tranquila população, que para além de palácios, jardins e casas históricas, oferece um bazaar de lindíssima arquitectura.
Esfahan
… pelas pontes sobre o Rio Zayandeh, que mesmo sem água não deixa de proporcionando uma atmosfera mágica com a aproximação do pôr-do-sol.
Persepolis
… pelas ruinas de uma civilização extinta, que apesar dos muitos visitantes consegue ainda transmitir a grandeza de um Império que é o coração da Pérsia.
Shiraz
… pela atmosfera do Masoleum of Hafez (Aramgah-e Hafez) num misto de devoção religiosa, respeito intelectual e mística artística que ainda hoje é prestada a este poeta.
Yazd
… pelas colinas Dakhme (Towers of Silence), onde os corpos dos seguidores do Zoroastrismo, religião com origem na Pérsia, eram deixados entregues aos abutres para assim não profanarem os elementos sagrados como: fogo, a água, a terra e o ar.
Bazares
… os melhores foram o de Tabriz pela atmosfera e o de Kashan pela arquitectura do edifício e pelo passeio no terraço.
… E as pessoas! Pela generosidade e simpatia.
… para uma próxima viagem:
- Viagem de comboio Tehran para Ahvaz atravessando as Zharkouh Mountains
- Visitar as aldeias na região de Kaluts onde os Balochi mantêm viva a sua cultura e identidade étnica
- Explorar o Golfo Pérsico, em especial a Qeshm Island
- A cidade de Mashhad
- Atravessar o Dasht-e Lut (Lut Desert)
Sobre o Irão…
Sim, o Irão é diferente…. não propriamente exótico tendo como referência a cultura dita “ocidental” mas apresenta características muito próprias. Pouco tem a ver com os vizinhos árabes, com que muitas vezes são confundidos, para além da religião muçulmana que partilham, sendo contudo da facção Xiita predominante no Irão. Mas nada tem a ver com a imagem que durante muitos anos foi passada para o ocidente, de fanáticos radicais religiosos. Sim, o peso da religião muçulmana é significativo, mas o valor de 99% apresentados nas estatísticas não é real, pelo menos a nível da população urbana; mas num país que vive sob uma ditadura religiosa há mais de 30 anos não há “espaço” para os não-muçulmanos se afirmarem. Por uma sondagem informal, talvez mais de vinte porcento da população não segue a religião muçulmana, sentindo-se um apego à história da Pérsia, aos símbolos Zoroastristas e às suas tradições anteriores ao domínio árabe que trouxe a religião muçulmana a este território.
Todo o ódio ao ocidente e em especial aos Estados Unidos, está longe de ser real, não indo para além dos extremistas e alguns religiosos radicais, com muita gente a tentar obter visto para imigrar para o estrangeiro, com a América como destino favorito. E este desejo de imigração, mais por questões de liberdade do que por motivos económicos, leva muita da juventude Iraniana, com melhor poder económico, e com mais elevado nível de educação a querer sair do país, situação que a longo prazo empobrece uma nação.
Nunca ninguém manifestou ódio à América ou ao Ocidente, mas muitas vezes as pessoas me mostraram o seu descontentamento e repulsa para com os ayatollahs, com a imposição do uso do véu, com a falta de liberdade, com o fanatismo de alguns mullahs, com a má governação política e com a desastrosa gestão económica, que faz de um país detentor de uma das maiores reservas de petróleo seja menos próspero que os seus vizinhos árabes.
Num país que vive sob uma teocracia, em que religiosos comandam a sociedade e a política, em que quase tudo é proibido, festas, discotecas, álcool, sexo antes do casamento, televisão por satélite, certos livros, facebook, youtube, blogs… e mais uma lista de coisas que nem parecem reais… muita da população quebra todas estas regras… bebe-se álcool, ouve-se U2, namora-se às escondidas, fazem-se festas privadas onde apartamentos se transforma em discotecas, vendem-se cópias piratas de discos e filmes proibidos, onde é corrente ouso de smart-phones, redes sociais, roupa moderna, onde as mulheres conduzem, são advogadas e taxistas… há lojas da Bershka, da Diesel, da Mango e a Coca-cola está por todo o lado.
Um país muito ocidentalizado e culto resultado do tempo em que o Shah Reza Pahlavi governou (mal ou bem) o país, e que a revolução islâmica não consegui apagar, revelando-se por exemplo no elevado número de pessoas que fala inglês mesmo entre a população mais velha, língua que é popular entre os mais jovens; o conhecimento que mostram em relação a Portugal, muito para além do futebol, é outro exemplo.
Um dos países mais seguros, não só pelas pesadas penas, onde a pena de morte e os castigos corporais são frequentes, mas também pela formação das pessoas, onde a hospitalidade e a generosidade são genuínas como nunca vi em nenhum outro país.
O Irão, um país demasiado vasto para se dar a conhecer numa viagem de um mês; vasto em termos de história, culturas e de etnias. Um pais onde muita gente mostra revolta pela repressiva teocracia que domina a vida política e social. Um país onde muita coisa é proibida mas onde constantemente se quebram as regras, onde a maioria dos alunos nas universidades são mulheres, onde as redes sociais e a internet chegam a todo o lado, onde se nota um claro crescimento económico. Um país que para além da lei islâmica pesam também as tradições, mas onde se nota uma vontade de renovação, um desejo de liberdade, mas onde domina uma surda revolta.
Um país onde a vida é complicada e onde muita gente espera mudanças!
Um país que deixa saudades.
Farsi:
No Irão fala-se farsi, língua distinta do árabe com que muitas vezes é confundido, mas que são bem diferente, com escrita própria se bem que os caracteres usados assemelham-se à escrita arábica, com a escrita da direita para a esquerda.
De uma forma geral pouco se encontra escrito em caracteres latinos com excepção das placas de orientação rodoviária, as placas com o nome das povoações, o nome das ruas, das estações de metropolitano e comércio em geral situado nas zonas com mais turismo.
Contudo, existem mais línguas faladas no Irão, correspondentes aos diferentes grupos étnicos como o Azerbaijani, Kurdish, Luri, Arabic e Balochi.
Numeração:
No Irão o sistema de numeração é em caracteres arábicos, que à primeira vista nada têm a ver com os números que aprendemos a chamar de “árabes” e mas ao que parece tiveram origem na Índia.
De inicio parece confuso e impenetrável mas ao fim de alguns dias, depois de encontrar a lógica, e com algumas mnemónicas habituamo-nos a este novo sistema, que à semelhança do sistema ocidental, se escreve da esquerda para a direita, ao contrário do texto.
Eis uma tabela que ajuda a memorizar a numeração árabe usada no Irão.
Horários e fim-de-semana:
Seguindo a tradição muçulmana, o dia de descanso no Irão é à sexta-feira, com o Sábado e o Domingo a funcionarem normalmente. Contudo muitos mercados e bazares, assim como as padarias encontram-se a funcionar também à sexta-feira, onde a excepção foi o bazar de Shiraz.
Pequenas lojas estilo mercearias também estão abertas todos os dias vendendo produtos básicos de alimentação, refrigerantes, tabaco, carregamento de telemóveis… e de tudo um pouco.
Quanto aos horários, as lojas e os bazares não começam muito cedo, com a grande maioria a abrir pela 10.00 AM, mas prolongam-se até às 9.00 ou 10.00 PM.
Dinheiro, ATMs e cartões:
A moeda iraniana chama-se rials… e são aos milhares
Pois existem ATMs por todo o lado mas não estão ligados às redes bancarias internacionais, pelo somente os cartões iranianos funcionam para levantar dinheiro.
Pela mesma razão os cartões de crédito também não têm qualquer tipo de utilidade no Irão.
Em alternativa é já possível enviar dinheiro para o Irão pela Western Union, que tem balções e agentes em algumas cidades. Pode ser uma boa opção em caso de emergência por falta de fundos.
Mas sem duvida que a melhor opção é levar dinheiro em “papel” à boa moda antiga, de preferência dólares ou euros, mas tb servem libras britânicas… sim, sim, apesar da “guerra” à América, as notas de dólar são muito bem vindas.
Como o Irão é seguro em termos de criminalidade, não se corre grande risco em transportar dinheiro, sendo necessário os habituais cuidados para quem viaja.
Segundo informações recolhidas deve-se trocar o dinheiro aos poucos por causa da inflação e das mudanças da taxa de câmbio de rials para moeda estrangeiras. Existe inflação sim mas afecta quem aqui vive, não sendo visível para quem por aqui se demora um mês. Quanto à variações da taxa de câmbio à grandes diferenças de cidade para cidade (conforme a concorrência entre cambistas) e em especial de loja para lojas. Da minha experiência, nas grandes cidades conseguem-se os melhores negócios, muitas vezes sem comissão ou com valores pequenos (30.000 rials); em Teerão e Esfahan consegui 1€ = 39.600 rials*, nas pequenas cidades como Bam ou zonas com pouco ou nenhum turismo como Bandar Abbas 1€ = 37.000 rials*. Assim o melhor é trocar uma quantidade significativa de dinheiro (tipo 100€) quando se encontra um “bom negócio”.
Mas trocar dinheiro nos bancos é em geral uma má escolha: os euros valem menos e são cobradas taxas ou comissões bancárias (1€ = 35.000 rials)*.
Uma outra opção de recurso são alguns hotéis ou guesthouses que a nível “particular” também trocam dinheiro, sem comissão mas com uma taxa não muito superior aos bancos.
O único inconveniente de trocar uma grande quantia de dinheiro de uma só vez é que se fica com a carteira cheia de notas… com cem euros a “renderam” quase 4 milhões de rials… mas existem “Bank Cheques” que em tudo se parecem com notas, com valores de um milhão e de meio milhão o que facilita as coisas mas que nem sempre se conseguem nas lojas de câmbios.
Para além da dificuldade em lidar com os muitos “zeros” presentes no valor das notas de rials, acresce outra adversidade a quem chega ao Irão: o toman, em que 1 toman são 10 rials, com os preços afixados por vezes em tomam outras em rials… confuso.
Mas de uma forma geral, os produtos em mercados estão afixados em tomans, mas alojamento e transportes estão em rials, quando os valores são expresso verbalmente tanto pode ser em tomam com em rials… muito confuso.
* valores de Outubro de 2015.
Custos:
O custo de vida para que viaja no Irão não é caro comparado com os padrões europeus.
Exemplos:
- bilhete de bus entre as principais cidades: de 100.000 a 300.000 rials (2.6 a 5.3€)
- falafel: mínimo 30.000 rials (0.8€)
- ash-e reshteh ou halim: entre 30.000 rials (0.8€) e 50.000 rials (1.3€)
- pizza: 150.000 rials (4€)
A maior fatia do “orçamento” vai para o alojamento; alguns exemplos, com os valores a variarem bastante de cidade para cidade, com uma quarto em Tabriz a custar metade que uma cama num dormitório em Kashan. Quase todos os alojamentos têm pequeno-almoço incluído, e quase todo com casa-de-banho partilhada:
- quarto individual em mosaferkhaneh: cerca de 250.000 rials (6.6€)
- cama em dormitório, num hotel: 300.000 a 500.000 rials (8 a 13€)
- quarto individual em hotel: 500.000 rials (13€)
- quarto duplo em hotel: 600.000 rials (16€)
De uma estadia de 1 mês o custo médio foram 15€/dia, com:
46% alojamento
23% alimentação**
20% transportes
6% entradas em locais turísticos
5% vários (telefone, lavandaria, etc)
** comida vegetariana, à base de ash soup, falafel, pizza, snacks, fruta, frutos secos…
O preço dos quartos pode ser negociado, conseguindo-se melhores negócios quando se viaja em época baixa.
O preço das coisas nos mercados, mesmo estando quando afixado é passível de ser negociado, excepção são os produtos alimentares e os restaurantes.
Se houvesse um ranking em termos de honestidade em relação ao dinheiro, o Irão estaria nos primeiros lugares dos países que visitei. Mesmo no inicio, quando ainda não nos habituamos ao dinheiro onde proliferam os zeros, e quando ainda desconhecemos o preço das coisas, não me apercebi que ter sido enganada nos preços; mesmo não conseguindo comunicar com pessoas que não falavam inglês, onde tive que mostrar um molho de notas e esperar que tirassem o valor necessário, não me apercebi que estivessem os comerciantes se estivessem a aproveitar da situação. Excepção são os taxistas. Nas palavras de uma amiga “como são muçulmanos e temem Alá, mesmo que enganem é só um bocadinho”!
Quando visitar o Irão:
O clima do Irão caracteriza-se pelas quatro estações, sendo o verão a altura de temperaturas muito elevadas e o Inverno frio, com neve em alguns locais. A zona junto ao mar Cáspio apresenta-se menos seca e com Invernos frios e chuvosos, e com neve em alguns locais.
As melhores altura para visitar são o Outono (Outubro, Novembro) e a Primavera (Março, Abril e Maio).
O Muharram, onde se celebra o Ashura, varia de acordo com o calendário islâmico que como é lunar não tem data fixa de no calendário Gregoriano, mas que em 2015 começou a 13 Outubro. O Nowruz, o ano novo persa, é no dia 21 de Março que marca o inicio da Primavera.
Segregação de género:
Um pouco à semelhança da Turquia, mas numa versão mais rigorosa, no Irão existe segregação entre os sexos em transportes públicos, mas não só em comboios e autocarros de longa distância, onde homens e mulheres não podem estar sentados lado a lado caso não sejam casados ou família, mas também em autocarros urbanos, metro e táxis.
Nos autocarros as mulheres viajam na parte de trás, usando a última porta para entrar. Caso seja necessário comprar bilhete ao motorista deve-se primeiro entrar pela porta da frente, e voltar a sair para ocupar os lugares da parte de trás do veículo, pois existe uma barra que impede a circulação. Casais devem viajar separados. Em algumas cidades este sistema é mais flexível, não existindo uma barreira física e com as pessoas a desrespeitarem esta regra.
Quase naturalmente as pessoas quando fazem fila na paragem obedecem ao mesmo critério de segregação, com homens e mulheres a fazer fila em direções opostas.
No metro em Teerão a primeira e a ultima carruagem da composição é reservada exclusivamente a mulheres, separadas por uma porta fechada com correntes e cadeado, com as restantes carruagens acessíveis a ambos os sexos, contudo com quase nula presença feminina com excepção de um ou outro casal.
Em shavaris (táxis partilhados) que são um meio de transporte muito utilizado em todo o país tanto em meios urbanos como em viagens entre cidades, aplica-se também esta regra, não sendo raro quando um táxi pára para recolher mais passageiros, as pessoas terem que sair e voltar a entrar de forma a que no banco de trás somente se sentem pessoas do mesmo sexo.
Dress code:
Para os homens o dress code é pouco bastante flexível sendo aparentemente proibido o uso de calções na rua. Contudo camisolas e camisas de manga curta são aceites sem problemas.
As mulheres têm mais restrições. O cabelo tem que ser obrigatoriamente coberto, mas somente as muçulmanas usam o hijab justo ao rosto cobrindo totalmente o cabelo. O mais frequente é um lenço sobe a cabeça, com as pontas atiradas para trás sobre os ombros, deixando ver um bocado do cabelo sobre a testa. É normal as mulheres usarem o cabelo apanhado, o que ajuda a segurar o lenço sobre a cabeça.
Mangas compridas e pernas cobertas até ao tornozelo. Raramente se vê alguma mulher de saias, mas calças justas são muito populares entre os mais jovens. Os tops devem ser longos de forma a cobrir as ancas e largos, sendo muito frequente o uso do manteau, que se assemelha a uma gabardine, que poder ser usado justo e totalmente abotoado ou ter uma forma mais folgada aberta à frente.
Quanto às cores não há nenhuma obrigação de vestir roupa escura e as cores claras são as mais indicadas nas zonas mais secas e desérticas.
Pode-se andar de sandálias mas raramente se vê alguém com elas.
Nas raparigas o uso de véu é obrigatório a partir dos 9 anos, mas muitos uniformes de escolas incluem-nos desde o inicio da escolaridade.
Chador, um manto que cobre da cabeça aos pés que é aberto à frente só é obrigatório em alguns locais religiosos, sendo fornecidos à entrada.
Cirurgias plásticas ao nariz:
Quase se pode dizer que são uma obsessão nacional, sendo frequente ver pessoas nas ruas com pequenos adesivos no nariz, sinónimo de recente cirurgia para alteração do formato do nariz, tanto em homens como em mulheres. Assim se perde um pouco da identidade étnica de um país onde domina o nariz aquilino.
Mas o facto de a população feminina ser obrigada ao uso do hijab que cobre o cabelo e ao limitativo dress code, que impede mostrar pernas e braços, decotes, etc… leva a que o rosto seja o centro de toda a atenção, com quase todas as mulheres a usarem maquilhagem, resultando da importância exagerada dada ao formato do nariz.
Diz-se que quem quer mostrar que tem quer parecer “in” mas não tem capacidade financeira para uma cirurgia estética, limita-se a colocar o adesivo no nariz.
Água:
A água da torneira é potável e apesar de nem sempre o sabor ser dos melhores nunca me causou problemas.
Existem bebedouros um pouco por todo o lado, nas ruas, parques, zonas históricas, muitas vezes com água refrigerada.
Telemóveis:
As redes de telemóvel internacionais não funcionam no Irão.
Por isso a melhor opção é comprar um SIM card nacional, pois é útil para reservar hotéis (os emails nem sempre têm respostas rápida). O cartão com algum crédito em chamadas custa 200.000 rials. Para isso é preenchido um formulário totalmente em farsi, pelo funcionário, e é necessário para além de três assinaturas e do nome do pai, a impressão digital do indicador direito… vá-se lá perceber para quê!!!!
As chamadas assim como as mensagens são muito baratas. Os carregamento são feitos com base num código que se pode comprar nas lojas da Irancell (que não são fáceis de encontrar) mas também estão disponíveis em mercearias, é são vendidas nos valores de 20.000 rials.
Internet e wi-fi:
Wi-fi está disponível gratuitamente um pouco por todos os alojamentos. Até alguns hostel e mosaferkhaneh têm wi-fi free.
Contudo devido aos muito filtros impostos pelo governo no acesso à informação a internet é lenta e os download quase impossíveis. Facebook, youtube, blogs e algumas aparentemente inocentes páginas estão bloqueadas… contudo é possível contornar esta situação pagando a alguém para alterar umas configurações nos smart-phones, tabletes e lap-top
Atenção que no Irão não há https, pelo que o movimentos bancárias e o uso de cartão de crédito para efectuar compras tem alguns riscos.
Imigrantes:
O Irão atrai imigrantes afegãos, resultantes da prolongada guerra, que se identificam pela tradicional forma de vestir, e que muitas vezes executando trabalhos de carga nos bazares. É também nos bazares e nos trabalhos menos qualificados que se encontram muitos Curdos, facilmente identificados pelas calças de balão, justas no tornozelo.
A guerra no Iraque trouxe também trouxe muitos imigrantes que se concentram mais no sul do Irão, mas que se encontram um pouco por todo o país, sendo facilmente identificáveis pelas longas túnicas, e mais frequentemente pelo lenço, shemagh, com típico padrão preto e branco.
Ta’arof:
Uma tradição muito presente no Irão que revela um requintado código de cortesia. Quando alguém nos oferece algo, por exemplo um chá, uma refeição, uma viagem grátis de bus, um doce, etc… devemos sempre recusar, mesmo que a vontade vá em sentido contrário. Da parte de quem oferece compete-lhe o papel de insistir uma ou outra vez, e da nossa parte é-nos pedido que avaliemos até que ponto esta oferta pode ser ou não aceite, de forma a não deixar com fome quem tem pouco para comer, não prejudicar um negócio ou quem não tem boa situação financeira.
Uma prática complexa, que não é fácil de incorporar para quem não foi habituado a este sistema, e que como estrangeiro está muitas vezes sujeito a ofertas, seja de comida, de bilhetes de autocarros, de boleias, de chá…
Chá… chai!
O chá, no Irão chamado de “chai” é definitivamente a bebida nacional, sendo consumida logo pela manhã ao pequeno-almoço e depois, durante todo o dia, como motivo para uma pausa, para uma conversa… Aqui à semelhança de outros países também é comum o samovar, grande recipiente metálico onde a água é mantida quente, que se adiciona ao chá preparado num pequeno bule, assente no topo do samovar, mantendo o chá quente.
Existem a chamada tea-shops, onde se bebe chá, se conversa e se fuma qalyān, um cachimbo de água, mas onde as mulheres não podem entrar, ou pelo menos não é suposto entrarem.
O Pão no Irão
O pão tem sem duvida um papel muito importante na dieta da população iraniana, encontrando-se um pouco por todo o lado, seja em bazares, ou nas ruas das cidades, pequenas fábricas de pão que servem ao mesmo tempo de local de venda. Difíceis por vezes de encontrar, escondendo-se em ruas secundárias ou pequenos becos, discretas, muitas vezes sem letreiros ou qualquer tipo de indicação, somente assinaladas por um pão pendurado à entrada ou pela fila que se faz à porta.
O pão mais comum e talvez o que se encontra com mais frequência é o barbari (Nan-e barbari), com uma forma oval distorcida, espessura e umas estrias que o tornam mais fino e crocantes em alguns pontos. Também muito popular é o lavash (Nan-e lavash), muito fino e esbranquiçado, ligeiramente estaladiço, tem a vantagem de se poder conservar por bastante tempo. Não é das opções mais interessantes com pouco sabor e um aspecto muito industrial, mas é dos mais antigos pães do Médio Oriente.
Tanto o barbari como o lavash são cozinhados em fornos, que actualmente são elétricos. Mas o Nan-e sangak, tem a particularidade de ser cozinhado num forno sobre superfície coberta de pequenas seixos, o que lhe confere uma superfície com “covinhas” na base, resultando num pão mais estaladiço, mas com a mesma forma do barnari.
Variando na forma, sendo redondo e fina, mas mais fofo do que o lavash, o taftoon (Nan-e taftoon) que somente encontrei em Yazd, que tem a vantagem de ser dos mais pequenos, pois no Irão os pães têm tamanho familiar.
Existem várias fornadas durante o dia, e os habitantes sabem a que horas podem encontrar o pão quente; eu limitei-me a confiar na sorte e aproveitar a passagem por uma destas pequenas fábricas para me deliciar com pão feito à mão e acabado de sair do forno.
A comida no Irão: um guia para vegetarianos e não só!!
Sendo seguidora de uma dieta vegetariana um mês no Irão não foi das melhores experiências a nível gastronómico, tendo havido excepções a esta dieta, uma vezes por desconhecimento ou barreira linguística e outras por não recusar uma refeição gentilmente oferecida, como do Dia do Ashura, um festival religioso xiita..
Por isso a famosa gastronomia iraniana ficou por explorar, não podendo a minha experiência fazer justiça ao que se come no Irão.
Mas a nível de restaurantes, para quem não pretende ir para a gama superior, não existem muitas opções, com excepção do chamado fast-food, que basicamente são kebaks, hamburgers e falafel.
Esta falta de opções revela que a população não costuma fazer muitas refeições fora de casa, o que se compreende num país onde ainda muitas mulheres são domésticas.
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[hr]
Quente… frio
[clear]
Segunda a tradição nas refeições devem ser equilibradas entre alimentos quentes e frios, e isto não resulta da temperatura que são consumidos mas das suas propriedades intrínsecas, com alimentos quentes a acelerar o metabolismo e alimentos frios a abrandar. Exemplos de alimentos quentes: carne, açúcar, trigo, álcool, frutos secos; alimentos frios são o iogurte, fruta, vegetais, arroz…
Pratos de carne são consumidos muitas vezes com uma mistura de vegetais crus, que incluem spring-onions, rabanetes, menta, coentros, alface, rúcula… e com o iogurte a acompanhar muitas vezes a refeição, compensado assim o valor energético dos alimentos.
O pequeno almoço tradicional no Irão, tem como presença obrigatória o pão, que se apresenta sob diversas formas mas sempre segunda a tradição oriental de pães achatados, que podem ser muito longos ou redondos. Acompanhando o pão, há o queijo, manteiga, tomate, frutos secos, nozes, tâmaras, mel, tahini… e o sempre presente chá que é consumida durante todo o dia e indispensável pela manhã.
Assim, equilibrando pão, nozes e tâmaras, junta-se iogurte, tomate e pepino… e o chá, que como o arroz são considerados alimentos neutros.
[clear]
[clear]
[clear]
[hr]
Lacticínios
[clear]
São sem duvida uma presença forte na dieta Iraniana, com iogurte a acompanhar refeições, queijo ao pequeno almoço, doces à base de leite, manteiga servida no topo do arroz…
Domina claramente o queijo branco não-curado, feito de leite de ovelha, mais ou menos cremoso, cortado em blocos mais ou menos quadrados. Nos mercados não se encontra à venda queijo curado, mas as lojas que vendem queijo, e outros lacticínio têm também manteiga, exposta nas arcas frigorificas em grandes blocos facilmente identificados pela cor amarelada e pelas marcas de dedos que servem de “decoração”.
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[hr]
Doces
[clear]
Encontram-se muitas pastelarias dedicadas ao fabrico e venda de doces, onde os bolos seguem a linha da pastelaria francesa mas numa versão menos sofisticada, com biscoitos e bolos recheados de creme. Em algumas zonas mais sofisticadas das grandes cidades é possível encontrar os doces tradicionais turcos como a baklava.
Contudo a doçaria iraniana tem muito mais para oferecer, com cada região associada a pelo menos um doce específico. Em Fuman o Koloocheh, um biscoito recheada com uma pasta açucarada, em Esfahan, o Fereni, um pudim de leite regado com calda de tâmaras, em Shiraz o Foloudeh uma espécie de noodles servidos gelados e regados com água-de-rosas, em Yazd, onde os doces têm forte tradição sobressai a versão iraniana da baklava, que aqui não tem as finas camadas de massa folhada sendo mais compacta e pesada massa recheada de amêndoa.
Kashan é famosa pela água-de-rosas e doces resultantes da sua utilização.
Por todo o lado, em lojas ou nos bazares, encontra-se halva, uma pasta mais ou menos macia, feita à base de farinha, manteiga ou óleo, e açúcar ou mel, aromatizada com especiarias como o cardamomo e a canela. Pode ser encontrada em blocos rectangulares onde é vendida ao peso, ou embalada. O tahini é também muito popular no Irão, onde a esta rica pasta à base de sésamo se pode misturar mel. Em Yazd encontra-se uma das melhores combinações: halva com tahini.
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[hr]
[clear]
Steet-food
[clear]
Definitivamente o Irão não é um país de street-food, sendo excepção os pouco vendedores ambulantes que circulam nos bazares e ocasionalmente nas ruas envolventes, com favas cozidas que depois são temperadas, ou outros vendendo batata-doce, beterraba e outros tubérculos cozinhados em calda de açúcar.
Em Tabriz um encontro feliz com uma espécie rústica do wrap, com o pão a ser recheado com batata assada, ovo cozido e salada, resultou numa refeição capaz de encher o estômago por algumas horas.
Nos mercados encontram-se por vezes vendedores de sumos de fruta feitos na hora; mas em pequenas lojas espalhadas pelas cidades, os chamados os juice bars, têm uma mais vasta oferta (maçã, laranja, romã, meloa, cenoura…) e são uma boa opção para repor energias e combater o calor, com uma bebida fresca.
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[hr]
Fruta e Frutos secos
[clear]
Em termos de fruta encontra-se um pouco de tudo, com o mês de Outubro a encher os mercados de apetitosas romãs e de deliciosas uvas. Mas ainda é possível encontrar melancias e deliciosas maçãs e pêssegos. Bananas também se encontram mas são provavelmente um dos pouco frutos tropicais que aqui se veem.
Sobressaem os frutos secos com ameixas, alperces, figos, e outros cujo nome desconheço, encontrando-se em muitas variedades e apresentações (umas mais doces, outras mais ácidas, outras um pouco salgadas, etc…). Mas são as tâmaras que ocupam um lugar especial aqui no Irão, fazendo parte da alimentação diária, seja na confecção de pratos ou consumidos simples ao pequeno-almoço ou como snack durante o dia. As nozes, onde se incluem, nozes, amêndoas, cajus… e os pistácios que podem ser simples, tostados, salgados, picantes… em Outubro, talvez por ser a época, os pistácios estão à venda por todo o lado, encontrando-se ainda os chamados “frescos” com uma fina camada de pele que cobre a casca, sendo o miolo mais tenro e adocicado do que a versão seca a que estamos habituados a consumir.
Tabriz e Bandar Abbas, curiosamente a primeira e a ultima paragem neste itinerário no Irão, foram os locais onde encontrei uma maior variedade de frutos secos.
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[clear]
[hr]
Ash-e reshteh e halim
[clear]
O ash-e reshteh é uma das melhores recordações gastronómicas do Irão, dado que em termos de comida vegetariana não há muitas opções nos restaurantes. Uma sopa feita de vegetais, lentilhas, grão, feijão e noodles, cozinhada em gigantes panelas até todos os ingrediente estarem quase desfeitos (e isto inclui os noodles que nada têm de “al dent”), resultando numa sopa espessa e consistente. Esta sopa por si só constitui uma refeição substancial sendo por vezes acompanhada de pão. Conforme os locais pode ser adicionado no topo uma pitada de cebola frita, uma mistura de ervas em pasta oleosa, ou ainda regada com kashk, uma espécie de natas espessas e azedas. Excelente.
O halim (haleem) assemelha-se mais a uma papa, feita à base de trigo em grão, leite e carne (de borrego ou peru), que são levados ao lume por muito tempo até ficar em puré espesso; encontrando-se algumas versões com açafrão que lhe dá uma cor amarela. A carne é esmagada ficando reduzida a pequenos fios quase invisíveis. Pode ser servida simples ou com açúcar e canela sendo muitas vezes consumida ao pequeno-almoço…. uma espécie de porridge mas mais rico e calórico.
Geralmente as lojas que vendem o ash-e reshteh vendem também o halim, dedicando-se exclusivamente a preparar estes pratos, não tendo mais opções. Muitas destas lojas nem sequer têm espaço para refeições no seu interior, sendo somente para take-away.
[clear]
[clear]
[clear]
Ashura Festival… e um dia o Irão acordou de luto!
Pouco depois da minha chegada no início do Outubro, notei pelo vários locais por onde tinha passado algumas lojas dedicadas à venda de bandeiras, faixas e estandartes onde dominava o preto, com inscrições em caracteres árabes. De dia para dia parecia que estas lojas cresciam em número ou simplesmente se tornavam mais evidentes, encontrando-se nos bazares e um pouco pelas ruas das cidades, expondo os seus artigos que incluíam também lenços, calças, camisas e véus, para além do limite das lojas, em expositores e bancadas que se estendem ocupando os passeios.
Mas foi no segundo dia após a chegada a Kashan, quando a lua se deixa de ver no céu, que senti que algo tinha mudado na cidade… as ruas enfeitadas com estandartes, os corredores dos bazares decorados com bandeiras, tudo invariavelmente preto com inscrições a verde ou vermelho, muitas mulheres de chador, homens de camisa preta… uma espécie de luto. Era o inicio do Muharram (Moarrão em português) o primeiro mês do calendário Islâmico que se inicia com a lua-nova, variando de acordo com o calendário Gregoriano.
Muharram é a segunda celebração mais sagrada para os muçulmanos a seguir ao Ramadão, e para a fação Xiita (Shias) tem um significado especial pois ao décimo dia do Muharram, o Dia do Ashura celebra-se a morte de Hussein (Husayn ou Hossein), neto de Maomé (Mohammed) e um dos 12 Imams (espécie de santos ou apóstolos da religião muçulmana) sucessores do profeta.
No ano de 680 DC, o Imam Hussein e 72 dos seus seguidores, foram cercados durante nove dias, passando por provações sem comida e sem água, tendo sido mortos ao décimo dia na Batalha de Karbala e os sobreviventes sido encarcerados. Este episódio, visto como a luta entre o bem, Hussein, e o mal, personificado pelo Califa Yazid I que ao comando das tropas árabes invadiu a Pérsia, marca a cisão da religião muçulmana entre Sunitas (Sunni) e Xiitas (Shias).
Estes eventos ocorridos 1335 anos atrás, são comemorados de forma intensa e emotiva com as manifestações de pesar e dor a tornarem-se mais intensas, com o luto mais carregado, tanto para homens como para mulheres, procissões, prantos e lamentos, batendo no peito, carregando pesados andores sobre a cabeça ou ombros, ou praticando autoflagelação com correntes que são atiradas sobre os ombros, contra as costas.
Os últimos três dias são os mais importante, sentindo-se tensão no ar com a chegada do anoitecer, altura em decorrem as celebrações, nas ruas ou nas mesquitas, que chegam ao auge no décimo dia, Dia do Ashura, que significa “décimo”.
Durante os dias que antecedem o Ashura, um pouco por toda a cidade, seja em lojas, em carros ou vindo das casas soam os cânticos relacionados com o martírio de Hussein, entoados como um lamento, seguindo o compasso da batida dos tambores. O mesmo ritmo que comanda as cerimónias nocturnas do bater no peito e do atirar das correntes. Um ritmo intenso e pesado, numa cerimónia masculina, onde as mulheres têm um lugar secundário.
Toda esta devoção, onde não é raro as pessoas chorarem, os cânticos a soarem como lamentos, o preto que dominar a decoração e as roupas, a emoção e intensidade colocada nas cerimónias, criam uma atmosfera extremamente intensa e emotiva, que somente pode ser experienciada no local. Segundo a tradição a quem verter lágrimas durante o Ashura, tem os seus desejos realizados por obra o Imam Hussein, e não é raro ver os homens chorarem seguindo as palavras de um orador, que em forma de cânticos relata o martírio de Hussein.
Um olhar superficial pode achar todas estas exageradas manifestações com fanatismo religioso, mas o que senti é que à uma profunda e honesta devoção… com uma pitada de competitividade e mesmo de exibicionismo na forma como os homens mais novos batem no peito sabendo que nas galerias assistem atentamente as mulheres.
No dia a seguir ao Ashura, realiza-se o Ashura Carnival, um desfile de grupos de pessoas e de carros-alegóricos que contam os vários episódios do martírio de Hussein e dos seus seguidores. Este cortejo assemelha-se a um desfile de Carnaval, mas onde em vez de divertimento se vive uma atmosfera séria e de pesar, mas já longe da intensidade do dia anterior. Do final, encerrando o desfile um gigantesco andor construído em madeira é transportado por centenas de homens que completam três voltas pelo pátio da mesquita.
As celebrações terminam nesse mesma noite com, sham-e ghariban, com a população reunindo-se junto a mesquitas e praças em vários pontos da cidade de Yazd, onde assisti aos últimos dias do Ashura, para acender velas o que confere um ambiente especial de calma e serenidade.
O Ashura é celebrado um pouco por todo o mundo onde esteja presente uma comunidade Xiita, sendo as celebrações no Irão muito mais moderadas do que é frequente encontrar em imagens de outros países como no Paquistão ou no Iraque onde a prática de autoflagelação é levada ao extremo, provocando feridas graves nos participantes, atitude condenada por alguns religiosos. No Irão estas práticas são proibidas, e apesar das mazelas deixadas pelo bater violento das mãos contra o peito, vezes a fio, e o atirar de correntes contra as costas, não atinge proporções exageradas nem estados de transe, com a população mostrando-se comedida, apesar da agitação e excitação que se sente no ar.
Estar no Irão durante o Ashura, por mero acaso, foi sem dúvida uma experiência única, intensa e inesquecível, tendo ao mesmo tempo sido um período um pouco “pesado” resultante de toda a solenidade e austeridade que se espalhou entre a população, que nem por isso deixou se mostrar a generosidade e a simpatia habituais.
Durante estes dias é oferecido chá em pequenas bancas improvisadas um pouco por todo o lado, sendo por vezes também oferecida comida, como o Gheimeh, um estufado de carne de borrego, lentilhas e legumes servido com arroz e o Sholehzard, um pudim feito de arroz e açafrão. Outras das refeições tradicionais é o ash, cujos ingrediente contendo borrego, são cozinhados por voluntários durante toda a noite, ficando pronto na manhã seguinte para o pequeno-almoço.
Durante o Ashura, em especial nos últimos 3 dias:
Nos últimos três dias a maior parte das lojas estão fechadas, o que inclui bancos, lojas de câmbio, restaurantes, mercearias, etc… comida praticamente só a que é distribuída gratuitamente durante as celebrações ou a dos restaurantes dos hotéis.
Muitos serviços de autocarros, tanto locais como de longo curso são cancelados.
Convém vestir modestamente, evitando cores fortes ou claras, roupa florida, etc… contudo para os turistas há sempre mais tolerância.
Como é um período de pesar e de luto, devem-se evitar manifestações públicas de grande entusiasmo, como dançar, ouvir música, rir às gargalhadas…
Imam Hussein Fan Club:
O Ashura comemora-se em todo o Irão, tanto em cidade como em pequenas povoações, e celebrações podem ser vistas tanto nas ruas da cidade com nas mesquitas, sendo o acesso livre e gratuito.
Um pouco por acaso, juntei-me a um grupo denominado Imam Hussein Fan Club, que sem intenções comerciais organizou para os turistas presentes em Yazd, deslocações para assistir às cerimónias durante os últimos dias do Ashura. Este grupo, foi constituído por guias turísticos com vista a incentivarem o chamado “turismo religioso” e acima de tudo promover o Irão em termos turísticos, tentado limpar a imagem de islâmicos radicais com que muitas vezes este país está catalogado.
Uma organização excelente que disponibilizou acesso a zonas reservadas das mesquitas, veículos para visitar outras formas de celebrar o Ashura, afastadas do centro da cidade de Yazd, e inclusive algumas refeições. Contudo, toda esta organização pouco espaço oferece a quem quer deambular por conta própria, com os vários elementos da organização a não deixarem muita liberdade de movimento.
Africa e Médio oriente
Sobre mim
Olá! Sou a Catarina: viajante e aspirante a fotógrafa.
Sou de Lisboa, onde passei a maior parte da minha vida, mas tenho passado os últimos anos a viajar!
A minha primeira longa viagem começou em 2013 e durante 15 meses levou-me até ao Sudeste Asiático e ao Subcontinente Indiano: Índia, Nepal, Laos, Camboja, China,Myanmar (Burma), Vietname e Tailândia. Mais tarde o percurso estendeu-se pela Malásia, Singapura, Sri Lanka e Indonésia… e também pelo Norte de Africa e Médio Oriente como o Irão, Marrocos e Turquia
O distante Japão e Taiwan são os meus mais recentes destinos, como Myanmar que eu tenho visitado repetidas vezes nos últimos anos.
Com este blog, partilho as minhas viagens e experiências, fornecendo informações e dicas sobre como viajar com um pequeno orçamento e em segurança, esperando assim ajudar outros viajantes e inspirar aqueles que ainda não começaram a viajar.
Não sei ao certo o que me faz continuar, mas a fotografia é com certeza uma das razões para continuar, tentando capturar o espírito e a atmosfera dos lugares, o estilo de vida local e retratar as pessoas.
E comida… a comida é com certeza uma das coisas que mais me entusiasma quando viajo. Mas ser vegetariana traz novos desafios e dificuldades, e espero que a minha experiência(s) possam ajudar a tornar as viagens mais fáceis e deliciosas!
Amor e respeito
“Sê dono apenas do que podes transportar contigo. Conhece línguas, conhece países, conhece pessoas. Deixa que a tua memória seja o teu saco de viagem.”Alexander Solzhenitsyn
Um chamamento para o que é novo, um frémito pelo desconhecido, um impulso que me leva ao movimento e uma vontade de conhecer outras culturas, arrastou-me para viagens de termo incerto, onde cada momento é um desafio à imaginação e um romance com a vida.